A Distância De Um Beijo escrita por ThiagoRocha


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oi tem alguém acompanhado a fic ainda?!? ^.^
Sei que eu demorei muito³... Mas, foram duas semanas corridas...
Muitos trabalhos, fiquei doente, notebook quebrado,parece que tudo que tinha pra dá errado aconteceu. Então, tá aí os motivos...
Mas, como um jeito de recompensar. Tá aí um capítulo bem grande.. ;)
Como prometido, capítulo dedicado à Fraan que fez a 1° recomendação da fic... ^.^
Boa Leitura e espero que gostem! ;)



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Capítulo XVII


POV Ju


Era hoje. Amanhecia e eu me espreguicei levemente em cima da minha cama. E ainda passei alguns minutos de olhos fechados, aproveitando aqueles minutos pós-sono, em que o cérebro ainda não raciocina direito e o corpo é levado pelo torpor.

Levei as mãos fechadas em punho até meus olhos e esfreguei-os para despertar.

Ao lado da minha cama, em cima do criado-mudo um porta-retrato. Era uma foto do almoço feito aqui em casa, nela estava eu e o Gil, do nosso lado a Lia, Tatá e o tio Lorenzo. Do outro lado o Bruno e a Fatinha abraçados e os meus pais próximos aos dois. Sorrio para o nada assim que a vejo. De certa forma, ali estavam comigo as pessoas mais importantes da minha vida, e este era um bom jeito de acordar.

Rapidamente me desenrolei do cobertor e me coloquei de pé. Segui cautelosamente até o banheiro, pois ainda me sentia um pouco sonolenta.

Tirei a minha roupa e abri o chuveiro. Coloquei-me de pé em frente ao mesmo e estendi a mão na direção das gotas que caíam. A água estava estupidamente gelada. Receosa, dei alguns passos em direção a queda d’agua e senti as pequenas gotas molharem meu cabelo e escorrerem pelo meu rosto.

E embaixo da chuva que caí sobre mim, fico pensando sobre a vida. Em o quão sortuda eu era. Estava tudo perfeito. Será que podia ficar melhor? Ou se melhorasse, era capaz das coisas desandarem e estragassem? Isto era algo que eu duvidava muito.

E fico neste ritual por algum tempo.

As gotas pararam de fluir de sua origem, minhas mãos tatearam às cegas à procura da minha toalha. Puxei-a e sequei meu rosto e o cabelo, em seguida enrolei-a em volta do meu corpo.

Em seguida quando fui escovar os dentes, quase me surpreendi com o fato de que o rosto no espelho não mudara. O reflexo era o mesmo da garota de dois meses atrás, no entanto o interior estava diferente. Me sentia mais madura, mais feliz, mais completa.

Em seguida vesti-me e fiz a minha maquiagem, algo que na minha concepção eu não havia demorado muito pra fazer, no entanto o relógio não mentia e já estava em cima da hora. Eu estava atrasada, e por isso não tomei café da manhã, com pressa para sair de casa o mais rápido possível.

Assim que chego à rua, a primeira coisa que percebo é o sol, o céu tão cheio de azul e de um tipo de nuvem branca brilhante que deixa qualquer um empolgado por ter olhos. Nada pode dar errado debaixo deste céu, penso. Vou em direção ao quadrante a passos largos pra tentar evitar um atraso.

Consigo chegar à escola um pouco antes do portão ser fechado. Vou em direção à sala de aula, e de fora dá pra ouvir a voz da professora Isabella. Abro a porta e peço desculpas pelo atraso.

— Desculpa Isabella. Posso entrar ainda?

— Claro Ju — ela sorri —Pode ir para o seu lugar.

Eu apenas afirmo positivamente com a cabeça e sigo para a minha cadeira. Assim que estou fazendo esse trajeto percebo que a cadeira atrás da minha, que normalmente é ocupada pelo Gil, está vazia.

Sento-me e ao meu lado Lia me recebe com um sorriso no rosto.

— Feliz aniversário, amiga — ela sussurra.

— Obrigada — eu sorrio — Estranho… O Gil ainda não chegou. Sabe se aconteceu alguma coisa com ele? Ele nunca falta.

— Não sei. Achei que ele fosse vir com você…

Nesse instante cessamos a conversa, pois a Isabella estava começando a sua aula.

— Willian Shakespeare — a ruiva começa — Qual é a primeira coisa que vem na cabeça de vocês quando ouvem o nome dele?

— Romeu e Julieta — Morgana fala.

— Ué, não sabia que a gente tava falando de pizza — Fera falou inocentemente.

Toda sala começou a rir e a zoar o garoto. E em meio à “vaias” e gritos de “Burro”, “Tapado” e outros insultos, Bella interrompeu a balburdia.

— Frederico, espero que você esteja brincando em relação a isso — Bella disse — Mas, deixando isso de lado. Do que mais vocês lembram de Shakespeare?

— Sonhos de uma noite de verão — Rita diz — Acho que é a minha obra preferida dele.

— Muito bem. O que mais?

