Frederico estava sentado em sua cama. Havia acabado de tomar um banho e se trocar, vestia uma calça de moletom e uma camiseta qualquer.

Olhou para o relógio ao seu lado que indicava o ponteiro de número dez e em seguida olhou a escuridão do lado de fora da janela que já era completa e acolhedora.

O dia dele fora cansativo, assim como a semana que se seguiu desde... Bom, desde sua conversa com Catarina. Ele tinha que admitir: a companhia dela lhe fazia extrema falta; estava cansando mais rapidamente, o humor ia de mal à pior, a sua cabeça então nem se comentava; hoje quando saiu da faculdade teve a certeza de que foi a pior aula que já tinha dado, afinal, sua cabeça não estava na sintonia para debates e tópicos.

A única coisa em que conseguia pensar desde aquele dia era... Ela.

Depois da conversa percebeu que Catarina mudou bruscamente de comportamento com relação a ele, não que o ignorasse, mas ele não sentia mais nada nela. Os cumprimentos eram educados e vazios, ela evitava ao máximo olha-lo nos olhos, não se aproximava ou mesmo ficava em um cômodo no qual ele estivesse, fugia dele... Não que ele a procurasse, mas ele via o esforço dela em se manter longe.

Ele por sua vez não sabia o que acontecia com ele, se sentia insuportável. Seus sentimentos estavam tão confusos que nem sabia quando estava bem ou não... Se perguntava muitas vezes o motivo disso, afinal, o que lhe perturbava era Catarina, certo? E eles terminaram... Então o que podia ainda estar lhe perturbando?

Tudo bem, ele sabia o que era... Mas se recusava a aceitar.

O problema era que ele ainda sentia um desejo forte por ela que se intensificava quando a via ou pensava nela; Frederico percebeu não ser algo apenas físico, ele sentia falta dela, da companhia dela, das ideias, dos debates, dos sorrisos, de vê-la ficando vermelha...

Eu estou louco, só pode...

Pensar nela apenas piorava a situação. Ele se lembrava da tristeza dela, sabia que ela havia chorado pela tarde inteira que ficou trancada no quarto... Ele se sentia péssimo. Era culpa dele.

E o pior é que ele queria... Queria ir até lá, conversar com ela até ela sorrir de novo pra ele, queria tocar na pele que ele sabia ser macia e quente, queria beijar aquela boca doce até ambos não terem mais ar nos pulmões.

Isso é insano...

Com o passar dessa semana, que foi extremamente longa na opinião dele, Frederico percebeu novamente o quanto ela fazia diferença para ele. Antes de ela chegar ele era assim, da forma como estava: cansado, estressado, esgotado. Mas depois que ela chegou...

Merda, merda, merda e mil vezes merda...

Ele não se aguentava mais, não aguentava mais aquela situação em que estava. Estava cansado, esgotado... E com saudades dela. Com saudades demais.

Frederico notou ter atingido o estopim daquela situação.

Se estava bom com ela, bom, era o inferno sem ela...

Sua cabeça gritava de novo naquela batalha incessante e esgotante. Senhor, eram tantos “contras”, mas... Mas eles se faziam inúteis naquele momento.

–Porra! Eu não aguento mais... – Bradou se levantando exasperadamente.

Ele se olhou no espelho da parede.

–E agora Frederico, o que você faz? – Se perguntou sorrindo ironicamente da horrível situação em que estava.

Ele pensou nas suas duas opções.

Primeira: continuar longe dela. Era a mais sensata, mais racional e mais apropriada. Porém ele continuaria assim, de consciência limpa e alma pesada. Ficaria mais cansado, mais desgastado pelo fato de tentar se afastar e resistir. Dias longos até sabe-se lá Deus quando... Sempre fugindo...

Segunda: ir atrás dela. Era mais burra, estupida e insana. Ele ficaria com aquele peso enorme na consciência (Ana, Catarina, idade...), mas... Seus dias seriam melhores com toda a certeza, teria a companhia dela, as conversas, os debates, os sorrisos, os beijos, os toques, ela...

–Ela... – Sussurrou para si mesmo.

