- Sujamos a pizza toda – falei rindo e abrindo o forno, com as mãos imundas.

- Mas ela vai continuar boa – ele riu, levando a tabua até o forno e colocando lá dentro. Fechei, e olhei pra ele.

- Agora vou me limpar – ri, me virando.

- É, eu também – ele riu, segurando meu braço e fomos para o quarto novamente. Ele ficou limpando sua roupa enquanto eu tomava banho – de novo – e depois ele foi, enquanto eu me trocava.

Saímos do quarto, e fomos nos sentar na sala, esperando a pizza. Assim que passei pela porta de entrada, havia um papel por baixo.

- Olha, correspondência – perguntei com ar de dúvida.

- Não, quando tem correspondência eles tocam – Emilio disse vindo até mim.

- Hm – disse virando o envelope branco em papel cartão.

Emilio e Julia Surita

Estava escrito em letras bordadas.

- Um convite? – Emilio perguntou assustado.

- Acho que sim – disse abrindo – Surita.

- Você agora é minha Surita, esqueceu? – ele riu.

- Não. – ri.

Tirei um bilhetinho pequeno antes do cartão.

Olá filha. E genro.

O convite dos dois é três meses antecipado, sentiram? Há.

Mas é que vamos viajar e ficar dois meses fora, e resolvemos já entregar o convite dos dois.

Então, abram e vejam.

Até daqui a dois meses filha.

Te amamos muito, mamãe e papai.

P.s.: e cuidado com meu menininho!

- Caramba, eles vão – pausa – ou já foram viajar – falei, entregando o bilhete á Emilio.

- Já foram – ele disse olhando a data do cartãozinho, para hoje atarde.

- Meu deus – falei, pegando o convite e lendo – eles vão se casar mesmo – olhei assustada.

- Deixa eu ver – ele disse pegando o papel. Lemos o convite juntos, a data estava marcada para dezoito de Dezembro.

- Dois meses – falei – sozinhos.

- Podemos aproveitar – ele riu, colocando o convite em cima da mesa.

- Mais? – ri, me soltando de seus braços que já me envolviam e indo até a cozinha. A pizza estava pronta.

Fomos até lá, ela estava uma beleza. Não. Mas comemos mesmo assim. Depois, ficamos na sala assistindo algum filme, e conversando. E anoite, fizemos mais algumas coisas... É, que ânimo.

[...]

Os meses foram se passando rápido. Dois meses, e meus pais já haviam chegado da Europa. Foram fazer não sei o que lá. Íamos para a escola normalmente, e Emilio estava trabalhando na empresa de seu pai, com estagio. Era seu ultimo ano na escola, e depois ele faria sua faculdade, e iria assumir a empresa. Eu estava indo bem na escola, consegui acompanhar as matérias, e terminar minhas provas. Um ano terminado, e o próximo eu faria com aulas particulares, para conseguir cuidar do bebê. Minha vida já estava toda planejada, com a ajuda da minha mãe. Meus amigos me apoiavam mais do que nunca, em tudo. Voltei a conversar muito com o Dudu, todo dia nos falávamos. E ele iria vir para o Brasil para o casamento da minha mãe. Eu estava mais feliz impossível. Minha família inteirinha viria, e meus amigos também.

Meu bebê estava maior e mais saudável cada dia mais. Minha barriga havia dobrado de tamanho, e meu corpo estava totalmente diferente. Eu estava com os peitos maiores que tudo, uma barriga enorme, um coxão enorme, e com os pés inchados. Ótimo não? Não. 34 semanas de gravidez, e o “menino” podia nascer á qualquer hora. Já havia até parado de ir à escola, já fiz as provas e passei mesmo.

- Vamos Ju? – Emilio perguntou, arrumando seu paletó.

- Vamos, vou só terminar de colocar meus brincos – falei, indo até a penteadeira e pegando meus brincos.

- Está linda – ele disse vindo até mim e me abraçando por trás.

- Obrigada, você também está – sorri me virando e o dando um selinho.

- Certeza? – ele riu, balançando a cabeça e jogando o cabelo para o lado.

- Só falta você tirar esses tênis – falei apontando para os tênis em seus pés – e calçar s-a-p-a-t-o-s.

- Ah nem Ju – ele fez bico.

- Sim – ri, me direcionando ao closet e pegando seus sapatos pretos.

- Por que?

- Porque sim – falei – Você não tem mais 15 anos para ir em festas de tênis – ri, e ele tirou os tênis.

- Mas eu queria ter – cruzou os braços.

- Pense bem... – falei – se tivesse, eu não estaria com você, e você não estaria comigo – ri.

- É, ainda bem que eu tenho 18 anos – ele olhou assustado, e me puxou de novo, e eu cai sentada em seu colo.

- Eu te amo – sussurrei em seu ouvido.

- Eu também – ele disse afundando a cabeça em meu cabelo, e quase desarrumando tudo – mais que tudo nessa vida – ele sorriu.