E assim alguns vão dando sua opinião sobre o mesmo e as suas obras.

— Fiquei surpresa com vocês. Mas, hoje eu quero falar de uma peça dele, que surpreendentemente vocês não citaram. Acho que vocês devem conhecer pelo menos o épico monólogo feito com um crânio na mão. Isso mesmo, hoje eu vou falar de “Hamlet”. Vou começar recitando o tal monólogo:


"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e setas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.

Dizer que rematamos com um sono a angústia

E as mil pelejas naturais-herança do homem:

Morrer para dormir... é uma consumação

Que bem merece e desejamos com fervor [...]"


Não demorou muito pra que eu perdesse o rumo da aula, incomodada com o que poderia ter acontecido com o Gil. Ele não havia me mandado uma mísera mensagem. Resolvi mandar um sms para ele, pra tentar localizá-lo.

De: Ju Para: Gil

Lindo, aconteceu alguma coisa?!? Tô preocupada =/

Você não veio pra aula… Me retorna quando puder..

Bjo.

Esperei alguns minutos, mas não obtive resposta. Eu estava começando a ficar preocupada de verdade. Talvez fosse só impressão minha, mas algo dentro de mim dizia que alguma coisa estava errada. Algo como um mau-pressentimento.

As aulas passaram e aquele sentimento ainda estava me incomodando.

Estávamos na quadra esperando a aula de educação-física.

— Ju, você ainda tá preocupada? — Lia questionou.

Eu apenas assenti com a cabeça.

— E aí cunhadinha — Fatinha se aproximou de nós — Ainda não te desejei parabéns, né? Acho que vou deixar pra te desejar só na festa…

— Que festa, maluca? Não vai ter festa… — eu digo, enquanto Lia encara a garota de forma estranha.

— Ah, sério — ela disfarça — Por que não?

— Não tô no clima… Estou preocupada com umas coisas aí…

Neste momento Rita e Morgana chegam perto de nós.

— Ju, parabéns — Morgana me abraça e eu retribuo — Nem preciso dizer que te desejo tudo de bom. E que os astros iluminem o seu caminho.

— Brigada, Morg.

— Feliz aniversário, Ju — agora é a hora da Rita me cumprimentar.

— Valeu — eu dou um fraco sorriso.

— Que foi, Ju? Você não parece animada.. Parece que nem é o seu aniversário hoje — Morg diz.

— É que ela tá preocupada — Lia diz.

— Com o quê? — Rita pergunta.

— O Gil não veio pra aula hoje. E eu ainda não consegui falar com ele — eu digo sem entusiasmo.

— Ué, preocupada com o namoradinho? — Orelha que ouvia a conversa por alto se intromete — Ei Ju, por que você não pede pra Morgana ver na bola de cristal dela? Não espera, essa não precisa nem ser vidente pra saber… Talvez ele esteja com outra.. — ele sorri maliciosamente.

— Ai seu troll.. Dá pra parar de ficar botando pilha — Morg diz irritada — E dá pra me esquecer, por favor.

— Te esquecer? — Rita resolve interferir — Ih amiga, esquece. Isso tá mais pra paixão encubada.

— Ei bonitinha, ninguém pediu sua opinião — o nerd disse — E pra que eu ia me apaixonar por uma bruxinha, quando eu posso pegar coisa muito melhor? — diz enquanto já está indo embora.

— Ai, esse garoto me irrita demais… — a ruiva diz enraivada.

— Relaxa, Morg — Lia diz — Ju, você não caiu na pilha dele, né?

— Claro que não amiga. Mas eu ainda to preocupada…

— Sei lá, Ju. Talvez ele esteja te preparando uma surpresa ou algo assim — Morgana deduz — Agora que é a aula da Marcela, você pode perguntar pra ela se ele tá bem, ou saber por que ele não veio.

— É pode ser…

Neste momento Mathias e Robson vieram em direção à quadra.

— Alunos, por favor todos prestando atenção — o diretor pediu silêncio — A professora Marcela não veio. Portanto, vocês tão liberados por hoje.

A maioria dos alunos deram gritos animados, enquanto alguns já saíam do colégio.

— Mathias, você sabe por que a Marcela não veio? — eu o questionei.

— Não exatamente, Juliana. Ela só disse que estava resolvendo alguns problemas pessoais. Aconteceu alguma coisa?

— Não, não é nada. Brigada, Mathias.

— Por nada. Bom, então eu vou indo.

Eu virei pra Lia e ela parecia estar tão surpresa quanto eu.

— Tá, agora eu também tô preocupada — ela diz.


Gil e Marcela estavam sentados em frente ao delegado, que por sua vez lançava alguns olhares investigativos para ambos. O garoto parecia bastante abatido, uma impressão que se comprovava pelas fundas olheiras que se alojavam abaixo dos seus olhos castanhos. Marcela por sua vez, parecia incomodada por estar naquele lugar, por esse mesmo motivo estava disposta a acabar logo com aquilo.

— Delegado, quanto é a fiança?

