POV ANNABETH

Dois meses atrás Grover bateu na minha porta pedindo ajuda com o resgate do menino Ezequiel. Meus filhos o ajudaram e tudo acabou bem. Ezequiel era um Filho de Deméter de doze anos. Ele se ajustou muito bem no Acampamento Meio Sangue e já tinha seus amigos. Inclusive Charles e Silena.

–Mãe, você deixou o dinheiro? – Charles gritou do andar de baixo.

–Está em cima do balcão da cozinha! Deve ser suficiente. – eu respondi descendo as escadas.

–Tudo bem. Que horas vocês voltam? –ele perguntou.

–Não sei filho. Não pretendo ficar até muito tarde na casa dos Grace. Mas vai depender do seu pai. Por que?

–Nada, só pra saber mais ou menos que horas temos que começar a arrumar a bagunça. – ele respondeu.

–Bagunça? Vão bagunçar minha casa então? – eu questionei.

–Não vai ser uma bagunça tão grande mãe. Comer pizza faz certa bagunça, não acha?

–Certo. Mas arrumem tudo direitinho. Se fizeram muita sujeira não deixo mais vocês fazerem aqui em casa.

–Eu sei mãe. Vocês já estão indo?

–Estou esperando Percy. – eu disse. – Percy? Você está pronto? – eu gritei.

–To descendo! – ele respondeu.

Logo que Percy desceu, nos despedimos das crianças e fomos para a casa de Jason. De tempos em tempos nos reuníamos para nos distrair e relembrar os tempos de Acampamento. Era um ótimo programa. E hoje as crianças iam se reunir também. Espero que corra tudo bem.

POV CHARLES

–Silena, está tudo arrumado? – eu perguntei.

–O que tem que ser arrumado?

–Pratos, copos, essas coisas. – eu disse ligando a TV.

–Charles, pizza se come com a mão. E os copos estão na mesinha de centro. Onde estão os nossos amigos, hein? – ela perguntou já impaciente.

–Não sei, já era pra estarem aqui.

–Será que desistiram de vir? – ela questionou.

–Não. Eles estavam loucos pra nos reunirmos logo. Não ima fazer isso sem avisar. – eu disse tentando me convencer de que ela também viria. Anna Sophia. Sim, agora ela tinha vindo ficar mais uma semana com o seu pai e é claro que a chamei também, afinal era do nosso mundo. Ezequiel também viria, ele era um garoto muito legal e ficamos amigos. Era uma ótima companhia e já que ele não saía muito do Acampamento, afinal não tinha família, agora faria algumas coisas com a gente. E Jake é claro, que já era como se fosse da família.

–Já posso pedir as pizzas? – Silena perguntou.

–Pode. Elas sempre demoram um tempinho. Acho que eles já estão vindo. – eu sentenciei.

Enquanto Silena ligava para a pizzaria ouvi o portão abrindo e fui em direção à porta. Chegaram Jake e Ezequiel.

–Hey Charl’s ! – Zeke disse me cumprimentando.

–E aí Zeke? Tudo em ordem?

–Claro. Cara, você mora longe, hein? – ele disse. Ezequiel nunca tinha vindo até minha casa lá do Acampamento. Era a primeira vez.

–Veio sozinho?

–Combinei de esperar ele na praça perto dos cafés, sabe? – Jake disse já entrando em casa.

–Ah, sim. Venha Zeke! – eu chamei e eles logo se ajeitaram no sofá.

Silena veio da cozinha distraída como sempre, e ia falar algo quando percebeu que os garotos estavam ali.

–Oh, oi. – ela disse olhando fixamente para Jake. Este levantou e deu um beijo no rosto dela. Eu estava reparando que esses dois andavam estranhos nos últimos dias. Eu não fazia ideia do que teria acontecido, mas agora parecia que um tinha vergonha do outro.

–Tudo bem Silena? – Ezequiel perguntou.

