Capítulo IX

Marta estava no quarto desfazendo suas malas quando Ju entrou.

— Oi, mãe. Quer ajuda com as malas?

— Claro filha. Como foi lá com o seu amigo? — Marta perguntou esperando tirar algo a mais da garota.

— A gente se entendeu — disse Ju tirando algumas blusas da mala e colocando em cima da cama — Aliás, cadê o papai e o Bruno?

— Seu pai foi visitar um cliente que trabalha aqui perto. E o Bruno disse que foi visitar uma amiga que trabalha no hostel.

— Fatinha — Ju sussurrou.

— Quem é Fatinha?

— Quando o Bruno chegar ele lhe explica a história — disse tentando mudar de assunto — Anh Mãe, sério que vocês vão ficar só duas semanas? Quando vocês vão poder voltar a morar de vez com a gente?

— Vai demorar um pouco ainda minha filha — Marta disse — Mas, e aí quando a gente vai poder conhecer esse tal de Gil?

— Não sei… — desconversou — Como tão as coisas lá em Brasília?

— Para de tentar mudar de assunto, Juliana — a mãe riu — Seu pai e irmão não tão mais aqui. Pode abrir o jogo, esse garoto é seu namorado né?

— Mais ou menos — a it-girl sorriu.

— Ótimo. Eu vou querer conhecê-lo antes de voltar pra Brasília. E seu pai também, mas é melhor preparar ele psicologicamente aos poucos. E o seu namorado também, você sabe que o Olavo não é fácil. Além do mais, esse garoto é o primeiro namorado que você vai apresentar pra ele.

— Tem necessidade, mãe? — perguntou com receio.

— Claro. Você não precisa apresentar ele como namorado por enquanto, mas você pode apresentá-lo como amigo para preparar terreno, e quando nós dois voltarmos de vez pro Rio, seu pai já vai estar mais acostumado com a situação — Marta sorriu faceira.

— Vou pensar nessa hipótese.

…

Fatinha estava no hostel, tentando explicar à alguns gringos como se chegar à um ponto turístico da cidade.

— É só pegar o bus four.. one.. eight.. que vai pro Jardim de Alá, Garden of Alá… Little easy.. little easy — ela riu — Good Luck. Qualquer coisa é so pedir help of little Fátima.

—Thank you, Fachtenha — disse um gringo de um modo engraçado que arrancou algumas risadas da loira.

Nesse momento, Bruno adentrou o local e os gringos saíram para o seu passeio. Fatinha custou a acreditar na presença do moreno a sua frente.

— Bruno — não evitou o desejo de sorrir — Precisa de alguma coisa?

— Não, Fatinha. Só quero ter uma conversa com você. Pode ser?

— Claro. Tem que ser aqui ou prefere que seja no meu quarto? — ela sorriu provocante.

— Para Fatinha. É só uma conversa mesmo. Além do mais, vai ser um pouco rápida, não tenho muito tempo.

— Fala.

— Olha Fatinha. Você entrou na minha vida da maneira mais errada e estranha possível. Espalhou fotos nossas na rede, constrangendo a Rita. Armou pra me separar dela. Beijou o garoto que a minha irmã gosta na frente dela, só pra me provocar ciúmes. Brigou com a Ana por causa de buquê de casamento. Entre outras coisas que não me vêem a cabeça nesse exato momento.

— Qualé Bruno. Só veio aqui pra pisar em mim. Mostrar o quanto eu sou errada e como você é bom moço — Fatinha se segurava pra não desabar em lágrimas na frente dele.

— Peraí garota. Deixa eu terminar?

Fatinha passou um tempo calada e esperou que ele recomeçasse a falar.

— Pois então, como você disse. Mesmo você sendo toda “errada”, eu não consigo evitar pensar em você. Achei que voltando com a Ana, as coisas voltariam ao eixo, eu voltaria a ser o antigo Bruno. Que não lembraria de você ou do que a gente passou juntos. Mas, as coisas só pioram com o tempo. Me vejo a cada dia pensando mais tempo em você e nas suas loucuras.

Fatinha permanecia paralisada, chocada com as palavras que Bruno estava lhe dizendo. Sempre achou que o garoto gostava dela, mas acreditava que não viveria até o dia em que ele se desse por vencido e admitisse o que sentia.

— Não sei se isso vai dar certo. Mas eu to disposto a me arriscar.

A loira continuava imóvel, e agora mais exasperada do que antes. Bruno estava preste a falar algo que ela esperava desde o dia em que eles haviam se envolvido.

— Fatinha, você quer namorar comigo?

