Okami No Me escrita por BlackFang


Capítulo 5
A Emboscada de Theras


Notas iniciais do capítulo

" Eles caçam a noite guiados pelos seus instintos selvagens, esperando para desfrutar do líquido quente e vermelho de suas próximas presas. Esses são os morcegos"



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Os dias se passaram mas Sayuri e Hikaru continuavam juntos sempre. Quase 30 dias haviam se completado e as férias chegavam ao fim, quando em algum lugar pouco iluminado se ouviam quatro vozes:

- Tem certeza? Não sinto nada por perto – disse a primeira.
            - Mas o relatório disse que há um mês houve uma atividade suspeita no local. Havia restos de uma aura de um dos nossos, e um leve rastro de quatro pessoas. Geralmente eles agem em uma única dupla para matar um único Tsukiyoru já ferido. – disse a segunda.
            - Mas isso não quer dizer que eles já toparam com os Lobinhos? – disse a terceira.
            - Observaram um novo movimento no portal algumas horas depois. Duas pessoas saíram. Mas de acordo com o relatório não pareciam Lobos. Vamos dar uma olhada. – disse a segunda.
            - Espero que eles recusem a oferta. Já faz uns três dias que não matamos alguém. Estou ficando impaciente. – disse a quarta.
            - Mas da última vez você matou a família inteira. Tem que aprender a se controlar por mais tempo. – disse a segunda com um tom de humor na voz.
            - Há! Cortar crianças no meio me deixa animado, não posso fazer nada.
            - De qualquer forma, será mais fácil seguir o rastro quando anoitecer. Por hora vamos esperar.
            Quatro vultos se moveram na escuridão e rapidamente desapareceram. Aquela seria uma noite turbulenta.

Na casa de Sayuri, um apartamento de tamanho médio, ela preparava o jantar enquanto Hikaru assistia entediado, a televisão.
            - Não dá pra parar em um canal só?
            - Mas não tem nada de legal pra assistir. Nenhum desenho passando, só jornal.
            - Às vezes eu acho que você devia ser mais culto sabia? Assistir só desenho não vai te fazer bem.
            - Pelo menos eu não fiquei medroso que nem você.
            - Ei! Eu não sou medrosa!
            - Quem foi mesmo que me pediu pra dormir aqui por uns dias? Quem? Quem que não consegue ver filmes de terror sem ter pesadelos depois? Hein? – zombava Hikaru, o que era verdade.

Sayuri sempre teve medo de monstros e desde que se tornara órfã, era protegida por Hikaru. Por mais que brigassem quase todo o dia, ele era sua fortaleza. Quando estava com ele sentia que nada podia derrubá-la, isso é, desde que não fosse um morcego ou um lobo.
            - Ta querendo ficar sem jantar, é isso mesmo? – ameaçando a virar toda a comida da panela em um único prato.
            - N-nem vem! Você não vai comer tudo isso sozinha! Sua gorda!
            - Não vou cair nessa duas vezes, nem tenta!
            - Nah, só não falo mais nada por que meu jantar está em jogo.

Hikaru voltou a assistir televisão enquanto Sayuri cozinhava olhando para o pingente que recebera. Não tinha aceitado fazer parte dos Lobos, então por que Lacroix teria entregado a ela? Tinha algo estranho por trás daquilo.
            O jantar foi rápido. Por mais que ela fosse pequena, comia quase mais rápido que Hikaru e como em qualquer outro dia, terminaram o jantar e logo foram dormir - Sayuri em seu quarto e ele no sofá. Tudo estava quieto até que algumas horas depois, algo fez com que ela acordasse do seu sono. Havia um vulto em sua cadeira, mas não se parecia com Hikaru. Assustada, procurou pelo interruptor e quando finalmente acendeu a luz viu um garoto de cabelo arrepiado e castanho, com olhos que lembravam um gato junto da expressão de sarcasmo:
            - Olá garotinha.
            - Q-quem é você? – disse recuando e sentindo seu corpo paralisado de medo. Seria um Morcego? Ou um Lobo? A janela não tinha sinais de ter sido forçada. Independente de quem fossem, eram profissionais. – é um...morcego?
            - Bingo! Parece que a garotinha já ouviu falar de nós! Estou lisonjeado!

Um estrondo foi ouvido quando algo destruiu a porta e se chocou contra a parede. Ainda paralisada conseguiu mover a cabeça para olhar para o amigo caído no chão, que com dificuldade se levantava enquanto um vulto de um homem alto de ombros muito largos surgia na porta destruída. Tinha uma faca fincada em seu braço.