— Não vai ser necessário — ele se levantou da sua cadeira — O dono da propriedade preferiu não dar queixa. Ele disse que o garoto tem autorização pra grafitar o muro.

— Como assim? — Gil perguntou intrigado.

— Ele disse que deu autorização pra você fazer aquele grafite — fez uma pausa — Eu sei que ele está mentindo na parte da autorização, por que senão não teria motivo pra você fazer aquilo de madrugada. Mas, como ele é o prejudicado e não quer fazer um BO sobre isso, nós não podemos fazer nada. Então é isso, você tá dispensado.

Gil respirou aliviado.

— Juízo hein, rapaz… Dá pra perceber que você não é má pessoa. Mas, vê se não vai grafitar em lugares sem autorização. Se o dono resolvesse prestar queixa, você estaria numa bela enrascada.

— Valeu mesmo.. Delegado? — estendeu a mão num gesto de agradecimento e esperou que o mesmo dissesse seu nome.

— Delegado Farias — ele apertou a mão do garoto.

— Obrigado, delegado Farias — Gil deu um fraco sorriso — Grafite de madrugada nunca mais.

— É bom mesmo.

— Não precisa se preocupar delegado Farias — Marcela falou — Esse rapazinho tá de castigo, a partir de hoje.

— Hoje? Não pode começar amanhã — o grafiteiro parecia triste — Hoje vai ser o aniversário da Ju…

— A gente conversa sobre isso depois… Mas, delegado Farias o dono da propriedade está aqui na delegacia ainda. Queria poder agradecer ele por não ter dado queixa…

— Claro, ele está na sala de espera.. Ele disse que queria falar com o Gil — Farias comentou — Acho que é algo relacionado ao grafite… Mas, vou ter que pedir licença a vocês, tenho que resolver outros problemas.

— Tudo bem — ambos disseram e foram em direção à sala de espera.

Assim que chegaram, identificaram o dono da casa onde Gil havia feito o grafite

— Desculpa, é você que é o dono da casa onde o meu filho fez o grafite? — a professora de educação física se dirigiu ao rapaz que apenas assentiu com a cabeça — Queria agradecer por você não ter feito um BO sobre o ocorrido.

— Não, não foi nada. Então você deve ser o artista por trás daqueles grafites — se referiu ao garoto — É um prazer conhecer vocês. Meu nome é Ricardo.

— O prazer é meu… Eu sou o Gil e essa é a minha mãe Marcela. Eu quero agradecer de verdade, por não ter dado queixa sobre o grafite.

— Relaxa Gil, eu entendo que grafite é arte… Minha filha fotografa esse tipo de arte de rua. Ela não deve ser dois anos mais velha que você.

— Que legal? Ela mora com você? — Marcela perguntou.

— Não, ela tá numa exposição no Canadá. Deve voltar ao Brasil pra fazer uma visita no próximo ano. Sabe, ela ia curtir muito o seu trabalho Gil. Aliás, você tem autorização para grafitar o muro quando quiser, tá?

— Valeu mesmo, cara… — Gil agradeceu.


POV Ju


Eu estava em casa esperando alguma notícia do Gil, e já havia algum tempo. Só que eu não estava mais disposta a esperar, eu decidi ir até a casa dele. Tentar descobrir algo.

Assim que abro a porta, esbarro na Lia, que por sua vez está com uma expressão preocupada.

— Lia, aconteceu alguma coisa? — eu pergunto imediatamente.

— Aconteceu… — ela tentar escolher a melhor forma de continuar — Na verdade, eu descobri por que o Gil não foi à aula hoje.

— Então, o que aconteceu? — mentalmente eu torcia pra que fosse nada demais, mas pela expressão da minha amiga tinha sido algo relevante.

— O Gil estava na delegacia…

— Como assim? — eu não consigo deixá-la terminar a sua frase.

— Pelo o quê a Marcela contou pro meu pai, o Gil foi pego grafitando de madrugada.

— Então, ele tá preso? — eu tento organizar essa ideia na minha cabeça. Mas, a situação piora quando imagino como ele estaria sentindo-se agora.

— Não, ele já voltou pra casa… Pelo que parece, o dono do muro decidiu não dar queixa. Então, de certa forma ele nem foi preso… só foi levado a delegacia…

Eu fiquei parada sem nenhuma reação, ainda tentando assimilar o que havia acontecido.

— Ele deve tá precisando de mim agora. Amiga, eu vou até a casa dele.

— Claro, mais tarde eu dou uma passadinha aqui… Tudo bem?

Eu aceno positivamente com a cabeça e ela volta pro seu apartamento. Logo em seguida, eu vou até o sobrado acima do Misturama. E não demora muito para que Marcela me receba.

— Oi Marcela. O Gil tá aí?

— Tá sim, Ju.

— Posso falar com ele? — eu peço delicadamente.

— Ju, não sei se é um bom momento… — ela parece não saber o que dizer. Percebo que ela fica em dúvida se me conta o ocorrido ou não — Ele tá de castigo…

— Eu já sei o quê aconteceu Marcela… Eu só quero conversar com ele, dar força, abraçá-lo... — digo com sinceridade — Mostrar que eu tô do lado dele… Que ele pode contar comigo.

