Amor Do Presente Ou Do Passado? escrita por Mary e Mimym


Capítulo 16
Republicano




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Elesis correu tanto que acabou entrando muito na floresta fechada. Ronan parou ao perceber que não tinha mais ninguém atrás dele. Jin também havia parado, pois sabia que, se continuasse, iria se perder.

— Ronan! – Gritou Elesis, bem ofegante e parada perto de uma árvore com troncos grandes, além da mesma ser bem extensa. Suas folhas balançavam como se estivessem dançando no ritmo do vento. Sua madeira se misturava com as cores da tarde que chegava.

Como era um conjunto grande de folhas aglomeradas, mal dava para ver a luz que restava do dia, que já estava partindo para dar lugar ao crepúsculo da noite.

— Ronan! – Gritou mais uma vez a ruiva, que havia gastado força vocal o bastante para arranhar sua garganta.

Jin começou a caminhar em direção a voz que tinha escutado.

— Elesis… - Murmurou o ruivo, tomando o maior cuidado onde pisava, para não esbarrar em algum tronco oco e fazer barulho.

Ronan estava se recuperando da corrida que teve. Permaneceu em silêncio e onde estava. Como a noite começava a dar seu anúncio de chegada, os animais que habitavam a floresta começavam com seus respectivos sons noturnos. O que tornava o local, onde estava, desagradável.

O nobre azulado acabou se assustando com um som, provavelmente de uma coruja, e acabou dando passos para trás, tropeçando, em seguida, numa pedra e caindo, com as costas em folhas secas, fazendo barulhos notáveis.

Elesis imediatamente olhou para os lados e percebeu que alguém estava perto dela. Saiu detrás da árvore e foi até o suposto som de folhas secas.

— Droga. – Sussurrou Ronan, levantando-se aos poucos.

Jin também havia ouvido o barulho e apressou os passos em direção ao som. Foi inevitável. Os três se encontram novamente.

— Ronan! – Elesis foi até o menino, que estava batendo em seus trajes para tirar a poeira e algumas folhas.

— Mantenha distância! – Ronan parou o que fazia e se afastou, pedindo para que Elesis não chegasse mais perto dele.

— Ei! – Chamou Jin, ao se aproximar – Querida Elesis, o que pensais estar fazendo correndo feito insana atrás de outro homem? Ainda mais este… - O ruivo olhou Ronan com desdém – Este republicano!

— E daí que ele é republicano? – Indagou Elesis – Eu nem me importo com isso, Ronan é o meu melhor amigo.

— Melhor amigo? – Ronan ficou estupefato, ainda recuperando o fôlego.

— Sim! – Respondeu Elesis.

— Não! – Disseram Ronan e Jin juntos, logo depois se entreolharam.

A ruiva ficou irritada por discordarem do que ela já havia afirmado.

— Olha aqui, Jin, não se intrometa em minha conversa. Eu estava louca para encontrar o Ronan e entender de uma vez o que aconteceu.

— Então vós estivéreis marcando encontros com minha futura esposa, seu salafrário!? – Jin desembainhou a espada que carregava.

— Agora carregais uma espada, é? – Provocou Ronan, lembrando-se do último encontro com o ruivo, em que ele não usava espadas em sua bainha.

— Isto não vem ao caso! – Exclamou Jin – Eu nem sei como te deixei sair ileso quando nos encontramos pela primeira vez.

— Ora! És muito ousado em falar assim comigo!

— Só porque tens nome de uma família nobre como Erudon, não define quem tu és! – Jin cuspiu no chão – Pois, mesmo com este nome que tu carregas, és um lixo! Ainda por cima é contra o absolutismo. – Riu debochadamente – Tu achas mesmo que os republicanos tomarão o poder?

— Pensais como quereis! – Ronan já estava com a paciência no limite e também desembainhou sua espada.

— Ou! Ou! – Elesis interviu naquela conversa – Estou certamente no século dezenove. Mas isso não importa, parem de--

— Afaste-se, louca! – Pediu Ronan, num tom brutesco – Esta não é a melhor hora para falar asneiras. Haverá um duelo e eu não gostaria de ferir uma… - Ronan a olhou – ruiva.

— Dama! – Corrigiu Jin – Minha dama.

Elesis não gostou do que o ruivo disse e o encarou mortalmente.

— Poupe-me de seus elogios para a sua… “Dama”. – Disse Ronan – Vós desonrastes meu nome e insultastes a família Erudon!

— Vós estais na genealogia, carregais o nome Erudon, isso já se torna um insulto para a nobre família de grandes gerações e destruístes tudo ao se tornar republicano!

— Eu não destruí nada! Alias… Se tratando de absolutismo e república, eu não garanto que não acabarei com isso… - Ronan sorriu e pouco se importou com a ofensa de Jin, continuando – Como já diziam os iluministas: “Com uma das mãos, tentaram abalar o Trono; com a outra, quiseram derrubar os Altares”. 

— Quereis tirar o Clero e o Rei do poder? Mais quanta petulância!

— Não só tirar, como mostrar à todos que é chegado a hora de um novo modo de governo! Vós usais o nome de Deus em vão! 

— Como bradas Erudon… Mas não passam de palavras sem finalidade. És um ser ínfimo! Desprezível pela raça humana e, por Deus e pelo Rei, não sei como ainda vive!

