Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 5
Lua Cheia e os Genes de um Monstro




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Leah chama pelo filho de forma desesperada, por longos minutos. Não haviam lobos em patrulha para ajudá-la naquele momento e, diante de sua pressa, a quileute percebe que a única maneira de encontrá-lo era através de sua própria transformação.

Com o calor percorrendo rapidamente o seu corpo, Leah deixá-las incendiar até explodir em sua forma animal, a imensa loba cinzenta, captando o momento exato em que a sua mente ligou-se aos pensamentos desconexos de Harry.

Você está bem?

Quem é você?— pergunta ele em desespero. – Como fez isso?

Sou eu, filho, fique calmo, é desta forma que um bando quileute se comunica.— Suspira – Onde você está? Diga-me, para que eu possa ir até você...

Eu não sei onde estou— choraminga.

Apenas olhe ao redor, Harry. Olhe com atenção e pense na paisagem para que eu possa vê-la através de seus olhos.

Harry observa a paisagem com o máximo de atenção que conseguia, detalhando em pensamento às estrondosas árvores e a campina que se estendia diante de seus olhos. Sua cabeça gira da esquerda para a direita enquanto observava, e, quando retorna para a frente, encontra a loba cinza a contemplá-lo de modo maternal. Era fácil para Leah reconhecer a campina que fizera parte de sua história com Lucian, e, ainda mais fácil, chegar até ela. Parecia uma grande coincidência que o filho fosse parar justamente ali.

Mãe?

Meu filhote.— Suspira aliviada, aproximando-se de Harry e acariciando-lhe com o focinho.

Leah podia sentir o corpo trêmulo dele, assim como o seu olhar assustado e sua mente confusa, mas o que poderia fazer? Ela entendia como ele estava se sentindo, mas também se sentia impotente diante daquela situação, e apenas torcia para que ele pudesse aceitar o sangue quileute que corria em suas veias.

Eu aceito— declara Harry, ouvindo os pensamentos da loba. – Eu sabia que isso iria acontecer, mas foi tudo tão rápido, que fiquei com medo... Eu ainda estou com medo, porém, sou assim por sua causa e se você tem orgulho do que é, então eu também terei.

Vamos para casa!— diz Leah de maneira compreensiva, lambendo a mancha negra ao redor dos olhos do garoto como se depositasse um beijo.

Vamos voltar assim? Eu não quero voltar desse jeito— sibila.

Se voltar ao normal agora, terá de correr nu pela floresta.

Ow!— Imagina a situação. – É melhor continuar assim.

Sim, é melhor. E pare de imaginar estas coisas.— Ri. – Somos um bando e nossos pensamentos são compartilhados quando estamos transformados.

Vou demorar a me acostumar com isso— confessa sem muito humor.

Ambos caminham de volta para casa. Harry sentia-se seguro ao lado de Leah e já arriscava alguns movimentos com seu novo corpo, apesar de estar sempre com as orelhas caídas e com o olhar submisso. Ele parecia o típico filhotinho seguindo os passos da mãe, até que aprendesse a se virar sozinho...

Depois de algum tempo de caminhada, eles chegam à casa. Ainda chovia fortemente e Lucian os esperava do lado de fora, na varanda, não podendo conter uma aproximação ao vê-los juntos.

― Harry, eu...

Não quero saber— interrompe rispidamente. – Já aceitei a transformação e estou feliz por ser um metamorfo, é melhor do que ser um monstro da lua cheia!

Aquilo fora como um punhal encravado no peito de Lucian. Toda a admiração que o garoto um dia sentira por sua forma lupina, não existia mais, e agora ele o atacava de uma maneira horrível: chamando-o de monstro... Harry contorna a casa para voltar à forma humana e entrar pelos fundos da residência, mas pôde ver com perfeição o rosto surpreso do pai, através dos olhos de sua mãe. Lágrimas rolam dos olhos do cherokee, mas logo se camuflam às gotas de chuva e não são notadas pelo filho.

O novo lobo do bando retorna de sua primeira transformação, com muito custo e depois de muitas tentativas falhas. Ele puxa um lençol do varal para esconder sua nudez e adentra a casa, dirigindo-se rapidamente para seu quarto.

A noite passa de maneira pesarosa na casa dos Clearwater. E, antes que o casal pudesse se levantar da cama, pela manhã, Harry sai para vagar sem rumo, como fizera no dia anterior, preferindo acordar ainda mais cedo e ficar sozinho, a ter de falar com o pai.

Nenhum dos Clearwaters fazia ideia de onde Harry se encontrava, e quando ele finalmente decide retornar, os pais já estavam de saída para mais uma lua cheia. Lucian se despede do filho, como sempre fazia, mas não se surpreende ao ser ignorado. Ele nunca fora de se incomodar com mais alguém além de Leah, contudo, não podia negar que aquele tratamento gelado o estava fazendo mal, afinal, era o seu filho... Seu único filho.

Leah acompanha o marido até a floresta, onde se encontrariam com Seth e Hana, enquanto Harry apagava as luzes da casa para se deitar mais cedo. Ele se lança na cama e fecha os olhos, ainda abalado com tudo o que vinha lhe acontecendo e disposto a dormir o máximo que pudesse, para esquecer-se de todo aquele contratempo.