— Tudo bem. Ele tá no quarto dele — ela abre passagem para que eu possa ir até lá.

Abro a porta e vejo Gil deitado em cima da cama, abraçando uma almofada e olhando fixamente o teto. E ele parece não perceber a minha presença.

— Gil — eu sussurro enquanto me sento na beira do colchão.

— Ju — ele senta-se a minha frente — Ju, você já sabe...

— Sei… como você tá? — seguro sua mão.

— Mais ou menos.. Não to me sentindo mal por mim, mas pela minha mãe, eu sei que ela está decepcionada.

Ele está triste pelo ocorrido e percebo isso em seu rosto como se seus pensamentos estivessem legendados. Então, nesse momento o abraço forte, pra reconfortá-lo.

— Eu sempre vou estar do seu lado — digo enquanto ainda estamos abraçados — Você sabe que pode contar comigo sempre, né?

— Sei — ele sussurra e depois de alguns minutos continua — Desculpa Ju.

— Desculpas por quê?

— Por não ter mandado uma mensagem de feliz aniversário. Não pense que eu esqueci. Tá? — ele sorri e coloca as suas mãos no meu rosto — Parabéns, minha linda.

Ele se aproxima de mim e nos beijamos. E assim que me separo dele, vejo um sorriso que pousa no seu rosto. O primeiro sorriso de verdade, que ele deu naquele curto espaço de tempo em que estávamos juntos no quarto dele.

— Agora o meu aniversário melhorou — digo por alto.

— Por quê? — ele arqueia as sobrancelhas.

— Por causa do seu sorriso… Esses poucos momentos que tivemos aqui foi a melhor parte do dia de hoje.

— Nossa, que deprimente… Ainda bem que tem a sua festa ainda, pena que eu não vou poder ir… — Gil parou de falar, como se tivesse falado demais.

— Como assim? Não vai ter festa — eu digo confusa — Peraí Gil, do que você tá falando?

— Sério que não vai ter festa… Hm.. Eu não sabia… — ele estava se enrolando nas palavras, tentando se explicar.

— Gil… Gil — eu arqueio as sobrancelhas — Sei que você tá mentindo. Desembucha logo…

— Ai… A Lia vai me matar — ele passa a mão no seu cabelo — Tá bom, eu e a Lia organizamos uma festa surpresa no Misturama pra você. Ela vai querer me esganar por ter estragado a surpresa.

— Sério que vocês fizeram isso pra mim? — ele afirmou com a cabeça e eu estava surpresa — Você dois não existem… Relaxa Gil, não vou contar pra ela que eu já sei da festa. Vou fazer a melhor cara de surpresa possível — eu rio.

— Você que não existe — ele dá aquele sorriso que me derrete — Te adoro, sabia?

Confiante, balanço a cabeça afirmativamente e o beijo de novo. Um beijo demorado, que só termina quando nos dois já estamos ofegantes pela falta de ar.

— Tudo bem, vou embora — digo e não consigo sair do lugar — Não quero deixar você.

— Não quero que vá — ele me abraça e eu fico segura nos seus braços por algum tempo.

POV Lia


Eu estava em frente à porta da casa da Ju, havia acabado de tocar a campainha e estava esperando ela me receber. Minha missão era levá-la até o Misturama para a festa surpresa, ainda não tinha um plano de como iria convencê-la, mas tinha algumas ideias. Não demorou muito pra que ela abrisse a porta.

— Oi Lia. Entra aí amiga — ela disse, e assim que eu adentrei a casa. Ela continuou — Aconteceu alguma coisa?

— Nada demais. Só vim fazer uma visita para a aniversariante do dia — eu sorrio — Falando em aniversário… Você não vai comemorar ele trancada em casa né? Vamos sair…

— Pra onde? — Ju levanta as sobrancelhas.

— Não sei… Que tal o Misturama? A gente pode fazer um lanche, tomar um suco… Talvez até ver o Nando tirando um som. Aí você chama o Gil pra se juntar à gente — eu estava surpresa comigo mesma, do quanto a história estava soando convincente.

— O Gil tá de castigo, ele com certeza não vai poder ir — ela fez uma cara triste — Não sei também se eu to no clima pra sair…

— Ju, por favor… — eu faço a minha melhor cara de pidona.

— Ai como você é chata — ela bufa — Tá, mas você vai ter que me ajudar a escolher um look então.

— Tá, eu vou fazer esse sacrifício — eu a abraço e nos vamos até o quarto para escolher a sua roupa.

E por incrível que pareça, ela não demora muito pra se decidir por um vestido amarelo com algumas rendas e detalhes em preto e branco. Ela o veste rapidamente e pede a minha opinião.

— E aí. Como estou? — ela dá um giro em torno de si mesma.

— Bonita como sempre, amiga… Mas, você não acha essa roupa demais só pra ir até o Misturama — digo e no mesmo momento arrependo-me.

acha amiga? Vou escolher outra roupa então….

