O resto da viagem foi tranquila, digamos assim, pois Giulen parecia não ligar para nossas vidas. Enfim chegávamos a capital, era pouco mais de meio dia. Estávamos todos na mesa apos a deliciosa refeição, um momento estranho, monótono. Eu estava tomando suco em uma taça fina lentamente quando o trem parou bruscamente, e meu azar deu as caras, a taça se quebrou contra meu rosto durante a parada e fez um corte na minha bochecha direita. Fala serio quanta má sorte, para não precisar de uma segunda pessoas para tirar meu sangue, pensei fazendo caretas. Laara nem percebeu meu acidente e saiu rapidamente para ver o que motivo da parada desajeitada. Fiquei com as minhas mãos no rosto, que agora já escorria o sangue quente. Giulen abaixando sua revista perguntou:

–Você esta bem?-Eu balancei a cabeça que sim, enquanto pegava um guardanapo. Ele voltou a sua revista dizendo - Se você continuar desse jeito, não vai restar nada para a arena. - E deu uma risadinha. Pullker não expressou reação, mas ficou encarando o guardanapo, que agora estava úmido e vermelho.

Eu me levantei e fui lavar o rosto, encontrei com Laara no caminho:

– Aonde você vai?! Chegamos, volte.-ela ainda não tinha percebido então retirei o guardanapo da bochecha coberta de vermelho, e ela curvou a sobrancelha enojada e permitiu que eu continuasse dizendo:

–Ande rápido, vamos ficar te esperando. E deve ter curativos na gaveta do armário.

Ficou um belo corte na minha face, para me lembrar da minha falta de sorte. Após lavar o sangramento diminui e foi estancado por um esparadrapo cor de pele.

Voltei a me unir a eles, e não foi difícil notar as muitas pessoas estavam em volta do trem. Giulen e Laara pareciam tão animados, e eu me sentia como se tivesse sido abduzida para outro planeta. Ou como um animal de zoológico.

Assim que saímos, tivemos que enfrentar uma caminhada cortando a multidão, já que o trem parou um pouco antes da onde deveria. Era um ambiente tão diferente, havia muita cor, brilho e também tudo estava muito perfumado com mais de um tipo de perfume. Pude perceber que eu não era a única me sentido perturbada na nova realidade, Pullker estava tão confuso quanto eu, porem Laara e Giulen adoravam a agitação em volta deles, acho que até vi Giulen assinando um papel para uma mulher de cabelo azul.

Logo conseguimos mais espaço com a ajuda de alguns pacificadores. Que nos levaram ao um mega edifício e em seu enorme hall onde um casal de cabelos curtíssimos cinza esperava-nos.

O homem levou Pullker que me olhou um pouco apreensivo antes de ser levado para o final de um longo corredor a esquerda. Logo a mulher enganchou no meu braço e sorriu quando a olhei, me carregou com ela para o corredor da direita. Eu me virei para trás e vi que Laara e Giulen conversavam empolgadamente sobre a recepção e nem ligaram.

Quase no final do corredor, entramos em uma sala, aonde segundo eles iam me deixar mais apresentável para a capital e tentar consertar as imperfeiçoes. Nunca mais vi minha roupa nova. Mas não importa não gostava mesmo de vestidos.

Longas horas se passaram naquele lugar fechado. Eu tinha muita paciência. Quando achei que eles tinham terminado apareceu um senhor de cabelo espetado com uma tesoura dourada na mão. Ele se aproximava me avaliando e com um sorriso puxado no canto da boca, pretendia cortar meu cabelo! Me rebati rapidamente na cadeira, eu não deixaria ele fazer aquilo, estava tão acostumada com o peso desde pequena. À medida que ele se aproximava abrindo e fechando a tesoura eu ia me afastando com a cadeira e meus músculos voltavam a ficar tenso, até não conseguir ir mais para trás, então eu disse:

–Você não vai fazer isso. Fique longe. - eu avisei mais ele continuou e eu disse novamente - Afaste-se! - ele sorriu zombando de mim, esperei ele chegar perto e bati de baixo para cima na mão dele, com um chute, e isso fez com que a sua tesoura decolasse para cima atingindo o forro com uma de suas pontas. Minha força foi o suficiente para a frágil criatura espernear segurando a própria mão. E agora era eu quem estava achando graça.

Apos o episodio eu estava esperando novamente. De repente surge uma mulher alta e muito magra que vestia um justo vestido amarelo brilhante, tinha os cabelos pretos em um alto e volumoso penteado, seus olhos eram fundos e escuros adornados com uns cílios dourado. Me vi na metade de todo aquele ser, mas eu estava ainda sentada. Ela me olhou, me examinado puxo uma mecha do meu cabelo entre os dedos e depois soltou:

– Olha... Eu sou sua estilista a Senhorita Alim e Garota... eu tenho uma ótima ideia para seu desfile...