01: Saint Seiya - Guerra Galáctica escrita por Tarsis


Capítulo 9
09: Athena versus Poseidon - Terceira Parte


Notas iniciais do capítulo

Desta vez será Shun de Andrômeda que irá lutar. Balarama de Krisaor, o gigantesco General Marina de Poseidon, será seu oponente. Uma grande reviravolta aguarda esse conflito épico nas Guerras Galácticas!



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"A Pedra no Fundo do Lago"

            Seiya foi levado para a lateral da arena, onde recebeu os primeiros socorros, assim como Shiryu, debaixo da entusiasmada ovação da platéia, que aplaudia o tão esperado triunfo de um de seus Cavaleiros mais admirados. Shiryu insistiu para que deixasse os médicos levá-lo ao hospital, visto que ele chegara a perder a consciência por alguns minutos, mas Seiya se recusou terminantemente, ameaçando, inclusive, os enfermeiros caso insistissem em tirá-lo dali.

              - Não, Shiryu! Vou ficar até o fim! - esbravejava Seiya, sendo enfaixado. - Tá na hora do Shun lutar... - Ele deu uma olhada para o rapaz, que permanecia impassível e sinistro a poucos passos deles, mas sem dar a mínima para Seiya. - Preciso ver isso... Ele está muito estranho... Nunca vi Andrômeda assim... É como se não fosse ele...

              - Você é um teimoso! - protestou com um leve sorriso, afinal ele também não quis sair dali para poder acompanhar as lutas de seus amigos.

Estava preocupado com Helena e Hyoga, que saíram de lá inconscientes. Será que eles estavam bem? Olhou para Shun. Ele já vestira a armadura de Andrômeda e se encaminhava para a arena como se seus amigos fossem invisíveis.

            Sim, Shun está muito estranho... - pensou, com o cenho franzido. - Desde a mansão... E aqui depois que Ikki foi ferido... É uma pena que Phoenix não esteja aqui, talvez ele pudesse descobrir o que deu em seu irmão...

            Do nada, escutou com um leve sobressalto a voz suave de Shun.

              - Não vão me desejar boa sorte? - perguntou com um olhar de soslaio para os dois Cavaleiros de Bronze

              - Hã?!  - exclamaram Shiryu e Seiya juntos, surpresos.

              - Ah, claro, Shun!! Boa sorte!! - disse Shiryu.

              - Tome cuidado, Shun. - avisou Seiya. - Ouvi dizer que esse tal de Balarama de Krisaor é o mais forte do grupo, ainda mais forte do que o Marina de Krisaor anterior, Krishna. E Shiryu cortou um dobrado com aquele cara!

              - Cuidado é para os fracos. - Shun deu um sorriso sarcástico. - E na verdade, a sorte também... Eu sou mais eu. Sei que nunca levaram fé em mim, mas hoje eu vou mostrar de verdade, tudo o que posso fazer... - os olhos verdes cintilaram com um brilho sinistro, que provocava arrepios. Era impressão deles ou Shun parecia mais alto, os revoltos cabelos castanhos mais escuros, quase negros?

              - Venha, rapaz! - chamava o Marina, já na arena.  - Estou esperando por essa luta desde que pus os olhos em você.

              - Verdade? - disse Shun, entre intrigado e irônico. - E posso saber por que? Imaginei que fosse querer lutar com o Shiryu, afinal foi ele quem derrotou Krishna, não foi?

            O gigantesco Marina, sempre sério, continuou olhando Shun bem no fundo de seus olhos, como se quisesse hipnotizá-lo, ou... como se pudesse ver no fundo de sua alma algo que ninguém mais via...

              - Não, Andrômeda... Essa até era minha intenção inicialmente, mas... Percebi algo muito estranho em você, rapaz... Uma aura diferente... diferente e sinistra e um Ki maligno de tal magnitude, que não combina com esse rosto angelical. Quero descobrir quem realmente você é e o que esconde tão bem dentro de si mesmo, que talvez nem você mesmo tenha se dado conta...