— Não.. não Ju… Eu tava brincando — eu rio — Essa roupa tá ótima. Vamos embora então?

— Tudo bem — ela confirma e nos saímos do apartamento dela.

Pegamos o elevador e vamos conversando pelo caminho. Chegamos à entrada do prédio e cumprimentamos o Severino. E enquanto estamos atravessando a rua, Ju olha para a lanchonete e me questiona.

— Lia, o Misturama deve tá fechado… Olha, tá tudo escuro — ela aponta com a cabeça para o local — Vamos voltar então…

— Não, Ju. Vamos até lá… As portas ainda estão abertas — eu a puxo pelo braço.

E assim que adentramos o local, as luzes são acesas e nós somos recebidas por um coro animado.

— Surpresa!!!

Eu olho para Ju que está ao meu lado, e ela parece bastante pasma. Ela coloca as duas mãos a frente da sua boca, que estão entreabertas. Depois do choque inicial, ela sorri.

— Não acredito que vocês organizaram essa festa pra mim…

Em seguida, algumas pessoas já viam cumprimentar a Ju. Desejos de “Parabéns”, “Feliz Aniversário”. E eram muitas pessoas. E em meio aos cumprimentos dos convidados, Pilha pegou o microfone e do palco se pronunciou.

— E aí galera… Primeiramente, quero dizer: Parabéns Ju — o garoto fez uma batida de funk com a boca e a galera gritou, em seguida continuou — E avisando, eu vou ser o DJ oficial da festa. Então, se quiser que eu toque alguma música em especial, é só falar comigo, Mc Pilha. Então, vamos deixar de papo e vamos aproveitar a festa…

E uma música agitada começou a sair dos alto-falantes.

— Lia, foi você que organizou tudo isso? — Ju me abraçou — Obrigada amiga.

— Na verdade, eu tive uma forcinha. O Gil me ajudou a organizar tudo. A idéia inicial foi minha, mas ele fez praticamente tudo sozinho — eu digo — É uma pena que ele esteja de castigo e não possa vir.

— É mesmo — ela diz e eu percebo que o aniversário não seria perfeito sem a presença dele aqui. Mesmo que ela não admitisse, era perceptível que naquele momento o Gil era a pessoa que a minha amiga mais queria que estivesse ao seu lado.

Antes que eu consiga falar alguma coisa, somos interrompidas pela presença do Dinho.

— Oi — ele diz. Primeiro olha pra Ju, em seguida pra mim. Fica me encarando, demorando mais tempo do que o necessário. O que me deixa incomodada.

— Ju… eu vou ali falar com a Fatinha — eu arranjo uma desculpa pra sair de lá. Ela percebe o porquê de eu estar fazendo aquilo e apenas afirma com a cabeça. Agradeço mentalmente a ela.

E sigo o caminho até o outro lado do Misturama.

— Lia… Lia — a voz de Dinho abafada pela música alta me chama de longe, mas eu continuo o meu trajeto sem olhar pra trás.



Morgana e Rita estavam num canto mais afastado da multidão, que se balançava animadamente na pista de dança improvisada.

Estavam jogando conversa fora quando foram surpreendidas pela presença de Orelha.

— E aí Bonitinha — o nerd dirigiu-se a Rita — E você bruxinha, tudo bem?

— E aí Orelha — Rita disse quase de maneira automática.

— Ai, seu troll… Dá pra parar de ficar me chamando de bruxinha — a ruiva falou aborrecida — Eu tenho nome… E não gosto de ser chamada de bruxinha…

— Ué, então você pode me chamar de troll e eu não posso te chamar de bruxinha? — o garoto deu um sorriso vencedor.

— É Morg, nisso ele tem razão… Você também vive chamando ele por esse apelido — Rita comentou — Bom, eu vou falar com o Fera… Vocês podem continuar discutindo sobre isso…

— Rita… Rita — Morgana chamou pela amiga em vão. Pois, a mesma já estava indo até a pista de dança, onde se juntou ao surfista.

— Viu, até a sua amiguinha percebe que você também não é tão gentil comigo — o nerd fala — Não sou o único que fica colocando apelidinhos nos outros…

— Tudo bem. Tá, eu também não sou tão legal com você — a garota admite — Mas, ás vezes você faz por merecer Orelha. Custa ser mais simpático com os outros, deixar de fazer aqueles posts ridículos no seu blog… sei lá, tentar ser uma pessoa melhor.

— Assim não tem graça. Os posts são a parte mais engraçada da minha vida — o nerd faz uma pausa — Olha, a gente pode fazer um trato. Você para de me chamar de troll e eu paro de te chamar de bruxinha. Feito? — estende a mão para a garota.

— Tá bom — ela aperta a mão do garoto — Parece ser um trato justo.

— Então… Você dançaria comigo bruxinha? — o nerd parecia encabulado fazendo o pedido.

— Viu, Orelha. Você já ta me chamando de bruxinha de novo… — ela diz.

