Difícil De Prender escrita por Milla Benson


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo acabado de sair do forno... rsrsr
Boa leitura!



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       A praça era pequena, repleta de arbusto em formas de animais e bem iluminada. Era um ponto muito visitado, principalmente à noite, pelos turistas. Tinha um lago artificial, que era cercado por uma grade de proteção, e uma pequena ponte que o atravessava. Havia bancos espalhados por todo terreno, onde as pessoas conversavam entre si, liam revistas, livros ou simplesmente olhavam a noite, apesar do frio. Sara estava em pé, olhando o lago. Olivia aproximou-se e ficou parada ao seu lado, mas a irmã apenas a olhou e depois virou-se novamente para o lago. As duas ficaram ali, sem falar nada, por um tempo. Apenas ouviam o barulho dos carros e das pessoas que caminhavam por ali.

- Eu... Olivia, eu sinto muito se eu fui grossa lá no restaurante – finalmente a olhou – realmente não queria falar com você daquela forma. Desculpa.

- Está tudo bem – respondeu – Só quero que você entenda que eu não posso simplesmente ver as coisas no meu trabalho, o que acontece diariamente, a forma como as famílias podem ser destruídas e fechar os olhos quando chego em casa – fez uma pausa antes de continuar – Eu não quero ser uma daquelas pessoas que chegam na delegacia e que não conseguem explicar, ou melhor, nem perceberam a mudança de comportamento dos filhos, irmãos, netos... – a olhava com sinceridade – não quero fingir que não vejo as coisas somente para não ter que enfrentá-las. Por isso preciso que você responda a pergunta que fiz a você.

      Sara respirou fundo, parecia que estava se decidindo a falar ou não, olhou para o céu por um momento e só depois respondeu:

- Ok. Você quer saber? – olhou fixamente para a irmã – Não. Eu não usei – uma lágrima escorreu em seu rosto e ela apressou-se em secá-la – mas tive vontade – sua voz estava trêmula.

       Ela desviou o olhar e ficou observando as pessoas caminhando pelo local. Olivia estava abalada. Sua cabeça estava processando a informação, tentando entender como a irmã pôde ter tido vontade de usar algo que todos sabiam que só fazia mal, inclusive

ela como futura jornalista e uma pessoa esclarecida, já havia feito pesquisas e até uma matéria para o jornal da faculdade sobre o tema. Benson via isso praticamente todos os dias, jovens morrendo por culpa das drogas.

- Por que você quis usar? – perguntou Olivia, olhando o céu.

- Por quê? – Sara deu uma risada amargurada – Por que será? Vai ver era porque a mamãe ficava bêbada, dizendo coisas horríveis, gritando comigo – respirou para conseguir continuar – e... principalmente com você.

       De todas as coisas que haviam acontecido, o que Olivia mais lamentava era o fato da irmã ter presenciado as cenas de discussão entre ela e Serena. Na maioria das vezes, começava porque Olivia insistia que ela deveria parar de beber, ou até mesmo por ela jogar fora algumas garrafas de bebida que encontrava, fato que deixava Serena ainda mais nervosa. Então, começavam os desentendimentos e quando ela estava sob o efeito do álcool só piorava, pois ela não media as palavras e dizia coisas terríveis, culpava Olivia por seu estado e no dia seguinte parecia não se lembrar de nada, mas é claro que Olivia e Sara nunca esqueceram.

- Você sabe que ela agia assim pelo o que aconteceu com ela. Todas as vezes que ela olhava para mim, lembrava do dia em que foi... estuprada – Olivia estava com a voz tomada pela emoção e se esforçava para conseguir continuar – Eu sinto muito se ela descontou em você, mas era de mim que ela tinha raiva – tentou se manter forte e durona, como no seu trabalho, mas não conseguiu. Começou a chorar.

      Olivia levou as mãos ao rosto tentando deter as lágrimas. Sara viu o estado da irmã e aproximou-se. Também estava chorando e deu um abraço apertado nela.

- Não é culpa sua, Liv – dizia Sara baixinho no ouvido da irmã – Ela não superou o que aconteceu, mas isso não dava o direito dela te tratar mal. Não gosto quando você fica assim – a encarou – Eu te amo muito – disse secando as lágrimas.

- Eu também te amo, Sara – respondeu forçando um sorriso.

- E eu também quero deixar claro que isso foi uma coisa que passou pela minha cabeça há muito tempo, mas não penso mais nisso. Agora a nossa vida é diferente e eu não tenho motivos para pensar nessas coisas. Eu sou muito feliz morando com você – falou sinceramente.

- Que bom que você pensa assim. Fico feliz em saber isso. Eu quero que a nossa relação continue assim, tudo bem? Quero que você me conte as coisas e se tiver algum problema, peça a minha ajuda – falou Olivia.

- Prometido – Sara olhou ao redor – mas será que agora podemos parar de chorar feito duas bobas no meio da rua? As pessoas estão começando a olhar – disse dando um riso.

- Tem razão, já chega por hoje – concordou ao notar que realmente tinham algumas pessoas olhando para elas.

      As duas caminharam abraçadas na volta para casa. Não falavam nada, deixavam o silêncio tomar conta. Observavam as luzes da cidade, as pessoas e os prédios. Algumas vezes durante o trajeto, Sara olhava para a irmã e lhe dava um sorriso e a apertava mais forte, como se dissesse com olhar que estava ali ao seu lado. Olivia percebeu mais claramente o quanto sentiu sua falta quando esteve fora e o quanto ela era importante em sua vida. Ela se sentia bem quando estava perto de Sara, pois nesses momentos tinha certeza que havia alguém que a amava, sem julgá-la e sem se importar com a forma como foi concebida. Pelo contrário, apesar das duas sempre terem sido muito unidas, depois que Sara descobriu o que havia acontecido, a ligação entre elas ficou ainda mais forte, assim como o amor que as unia. Sentimento esse que Serena talvez nunca tenha sentido por completo pela filha mais velha.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Adoro escrever sobre a relação das duas.
Gostari de agradecer por todas terem comentado os dois capítulos anteriores! Fiquei muito feliz!!! heheh
Bjs!