              - Não sei do que está falando. - disse Shun, parecendo aborrecido e incomodado com toda aquela conversa. - Eu odeio essa competição idiota e essas lutas sem sentido, mas já que estamos aqui, vamos acabar logo com isso, antes que o respeitável público comece a nos jogar tomates!

              - Entendo... - murmurou Balarama se sentando em posição de lótus. - Eu dou a você a iniciativa, jovem. Mostre-me do que é capaz.

              - Agradeço a delicadeza... Mas irá se arrepender dela! ONDA RELÂMPAGO!

              - Por Athena!! - exclamou Seiya atônito - Nunca vi o Shun tão agressivo e com tanta pressa de atacar assim!!

              - Seiya, veja!! - apontou Shiryu. - É o Maha Rosini! A parede de energia cósmica criada pelos chakras de Krisaor! É mais forte que a de Krishna!! A corrente foi detida!!

              - Maha...O que?

              - Deixa pra lá... Esse cara é muito perigoso... - Shiryu estava preocupado. - Shun, eleve seu cosmo!! Eleve-o ao máximo que puder e use o seu golpe mais forte! Somente assim poderá vencê-lo!!

            O Cavaleiro de Andrômeda, já irritado por sua corrente ter falhado, respondeu de mau-humor:

              - Huh... Eu já não sou mais aquele menino chorão que clamava pelos irmãos mais velhos ao primeiro tropeço! - disse, lançando-lhes um rápido olhar de esguelha, sem querer perder de vista seu adversário nem por um instante. - Metam-se com suas vidas!! Eu sei o que estou fazendo!

              - Shun...  - murmurou Shiryu, atônito.

              - Desde quando ele ficou tão parecido com o Ikki? - perguntou, Seiya, perplexo.

              - Deveria seguir o conselho de seus amigos, garoto... - disse Balarama, vagarosamente. - Embora não vá adiantar nada, pois sou bem mais forte que meu irmão mais novo, Krishna, e muito menos descuidado... No entanto, isso me pouparia tempo e energia... Principalmente, se me revelasse de bom grado o cosmo secreto, que carrega em seu corpo... Mas suponho que não se mostrará assim tão fácil, não é? Terei de provocá-lo até o limite!

              - Você fala demais!! - gritou Shun, Cada vez mais irritado. - E eu continuo sem saber a que se refere!

            Ele tornou a recolher a corrente.

              - Bom... Eu me lembro do que Shiryu contou sobre sua luta com seu irmão... Não sou tolo o bastante para acreditar que só usa os mesmos golpes com força equivalente ao Marina anterior e queria testar sua força... Agora eu já sei... - Shun deu um sorriso maldoso. - Você não escapará, Krisaor! Minha Corrente Triangular de Ataque pode alcançar o inimigo onde quer que esteja! Vá, Corrente de Andrômeda!!ONDA RELÂMPAGO!

              - AAAAAHHHHHHHH!!!!!!  - foi o grito que ecoou por toda arena, mas para surpresa geral foi o próprio Shun que gritou... atingido pela própria corrente!

              - SHUN!!!  - gritaram Seiya e Shiryu juntos.

            Shun caído, atingido nas costas pela corrente triangular, mal podia acreditar no que acontecera.

              - Como... Mas como pôde acontecer isso!! - murmurava, perplexo.

              - Realmente, como presumiu, eu não uso exatamente os mesmos golpes que meu falecido irmão... - disse Balarama, impassível, como sempre. Lembrava até o Shaka de Virgem, que aliás o observava atentamente, querendo saber onde queria chegar e o que pretendia com o jovem Andrômeda.

            Ele suspirou.

              - Sabe... de vez em quando eu observava o Dragão Marinho anterior treinando... - e lançou um fugaz olhar para Kannon de Gêmeos, na Tribuna dos Cavaleiros de Ouro. - E aprendi alguns truques interessantes... Esse é um deles; a sua corrente foi enganada pela minha energia Kundalini e desviada através do espaço - tempo até seu legítimo dono.