— Desculpa Morgana. Foi por força do hábito — ele parecia estar sendo sincero — Desculpa mesmo…

— Orelha, até parece que eu vou acreditar que foi sem querer — a garota fala asperamente — É a sua cara ser rude com os outros, não cumprir promessas. E você tá sempre me zoando e as outras pessoas. Não sei como fui boba o bastante pensando que algum dia você ia…

Morgana não conseguiu terminar o seu desabafo, pois Orelha num gesto rápido, puxou a garota e roubou-lhe um beijo. No início, ela reluta. Mas, depois se sente envolvida pelo beijo do garoto. Ficam bastante tempo neste ato e parece que ninguém nota este inusitado gesto.

Quando se separam, ambos não sabem o que dizer ou como agir.

— Por que você fez isso? — Morg ainda envergonhada questiona.

— Não sei.. Você não parava de falar…

Dito isso, ambos ficam alguns minutos se encarando. Sem saber o que fazer, até que Morgana decide falar.

— Eu preciso ir… — ela vai embora.

Orelha não consegue falar nada. Apenas acompanha com os olhos o trajeto feito pela ruivinha.


POV Ju


Lia havia acabado de sair, pois Dinho tinha vindo nos cumprimentar e ela preferiu ficar afastada. Eu entendia os seus motivos.

Dinho continuou olhando de forma angustiada para Lia enquanto ela seguia o seu caminho.

— Eu não queria que as coisas fossem assim… — ele desabafa.

— Ela tem motivos pra estar assim, né Dinho? — eu digo — Não dá pra esquecer esse tipo de coisa de uma hora pra outra.

—Eu sei, Ju. Eu faria qualquer coisa pra voltar no passado e não cometer esses erros. Eu amo muito a Lia, faria qualquer coisa pra ter ela de volta.

— Se você a ama, então espera — eu o aconselho — Só o tempo pode cicatrizar uma ferida como essa.

— Eu também te magoei muito, né Ju? — ele diz — Isso é outra coisa que eu gostaria de ter feito diferente. Mesmo que você não acredite, eu tenho um carinho muito grande por você. Não queria ter te magoado…

— Acho que as coisas tinham que ser desse jeito.. Tudo isso me fez amadurecer muito. E eu também não guardo mágoa de você. Preferi esquecer isso e seguir em frente — digo com franqueza.

— Eu fico muito feliz. Além disso, Feliz aniversário… Posso te dar um abraço?

— Claro, né Dinho — ele me abraça.

— Fico muito feliz em perceber que o Gil tá te fazendo feliz, de um jeito que eu não consegui… Torço muito por vocês dois… Olha, falando nele — ele aponta com a cabeça acima do meu ombro — Vou indo Ju, parabéns de novo — ele se vai.

Assim que me viro vejo a imagem de Gil e eu literalmente corro em sua direção.

— Gil — eu o abraço forte — Você veio.

— Claro, eu não podia perder isso.

— Como? A Marcela não te deixou de castigo? — eu perguntei intrigada.

— Foi… Na verdade eu ainda tô de castigo — ele deu um sorrisinho — Mas, eu prometi lavar as louças do almoço por um mês e em troca ela deixou eu vir. Só não posso ficar muito tempo.

— Poxa — eu faço uma expressão chateada — Quanto tempo você pode ficar?

— Não sei. Acho que o tempo necessário pra ter uma dança com uma pessoa especial e pra entregar o meu presente — ele afaga o meu rosto.

— Tá, então pode começar me dando o presente — eu estendo as minhas mãos abertas.

— Não, primeiro vamos dançar — ele dá um sorriso vitorioso, pois sabe que eu estou curiosa.

Uma música lenta começa a tocar.

Settle down with me

..Acalme-se comigo..

Cover me up

..Cubra-me..

Cuddle me in

..Afaga-me..

Lie down with me

..Deite-se comigo..

And hold me in your arms

..E me segure em seus braços..


— Então se lembra dessa música? — ele me pergunta.

— Claro né — eu apenas sorrio — Foi a música que a gente dançou no casamento da Isabella e do Leandro. Você pediu pro Pilha colocar essa música?

— Não sei… Talvez sim, talvez não — ele faz um suspense e sorri — Então, vamos dançar, senhorita? — ele estende a sua mão e eu seguro-a.


And your heart's against my chest, your lips pressed in my neck

..E o seu coração contra o meu peito, seus lábios pressionados em meu pescoço..

I'm falling for your eyes, but they don't know me yet

..Eu estou me apaixonando por seus olhos, mas eles não me conhecem ainda..

And with a feeling I'll forget, I'm in love now

..E com um sentimento que eu vou esquecer, eu estou amando agora..


Ele me puxa para a pista de dança. Eu enlaço os meus braços em seu pescoço enquanto ele envolve a minha cintura com suas mãos. E a passos lentos, rodamos e dançamos coladinhos. Envolvidos com o sentimento que rondava aquele momento único.


Kiss me like you wanna be loved

..Beije-me como você quer ser amada..

You wanna be loved [2x]

..Você quer ser amada..[2x]

This feels like falling in love

..Este sentimento é como se apaixonar..

