– Eu queria uma coisa especial... E eu achei. Gabriel.

– Nosso Gabrielzinho – sorri, e ele me deu um selinho.

Ela saiu do quarto sorrindo, e colocou na porta o nome do bebê pendurado.

Ficamos nós três, eu, Emilio e Gabriel. Nossa família.

– É incrível... – disse – estar aqui.

– É, muito – Emilio sorriu – minha vida está completa.

– A minha está mais que isso – disse – eu tenho você. E o Gabriel. Em todos os sentidos.

– Eu tenho as duas pessoas que eu mais quis, que eu mais amo nesse mundo.

– Sabe, eu nunca me imaginei assim. Não sei, com um filho nos braços, com você.

– Nem eu.

– Eu, uma garota tão normal, tão diferente... – pausa – com você, aquele menino perfeito, aquele que mexia com todas, aquele que podia estar com todas, e que foi logo escolher a mim. O namoradinho da minha mãe, que esteve comigo todo o tempo, que eu pensei nunca me render. E agora aqui estamos nós – disse, suspirando.

Ele ficou calado por um tempo.

– Sabe Ju. Você foi a pessoa que eu sempre procurei no mundo. Você era a garota mais errada que existia, para mim, para qualquer um. Errada em um bom sentido: porque ninguém é bom o suficiente para você. Eu sempre me interessei por aparência, mas com você, foi diferente. Você sabe como me apaixonei por você? Acho que não... – assenti. Ele nunca havia me contado o motivo de ter se apaixonado por mim, é.

– Pois eu me apaixonei por você, por um sonho, sabia? Um sonho perfeito, onde nós dois estávamos sorrindo um para o outro, parecíamos feitos um para o outro. E no outro dia, eu resolvi fazer isso acontecer. Resolvi fazer você gostar de mim, o que eu acreditava que nunca iria ser possível. E de repente você estava lá, se envolvendo comigo, mesmo que não quisesse. Mesmo que EU não quisesse, eu precisava de você. Mesmo que eu tentasse, cada minuto longe de você era como se fosse uma eternidade. Eu precisava te ver todos os dias. Eu precisava te ter todos os dias. Você invadia meus sonhos, meus pensamentos, tudo. Você me fez girar, e acordar para a vida. E quando eu penso que você resolveu me deixar viver com você, você chegou á mim e disse ‘faça uma escolha’. E tudo bem, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: ela ainda não é inteiramente minha. E o que eu fiz? Eu fui, e falei outra opinião, que eu NÃO queria que acontecesse. E então você pareceu se distanciar de mim. Começou a estar com outros, conheceu outros. Sabe o Gabriel? Para mim, ele era um objeto de ciúmes. Eu tinha inveja dele. INVEJA. Vocês se amavam, você dava a ele o amor que eu sempre quis ter. E de repente, tudo acabou, ele se foi. E eu então me enxerguei livre para mudar. Eu queria você, e eu iria te ter de qualquer jeito. E então, eu comecei a mudar. E de repente, você me aparece grávida. Do garoto no qual eu mais sentia inveja no mundo, e depois disso, passei a sentir MAIS inveja ainda. EU queria que esse filho fosse meu. Mas ele não é, não por completo. Então eu resolvi, que eu poderia te ter. E eu tive. Agora, esse filho é meu, pode não ser de sangue, mas é de coração. Pra mim, ele veio de dentro de mim, para dentro de você. Pra mim, ele é meu. E eu não me importo de não estar 100% presente nele, apenas em saber que ele é meu eu fico satisfeito. Eu mudei tudo pro você. Olhe para mim hoje, e olhe para mim á quase um ano atrás. Eu sou outro Emilio, Julia. O Emilio que VOCÊ fez. O seu Emilio. O que te ama, o que te quer a todo momento. O que precisa de você para viver...

Suas palavras me deixaram sem reação alguma. Então quer dizer que a todo momento, ele me amava, e eu o amava. Nós nos amávamos.

– Eu te amo Emilio – sorri, com lagrimas nos olhos – quero você perto de mim, para sempre. Eu preciso de você, assim como preciso de ar para respirar, assim como preciso desse bebe para viver. Você é o único para mim, e eu quero viver minha vida do jeito que sempre quis viver: ao seu lado.

– Eu também te amo.

E assim nossas declarações foram fechadas por um beijo apaixonante, porem cuidadoso por existir uma criança entre nós. Como cena de filme, onde a garota beija o mocinho no final, e eles enfim vivem felizes para sempre. Não que isso interfira, mas mesmo que aquele garoto, já tenha sido o chato do namoradinho da sua mãe. Eles se amam. Com o amor que não pode ser expressado, por tamanha seriedade.

“É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.” (Guimarães Rosa)

Fim