              - Maldito!! - sibilou Shun, entredentes. E se preparou pra tentar de novo.

              - É inútil... - Balarama alertou. - Ou se revela a todos de uma vez como realmente é ou morrerá nas minhas mãos!! Você escolhe.

              - CORRENTE DE ANDRÔMEDA! Ataque, Corrente!!!

            A mesma coisa tornou a se repetir muitas e muitas vezes e a cada vez o Cavaleiro de Andrômeda ficava mais ferido e mais furioso, enquanto Balarama permanecia ileso e calmo em sua postura de meditação.

            Enquanto isso, na Tribuna de Honra dos deuses, as atitudes das divindades lá presentes eram diversas: Poseidon parecia mais animado e confiante no sucesso de seu último Marina; Athena, tensa, não sabia se ficava preocupada com seu Cavaleiro, e além disso, alguém que sempre fora seu amigo, já a tendo protegido e lutado por ela em diversas ocasiões, ou se regozijava pela surra que aquele metido estava levando, afinal sua equipe já estava em vantagem mesmo por ter vencido os outros embates. Já Ares prestava muita atenção, assim como Shaka. Alguma coisa muito grave estava acontecendo e ele definitivamente não queria ficar na ignorância, principalmente se fosse algo do qual pudesse tirar algum proveito. Apenas Hilda de Polaris não se encontrava ainda; dizia-se que havia ido ver seus Guerreiros-Deuses.

              - Já estou cansado dessa brincadeira... Você é mais persistente do que imaginei... Andrômeda. Agora, prepare-se pois vou atacar de verdade!! MAHA ROSINI!

              - SHUN!!! CUIDADO!!! PROTEJA SEUS OLHOS!!! - gritava, Shiryu, desesperado.

            Dessa vez, Shun obedeceu, desviando os olhos fechados da intensa luminosidade, enquanto erguia, por reflexo, sua Corrente Circular. Mas ninguém estava preparado para o efeito que haveria realmente.

              - AAAAAARRRRRGHHH!!! ESTÁ QUEIMANDO!!! - Shun gritava de agonia, pela dor das queimaduras. Ele estava sendo queimado vivo com sua armadura e correntes! O calor produzido pela Kundalini  de Balarama era como a de um alto-forno!!

            Shun se lembrou de quando lutou contra o Cavaleiro de Fornax (Cavaleiro do Fogo) para proteger Saori e a máscara da armadura de Sagitário, próximo ao chalé da Fundação e se encontrava em situação semelhante, sendo salvo no último instante por Ikki... Só que dessa vez era improvável que ele pudesse aparecer ou pudesse ajudá-lo... Além disso, não podia continuar dependendo de seu irmão mais velho pro resto de sua vida!

            Ele arrancou a armadura antes que o queimasse ainda mais. Somente uma inquebrantável força de vontade o mantinha de pé.

            - Desista, Andrômeda. - falou o Marina de pé há uns seis metros dele. - Admita sua derrota ou... Mostre-me o seu Outro Lado, para que assim possa destruí-lo antes que seja tarde demais!!!

            Shun permanecia silencioso, de cabeça baixa, ofegante.

*****************************

            Hyoga acordou depois de duas horas, quando a luta do Shun já devia estar praticamente no fim. Sentia-se fraco pelos ferimentos e pela quantidade absurda de cosmoenergia despendida, mas ainda assim praticamente obrigou os médicos a o liberarem após os curativos mais urgentes, garantindo que assumiria a responsabilidade por qualquer coisa que viesse a lhe acontecer. Estava com um péssimo pressentimento, alguma coisa estava prestes a acontecer, algo estranho e muito ruim... e com Shun. Não conseguia tirar isso da cabeça.

            Com a ajuda de um enfermeiro, retornou à arena. Ikki, que também se recuperava ainda, mas se sentia tão agoniado quanto Hyoga o acompanhava. Os médicos não haviam ficado nada satisfeitos com pacientes tão rebeldes...

              - Ikki, será que não deveria ter ficado no hospital? Você não está em condições...

