Quando todos pensaram que ele tinha "partido dessa para a melhor", ouviram um apito e a linha reta voltou a oscilar. 

_Ele está voltando! 

O médico disse. 

_Batimento em 56 e aumentando... Estabilizado! 

Disse a enfermeira. 

Os csis suspiraram aliviados e se abraçaram. 

No outro dia Brass fez a cirurgia para retirar a bala que estava perto do coração. E duas semanas depois ele teve alta do hospital. 

_Está pronto para ir? 

Grissom perguntou parado na porta. 

_Pronto para levar outro tiro! 

Disse com seu costumeiro sorriso cínico. 

Grissom balançou a cabeça. 

_Nem pense numa coisa dessas, acho que Sara teria um treco... Você sabe, que ela te considera como um pai! 

Brass sorriu, mas dessa vez um sorriso sincero. 

_E também eu não gostaria de perder um grande amigo! 

_Claro... Eu sei que você me ama! 

Ele disse com seu sorriso cínico, de novo. 

_Se precisar de alguma coisa não hesite em ligar! 

Grissom disse assim que chegaram a casa de Jim. 

_Não se preocupe, vou ficar bem! 

_Tudo bem, então... Tchau! 

_Tchau! 

Assim que Grissom parou o carro em frente de casa, viu Sara, que estava sentada num banco na pequena varanda da casa, caminhar até a escada de três degraus e parar com os braços cruzados. Assim que chegou mais perto dela, viu a expressão de preocupada em seu rosto. 

_Brass está bem? 

_Sim... Aconteceu alguma coisa? 

_Hank... Acho que ele não está bem! 

Grissom seguiu Sara para dentro de casa, e encontrou suas filhas e Helena no quintal ao redor de Hank que estava deitado de lado. 

_O que aconteceu? 

Grissom perguntou se ajoelhando ao lado de Hank. 

_As meninas vieram brincar com ele, mas ele não se levantou! 

Explicou Helena. 

_O que você tem, garoto? 

Grissom falou fazendo um cafuné na cabeça de Hank, que soltou um grunhido. 

_O que ele tem, papai? 

Cely perguntou preocupada. 

_Não sei, querida... Mas parece que ele não consegue respirar direito! 

Grissom disse observando a respiração pesada do cão. 

_Querida, você pode pegar o cobertor dele? Vou leva-lo ao veterinário! 

Grissom disse olhando para Sara. 

_Claro! 

Sara disse indo até a casinha dele. 

_Quer que eu vá junto? 

Sara perguntou depois de Grissom ter colocado Hank no banco de trás do carro. 

_Acho que elas precisam de você agora! 

Grissom disse apontando com a cabeça para a varanda. Sara se virou a viu o rostinho triste delas. 

_Está bem! 

Sara disse e depois lhe deu um selinho. 

_Mamãe, o Hank vai ficar bem? 

Beatrice perguntou assim que entraram em casa. 

_Sentem aqui! 

Sara pediu as três apontando o sofá. 

_Hank está dodói, mas o papai levou ele no médico... Ele vai ficar bem, não se preocupem! 

Sara disse sorrindo. 

_Agora eu não quero mais ver esses rostinhos tristes! 

Sara disse tocando os narizinhos delas, fazendo elas rirem. 

_Venham, vamos fazer um bolo! 

Sara as chamou e foram para a cozinha. 

... 

_Sr Grissom! 

A veterinária o chamou depois de examinar Hank. 

_Então... Como ele está? 

Grissom perguntou vendo seu velho amigo deitado na maca. 

_Bom... Ele teve uma crise gástrica, mas com o procedimento que fiz agora ele está bem, mas ele ainda precisa de cuidados! 

Grissom ouvia atentamente. 

_Ele já não está tão jovem e precisa de descanço, e se ele tiver outra crise como esta não sei se poderei ajuda-lo! Nesses casos uma cirurgia, pode se dizer que seria a cura, mas para ele que já está numa idade avançada talvez cause a morte! 

_E você não poderia fazer o mesmo procedimento que fez hoje? 

Grissom perguntou preocupado. 

_Poderia, mas estaria apenas adiando o inevitável e causando mais dor a ele! 

Grissom soltou um suspiro e olhou para o cão ali deitado. 

_Ele vai ficar aqui por essa noite... Amanhã o senhor pode vir busca-lo! 

Grissom confirmou com a cabeça e tocou a cabeça do cão. 

_Ei amigão, amanhã virei busca-lo, as meninas estarão te esperando! 

Grissom disse e Hank lambeu sua mão. 

_Obrigado, doutora... Amanhã virei busca-lo! 

A veterinária concordou com um sorriso reconfortante, e antes de sair Grissom deu uma última olhada no seu amigo de quatro patas. 

... 

_Querida? 

