Okami No Me escrita por BlackFang


Capítulo 6
O Voo do Falcão


Notas iniciais do capítulo

" Ao fundo de cada alma se encontra a essência primitiva da vida terrena, representada por um guardião e manifestada pelos instintos. O falcão expande suas asas e alça seu primeiro voo ao topo das montanhas. "



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- Está ferida? – disse Tsume totalmente desinteressado em saber a resposta enquanto a colocava no chão.
            - Não mas...por que vocês...! – mas interrompeu a frase ao ver que Tsume já tirava suas facas do estojo.
            - Não me atrapalhe. Kururu, vou atrás do que fugiu. – disse antes de desaparecer num salto assim como Hayato fizera.

Novamente, a garotinha de cabelos azuis já estava ao lado de Sayuri com seu sorriso e animação habitual mesmo numa situação daquelas.

- Parece que o onii chan está com problemas né? – disse enquanto olhava para a janela pela qual Sayuri havia sido arremessada – Mas não se preocupe, já vou dar um jeito naquele cara mal!
            - Como eles nos acharam?! Nós não usamos o Chroma! Nem sabemos como!
            - O líder disse que uma hora ou outra eles viriam atrás de vocês, não? – disse levando um dos dedos aos lábios, pensativa.
            - Mas o que vocês estão fazendo aqui?! O Lacroix disse que não seríamos protegidos!
            - Haha onee chan, acho melhor você se preocupar com outras coisas agora.
             - Mas...tem certeza que você consegue derrubar um homem daquele tamanho? Ele esmagou o braço do Hikaru como se não fosse nada!
            - Onee chan, não nos julgue pelas aparências. Por mais que ele seja forte, eu tenho alguns truques que ele não espera! E você, é melhor sair daqui. Sinto outros morcegos chegando.
            - Mais deles?! – disse olhando ao redor - Como vocês pretendem dar conta de mais dois?!
            - Na verdade...contamos com a sua ajuda.
            - Minha? Mas eu não sei fazer nada!
            - Mas é claro que sabe! – disse animada - se você tem o Chroma você faz parte de alguma linhagem de magos! Só precisa procurar! Com certeza já teve pelo menos algum sinal da presença da energia!
            - Um...sinal?
            - E provavelmente o onii chan lá dentro também! Mas falamos sobre isso depois. Primeiro vou impedir que ele seja estrangulado até a morte – e logo, saltou para dentro da janela, enquanto mudava a posição de suas mãos.

Um grito de dor foi ouvido e Hikaru foi trazido apoiado em Kururu. Estava parcialmente acordado com a mão direita segurando seu braço esquerdo, inchado pelo golpe de Theras. Em seu pescoço havia uma mancha vermelha devido ao estrangulamento que só não chegou ao fim pela intervenção da garotinha.

- Hikaru! Hikaru! – dizia enquanto chacoalhava o corpo do amigo que soltava leves gemidos de dor.
            - Sayuri...você está b...?
            - O Tsume me salvou do arremesso, mas agora precisamos cuidar do seu braço!
            - Não temos tempo pra isso – disse enquanto tentava se levantar tossindo, em vão. 
            - Leve-o para o mais longe que puder naquela direção – disse Kururu apontando para uma rua que os levaria para a trilha do templo do lago – Vamos voltar para a base antes que os outros cheguem!

No instante seguinte, a parede foi destruída revelando a gigante figura de Theras fervilhando em ódio e com seu corpo modificado pelo Chroma. A forma, embora continuasse humanoide tinha aumentado de tamanho deixando as veias enormes e uma pele cinza à mostra.

- Volte aqui sua pirralha desgraçada!! O que fez com meu braço?! –dizia enquanto tentava mover o membro paralisado – Maldita!! Vou te fazer em pedaços!
            - Isso foi pra retribuir o que você fez com o onii chan! E ainda vai ter mais!
            - Kururu não provoque esse car....
            - Onee chan! Agora!

 Ela puxou o braço de Sayuri em direção as escadarias que levariam a trilha do templo mas em questão de segundos, Theras alcançou-os e preparou-se para desferir um soco capaz de arrebentar o solo. Hikaru seria esmagado se Kururu não tivesse parado o soco com as pontas dos dedos que tinha usado para paralisar seu braço anteriormente. Mas tal defesa causou ferimentos que teriam sido letais se ela não tivesse concentrado o Chroma nas pernas, o que também a permitiu empurrar Theras para o lado oposto.

