Sentimentos Incompreendidos escrita por Anny Starlight


Capítulo 4
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá!! (Para quem ainda lê...)
Espero que estejam gostando, neste capítulo as coisas ficarão mais claras...
Gostei muito de escrevê-lo, espero que gostem de ler!
Enjoy it...



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Catarina já estava há mais ou menos um mês e meio na casa de Ana e Frederico, e em todo esse tempo teve muito pouco contato com a irmã, passava os dias ajudando Frederico com seu trabalho, lendo livros ou deitada no jardim apreciando a sensação boa que vinha com isso.

Ana e Catarina nunca tiveram realmente uma relação de irmãs, tanto pela diferença de idade entre as duas, 12 anos, e porque Ana sempre fora muito focada nos estudos e nos seus próprios objetivos.

Não que elas não se gostassem, mas era mais uma relação de hábitos e convenções do que uma real irmandade, assim Catarina cresceu. Teve de admitir para si no começo que era como estar na casa de estranhos, afinal Ana também não visitava muito os pais e ela, mas depois se acostumou e até passou a se sentir confortável... Graças a Frederico e não a irmã.

Enquanto Ana não tinha tempo para a irmã, seu marido sempre se preocupava com o estado da outra. Sempre perguntava como estava, se queria algo, se queria conversar... Ela não quis no começo, mas chega uma hora em que todos precisamos abrir nossos pensamentos a alguém, e Catarina não seria diferente.

Ela conversou muito com Frederico, discutiram sobre o divorcio dos pais dela, sobre como seria daqui pra frente, sobre como ela se sentia... E assim foi até que se estabeleceu algo entre eles. No caso dele ele descobriu uma garota incrível, muito madura e inteligente para a idade, com ideias que o fascinavam... Já ela, como toda adolescente que é realmente notada por alguém, descobriu nele uma paixonite aguda.

Isso era visível, ela estava apaixonada por ele. Um amor puro, juvenil, sem mau algum... Era um rosto escarlate ali, uma fantasia aqui, mãos tremendo, júbilo por elogios, algo sem conclusões ou evoluções para ela, Catarina estava ciente disso... Até que... Até que ele a beija.

Foi um beijinho de nada obviamente, mas que beijinho é um nada” quando é dado pelo homem por quem está apaixonada?

Foi um engano, um feliz engano, mas ainda assim engano.

Sentiu-se tão radiante quando ele a beijou com as mãos em sua cintura... Sortuda era Ana que tinha um homem tão especial quanto Frederico para si quando quisesse... Para beijá-la por todos os segundo...

–Catarina?! – Ele a chamou para tirá-la do transe.

–S-Sim? – Respondeu envergonhada por viajar dessa forma, mas a culpa era dele, de uma forma ou outra.

Ele riu dela.

–Estava pensando até agora sobre minha pergunta? – Ele tinha uma voz divertida enquanto perguntava.

–Eu... Bom... Mais ou menos... – Disse se embaralhando e rindo junto dele.

–Ok, então diga-me: o que é certo e o que é errado? – Perguntou com os olhos verdes vidrados nela.

Bom, com certeza esses olhos verdes me encarando dessa forma não é certo...

–Eu acho que... – Pigarreou se concentrando e banindo suas respostas imediatas. –Acho que isso depende muito da cultura e da época.

–Boa resposta! – Ele disse com uma ponta de surpresa do raciocínio dela. – Me exemplifique então...

–Hum... Ok! – Catarina pensou. – Eu acho que... Acho que o próprio estereótipo de pessoa é um preceito, uma forma de se estabelecer um certo e errado.

–Fantástica! – Frederico elogiou maravilhado pelo raciocínio da menina. – Sua conclusão e você obviamente! Mas, vamos lá, desenvolva isso...

Catarina sentiu seu rosto esquentar enquanto sorria agradecida pelo elogio.

–Ok, em cada sociedade e em cada tempo existe uma “orientação” que é dada desde pequeno, seja direta ou indiretamente...

–Interessante. – Frederico comentou acompanhando o raciocínio da garota.

–Por exemplo, nos dias de hoje temos um ideal de grandeza, de acumulo, de satisfação por dinheiro. Acho que vemos desde pequenos que apenas somos alguém e que somos felizes se tivermos dinheiro, assim, crescemos com isso e para isso. – Catarina tentou se explicar.

–Concordo plenamente com você, Ca! – Frederico admitiu. – Estamos tão afundados nesse modelo que esquecemos de tanta coisa...

–Sim! – Catarina emendou já entusiasmada. – É uma falsa ideia de liberdade, na verdade, acho que é a maior forma de escravidão em massa!

Frederico sorriu incrédulo, como essa menina era tão racional?