Grissom a chamou entrando pela porta da cozinha. 

_Oi amor! E então... Como ele está? 

_Onde estão as meninas? 

Ele perguntou cauteloso. 

_Estão na sala, assistindo TV com a Helena. 

_A veterinária disse que ele teve uma crise gástrica grave, mas agora está bem... Ela só não sabe por quanto tempo! 

_Como assim? 

Sara perguntou preocupada. 

_Hank já alcançou a velhice e essa crise pode acontecer de novo, e se acontecer... 

Grissom nem terminou de falar, sentado na banqueta, apenas balançou a cabeça com uma expressão de apertar o coração. 

Sara não se conteve e o abraçou fortemente e disse em seu ouvido. 

_Não se preocupe, amor... Enquanto isso não acontecer, iremos cuidar bem dele, como sempre fizemos! 

_Eu sei... Só fico preocupado em como as meninas vão reagir a isso... Elas adoram ele! 

_Vamos prepara-las aos poucos! Tudo bem? 

Sara perguntou segurando o rosto dele com as duas mãos. 

Grissom concordou balançando a cabeça.  

_Papai! 

Assim que ouviu Cely entrar na cozinha, Sara rapidamente limpou uma lágrima que teimou em cair. 

_Oi, minha princesinha! 

Grissom disse sorrindo. 

_Onde está o Hank papai? 

A pequena perguntou, e entraram na cozinha Ary, Bia e Lena. 

_Ele vai ficar no hospital veterinário essa noite, mas amanhã eu vou busca-lo! 

_Ele melhorou? 

Perguntou Bia. 

_Sim, querida... 

Helena logo percebeu que talvez Hank não estivesse tão bem, Sara estava encostada no balcão e tinha um sorriso fraco e Grissom parecia se esforçar para sorrir. 

_Venham meninas... Amanhã vocês verão o Hank! 

Helena disse e as pequenas a seguiram de volta a sala. 

Sara e Grissom trocaram um olhar triste. Não seria nada fácil explicar uma perda como essa para as três pequenas! 

... 

Naquela noite no trabalho Grissom estava mais rigido com os subordinados, mas era uma forma de se manter forte ante a situação que estava! 

Quase perdera um amigo e agora estava prestes a perder outro! 

_Está tudo bem entre vocês? 

Catherine perguntou preocupada. Ela e Sara analisavam evidências numa sala e viram Grissom parar para ouvir Nick, mas com a expressão que Grissom fez parecia que estava dando uma bronca. Sara soltou um suspiro cansado vendo a cena.  

_É o Hank... 

_Hank!? Aquele seu ex-namorado está tentando algo com você? 

Sara riu da cara de espantada que Cath fez ao falar.  

_Não... Estou falando de Hank, meu cachorro! 

Cath olhou Sara confusa e Sara se explicou. 

_Hank está doente... Uma crise gástrica... A veterinaria disse que talvez ele não resista a mais uma crise como esta! 

_Ah... Eu sinto muito! 

_Tudo bem... Gil está meio abalado por causa que inevitalmente ele vai perder um amigo que está com ele há mais de quinze anos e também... Tanto ele quanto eu estamos preocupados em como as meninas vão reagir! 

_Pode ser complicado, mas sei que elas vão entender! 

Cath disse a confortando. 

E Sara agradeceu a amiga com um sorriso. 

No dia seguinte Grissom buscou Hank para a alegria das pequenas. 

_Hank! 

Assim que Grissom entrou com o cão dentro de casa, as três pequenas correram para abraçar Hank que comemorou latindo e lambendo o rostinho delas, as fazendo rir. Grissom e Sara assistiam a cena com um sorriso e com o coração mais apertado do que nunca! 

Mais tarde Grissom e Sara explicaram a Ary, Bia e Cely que Hank ainda estava doente e que ia chegar uma hora em que ele dormiria, mas não acordaria mais! E como toda criança pequena que ainda não entende sobre a morte, elas perguntaram o por que, e com toda a paciência do mundo Grissom e Sara explicaram. Por fim, meio relutantes as três aceitaram, dizendo que iriam cuidar de Hank, enquanto ele estivesse "acordado"! 

... 

_Grissom! 

_Gil... O Hank... 

A voz trêmula de Sara do outro lado da linha denunciou o que tinha acontecido. 

_Eu já estou indo! 

Já fazia uma semana desde a primeira crise de Hank, e nesse tempo as três pequenas não desgrudaram do cachorro, tanto que insistiram para que Gil e Sara deixassem ele dormir com elas no quarto! 

_Onde ele está, querida? 

Grissom perguntou a Sara assim que entrou em casa. 

_No quarto das meninas! 

Sara respondeu e subiu as escadas logo atrás dele. 