Ela. Aquela menina doce, inocente, inteligente, divertida, linda, sensual... Ela!

E, Deus, ele a queria! E como queria...

Mas quando não estivesse com ela, seria bombardeado com toda aquela merda que vinha junto com uma consciência.

“Então não fique longe dela, nem mais um segundo...”, uma voz disse em sua cabeça.

Arregalou seus olhos para si mesmo no espelho, como podia pensar isso?

“Como nunca pensou nisso?”, a voz respondeu.

–É oficial, estou louco! – Disse olhando rapidamente para o lado.

Mas quando se deu contava olhava para a porta aberta do quarto que revelava uma Catarina começando a descer as escadas rapidamente. Ela usava um short e uma blusa de pijama, um tecido fino e cinza.

Aquilo era demais para qualquer consciência. Ele queria aquela garota, tanto que o deixava daquele estado. Sabia que ela também o queria...

E quando se deu conta estava indo em direção as escadas cegamente.

Sua consciência? Bom, ela nunca aparecia quando se tratava de Catarina pessoalmente!

Seus “contras”? Ele os mandou diretamente para o inferno!

O que ele sentia? Que não iria aguentar mais nenhum dia longe dela!

Então não fique longe dela, nem mais um segundo...

Catarina precisava de ar puro, de um lugar aberto onde não se lembrasse dele a cada segundo.

Aquela semana fora praticamente insuportável para ela... Estava exausta disso tudo.

Era horrível ver e falar com ele sabendo que haviam se beijado e sabendo que também nunca mais iria beija-lo de novo. Ela chorava a cada momento que se encontrava sozinha e lembrando-se dele.

Por Deus, ela estava apaixonada por aquele homem.

Sentia como se alguém estivesse brincando com os sentimentos dela, como se desse uma prévia e a impedisse de ver o espetáculo. Era frustrante.

Ela o queria tanto...

Frederico se aproximou dela que estava encarando a piscina e o jardim. Ela não notou que ele estava ali também.

Ele viu o corpo pequeno, delicado, jovem, sensual... Como queria abraça-la e não mais soltar!

Catarina pensava em como era insustentável uma verdadeira relação com ele, mas também em como era um inferno sem ele.

Que fosse... Ela aceitaria qualquer coisa para poder beija-lo de novo.

Frederico se aproximou mais, até estar quase se encostando às costas dela.

Ele não resistiu...

O pescoço livre na sua frente o fazia perder a noção.

E assim, aproximou delicadamente sua mão da pele quente e num impulso deslizou as costas de seu dedo indicador desde a nuca até o fim dos ombros, lentamente... Aproveitando a sensação do toque, a temperatura, a maciez...

Catarina se fez surpresa e rígida.

Sabia quem era... Mas o que ele pretendia com isso?

Ele quer me ver louca?

Porém mesmo com as perguntas, as duvidas e as incertezas, Catarina não pode se deixar não apreciar o toque. Deus, como ela o desejava... Há tanto tempo...

Logo que terminou seu percurso, Frederico descobriu que tinha uma nova curiosidade sobre ela e, assim, abaixou seu rosto em direção ao pescoço onde sentiu o cheiro dela. O nariz tocava levemente a pele desde a nuca até novamente os ombros, também lentamente.

Ela se arrepiou e não evitou um leve gemido de prazer que escapou por sua garganta.

Não... Eu não posso! Ele vai me deixar louca... Preciso saber o que ele realmente quer de mim!

E assim, se fazendo decida virou-se para ele.

Frederico não pensou. Ele não queria pensar, queria apenas sentir... Sentir ela!

Então, num movimento nada delicado ou sutil, colocou sua mão esquerda nas costas dela e enterrou a direita no cabelo preso que acabou caindo; puxou-a de forma desesperada para ele.

Os corpos se chocaram desastrosamente enquanto a boca dele reivindicava para si a dela. Ela era sua...

Com isso ele a beijou exasperadamente, mostrando o quanto sentia falta dela, o quanto a queria, o como a desejava...

Ele era um homem que encontrara água depois de uma semana de extrema seca.