–Tudo sim Ezequiel, e você? – ela não o chamava pelo apelido, dizia que era um nome bonito demais para ser alterado.

–Também. Não vinha mais uma garota? – ele perguntou.

–Vem sim, a Anna. Ela é filha do Travis Stoll, já te falamos dele.

–Ah, os filhos de Hermes? – ele perguntou sorrindo.

–Exatamente. Ela deve chegar logo. – eu disse com esperança de que ela realmente chegasse logo.

Enquanto a pizza não chegava ficamos conversando. Zeke nos contou como foram suas ultimas semanas no Acampamento, seus treinamentos estavam sendo bem puxados, mas ele estava gostando disso. Ele estava aprendendo a cultivar muitas coisas diferentes com seus irmãos.

–Eu acho que nunca tinha conversado com um filho de Deméter. – Jake disse.

–Vocês pararam pra pensar que apenas o Ezequiel é um semideus de verdade? Legitimo? – Silena perguntou.

–Nossa, isso é verdade! – eu concordei quando a campainha tocou. Levantei num salto e abri a porta. E lá estava ela. Anna Sophia. Hoje usava o cabelo preso em um coque, e estava com um vestido amarelo. Linda como sempre.

–Boa noite Charlie! – ela disse me dando um beijo no rosto.

–Boa noite Anna Sophia! Entra! – eu disse deixando-a passar e ir até o sofá ao lado de Silena.

–Então, você deve ser o menino Ezequiel? – ela perguntou para o Zeke.

–Sim, e você a famosa Anna Sophia Stoll.

–Famosa? – ela perguntou.

–Sim, o meu amigo Charles fala muito em você. – eu corei e ela também.

–Oh, certo. Sobre o que estavam conversando?

–Sobre o Acampamento, mas nos conte, como tem ido sua vida na casa da sua avó? – Silena perguntou.

Anna Sophia sorriu.

–Está indo bem. Fiz algumas mudanças lá em casa, nas questões de luxo extremo da vovó. Agora tenho uma vida um pouco mais, normal. E ela está aceitando muito bem o meu contato com meu pai e todos vocês.

–Ah isso é muito bom, não é? – eu disse.

–Com certeza. Ah, eu queria conversar com sua mãe Charlie. Uma proposta de férias que minha avó fez.

–Férias? Isso é ótimo, qual é a proposta?

–Calma, eu preciso conversar com a Annabeth primeiro. Depois, conforme o que for acertado com a sua mãe, eu compartilho a notícia. – ela disse misteriosa.

–Certo, pare de ser curioso Charlie! Esse é o meu papel na família! – Silena disse fazendo todos rirem.

–Senhora curiosa, porque não vai receber a pizza então? – eu disse ao som da buzina.

–To indo! – ela disse saindo pela porta da cozinha, e o estranho é que Jake também foi pra lá. Talvez estivesse indo atrás dela.

POV SILENA

Saí ao encontro do cara da pizza. Ele já era praticamente nosso conhecido, pois sempre pedíamos na mesma pizzaria e ele era o entregador que vinha pro meu bairro. Cumprimentei o rapaz e paguei nossa encomenda. Quando fui pegar a pizza, um par de mãos passou na minha frente:

–Deixa que eu levo. – Jake disse me fazendo corar com seu aparecimento repentino.

–Certo. – eu murmurei e dei as costas a ele.

–Silena? – ele chamou. Eu gelei. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria querer conversar. Eu não poderia fugir eternamente dele, poderia? Suspirei.

–O que foi Jake? – eu perguntei apertando minhas mãos, eu estava muito nervosa.

–Será que podemos conversar? Vou deixar a pizza lá dentro e já volto ok? – ele perguntou inseguro, talvez pensasse que eu iria fugir ou algo assim.

Na verdade se eu pudesse fugiria, não queria encarar aquele assunto. Mas concordei com ele e fiquei sentada na garagem esperando que ele voltasse.