–Perfeito! Não vejo maneiras de discordar de você...

–E com isso vem as outras formas de estereotipagem, a física, a social, a mental...

–Mental? – Ele perguntou agora intrigado.

–Mas é claro que sim! – Catarina defendeu assiduamente. – Somos ensinados desde pequenos como pensar. O que é certo e errado, essa é a questão não é? Tudo é unido de uma forma ou de outra. Pense assim... Nossa forma de pensar regula nossas convicções, nossos “certos e errados”.

–Realmente, raciocínio brilhante...

–Obrigada! – Ela agradeceu e logo continuou. – É dessa forma que condenamos situações, aceitamos outras... É dessa forma que acabamos condenando a nós mesmo, seja por palavras ditas, atos ou até...

–Ou até? – Ele insistiu fascinado.

Ela havia abaixado a cabeça envergonhada com seu pensamento, pois ele viera de algo pessoal, algo presente nela.

–Catarina? – Ele a chamou.

Ela endireitou a cabeça lentamente e respondeu.

–Ou até sentimentos.

Ele mesmo se endireitou e lembrou-se de coisas que passavam por sua cabeça.

–Com certeza! – Concordou. – Mas creio que existem alguns indivíduos que conseguem escapar de tudo isso não é? – Perguntou tentado expulsar pensamentos da cabeça.

–Sim... – Ela concordou. – São os errados, os loucos, os inconsequentes... – Exemplificou.

Ele sorriu.

–Melhor ser “aquele louco” do que “algum normal”...

Ela, por sua vez, riu concordando com ele.

E assim ambos passaram a manhã e parte da tarde após o almoço, discutindo o certo e o errado. Irônico? Catarina afirmava que sim a cada segundo.

Depois de muitas discussões e situações analisadas, Frederico anunciou que já tinha material mais do que suficiente para o outro dia.

–Está ótimo! Obrigado novamente... – Agradeceu.

– De nada, foi bem esclarecedor e proveitoso para mim... – Respondeu sincera.

– E quais foram suas conclusões? - Ele perguntou interessado.

–Bom... – Começou desconcertada pelo interesse súbito dele. – Conclui que “certo e errado” são simples características definidas por uma sociedade que, sinceramente, não colocam em prática suas próprias teorias, pois não há realmente um “certo e errado” natural, pré-estabelecido... Só definições de alguém de acordo com eles mesmos, mas que infelizmente nos influenciam, querendo ou não.

Ele sorriu ainda mais.

–Mas me diga, o que você faria numa situação em que ficasse entre o “certo e errado”?

Primeiro ela enrubesceu com o comentário e depois com a pergunta... Eis a questão de um milhão de dólares!

–Eu não sei realmente... Acho que decidirei quando acontecer. Talvez ai eu descubra o meu “certo e errado”... – Respondeu sincera pensando em sua situação.

Ele ponderou.

–Sábia escolha...

Frederico se endireitou na poltrona e organizou as informações em sua mesa; depois de uns 2 minutos suspirou cansado.

–Bom, agora tenho que anotar os tópicos...

–Hum... Quer ajuda? – Catarina ofereceu.

Ele sorriu.

–Por favor... Mas não conte a Rosa que aceitei tão rapidamente ou ela me matará de uma vez por todas.

Catarina riu e começou a transcrever os principais tópicos anotados por ele para uma folha em branco enquanto ele fazia o mesmo.

Frederico parou por um momento de escrever e observou Catarina, aproveitou-se de que ela estava concentrada em seu papel para se deixar pensar pela primeira vez em horas no que ele se prometeu fingir esquecer.

Depois que voltara para a cama não conseguiu esquecer o que havia feito, ficou repassando aquilo em sua cabeça, afinal, mesmo que por engano ele beijou sua própria cunhada de 16 anos, ela tinha quase a metade da sua idade. Se sentiu estranho, culpado com certeza, mas também era... Era diferente.

Frederico notou que Catarina se importou sim com o acontecido apesar de dizer que não, foi por isso que se determinou a fingir que nada havia acontecido e agir normalmente, afinal ele conhecia o jeito tímido dela, se com pequenos elogios ela se fazia vermelha imagine com menções ao beijo entre eles.

Mas agora, observando-a ali tão calma e natural foi impossível deixar de pensar nessa menina tão vivida e em sua esposa. As diferenças entre elas se faziam clara agora, quando a luz e a analise se uniam.

Catarina era jovem, a pele tinha um tom levemente bronzeado, os cabelos eram longos, ondulados e de cor chocolate; deviam estar presos naquele momento. Os olhos eram castanhos claros, tinha uma estatura mediana que se fazia pequena perto dele... Ela tinha uma beleza sutil, que merecia ser apreciada com delicadeza.