Falling in Love

..Se apaixonar..

We're falling in love

..Nós estamos nos apaixonando..

Settle down with me

..Acalme-se comigo..

And I'll be your safety

..e eu vou ser a sua segurança..

You'll be my lady

..Você vai ser minha garota..

I was made to keep your body warm

..Eu fui feito para manter seu corpo quente..

But I'm cold as the wind blows so hold me in your arms

..Mas eu sou frio como o vento que sopra para me segurar em seus braços..

Oh no

..Oh não..

My heart's against your chest, your lips pressed in my neck

..Meu coração está contra o seu peito, seus lábios pressionados no meu pescoço..

I'm falling for your eyes, but they don't know me yet

..eu estou me apaixonando por seus olhos, mas eles não me conhecem ainda..

And with this feeling I'll forget, I'm in love now

E com este sentimento que eu vou esquecer, eu estou amando agora..


E enquanto estamos dançando ouço-o procurar por ar. Quando fala, sua voz é tão fraca que mal consigo ouvir em meio aos nossos passos:

— Você não imagina o quanto você me faz feliz — ele diz.

Eu sorrio feito uma boba e retribuo do meu jeito.

— Te adoro, sabia? — eu digo encostando a minha cabeça em seu peito.

— Claro que eu sabia — ele sussurra no meu ouvido — É praticamente impossível alguém não gostar de mim — brinca de forma divertida.

— Convencido. Não se pode fazer um elogio que já fica se achando… — eu digo brincando e fazendo biquinho.

E antes que eu termine a frase, ele me beija. Viro-me em seus braços para que fiquemos de frente um para o outro, então enlaço seu pescoço com meus braços ao mesmo tempo em que me puxa para mais perto dele.

E não me importo com mais nada, pois as nossas bocas, que foram momentaneamente separadas, encontraram-se novamente, mas esse fato arrebatador não tem mais importância.

Kiss me like you wanna be loved

..Beije-me como você quer ser amada..

You wanna be loved [2x]

..Você quer ser amada..[2x]

This feels like falling in love

..Este sentimento é como se apaixonar..

Falling in Love

..Se apaixonar..

We're falling in love

..Nós estamos nos apaixonando..

Yeah I've been feeling everything from hate to love to lust

..Sim, eu estou sentindo tudo de ódio ao amor à luxúria..

From lust to truth I guess that's how I know you

..Do desejo à verdade eu acho que é assim que eu conheço você..

So I hold you close to help you give it up

..Então eu te abraço apertado para ajudá-la a desistir..

So Kiss me like you wanna be loved

..Então me beije como você quer ser amada..

You wanna be loved [2x]

..Você quer ser amada..[2x]

This feels like falling in love

..Este sentimento é como se apaixonar..

Falling in Love

..Se apaixonar..

We're falling in love

..Nós estamos nos apaixonando..

Kiss me like you wanna be loved

..Beije-me como você quer ser amada..

You wanna be loved [2x]

..Você quer ser amada..[2x]

This feels like falling in love

..Este sentimento é como se apaixonar..

Falling in Love

..Se apaixonar..

We're falling in love

..Nós estamos nos apaixonando..


A música termina e nos olhamos fixamente. Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e encosta os seus lábios nos meus.

— Tá, agora você pode me dar o meu presente — não consigo segurar a curiosidade.

— Tá, vem comigo — ele estende a sua mão.

— Gil… Gil. O que você tá aprontando?

— Vou te entregar o seu presente — ele segura a minha mão — Você confia em mim?

— Claro, mas pra onde você vai me levar?

— Segredo — ele atiça a minha curiosidade — Vem comigo — ele me puxa delicadamente e eu o sigo.

Saímos da festa e andamos alguns quarteirões. Quando estamos próximo da sorveteria, que a essa hora já está fechada, ele me pára e diz:

— Tudo bem, feche os olhos. Vou te guiar — sigo-o e ele tapa os meus olhos com as suas mãos, guiando-me pelo caminho — Tudo bem, pode abrir.

E momentos antes de abrir os olhos, noto como eu estou nervosa. Adio por mais alguns segundos, mas quando os abro me deparo com um lindo grafite feito pelo Gil. No muro onde estavam anteriormente as duas marionetes, agora estava pintando algo como uma história em quadrinho. As “cenas” eram divididas em quadrados e alguns desses quadrados ainda estavam em branco — principalmente os do canto direito do muro.

Aos poucos eu estava reconhecendo algumas das cenas. A primeira era Gil e eu sentados na arquibancada colorida do Quadrante. Logo abaixo reconheci o meu quarto, no desenho ele estava do meu lado e eu estava em frente ao computador com o seu boné. Em seguida era eu e ele nos beijando em frente ao grafite da casa içada ao balão colorido.

E havia alguns outros, entre eles: nós dois grafitando as portas do Misturama; eu assistindo ele tocar guitarra com o Nando; nós dois dançando no casamento da Isabella e do Leandro; assistindo filme deitados no sofá; ele sentado na cama de hospital em que eu estava deitada; nós na ação do C.R.A.U na praça; o almoço com a minha família; nós dois sentados na praia com um pôr-do sol ao fundo; e mais algumas outras.

