Ao mesmo tempo em que admiro o vermelho na agua ouço o som de canhão ecoar. Mas eu ainda não morri...

Erguendo a cabeça levemente vejo Anber pular sobre o garoto de cabelo cinza em um ataque surpresa. Orik achou que o canhão foi para mim, mas quem morreu foi a ex-aliada dele.

Anber do distrito cinco parece bem raivosa e consegue acertar muitos golpes fortes no rosto dele. A pele pálida do garoto ganha as cores do sangue fresco que escorre de alguns cortes enquanto tenta conter o ataque. Ele finalmente consegue segurar os punhos dela e se mantem em um duelo de força.

Ainda sinto o meu corpo inteiro e prestável. Vejo a haste da laça sobre mim e a acompanhando-a percebo que a ponta esta fincada entre meu braço e minha costela. Não me atravessou, mas deixou um corte profundo na costela e um menor no braço.

Levanto-me deixando a lança intocada. Sinto a roupa mais pesada e a agua penetrar gelada pela gola escorrendo pelas minhas costas já não tão quentes. Na minha esquerda o sangue começa a deixar um rastro aquecido descendo das novas feridas para a cintura e a baixo. A dor ainda esta presente e me faz ficar com o braço imóvel.

Olho a dupla restante. Anber esta em desvantagem á Orik depois que ele conseguiu se recompor. Estão lutando punho a punho e mais nada.

Puxo os analgésicos restantes do bolso e os engulo. Qualquer dor some e sumirá, porém não sei se vou estar cem por cento nos minutos que vão se seguir.

Puxo a lança do chão e vou na direção dos dois finalistas.

A garota do 5 está bem ferida e acaba caindo no chão com um golpe forte no estomago perto de uma ferida muito grave provavelmente causada por Dudha. Orik ainda dá mais alguns chutes no corpo dela antes de ir para pegar o passe solitário. Para ao se lembrar de mim e encontra-me bem na frente dele, vivinha e pronta pra acerta-lo com a lança.

Aproximo-me rapidamente, e em vez de perder a arma giro-a tentando corta-lo no rosto ou garganta. Ele continua com a expressão confiante, mesmo com o rosto ensanguentado e desvia de todos os golpes. Em um momento que ele perde um pouco da agilidade faço um corte no pescoço dele. Só assim o sorriso sarcástico sai de sua face. Orik resmunga algo irritado que eu não consigo entender.

No meu próximo golpe Orik segura a lança e a força contra mim. No controle da arma e com mais força que eu, ele assume total controle. Contudo antes de pegar a lança pra si aproveita para acertar o cabo no meu rosto com tanta força que me faz cair e a madeira se partir.

Os meus músculos do lado atingido do meu rosto se negam a se mover e de dentro da minha boca escorre sangue de algum ferimento. Não sinto a dor, mas sei que seria terrível tudo isso. Fico de olho em Orik enquanto me levanto cuspindo o sangue em excesso. Ele já esta segurando o que resta da lança pronta para me acertar. E atira mirando meu ombro ou minha cabeça. No reflexo que me resta movo para o lado e busco a espada no cinto. A lança crava no chão e em questão segundos estou avançando na direção dele e passando a lamina pelo tórax dele fazendo um corte que ele não teve como se defender. O garoto cai para trás e consegue pega uma de minhas pernas me derrubando. Se esticando ele puxa o punho da espada e a retira de mim que ainda estou atordoada pela queda. Levanta-a com velocidade para o golpe fatal. Antes que ele consiga abaixa-la sobre minhas costas, corro engatinhando e tentando ficar de pé. Localizo a arma de Anber não muito longe e a alcanço. É uma arma muito estranha para mim, contudo me ajuda a bloquear outro golpe de espada de Orik que já esta de pé.

Ainda jogada no chão nossas armas ficam presas por um segundo até que Orik faz um movimento que faz o fação/ foice voar para longe. Ele me encara deixando o tempo passar. Os cortes que causei escorrem o liquido vermelho que pingam na grama, mas isso não parece incomoda-lo. Eu não tenho saída. Fico deitada apoiada nos cotovelos, com certeza com a legitima expressão do desespero e medo.

Seus planos? Acertar-me diretamente na garganta ou no coração, ele ainda não tinha se decidido. Eu via isso nos olhos dele. A vitória será dele.

O segundo parecem durarem muito mais do que são. Os movimentos que ele começa a fazer pra me matar parecem em câmera lenta aos meus olhos. Eu os fecho por reflexo. Meu coração bate muito acelerado e sem controle e minha respiração se torna quase impossível.