Okami No Me escrita por BlackFang


Capítulo 27
A Caçada


Notas iniciais do capítulo

" Amigos, família ou amantes que se encontram e não se reconhecem porém, tem a sensação de que já se viram em vidas passadas..."



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O salão se enchia aos poucos, decorado com as mesmas esferas coloridas que iluminavam o lado de fora do festival, mas dessa vez, bem maiores.
Naturalmente, toda a montagem era acompanhada de uma enorme mesa com diversos tipos de aperitivos, o que deixava Sayuri salivando enquanto observava os garçons que terminavam de dispor as bandejas. Só conseguiu sair do transe quando seu ombro foi sacudido por Hikaru indicando que Lacroix chegara.

– Bem Vindos, irmãos e irmãs abyssiums! Alegra-me saber que tantos se interessaram em comparecer a esta palestra hoje. Primeiramente, começaremos com a renda anual do Recanto Hoshi-tô. – E iniciou uma série de contagens misturados a termos técnicos que deixavam os aprendizes ligeiramente confusos.
- Quê? A palestra será só pra assuntos comerciais? – disse a loba desapontada.
- Não é a toa que não tem muita gente aqui além daquele tipo – e apontou com o dedão para um grupo de pessoas atrás dele que anotavam freneticamente tudo o que era dito, acompanhadas de um irritante barulho de teclas de algo que parecia ser uma calculadora.
- Vocês não sabiam? – perguntou Lucciane – Por que acha que disse pra ficarmos aqui no fundo?
- “Agora eu entendo por que os outros fugiram”. – pensou Hikaru lembrando-se agora genial, estratégia de Grant para voltar para o quarto.

~*~

As horas se passavam e a comida diminuía na mesma proporção, embora Lacroix ainda não desse nenhum sinal de que terminaria sua oratória. Por sorte, Sayuri e Hikaru estavam utilizando sua técnica para dormirem em pé e com os olhos abertos.
- Muito bem, e agora passaremos para o projeto de planejamento das próximas temporadas festivas as quais pretendemos ter um aumento significativo de client...

Um alto som de tiro fora do salão fez com que todos ficassem em silêncio, com exceção dos mestres que ficaram mais perto do líder, junto de sua escolta de guardas. Mas antes que a formação de seta fosse concluída, algo atravessara a porta de vidro – o que foi o suficiente para acordar a loba e o falcão que por instinto, misturado ao resultado do treinamento, já estavam alertas.

– O que é isso?! – perguntou Sayuri observando a figura larga, agora iluminada pelas esferas.

Era um lobo, que embora ensanguentado, mostrava a pelugem branca enquanto seus enormes olhos reluziam um intenso dourado que por alguns segundos encararam a abyssium antes de se virarem para dois homens que o perseguia. Mostrava suas enormes presas que também estavam manchadas de um intenso vermelho.
A dupla parou na entrada do salão, ofegante e carregando duas espingardas de caça. Não emanavam Chroma e um deles tinha o braço gravemente ferido. Eram apenas humanos normais seguidos de guardas da Ordem.

– O quê está acontecendo aqui? – disse Lacroix, se dirigindo aos guardas.
- Sentimos muito, senhor! Mas não pudemos impedir esses homens!
- O quê estão dizendo?! – agora Yu Han que tomara a palavra. – Eles são apenas humanos comuns! Estão dizendo que não conseguem dar conta disso?!
- Yu Han! – Marcoh interrompeu – Não consegue sentir esse Chroma? O animal a nossa frente é o lobo branco.

Uma série de murmúrios se iniciou e até mesmo Lacroix parecia perplexo com o que acabara de ouvir – e que fora confirmado ao observar o fraco animal que emanava uma energia intensa e ao mesmo tempo ameaçadora.

-“Esse é o Waheela?” – pensou Sayuri enquanto fitava-o intensamente numa mistura de surpresa e medo diante da situação que se passava..

Os dois homens apenas ignoraram os murmúrios. Estavam concentrados demais em sua caçada, ignorando a todos.