—Honrais tanto o nome de Deus e do Rei, mas pecais mais que todos a sua volta!

— O que estais sugerindo?! – Jin apertou o cabo de sua espada, suas veias pulsavam com o ódio que percorria seu sangue.

— Diga-me vós! Filho do Marquês, o rapaz mais privilegiado da cidade e que ronda por tavernas, estabelecimentos que… Digamos… Não são muito bem vistos.

Elesis não estava acreditando naquela conversa. Sentia-se num filme medieval. Ela sabia que talvez aquilo não fosse importante, mas… Quiçá, as palavras de Ronan a ajudariam entender mais o misterioso Jin.

— Cale-te, republicano! – Exclamou o ruivo.

— Achais que me insultais assim? Precisarás muito mais que isso para me vencer! – Rebateu Ronan.

— Sério que irão discutir sobre política agora? Está escurecendo… Não seria nada legal brigarem com essas lâminas afiadas, alguém pode sair--

Elesis foi interrompida mais uma vez.

— Morra, Erudon! – Gritou Jin, partindo para cima, sem piedade.

Ronan deu passos para trás e uma dança com as espadas começou, a luz da lua, que tomava espaço no céu, já transmitia-se no aço das espadas.

— Ai meu Deus! – Elesis ficou sem reação, estava tomada pela raiva de ser interrompida e por não ter atenção, além disso, não tinha conseguido entender nada desde que acordou em um novo século e, quando tinha a chance de descobrir tudo, pelo menos ela achava isso, acabou tendo um contratempo, como a briga que estava ocorrendo naquele momento.

— Eu vou ligar para o Ryan. Onde se viu melhores amigos querendo matar um ao outro?! – A ruiva começou a fuxicar a saia do vestido – Droga! Não tem celular nessa época!

Enquanto Elesis caía em si e percebia que não havia tecnologia de sua era contemporânea, Jin e Ronan continuavam o duelo entre as espadas.

A colisão entre as lâminas chegava a surtir um som que se misturava com os dos animais daquela floresta.

A noite já era vista com nuvens negras cobrindo a lua, que tentava iluminar o céu. Poucas estrelas faziam companhia à lua.

Ronan e Jin pareciam querer terminar aquela batalha com apenas um sobrevivente. E, só de imaginar isso, Elesis temia pelo pior, que não era só perder um amigo, mas, sim, ficar presa para sempre em um século que não lhe pertencia.

Como uma decisão desesperadora, a ruiva resolveu que, desta vez, interveria nas ações dos dois rapazes.

— Chega! – Gritou.

Nem Jin nem Ronan deram ouvidos. Continuaram com a disputa. Era como se os dois estivessem em um baile, onde a música era o choque entre os aços, a iluminação vinha da lua que invadia as folhas das árvores com dificuldade e os passos eram perfeitamente ensaiados, fazendo com que ambos tivessem dificuldade de se tornar mais ofensivo.

— Estais surpreendendo-me com a sua habilidade de manusear uma espada. – Disse Ronan, tentando distrair o ruivo.

— É… Até nisto sou melhor do que vossa pessoa. – Rebateu Jin.

— És bem confiante para alguém que já está derrotado.

— Derrotado? Eu? – Jin deu um giro com a espada e depois deu um corte horizontal. Mas Ronan desviou facilmente.

— Eu disse: Chega! – Tentou Elesis mais uma vez e, vendo que não teve efeito, levantou a saia do vestido e caminhou até onde ambos meninos lutavam – Vocês têm problema de audição?!

— Não se aproxime, ruiva! - Ronan colocou a espada em frente ao rosto, pelo golpe de Jin.

— Elesis, afaste-se! - Disse o ruivo, com um sorriso no rosto. 

— Agora eu existo para vocês? – Elesis continuou sua caminhada até eles.

— Não interromperei a luta. – Murmurou Jin, ao puxar novamente a espada e a direcionar para frente, na direção do peito de Ronan.

— Isso também não estava em meus planos. – Ronan mostrou que havia ouvido, até porque os dois estava bem próximos. Ele deu um passo para trás, arrastando o pé nas folhas que estavam caídas no chão.

Elesis não tirava da cabeça que precisava entrar no meio dos dois. Ao ver que estava bem próxima de ambos, suspirou pesadamente, acelerando os passos.

O ruivo puxou a espada para si para manuseá-la com mais força e Ronan posicionou a sua para contra-atacar.

A ruiva entrou no meio dos dois. Jin e Ronan ergueram as espadas e juntaram as pontas num ato imediato.

— És insana, por acaso?! – Indagou Ronan.

— Não sairei daqui até que abaixem as espadas e parem com essa batalha estúpida! – Interviu Elesis, mostrando autoridade.

Ronan e Jin se entreolharam, ainda com as espadas levantadas. Ambos não queriam abaixar suas lâminas e isso já estava mais que evidente.

Elesis percebeu que o orgulho dos rapazes seria uma barreira para que a luta terminasse. A jovem ficou na ponta dos pés e ergueu o braço direito. Ronan e Jin observavam o que a ruiva faria. A tentativa de Elesis em abaixar as espadas foi um total fracasso, pois a mesma não conseguiu alcançar.

Os três ouviram um som diferente.


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Notas finais do capítulo

'-'



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