Cheguei em casa em pouco mais de um dia, estava tudo revirado, móveis objetos pessoais além de algumas pessoas mortas.

A raiva ta que minha cabeça latejava, eu precisava fazer alguma coisa, deixei a mala no corredor da entrada e corri para o palácio do governo, era um pouco longe, pois minha casa era mais afastada da cidade, mesmo assim cheguei rápido já entrando e indo até a sala de reuniões onde todos os representantes do reino se encontravam. Eles gritavam e discutiam em voz bem alta, eu não conseguia entender o que acontecia, após algum tempo Friedrich, o rei, pediu silêncio e começou a fazer um mega discurso sobre como tudo ia ficar bem e que nós sairíamos dessa como sempre fazíamos e ele estava certo não havia o que temer vindo de fora do país só tínhamos que nos manter internamente. Visto que isso estava andando bem e que Lud só havia me dado um susto para sair correndo da casa de Francis eu mataria ele depois, mas só depois, agora eu precisava dormir um pouco e descansar.

~x~

França, abril de 1785.

Eu andava inquieta de um lado para o outro no salão da casa de Francis sem parar, com a frase de sua carta e os boatos que ouvi na viagem na cabeça, “Uma guerra entre Estados Unidos e Inglaterra” “os Estados Unidos agora é livre” “ a Inglaterra foi derrotada” aquilo não saia de minha cabeça parecia que tudo e nada faziam sentido ao mesmo tempo, como Alfred e Arthur podiam ter brigado? E por quê? E como Arthur perdera? Isso não me deixava por um minuto se quer e meus pensamentos só foram quebrados pela entrada de Francis na sala:

– Você podia parar de ficar se perguntando em silêncio, você podia subir se lavar e se preparar para o baile de mais tarde.

– Eu sei, mas porque você daria um baile sabendo que a situação está tão tensa?

– Primeiro ma chère, porque bailes são lindos, segundo porque eu quero vê-la em um vestido de gala e terceiro bailes são ótimos para aclamar os ânimos depois de uma guerra.

– Se você diz... – Eu não confiava nas palavras de Francis, mas também não estava disposta a brigar então subi e vi sobre minha cama um vestido longo, eu não gostava de vestido obviamente, mas já que estava ali porque não me vestir de acordo.

Fui para o banheiro onde uma banheira quente já me aguardava entrei nela assim que tirei as roupas, a água estava com sais de banho e ervas tranquilizantes, demorei bastante no banho para aproveitar ao máximo o Francis me propusera. Quando sai me sequei e coloquei o vestido e me sentei em frente à penteadeira, comecei a desembaraçar meu cabelo, foi quando Francis entrou tirou a escova de meu cabelo e começou ele mesmo a desembaraçar e depois fazer um penteado enquanto cantarolava. Meu cabelo estava com uma trança em cima e de alguma forma cacheado nas pontas, estava lindo eu não negava, mas nunca usaria aquilo se não fosse para um baile.

– Você está parecendo uma princesa de conto de fadas.

– É e isso me preocupa - Olhei para minha imagem no espelho, passei um batom e perfume. Me levantei e analisei as roupas de Francis eram muito parecidas com as que ele usava sempre, mas em alguns poucos detalhes eram mais sofisticadas, além de que seus cabelos estavam presos o que na minha opinião lhe davam um ar mais belo se isso era possível.

Ele deu a volta na cama pegando um salto alto e andando em minha direção,eu fiz cara feia e ele riu:

– É só um sapato, para um baile.

– Mas eu os odeio, não posso ir de bota, ela tem salto também.

– Não, você não pode e vamos vai ser só por essa noite.

– Deixe ai que depois eu ponho, quero ficar livre pelo menos mais algum tempo.

– Está bem reclamona, mas não demore que o baile começa em vinte minutos.

Ele saiu do quarto e eu me sentei no chão da varanda onde fiquei olhando as estrelas e os convidados que chegavam. Nenhum deles era quem eu realmente queria ver, mesmo assim depois de uma meia hora sentada, eu levantei, coloquei o salto e me dirigi para o salão, chegando ao topo da escada vi que este estava lotado, meus olhos passavam de rosto em rosto procurando por um par de olhos verdes e um sorriso torto, mas não achei, vi vários países, diplomatas e até pessoas normais mas nada de Arthur, decidi descer e “aproveitar” a festa.

Quando cheguei ao salão várias pessoas vieram falar comigo, sobre assuntos de estado a coisa que eu mais odiava, mesmo assim no meio da multidão uma cabeça dourada me chamou atenção, pedi licença aos que me rodeavam com a desculpa de pedir um drink e tentei ir até onde ele estava, meu coração batia mais forte, ele saiu do salão indo para o jardim, eu andei o mais rápido que pude, no jardim ele virou para que eu visse seu rosto e para minha decepção seus olhos eram azuis e brincalhões, eram lindos, mas não era o que eu queria, ele me olhou como se me estudasse e sorriu veio até mim e me abraçou.

– Hey como você está? – Ele perguntou

–Bem...Eu acho, mas quem é você?

– Como assim você não se lembra de mim? Sou eu Alfred.

– Nossa, como você cresceu. E que história é essa de guerra com o Arthur? Ele é seu irmão Alfred, sua família.

– Não é mais, ele quer mandar em mim, não me deixa escolher o que eu quero para mim, eu cansei disso, mas ele não entendeu então eu lhe dei o que ele merecia, lhe dei uma guerra.

– Você não é mais o menino que conheci, eu nunca imaginei que você faria isso Alfred, nunca mesmo, agora se me dá licença eu vou voltar para a festa.

– Vai procurá-lo? Pois ele não está no salão, eu mesmo já me certifiquei disso, Francis disse que ele veio, mas eu não acretido, mesmo assim vá atrás dele se você realmente acha que vale a pena – Ele passou por mim e eu quase não me segurei para não surra-lo, mesmo assim me contive e senti que meus olhos começaram a ficar marejados então resolvi que não queria ficar mais lá no salão correndo o risco de ver Alfred a qualquer momento e de ficar em conversas chatas.

Quando cheguei em meu quarto a porta estava entreaberta e eu já ia mandar Francis ou Antônio irem se ferrar, mas quando entrei só havia um blazer sobre minha cama, caminhei pelo quarto e quando cheguei a varanda tive uma surpresa...