A garota sorriu e permaneceu, algo que pareceu uma eternidade, para responder a pergunta de Bruno.

— Vai se fazer de difícil agora? — Bruno sorriu.

Fatinha se aproximou confiante dele e fitou os seus olhos.

— Bruno… A grama é verde? O céu é azul? Eu sou linda? — a garota sorriu — É claro que eu aceito.

Ele sorriu, colocou os braços em volta da cintura da garota e puxou-a pra perto.

— Você é maluquinha, garota — disse e em seguida beijou-a apaixonadamente.

…

Lia estava na sua cama, tocando guitarra como por muitas tardes a fio fazia. Dinho chegou sem fazer muito barulho e acabou assustando a garota com a sua presença.

— Ai que susto, Dinho — Lia sorriu — Tudo bem?

— Tudo — disse se sentando na beira da cama.

— Então, qual é o motivo da sua maravilhosa presença?

— E precisa ter um motivo pra fazer companhia pra minha marrentinha — Dinho puxou a garota para um beijo.

— Claro que não — ela o beijou novamente.

Lia pegou seu celular e mandou um sms pra Ju.

— Mensagem pra quem?

— Pra Ju — Lia disse tocando alguns acordes — To um pouco preocupada.

— Ela quer conversar com você? — o garoto perguntou receoso.

— Não. Eu quero saber se ela já tá em casa. Parece que ela e o Gil brigaram hoje, e eu queria saber se ela tá bem. Tentar saber o que aconteceu. Será que o Gil aprontou alguma, olha ele pode ser meu amigo, mas se ele magoar a minha amiga vai ter que se ver comigo.

Dinho percebeu como Lia repudiava traição, até mesmo quando não estava envolvida. Sentiu-se mal perante a situação e passou a temer qual seria a reação de Lia quando contasse sobre Valentina. Resolveu adiar um pouco a conversa com a garota.

…

~ Uma semana depois ~

O clima estava esquentando entre Ju e Gil no quarto dele. Marcela havia saído com Lorenzo e os dois estavam sozinhos. As mãos de Gil se moviam em volta da cintura de Ju, que por sua vez tirou a camisa dele. O garoto sorriu e deitou delicadamente Ju na sua cama.

Entre alguns beijos, Gil começou a desabotoar a blusa de Ju quando foram interrompidos por um grito de Marcela vindo da sala.

— Filhote, cheguei!

Surpresos, Gil vestiu sua camisa e Ju abotoou os botões da blusa. A it-girl se sentou na cama e ajeitou o cabelo enquanto o grafiteiro ajeitava sua blusa.

Marcela apareceu na porta e se surpreendeu com a presença da morena.

— Ah. Oi Ju, desculpa, não sabia que você estava aqui — disse sem graça — Espero não ter atrapalhado nada…

— Mãe… — o garoto disse entre dentes.

— Não atrapalhou não Marcela. A gente tava só conversando — a garota sorriu.

— Então tá. Vou deixar vocês dois “conversando” a sós — Marcela deu um sorrisinho ao se despedir.

Assim que a loira saiu, Gil e Ju perceberam que ambos estavam corados e constrangidos com a situação.

— Acho que foi bom a sua mãe chegar… Acho que eu ainda não to preparada para dar esse passo. Você não acha que a gente tá indo rápido demais?

— Não sei. Mas se você estiver insegura em relação a isso, eu vou saber esperar. Não quero forçar você a nada. Só vai acontecer quando você tiver certeza de que é a hora, tá?

— Tá. Você entende né Gil? É por que a primeira vez é importante pra mim.

— Pra mim também, Ju.

— Como assim? — perguntou surpresa.

— Ué… eu também nunca… você sabe.

Ambos ficaram calados se encarando por um tempo, percebendo que quando acontecesse teria que ser especial.

Ju quebrou o silêncio.

— Falando em estar indo rápido demais. Minha mãe e meu pai vão fazer um almoço de despedida na semana que vem e me pediram pra te convidar. Mas, eu vou entender se você não quiser…

— Claro que eu aceito — Gil sorriu.

— Então tá. Eu vou convidar a Lia também, pra parecer algo mais informal — Ju falou — Tem certeza que você quer ir?

— Mais cedo ou mais tarde eu vou ter que conhecer a fera — o garoto riu — Então melhor que seja agora.

— Boa sorte, por que seu Olavo é mesmo uma fera.

— Então tá. Mas, vamos esquecer a fera e aproveitar. Afinal ele não tá aqui pra me matar — Gil sorriu e puxou Ju para um beijo apaixonado.