              - Você não está muito melhor do que eu. - foi a sua resposta seca. - Mesmo as suas queimaduras sendo por gelo e não pela força dos Meteoros da Mareen.

              - Mas, a Helena...

            Ele tornou a retrucar, mas Hyoga viu de relance o seu olhar preocupado.

              - Helena vai ficar bem, eu estou certo disso. Afinal, não seria uma Marina como aquela tal de Tétis que iria derrubá-la pra valer. Logo ela estará conosco... Mas Shun precisa de mim... e agora!! Vamos!!

******************************

            Lentamente, Shun ergueu o olhar, um olhar sombrio, implacável, determinado. Seus amigos já haviam presenciado sua determinação antes, mas dessa vez era diferente...

              - Me render?!! - ele deu uma gargalhada sinistra. - Se você me deu a chance que queria de mostrar minha verdadeira força! Acredite, jamais gostei de lutar, Balarama de Krisaor, General Marina... - e acrescentou em voz baixa e um pouco diferente. - Mas também jamais apreciei tanto uma luta, jamais apreciei tanto aniquilar alguém como o farei agora!  - seu cosmo se elevou rapidamente, como nunca antes!  - CORRENTE NEBULOSA!

              - Isso é o que vamos ver!! LANÇA DE LUZ!!

Balarama esticou o braço direito, numa postura baixa e quase horizontal, como se fosse uma lança viva. Só que quando ia começar a correr em direção à Shun, viu, com horror, que não podia mais mover um músculo, em razão do vapor que o cercava em velocidade crescente, esmagando-o e retirando o ar de seus pulmões. Lentamente, a princípio, mais a velocidade aumentava progressivamente... com mais e mais força... Enquanto um sorriso maldoso brincava nos lábios de Andrômeda... Seiya e Shiryu não podiam crer no que viam.

             Por que estás tão pálido, Balarama de Krisaor?  - uma voz grave e irônica se fez ouvir diretamente na mente do Marina. - Acaso, não fiz o que querias? Tuas suspeitas estão corretas, meu jovem... Infelizmente para ti, és observador demais para permaneceres vivo... Prepare-se para saudar pessoalmente teu finado irmão, Krishna, o qual estou certo de que sente muito tua falta... Pois sim: Eu sou Hades, o Senhor Absoluto do Submundo!!! HAHAHAHAHAHA   

              - Pi...Piedade!! - o Marina gemeu. Mesmo sabendo de tudo, toda a sua coragem desaparecera diante da presença esmagadora e terrível do Senhor dos Mortos, mesmo com a aparência frágil de Shun de Andrômeda.

            Ikki e Hyoga acabaram de chegar na lateral da arena, nos reunindo aos outros dois. Phoenix não tirava os olhos de Shun, assim como Hyoga. Mas afinal , o que estava acontecendo? Isso era um pesadelo embora estivessem todos acordados? Jamais poderiam imaginar o meigo e piedoso Shun sendo... impiedoso e cruel!!!

              - Shun... – murmurou Hyoga, estático e incrédulo.  - Por favor, não faça isso!!

              - Shun!!! - gritou Ikki. - O que pensa que está fazendo, garoto estúpido?! Seu adversário já pediu clemência! Você não ouviu? O que diabos deu em você?

            Ele permaneceu em silêncio, o olhar frio e implacável... Como em silêncio estava toda a platéia... Não se ouvia uma viva alma ali. Todos esperavam o que Shun ia fazer, até que o juiz resolveu sair corajosamente de seu torpor e iniciar a contagem, admoestando Andrômeda por sua atitude e que se insistisse seria desclassificado! Mas o Cavaleiro de Bronze parecia nem ouvir. Ele esticou lentamente a mão direita com o punho fechado... Tudo parecia correr em câmara lenta... O polegar agora na horizontal e então, inexoravelmente... Para baixo!

              - Morra!! - sua voz gelava até os ossos. então gritou: EXPLODA, TEMPESTADE NEBULOSA!!

              - NÃÃÃÃOOOOOO!!!! AAAAAAHHHHHHH!!!!          