Eu não estava reconhecendo-as na ordem, mas todas seguiam uma ordem cronológica. Era de fato uma história em quadrinho, um quadrinho que retratava a nossa história. Tudo de importante que havia acontecido conosco estava marcado e retratado ali. E eu fico maravilhada com o gesto dele.

— Você lembra-se desse dia? — ele apontou para o primeiro desenho.

— Claro, foi o dia que a gente se tornou amigo — eu digo — Foi o início…

— Pois é, o início da nossa história — ele sorriu — Eu não sabia o que te dar de presente, acho que isso foi o melhor que eu pude fazer…

— Eu estou sem palavras… — eu digo entorpecida — Foi a coisa mais linda que alguém já fez pra mim — sorrio.

— Que bom que você gostou — ele segura a minha mão e puxa-me pra mais perto do desenho — E a gente pode continuar o grafite, quer dizer a gente pode ir completando a nossa história, por que com certeza ela não acaba por aqui. E de acordo com os eventos, nós podemos completar esses espaços em branco com acontecimentos importantes para nós dois… — o brilho dos seus olhos e do seu sorriso encheram-me de felicidade.

— Eu… Eu amei… amei — eu literalmente pulo pra cima dele e o abraço — Muito obrigada…

Ele toma os meus lábios nos seus, e enquanto estamos nos beijando levo a minha mão até a sua nuca e acaricio o seu cabelo. Ele envolve a minha cintura com os seus braços e me puxa para mais próximo dele. E o toque da sua mão no meu rosto causa algo como uma estática, que faz alguns fios de cabelo da minha nuca e braço se arrepiarem. Nesse momento, minha respiração já está precária, e não consigo me manter mais de pé sem soltar um arquejo. Ele percebe a minha falta de ar e se afasta. Dá um sorriso bobo e eu retribuo, apostando que o meu sorriso está tão abobalhado quanto o seu.

Continuo admirando o meu presente até que noto um desenho de que não me recordo. Nele, eu e Gil estamos frente a frente, ele está com sua mão estendida e em cima dela há uma caixinha.

— Esse aqui? — aponto para o último desenho — Eu não lembro desse dia…

— Ah, é por que ainda não aconteceu… — ele coloca a mão no bolso da sua calça e retira de lá uma caixinha — Esse é o meu outro presente… — ele a estende pra mim.

Eu a pego e abro. E dentro dela encontro um colar, percebo que é o mesmo que ele comprou no dia da ação do C.R.A.U. Só que agora na plaquinha estava gravado dois olhos de lince — a sua assinatura.

— Eu queria te dar algo que fizesse você se lembrar de mim — sorri timidamente — Algo que possa usar sempre…

— É lindo… Eu adorei — eu entrego o colar pra ele — Você pode colocar? —viro-me ajeitando o meu cabelo.

Ele passa o mesmo por cima da minha cabeça e demora alguns segundos pra trancar o fecho do mesmo.

— Pronto — ele diz quando consegue e eu me viro pra encará-lo — Esse colar também representa um pedido — ele parece estar envergonhado — Quer dizer… Eu sei que nós estamos juntos a mais de um mês e que estamos namorando. Mas, eu quero de alguma forma tornar isso oficial. Então, Juliana Menezes você gostaria de ser minha namorada?

As palavras dele giravam em minha cabeça. Tentei respirar num ritmo normal, precisava me concentrar e responder o seu pedido.

— É claro que eu aceito — sorrio e ele me responde com o mesmo gesto.

Envolvo seu pescoço com as mãos, trago-o para perto de mim, e ele me beija de forma tão intensa e profunda que voo, navego, flutuo...

Quando nos separamos, olhamos fixamente um para o outro e eu não consigo evitar de dizer algo:

— Esse ano eu ganhei o melhor presente de todos — digo olhando pra o colar, mesmo que não seja dele que eu esteja falando.

— Qual deles? — ele questiona — O grafite, o colar ou o pedido?

— Todos eles são ótimos, mas não foi nenhum deles — levanto a minha cabeça e encaro a imensidão dos seus olhos — Você… Você é o melhor presente que eu poderia ter ganhado — agora minhas mãos acariciam o seu rosto —Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida…

Gil sorri e olha para mim de maneira tão acolhedora, que esqueço todo o resto.

— Você também é a melhor coisa que aconteceu na minha …

Ele me abraça e aceito seu abraço são e salva, e deixo que as estrelas enfeiticem a escuridão do céu. E assim a noite reluz sobre nossas cabeças.


“Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...

Não precisamos da paixão desmedida...

Não queremos beijo na boca...

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...

Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...

Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...

Que nos teça elogios sem fim...

E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade

inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...

Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!”

William Shakespeare


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Notas finais do capítulo

E aí?!? Gostaram do capítulo? Reviews?!? Recomendações?!?
A capa nova dá mais ou menos uma ideia de como é o grafite do Gil...
Até o próximo... ^.^



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