Sangue de Jogos Vorazes escrita por Ytsay


Capítulo 41
Lembranças do distrito


Notas iniciais do capítulo

Poderia ser um dia comum. Se eles não estivesse naquele lugar.
O lugar onde descobriram a importância da companhia uma do outro, mesmo que antes nunca tivessem se falado.

E tudo que resta de onde eles vieram é uma pequena lembrança que trouxeram e o outro.
~Estou muito feliz com os leitores e comentadores do últimos capitulo: kaochi, Olhos de Gaby SD e Apegue se a THG, Vocês são minha esperança, e obrigado por me fazer companhia esse tempo todo. ~



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Caminhávamos para algum lugar. Perguntei a Pullker para onde estávamos indo e ele apenas deu de ombros, também não sabia, mas continuava a andar como se soubesse.

O ritmo da caminhada era até devagar. Nos dois feridos era essa era a razão. Ele provavelmente tinha me percebido mancar assim que começamos a andar e nas condições dele também não podia se esforçar tanto.

Desde que nos encontramos nada aconteceu além de algumas conversas e depois só havia silencio. Parecia que só existia duas pessoas naquele lugar. Seria bom se fosse só isso... ou melhor não seria. Ha, não tem lado bom para se pensar estando dentro de uma arena e sabendo que só um pode restar. 

De repente ele parou, voltou alguns passos para chegar até mim, que estava atrasada na caminhada, e retirou o martelo da minha mão dizendo:

–Pensando bem, é melhor ficar com isso - me entregou o arco. - Só percebi agora... - depois entregou cinco flechas que estavam fincadas no tecido da mochila. E continuou a andar na minha frente.

Pullker não estava bem. Se não fosse pela pele mais pálida que o normal e as olheiras destacadas, eu não poderia notar.

Aos poucos fui o alcançando. O garoto estava começando a caminhar mais devagar, mas não por minha causa.

Quando ele caiu de joelhos pela primeira vez, estava perto suficiente para evitar que ele desabasse de cara na água. Segurei-o pelo capuz com certa dificuldade. Ele logo se recuperou antes de ser enforcado, e ficou de pé se apoiando em mim.

–Acho que você não esta nada bem. Você esta quente... – disse ao encostar minha mão no rosto dele. Ele me olhou sem reagir contra e depois comentou:

– Só não deixe os outros tributos saberem disso. Vamos procurar um lugar mais seco.

Depois de um tempo entendi o que ele quis dizer. Dois tributos inteiros e dispostos juntos, o inimigo vai pensar melhor antes de atacar.

Ao final da tarde chegamos a uma pequena elevação, suficiente para que o solo não tivesse agua acumulada e o chão tivesse áreas de grama verde e macia.

Parei em frente ao tronco de uma arvore olhando a copa.

–Vamos subir?- pergunto, mesmo acreditando que nenhum de nos dois tenha condições de escalar. E pela cara que ele fez, entendo a resposta. Vamos ficar no chão mesmo.

Concordamos em ficar nas raízes expostas de uma arvore caída. A noite já tinha chegado. O hino tocou e o garoto do distrito 11 foi mostrado. Consequentemente me lembrei do momento, um momento de fraqueza. Vendo a imagem percebi que tinha melhorado bastante, se comparado à noite anterior, e Pullker parecia que piorava.

Ele estava sentado ao meu lado encarando o chão, quieto e imóvel demais. Então perguntei o que ele tinha na mochila. Ele a puxou para o colo sem hesitar. Ao mesmo tempo em que falava me mostrava o objeto:

– Cantil, sementes, uma barra e meia de cereal, um carretel de fio náilon, uma corda fina de no máximo quatro metros e um saco plástico.

– Parece que foi uma boa mochila.

Ele concordou com a cabeça e depois completou:

– Foi má sorte daquele que a perdeu. E tenho essa espada... - eu não tinha percebido a arma, pois estava no estojo de couro escuro. - o arco e flecha, que agora é seu, e o martelo.

Olhei o arco ao meu lado. Quatro das flechas estão amarradas juntas com um pedaço de tecido. A quinta estava sobre o arco, pronta para qualquer coisa.

Ele sorri me olhando. Não sei o que ele pensa. E não demorou a me dar uma resposta.

–Meu irmão sempre teve razão no que dizia sobre você. Mas também sempre foi um medroso. - eu não o entendo. Como assim? Ninguém ,onde ele morava, poderia notar minha existência. Então ele deixou de encarar e mudou de assunto ignorando minha expressão confusa.

–Tenho que me livrar de uma dessas armas. Martelo ou Espada? - Foi mais um comentário do que uma pergunta real para mim.

Abandonando as armas no chão olhou o próprio pulso esquerdo. Observava a lembrança que trouxe do distrito, uma pulseira de cordão preto com uma placa grossa e retangular de ferro. E eu me lembrei do anel que Alim, minha estilista, tinha me entregue a pedido de Giulen.

Um bom tempo se passou depois que comecei a contar para Pullker sobre minha mãe, já que ele não sabia, e sobre o anel que era dela. Algumas vezes ele fazia algum comentário ou perguntava alguma coisa. Foi uma forma de passar o tempo e de nós entretermos.

Algo com o som abafado cruza entre as folhagens das arvores. Levanto-me procurando o que pode ser. Pullker permanece sentado no chão ouvindo com atenção. Então ele aponta para trás de mim. Só encontro o pequeno paraquedas descendo com o reflexo da lua. Esta longe demais, talvez um vinte metros, e sobre uma área muito, muito escura.

Seja o que for vai ser útil. Antes que ganhe mais distancia pego ao arco e a flecha e peço a Pullker o fio de náilon. Amaro a ponta da linha na flecha e tentando mirar. Pullker percebe a minha intenção e me interrompe dizendo:

–Você esta mirando torto, não vai acertar.

Dou uma olhada de canto de olho nele e volto a me concentrar. Sei o que estou fazendo. Calcular o novo peso da flecha, o desvio que ela pode ter, o vento contra, a movimentação do alvo. Respirei fundo e atirei.

Acertei o tecido do paraquedas que começou a cair mais rápido. Depois puxei de forma rápida e sem chamar atenção. Nem precisamos sair do lugar.

Talvez o paraquedas seja realmente para agente. Seria uma boa hora para recebermos ajuda lá de fora. Mas porque tão longe? Talvez a capital tivesse alguma armadilha naquele lugar escuro, e quisesse nos separar. Bom eles não podem pensar em tudo, e não contava com o que fiz.


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Notas finais do capítulo

Ô-ô Oiii...gostaram do capitulo?

Sem nada tão tchan! , mas foi interessante.

Desculpe os capítulos estarem ganhando mais fermento (como no caso do proximo)... mas é inevitável, eu faço o possível para serem menores de mil palavras.

E também desculpe-me. Só agora lendo o livro Jogos Vorazes, percebo o quanto o começo dessa fic ficou horrível, pobre, sem detalhes, sem descrição, sem sentimento, sem sentido algum... me desculpem.



Até o próximo e emocionante capitulo.

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