– Agora você tá encurralado, bichano de merda! Vai pagar pelo o que fez com meu braço! – disse o mais baixo.
- Não se preocupem senhoras e senhores! – disse o outro se dirigindo aos abyssiums. – Vamos matar essa fera em instantes!
- Eles estão loucos? Por quê ninguém os impede? – perguntou a loba.
- Não consigo...me mover... – disse Hikaru enquanto tensionava os músculos na tentativa de mexer o braço.
- O quê está dizendo?! – dizia enquanto mostrava que podia se mover livremente. – Lucciane!
- A aura do lobo...não me deixa canalizar o Chroma.... – e tentava inutilmente envolver sua mão em chamas. – Também não consigo tirar meus pés do chão. Parecem que estão grudados.... – dizia assustada com algo que nunca presenciara na vida.

Sayuri se virou, percebendo que todos estavam paralisados totalmente enquanto outros conseguiam fazer breves movimentos que se mostravam inúteis já que não conseguiam canalizar a energia.

– Eles está descontrolado! – disse Yu Han - Está restringindo o Chroma de todos!
- Ele deve estar tentando se proteger dos caçadores. – Marcoh completou – Mas desse jeito eles só está nos prejudicando já que os dois não são abyssiums!

Com todos imobilizados, os dois homens preparavam a mira enquanto o lobo também se abaixava, pronto para degolar pelo menos um deles.

– “Mesmo que ele consiga pegar um, não tem como desviar do segundo tiro!” – pensava Sayuri desesperada, pensando na inevitável morte do animal.

– D...droga...Esperamos tanto para que o lobo voltasse...mas agora...

Marcoh amaldiçoava a situação patética em que se encontravam, pois sabia que com da distância que os homens estavam, não tinham como errar os tiros. Na melhor das hipóteses, o que tinha o braço ferido poderia fraquejar.
Os tiros finalmente foram ouvidos e o sangue respingou no chão.
Não eram do lobo, mas sim de Sayuri que numa tentativa desesperada, tentou derrubar o mais alto que ao se sentir ameaçado disparou em seu ombro esquerdo, fazendo-a cair sobre ele.
Com essa manobra inesperada, o outro caçador errou, o que permitiu que o lobo fincasse as presas em seu pescoço, trazendo uma morte rápida.
Quando o segundo conseguiu de levantar, não teve tempo de mirar antes que fosse degolado e caísse no chão, formando uma enorme poça de sangue que chegou aos pés de Lucciane.

~*~

Na montanha ao longe, Taruk fumava um cachimbo, observava a área luminosa ao longe onde se realizava o festival.
- Quem diria....ela realmente lembra o meu “eu” jovem... – e olhou para a lua minguante que timidamente iluminava a floresta – se bem que ela também não mudou nada desde aquela época. Não é mesmo Yuki?

~*~
Depois de ser empurrada pelo caçador, a abyssium tentou ficar de pé mas caiu, apoiada em um dos joelhos, pressionando o ferimento do ombro. O sangue manchava sua roupa formando uma enorme mancha que aumentava cada vez mais.

- Sayuri! – gritou Hikaru antes de segurá-la e apoiá-la em seu peito – Ei! Sayuri!
- A aura do lobo se acalmou... – disse Yu Han, voltando a se mover. -
- Fique comigo Say! – e tentava manter a companheira acordada enquanto pressionava a ferida com sua mão.
- Parece que agi por impulso... – disse com a voz cada vez mais baixa e virando para observar o animal que também a encarava.

O lobo caminhou lentamente em sua direção, ainda desconfiado, com seus olhos dourados encarando os azuis da abyssium.

- Não se aproxime! – gritou Hikaru na tentativa de afastar o animal que acuado, passou a mostrar as presas novamente.

O animal não parou de caminhar o que fez Hikaru envolver um de seus braços em Chroma. Mas o toque de Sayuri o fez parar.

- Hikaru. – disse com as últimas forças que restavam enquanto sua visão começava a ficar turva.

Seu olhar foi suficiente para que o falcão entendesse que o lobo nunca fora uma ameaça fazendo com que o Chroma se esvaísse.
Sayuri estendeu a mão para que o animal se aproximasse e lentamente ele o fez, tocando seu focinho nos dedos da garota que o acariciou.

- Yue... – disse, fazendo com que o animal levantasse as orelhas. – Saia daqui até que as coisas de acalmem, certo? – e sorriu levemente antes que o animal desaparecesse na floresta.

Hikaru observou a cena até que não fosse mais possível ouvir os passos do animal, mas sua atenção foi desviada quando sentiu a cabeça de Sayuri cair em seu peito.
Mesmo desmaiada, ainda conseguiu ouvir alguns ruídos que deveriam ser palavras de Hikaru, mas o cansaço era mais forte e ela finalmente apagou.


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