No quarto Grissom viu uma cena que partiu seu coração: as filhas sentadas ao lado de Hank, com o rostinho triste! 

Assim que Grissom se ajoelhou ao lado de Hank, de frente para suas filhas, Aretha perguntou tristemente. 

_Está na hora dele "dormir", papai? 

_Sim, meu anjo. 

Então Grissom viu as três pequenas com lágrimas nos olhos, darem um beijo em Hank e em seguida dizerem um "Te amo, Hank!". 

Sara assistia a cena com um nó na garganta e uma lágrima rolando pelo seu rosto. 

_Eu preciso leva-lo agora, meus anjos... 

Grissom disse baixinho para as meninas, que se afastaram um pouco permitindo que ele pegasse Hank no colo. 

Antes de sair do quarto das filhas parou em frente a Sara, que para lhe dar forças apertou sua mão e deu um selinho demorado, no qual Grissom sentiu o gosto salgado das lágrimas de sua esposa! Trocaram um olhar significativo e Grissom levou Hank; e Sara foi consolar suas filhas. 

... 

_Sr Grissom... Ele já está pronto. 

A veterinária disse e Grissom a seguiu até uma sala onde Hank. 

_Vou dar a ele um soro, ele não sentirá dor alguma... Posso começar? 

Explicou a veterinária e depois perguntou. 

Grissom concordou com um aceno de cabeça. E enquanto a veterinária injetava o soro, Grissom disse fazendo um carinho na cabeça do cão. 

_Você sempre esteve ao meu lado quando precisei de você. Na vida e na morte, sempre vou amar você, amigo! 

Terminado de falar Grissom viu seu velho amigo de quatro patas fechar os olhos lentamente. 

A veterinária verificou se ainda havia batimentos cardiacos e com um aceno de cabeça confirmou a morte do cão para Grissom. 

... 

_Meninas... Querem dizer alguma coisa? 

Grissom perguntou. 

Estava toda a família Grissom ao redor de Hank que enrolado num cobertor, estava dentro da cova feita para ele nos fundos do quintal. 

_Eu quero dar o desenho... Que fiz da nossa família... Pra ele nunca... Esquecer da gente! 

Celiny disse chorando baixinho, colocou o desenho junto com Hank e soluçando abraçou Sara. 

_Eu vou dar a Mira... Ele gostava de dormir com ela! 

Beatrice disse tristonha colocando a bonequinha de pano ao lado dele. 

Aretha colocou junto a Hank, um ossinho e depois olhou para os pais. 

_Era o osso preferido dele! 

Mesmo com lágrimas nos olhos Sara sorriu com o que Ary disse. 

Sara e Grissom olharam para Helena que apenas balançou a cabeça de um lado pro outro. Ela já tinha confidenciado que não gostava de velórios e enterros, por nunca saber o que dizer! 

Sara então respirou fundo tentando conter um pouco as lágrimas e falou com a voz trêmula. 

_Hank... Você sempre fez parte desta família e sempre fará! 

_Descanse em paz, velho amigo! 

Foi só o que Grissom conseguiu dizer. 

... 

_As meninas já estão dormindo? 

Sara perguntou assim que Grissom entrou no quarto. 

_Já... 

Grissom se trocou para dormir e se sentou ao lado dela. 

_O que está vendo? 

__Nossas fotos... 

De repente a porta do quarto foi aberta bem devagarinho e eles ouviram uma voz que conheciam muito bem chamando por eles. 

_Mamãe? Papai? 

_Entrem... 

Grissom disse e três menininhas entraram no quarto. 

_Vocês não estavam dormindo? 

Sara perguntou com os olhos semicerrados, mas sorrindo docemente. 

_A gente não consegue dormir! 

Disse Bia. 

_Tudo bem... Venham cá! 

Sara as chamou e as três subiram na cama se sentando entre Grissom e Sara. 

_O que você está vendo, mamãe? 

Aretha perguntou vendo o álbum no colo da mãe. 

_Estou vendo nossas fotos em família! 

_Hum... Tem alguma do Hank? 

Celiny perguntou. 

Sara olhou para Grissom e depois voltou a olha-las sorrindo. 

_É claro que tem dele... Olhem essa aqui! 

Sara disse apontando uma foto, depois de virar algumas páginas. 

_Isso é papel higiênico, mamãe?! 

Bia perguntou arregalando os olhinhos. 

_É sim... 

Sara concordou rindo e contou o que tinha acontecido aquele dia... A cada parte que contava as três pequenas riam e Grissom assistia tudo em silêncio e sorrindo! Terminado de contar, as três pequenas estavam quase pegando no sono, mas antes de adormecerem, disseram. 

_Vamos sentir falta dele! 

"Só quem tem cães pode entender o amor incondicional que eles oferecem e a dor imensa quando eles se vão." 

Marley e Eu