- Ei, não se cumprimenta pessoas enfiando facas nelas – disse tirando a lâmina como se não tivesse sentido o corte.
            - Também não se cumprimenta as pessoas – dizia ofegante - entrando na casa delas no meio da noite, seu merda.
            - Ah, como eu queria fazer picadinho de vocês, principalmente da moça ali. É uma pena que tenhamos que cumprir ordens. –disse com um suspiro-  Já falou com ela, Hayato?
            - Ainda não Theras, estava esperando a garota levantar, mas parece que ela já sabe quem somos. Isso facilita bastante o nosso trabalho!
            - Apenas vá direto ao assunto.
            - Bem, se vocês nos conhecem provavelmente já encontraram com o cachorrinho do Lacroix né? E pelo visto recusaram a oferta dele, o que também é ótimo para nós! Então vocês já sabem o que viemos fazer aqui. E trouxemos uma incrível oferta: poupamos as suas vidas em troca da servidão de corpo e alma para os Tsukiyoru! Parece satisfatório tanto para nós quanto para vocês, não? Principalmente por conseguir uma garota bonita no meio daqueles brutamontes. – dizia enquanto seu olhar sarcástico não desviava de Sayuri - Que tal?

A garota não conseguia responder. Por mais que tivesse se assustado com Tsume, a presença dos membros dos Tsukiyoru a assustava infinitamente mais. Hikaru estava no chão, dessa vez ferido e novamente ela não poderia fazer nada além de puxar a inútil faca que não teria efeito nenhum, em especial no grandalhão chamado Theras.

- E então pirralhos? Vão aceitar nossa oferta de misericórdia? – disse calmo com um sorriso sádico, como quem estivesse esperando pela resposta negativa para dar cabo de duas vidas num piscar de olhos.
            - Nós...não vamos...virar monstros que nem vocês! – disse Hikaru se levantando com dificuldade. Mas rapidamente uma mão em seu rosto o jogou contra a parede, agravando os ferimentos. Mas ainda assim ele insistia em se levantar.
            - Não devia decidir por você mesmo moleque. Prefere mesmo deixar essa garota morrer? Por mim tudo bem, é mais diversão. Mas, o que me diz?
            - Hikaru... – dizia ela enquanto lágrimas começavam a se formar em seus olhos.
            - Bem, parece que ela tomou sua decisão: matamos um e levamos a outra. É menos satisfatório do que eu esperava mas acho que não tem problemas – disse Hayato tirando uma arma do estojo de sua cintura e mirando em sua cabeça – pronto pra dizer adeus?
            - Ei Hayato! Ele é meu! É minha vez de quebrar ossos! – disse Theras estalando os dedos.
            - Ah, verdade. Foi mal. – disse como se tivesse se esquecido do “rodízio” - Divirta-se que eu vou dar uma saidinha. Parece que temos companhia. – e saiu acenando antes de desaparecer com um salto.

Theras levantou Hikaru pelo braço esquerdo ao mesmo tempo em que o apertava. Aquela força era sobre-humana e fazia Hikaru gritar de dor, algo que poucas pessoas já tinham visto.

- Hikaru! Hikaru! – gritar seu nome era tudo que ela podia fazer. Só um milagre poderia tirá-los de lá e dificilmente ele iria aparecer duas vezes como aparecera no lago. Novamente eles se deparavam com o fim.

Os gritos de dor aumentavam até que um estalo foi ouvido. O osso do braço tinha sido quebrado, o que levou a uma gargalhada do homem que o havia destruído e que agora segurava o garoto pelo pescoço, preparando para esmagar mais uma formiga. Theras começou a apertar lentamente, saboreando as tentativas inúteis de fuga que o garoto tentava enquanto era sufocado pela mão do gigante.
            Sayuri assistia horrorizada a cena. O braço quebrado, os gritos de dor a faziam lembrar do sonho que tivera há muitos dias antes. Por causa dela ele iria morrer. Era uma peça do destino? Realmente aconteceria? Não... Não podia deixar que sua única família também desaparecesse. Ela puxou a faca que Hikaru lhe dera e avançou em direção ao homem que mal sentiu a lâmina adentrar sua pele. Ele a repeliu com sua outra mão empurrando a garota para longe, fazendo-a atravessar a janela.
            Era uma queda mortal para alguém como ela. Teria morrido se não fosse alguém que a segurou nos braços levando-a até o solo. O vulto era familiar.
            Era Tsume.


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Notas finais do capítulo

Para ajudar na identificação das quatro primeiras vozes:

Primeira voz - Por enquanto é desconhecida

Segunda Voz - Hayato

Terceira voz - Theras

Quarta Voz - Por enquanto desconhecida

Os dois desconhecidos são uma dupla enquanto Hayato e Theras formam outra dupla



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