- Eu vou segurá-lo! Continuem até o portal!
            - Mas....!
            - Sayuri! Não temos tempo pra isso agora! Ela paralisou um dos braços desse gigante! Ela dá conta!
            - .....Certo!

Ambos saíram correndo enquanto a primeira luta entre morcegos e lobos daquela noite se iniciava.
            Perto da entrada do portal, dois vultos escurecidos pelas árvores se encontravam e o som de metais se chocando e tiros podia ser ouvido. Tsume e Hayato tinham a velocidade como uma característica comum e mal podiam ser vistos a olho nu. A luta estava equilibrada. Todos os ataques eram bloqueados porém precisos, tal que uma pequena desconcentração de algum deles levaria a um tiro ou uma facada que poderia terminar a luta.

- Que cara marrenta lobinho! Por que não melhora esse humor? – e percebeu que não receberia nenhuma resposta – Que foi? Algo comeu sua língua lobinho?  - dizia entre o som dos tiros de sua pistola - Mas sabe? É bom encontrar alguém para lutar! Já estávamos cansados da rotina.
            - Matar os que se recusam a entrar pros morcegos?
            - Exatamente lobinho. – dizia quando percebeu o olhar de ódio de Tsume – Oh! Não me diga que nós já matamos alguém importante pra você!
            - Calado!

A irritação de Tsume levou a um instante de desatenção o que foi suficiente para que Hayato acertasse um tiro de raspão em sua perna.


            - Ui, parece que cutuquei a ferida. – zombava ele – E parece que agora você não consegue mais correr tanto, não é?
            - Vá pro inferno.
            - Sabe...não é legal falar assim com os outros. – e apontou a pistola para a cabeça de Tsume – Acho que terei que ensinar o que seus pais não conseguiram.

Hikaru e Sayuri estavam na metade do caminho para o portal. Corriam num ritmo regular mas ela estava sempre atenta ao ferimento de seu amigo. Não sabia o quão letal era, mas só teria tempo para isso quando chegassem à base. Isso é, se chegassem inteiros. Algo os pararia durante o percurso.
            O outro morcego havia chegado. Parado em meio aos degraus, com uma expressão diferente da de seus companheiros que se divertiam com a matança. Tinha a expressão séria e não demonstrava interesse algum no que estava acontecendo. Estava lá apenas para cumprir uma missão.


            - Ele veio sozinho?
            - Não...com certeza tem mais um por perto. Os dois lobos estão ocupados. Terei que dar um jeito nele – disse levantando a faca na direção do inimigo.
            - Mas Hikaru! Você não pode! Não tem chances contra um morcego! Não conseguimos derrotar nem um deles que já estava ferido!
            - Sayuri você....lembra do pingente que recebemos de Lacroix antes de voltarmos?
            - Sim mas...
            - Você nunca achou estranho ele ter entregado um pingente para nós que recusamos a oferta dos Hoshikuro? Só aqueles que aceitam fazer parte do clã deveriam receber a marca.
            - Então...
            - Eu não esperava ter que usá-lo mas...vou mostrar do que essa belezinha é capaz.

Hikaru tirou o pingente de dentro da camiseta. O símbolo da lua fora trocado por um falcão entalhado que parecia emanar uma aura pulsante.

- Já acabaram de conversar garotos? – disse o morcego que continuava imóvel e impassível.
            - Foi mal pela demora vampirinho. Já vou me divertir com você. É que faz tempo que não entro numa briga de rua.
            - Então você já consegue libertar seu guardião? Impressionante para um aprendiz.
            - Hikaru....

A aura do pingente aumentou criando uma pequena esfera de luz envolta dele antes da palavra ser pronunciada:
            - EXPERGISCERE!

A esfera se expandiu para seu corpo cegando por um instante os que estavam presentes. Quando a luz se dissipou algo havia mudado. A faca que Hikaru carregava havia se transformado numa enorme lâmina que se prendia em seu braço por duas grossas fitas de couro como uma tonfa.

As garras do falcão se afiaram. 


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Notas finais do capítulo

Os termos onii chan e onee chan significam respectivamente irmã mais velha e irmão mais velho, muito usados no Japão por crianças para se referir a algum jovem mais velho, ou irmão biológico.



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