            O corpo do Marina se arrebentou contra a amurada de proteção. O silêncio ainda era mais pesado, para depois explodir em alguns protestos de indignação e revolta ao relatarem que estava morto.

              - Meu Deus... - murmurei, trêmulo, sem poder acreditar no que acabara de presenciar. - Shun!! Não pode ser...

            Foi então que Shun desabou no chão, inconsciente, como uma marionete cujos cordões são subitamente rompidos. Sem pensar e apesar dos ferimentos, corremos todos até o centro da arena , onde ele estava. Hyoga foi o primeiro a se ajoelhar diante de seu corpo inerte. Seu rosto recuperara a aparência inocente e gentil de sempre. Parecia uma criança dormindo.

            Olhou pro céu. As nuvens negras se acumulavam cada vez mais ameaçadoras, contrastando com o agora plácido rosto de seu querido amigo. Lembrou-se de uma história que seu mestre Cristal contara quando Hyoga ainda era criança. Um mestre zen mostrara a seu discípulo um plácido lago cristalino, então atirou uma pedra nele. A pedra provocou ondas que agitaram a superfície do lago, antes tão calmo. Depois tudo se acalmou e o lago voltou a ser como antes. "Engano seu.", dissera o mestre, "Isso é apenas aparente. A pedra sempre estará lá, no fundo do lago... Jamais ele será como antes."

Enfermaria. No que parece ser aquele mesmo instante.

  - NÃÃÃÃOOOOO!!! SHUN!!COMO PÔDE??!! – gritou Hyoga, despertando do que pareceu um pesadelo terrivelmente real.

Olhou em volta, ofegante, encharcado de suor. Ainda estava no hospital!!! Mas como? E a arena? Shun e aquele Marina? Shun...Ele...Ele o matara!!!

              - Senhor Hyoga! O senhor está bem? - perguntou uma enfermeira, se aproximando correndo, atraída pelos gritos.

              - O que..?? Ah...Sim... Eu acho que sim... – completou ele, tentando normalizar a respiração. Indagou então, ansioso:

              - Por favor, me diga: as lutas! As lutas já acabaram? O que aconteceu... Shun... Eu preciso saber o que houve? Argh... – Dobrou-se de dor, incapaz de continuar a falar.

              - Acalme-se, senhor Hyoga. Ou irá reabrir seus ferimentos. - disse o médico, um senhor calvo, já de certa idade, que acabara de entrar na enfermaria.

              - Por... favor, senhor! Eu...  preciso saber...

              - Bom, ainda não acabou, mas deve faltar pouco... - o velho médico parecia perturbado com alguma coisa.  - Francamente... Ainda que ele seja um Cavaleiro como os outros não deveriam ter deixado aquele menino lutar com aquele terrível gigante. Ele é poderoso demais!

              - Shun!! Então ainda há tempo!!  - exclamei, entre aflito e aliviado.  - Sonho ou premonição, seja lá o que for, preciso ir até lá e impedir um desastre, se for necessário!!  - disse levantando-sde, não sem reprimir uma careta de dor, mas não era hora de se preocupar com isso.

              - Onde pensa que vai?!! - bradaram o médico e a enfermeira, tentando barrar minha saída. - O senhor está muito ferido!!!

              - Não posso ficar aqui deitado como um parvo, enquanto meu amigo está correndo um sério perigo!! Não tentem me impedir!! – bradou Hyoga num tom de voz que os manteve como que pregados ao chão.

            Então correu. Correu como um louco. Correu com todas as forças que possuía... e com aquelas que nem julgava que fosse possuidor. Ignorando as dores dos ferimentos sofridos na luta com Mikhail, correu para a arena, rezando para todos os deuses que o fizessem chegar a tempo de impedir que aquela visão se concretizasse. Ying o ensinou a nunca menosprezar sonhos proféticos e aquele parecia um terrível mau-agouro, algo prestes a se realizar... Se não se apressasse, se não fosse capaz de impedi-lo...

