Acordei com a enfermeira batendo na porta e logo entrando. Ela era bonita e jovem, devia ter praticamente a mesma idade que eu.

– Bom dia. - Disse ela com um sorriso no rosto.

– Bom dia. - Disse coçando os olhos, estava morrendo de sono, a cada 1 hora eu acordava para ver se tudo estava bem com a Alexis, olhava pra ela, pro soro, pra ver se estava acabando.

– Você veio fazer os exames nela? - Perguntei, com uma voz que parecia mais de bêbada do que de uma pessoa que dormiu no hospital. Ri do meu pensamento.

– Na verdade, vim buscá-la. Os exames serão feitos no 4º andar.

Nós estávamos no 2º, minha vontade era de me tacar na maca e pedir pra enfermeira me levar assim. Novamente, ri de meu pensamento. A enfermeira olhou pra minha cara, e riu em seguida.

– Do que você tanto ri, menina?

– É porque eu fico pensando coisas muito loucas, aí penso que se fizesse isso, você iria rir de mim ou até mesmo fugir.

Ela riu e logo falou:

– Agora fiquei com medo.

Caímos na gargalhada, o que acordou Alexis.

– Oi princesa, desculpa te acordarmos.

– Tudo bem - Disse ela se sentando na cama com dificuldade.

– Vamos fazer os exames? - Perguntou ….

– Qual seu nome mesmo? Esqueci de perguntar.

– Mary. Mas então senhorita, vamos fazer os exames?

– Vamos.

Ontem, Alexis acordou no meio da noite, e como tinha acordado também, expliquei o que ela teria que fazer hoje.

Saímos do quarto e fomos andando pelo corredor. Ouvi uma voz familiar, que não ouvia a muito tempo, mas consegui identificar. Pedi licença a Alexis e bati na porta, uma voz bem fraquinha disse do outro lado:

– Pode entrar.

– Pai, o que houve com o senhor? - Vê-lo com aquele tubinho no nariz me fez entrar em choque.

– Oi filha, tive outro infarto.

Me sentei do seu lado, me sentia culpada, o havia deixado desde que ele se casou com outra mulher. Ou seja, há 2 anos atrás. Ele sempre tivera problemas no coração e essa não era a primeira vez que teve um enfarte, a primeira foi quando tinha 17 anos, após uma briga comigo.

– Quando foi isso pai? Por que não me ligou? Já está melhor?

– Foi a uma semana atrás. Não liguei pois, definitivamente não consigo usar aquele telefone que me deu - Eu ri, eu dera um IPhone pra ele de aniversário a muito tempo - E sim, já estou melhor.

Depois de um tempo conversando com meu pai, pedi licença a ele e liguei para Alexis, para explicar o que porque d'eu ter sumido. Ela, como esperado, entendeu. Passei a tarde toda com ele. Precisava por a conversa em dia.

Ela recebeu alta assim que teve o resultado dos exames, ou seja, depois do almoço. Como estava com meu pai, ela foi para a casa de Paul. Não estava muito a fim de ficar sozinha em casa. No final da tarde, me despedi de meu pai e peguei um táxi em direção a casa de Paul. Cheguei lá, abri a porta e gritei:

– Paul? Alexis?

– Oooi. Aqui na cozinha - Disse Paul

Fui até lá e ele estava apoiado na bancada comendo uma maça, enquanto Alexis estava procurando alguma coisa na geladeira. Beijei o seu rosto e logo depois o de Alexis, que quando percebeu que tinha chegado me abraçou.

– Como foi com seu pai? - Perguntou Paul dando outra mordida na maça.

– Foi legal, me senti meio culpada, mas foi bom, conversamos sobre nossas vidas nesses últimos anos..

– Só vi ele uma vez! - Ele fez um biquinho muito fofo e eu o apertei. Tive vontade de beijá-lo, mas isso não vem ao caso.

– Ha-ha, eu já vi 5 - Disse Alexis mostrando a língua para Paul, que riu dela.

De vez em quando Alexis parecia ter 4 anos. Não só ela, mas isso também não vem ao caso agora.

– Você me deu um susto sabia, dona Alexis.

– Eu sei que tu me ama Paul!

– É claro que te amo, ou você acha que eu aguentaria uma "Alice" na minha casa, assim, por nada?! - Disse ele bagunçando o cabelo de Alexis.

– Ahh, sai daqui, seu moleque bobo!!

Ela começou a correr pela cozinha e Paul foi atrás dela, ela me puxou e ficamos nós 3 correndo pela casa feito crianças em festa. Como somos infantis!