Lembrou-se de suas bochechas ficando avermelhadas, parecia uma boneca quando isso acontecia... E assim, inevitavelmente, chegou ao ponto em que ele teve a oportunidade de sentir... Sua boca.

Ela era bem desenhada, avermelhada e levemente cheia... Notou que ela tinha a mania de morder o lábio inferior quando pensava ou quando lia algo, isso deixava sua boca ainda mais corada e... E um tantinho atraente.

Lembrou-se do beijo, foi um mero encostar de lábios, seus lábios naqueles avermelhados do outro lado da mesa. Também se recordou de sentir um gosto doce no canto de sua boca depois de voltar ao seu quarto, seria chocolate? Foi o que lhe veio em mente quando sentiu o sabor... Mas era estranho, tinha algo mais no chocolate.

Tudo bem, era melhor para com isso agora!

Desviou seus olhos para a sua mesa onde encontrou uma foto dele e de Ana, ambos sorriam... A foto foi tirada em uma das raras viagens que haviam feito. Olhando-a foi impossível não compará-la com a irmã.

Ambas tinham a mesma estatura, Ana tinha a pele mais clara do que Catarina, os cabelos eram da mesma cor, porém eram mais lisos e curtos, na altura dos ombros; os olhos de Ana eram escuros e transpiravam a eficiência que ela era.

Ana era a dedicação e o foco em pessoa. Sempre dedicando seu máximo ao trabalho, e esse era o pior, sua maior dedicação era ao trabalho.

Ana e Frederico se apaixonaram ainda jovens, ela já mostrava essa personalidade, mas ainda com moderação. Era alegre, não gostava muito de sair, mas mesmo assim saia. Se casaram jovens, talvez jovens demais.

Com o passar do tempo ela se distanciou astronomicamente dele. Os lábios dela se tornaram secos e frios para ele, o corpo distante e raro. Enquanto ela se dedicava a carreira ele se sentia deixado de lado, isso gerou muita discussão entre eles onde ele se irritava veemente quando ela demonstrava maior apreço ao trabalho. Ele defendia que também trabalhava e ela sempre deixava escapar insultos de grandeza, menosprezando o trabalho dele e vangloriando o seu.

Isso se estendeu até que um dia ele foi levar ao hospital o celular que ela havia esquecido e a pegou beijando um médico do lugar. Aquilo fora a gota d’água, ela correu desesperada atrás dele jurando que era a Frederico quem amava e que jamais faria isso novamente; por um momento ele viu nela a menina por quem se apaixonou, viu impulsividade e emoções, assim, decidiu dar mais uma chance.

Ambos viajaram, foi quando tiraram a foto, e tudo ficou melhor novamente. Eles foram um casal de novo, mas... Mas ele percebia que agora os lábios dela ficaram frios e secos novamente, transavam em momentos raros, os carinhos se foram... Ele desconfiava que ela estivesse novamente traindo-o, e isso chegava a ser até... Obvio, talvez.

Então, quando ele estava novamente esperando a ultima gota d’água, chegou Catarina na casa de surpresa, e fez-se companhia para Frederico que passou a se sentir melhor perto dela. Ela era animada, educada, esperta, divertida, interessada e isso fez com que ele passasse a ter Catarina como uma menina fantástica.

Ela lhe dedicava tempo, o ajudava, fazia-o rir... Tinha lábios doces...

–Frederico?!

–Eu?

Ele fora tirado de seus pensamentos bruscamente quando Catarina o chamou.

–Eu terminei com esses papéis aqui... – Ela disse rindo da confusão dele.

Ele se sentiu envergonhado por ficar tão perdido em pensamentos que se esqueceu do trabalho.

–Hum... Ótimo, então... Dê-me eles aqui... – Pediu.

Catarina os entregou ainda rindo.

Ele os olhou e viu a caligrafia cuidadosa e caprichada dela.

–Muito obrigado, Catarina! Pode ir descansar agora... – Anunciou sorrindo para ela agradecido.

–Tem certeza? Eu posso ajudar! – Ela ofereceu.

–Sim, eu tenho... Muito obrigado.

–Tudo bem então...

Catarina se levantou e saiu do escritório enquanto ele fingia ler as paginas que ela havia escrito. Quando escutou a porta se fechando largou tudo e se esparramou na poltrona.

Bufou enquanto fechava os olhos por um momento, muita coisa havia passado por sua cabeça naqueles minutos...

–E tudo isso por causa de um beijo por engano... – Sussurrou para si mesmo.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Capítulo que vem as coisas ficarão um pouco mais... Hum, bom, vocês verão... Hahahaha!!
Reviews?