            Enfim, Hyoga adentrou o estádio, após o que pareceram eras. Parando, exausto, na lateral da arena, presenciou perplexo uma das cenas do sonho: Shun estava lá parado, uma expressão cruel e fria... terrivelmente impiedosa no rosto antes tão gentil... O Marina aprisionado pelo Vapor Nebuloso de Shun... O gesto em câmara lenta... O polegar, lenta e inexoravelmente, se voltando pra baixo, decretando a morte do adversário, mesmo ele tendo pedido clemência...O pesadelo se tornaria realidade!

  - Não... NÃO, SE EU PUDER EVITAR!  - bradou, saltando para a arena, colocando-se entre Shun e Balarama.

              - Shun... - com os braços abertos, colocando-se na frente de Balarama, hyoga arfava, procurando manter-se firme no lugar e não perder a consciência. Os ferimentos haviam reaberto e ele perdia muito sangue, mas não se importava. – O que está acontecendo com você... Lute contra isso, eu suplico!! Não faça isso, Shun!! Você não é um assassino!!

O outro o olhava, impassível, estático, como um anjo vingador. Um meio-sorriso sarcástico brotou nos lábios delicados do Cavaleiro mais jovem.

              - Você não sabe quem eu sou, Cisne... - falou numa voz grave e estranha, que não parecia a dele. - Ninguém sabe... Ninguém nunca soube e nem quis saber, mas isso mudará agora... Saia da frente...Ou eu mato você também!

              - Shun!!... – balbuciou Cisne, incrédulo. Mas manteve-se imóvel e respondeu em voz baixa, de forma que apenas ele o ouvisse. - Não, realmente eu não sei quem você é. Mas sei de uma coisa: você não é Shun de Andrômeda. Shun, sei que está aí em algum lugar!! Acorde!! Acorde, meu irmãozinho!!

O vento na arena só fazia aumentar de intensidade. Balarama gritava de dor. Ele estava sendo esmagado pela força do Cosmo de Shun. Shun, ou quem quer que estivesse ali, olhou Hyoga nos olhos... Então ele soube que ia morrer, só havia maldade no ser que estava diante deele... Não... Também algo como tristeza e uma vontade incrivelmente poderosa... Hyoga fechou os olhos. Ele realmente estava disposto matá-lo junto com o Marina. Pensou em reunir as últimas forças vacilantes e impedi-lo à força, mas não iria conseguir feri-lo, isso era certo...

Era mais forte do que se imaginava... Hyoga precisava confiar que a bondade de Shun venceria aquela batalha interior... Pois sim, o Shun que conhecia ainda devia estar ali, aprisionado, impedido de se manifestar, lutando pra voltar... Ou Hyoga já estaria morto!  Depois do que pareceu uma eternidade, um sussurro, quase inaudível, tanto que me fez pensar que apenas imaginara ter ouvido, o fez abrir os olhos.

              - Maldito garoto... Muito bem... Ainda é muito cedo para me revelar... mas é só uma questão de tempo... uma simples questão de tempo...

              - Shun...  – murmurou Hyoga..

            O outro baixara os braços. Já não conseguia ver seus olhos, ocultos pelo cabelo revolto que lhe caía na testa abaixada. Seu Cosmo poderoso não se fazia mais sentir. Balarama estava caído, inconsciente, mas vivo. O juiz iniciara a contagem. Hyoga se arrastou para uma das extremidades da arena e ficou aguardando a contagem terminar. Depois de finda e de Shun ter sido declarado vencedor, aproximou-se, bem a tempo de ampará-lo nos braços, pois desmaiara como no sonho, com a mesma expressão inocente e desprotegida no rosto. O Cavaleiro de Cisne se lembrou da história da pedra no fundo do lago, que evocara no sonho. Pra seu pesar, sabia que ela estava lá. Não havia sido apenas um sonho. Fora real, mas, felizmente, o final fora diferente.


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Notas finais do capítulo

Capítulo escrito por mim e por yingdeemeos (http://fanfiction.com.br/u/248968/)



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