Contudo, conforme os ponteiros do relógio se moviam e a hora avançava, Harry sente algo se inquietar dentro de seu peito. Ele abre os olhos e observa o quarto incomodado, seus olhos se prendem à janela por alguns instantes e, sem pensar, arrasta sua cama para baixo dela, abrindo janela e cortina, e deitando-se logo em seguida.

Haviam muitas nuvens no céu, porém, a pequena brecha que se abriu entre elas fora o suficiente para que a luz da lua adentrasse a janela do quarto e iluminasse o garoto de olhos fechados. Harry podia sentir um alívio em seu peito, mas, quando abre os olhos para encarar o perfeito círculo no céu, sente algo pulsar em seu peito.

― O que é isso? – resmunga ele, sentindo algo machucar-lhe o tórax.

Harry rola para fora da cama, levando a mão ao peito e não notando a íris dourada que já dominava os seus olhos. Outro forte pulsar lhe acerta o tórax, fazendo-o gritar. A essa altura, o medo já o atingia novamente e ele queria estar perto da mãe, a pessoa que fora seu porto seguro na primeira vez.

Ele salta a janela sem raciocinar direito, caindo agachado do lado de fora. Seus caninos já salientes machucavam seus lábios, as garras sobressalentes perfuravam sua palma e parecia haver algo rosnando baixo em seu ouvido, tentando dominar-lhe a mente... Harry corre floresta adentro em direção à clareira e, quando lá chega, não hesita em chamar a atenção da loba cinzenta.

― Mãe! – chama ele, antes de ter seu olhar atraído para onde os outros dois cherokees olhavam.

Harry, o que faz aqui?

Leah atende ao chamado, mas já era tarde demais, pois Harry já havia sido atraído e envolvido pela magia da lua cheia e, em questão de segundos, tem seu corpo expandido num enorme lobisomem, que lhe rasga quase toda a roupa.

Suas características eram as mesmas de sua outra forma, corpo cinzento com partes pretas e olhos dourados, com a diferença da musculatura bem definida, garras enormes, o peito estufado como o do pai – apesar de ser um pouco mais baixo do que ele – e o andar sobre duas patas. O lobisomem, agora irracional, sacode a cabeça desorientado, como se acabasse de acordar de um longo sono e, ao avistar as outras duas feras, se coloca em sinal de alerta.

Seth, tire Hana daqui!

Mais que droga— resmunga ao ver o novo lobisomem. – Harry não era um metamorfo?

Cale a boca, Seth! Deixe as perguntas para depois e tire ela daqui, antes que comecem uma briga.

Seth obedece e consegue afastar a lobisomem cor de areia antes que ela pudesse notar a presença do novo lobisomem. Agora era apenas Leah e sua família...

A fera de Lucian se aproxima da loba carinhosamente, como sempre fazia, mas para repentinamente ao ouvir o rosnado do lobisomem cinzento. Ele o olha de maneira interrogativa, não se interessando muito por sua presença, afinal, Leah estava ali com ele e somente isso lhe importava. O monstro de Harry, por sua vez, avança contra o lobisomem negro sem pestanejar, com intenções mais que violentas, sendo impedido por Leah, que se lança na frente do marido protetoramente.

O atacante trava subitamente, reconhecendo de imediato à fisionomia da loba, pois era por ela que Harry procurava antes da transformação. Ambos os lobisomens a reconheciam, mas nada a impedia de sentir um calafrio percorrer-lhe a espinha, pelo seu filho ter colocado – mesmo que inconscientemente – sua fera mais poderosa contra o próprio pai.

O lobisomem cinzento procura uma brecha para passar pelo bloqueio da quileute, sem sucesso. O excesso de nuvens logo trata de cobrir a influência da Lua, permitindo a Lucian retornar a forma humana, mas será que Harry conseguiria fazer o mesmo?

― Leah, o que está acontecendo aqui? – pergunta Lucian, ao notar o lobisomem desconhecido.

Harry é um Filho da Lua— responde um tanto descontrolada. – Não esperávamos por isso, Lucian!

A fera cinzenta leva as mãos à cabeça enfurecidamente, sacudindo-a como se tentasse impedir algo. Harry estava tentando tomar o controle, porém, estava difícil, visto que nunca fizera tal coisa antes. E depois de muito lutar, o garoto consegue voltar a ser o que era, deixando o lobisomem desfazer-se em forma de poeira e caindo de joelhos diante de seus pais.

― Mãe, por que isso está acontecendo comigo? Por que os dois?

― Isso é impossível, não devia acontecer isso! – diz Lucian confuso.

Ninguém nunca disse que era impossível, Lucian, nosso filho tem o domínio sobre as duas espécies.

― Harry, você precisa controlar seus pensamentos, controlar o que está sentindo para que não coloque ninguém em perigo.

― Falar é fácil, eu sou um monstro agora e adivinha de quem é a culpa? – esbraveja. – Adivinha quem é o dono dos malditos genes de Filho da Lua?

― Você está sendo injusto comigo.

― E você foi justo ao me induzir à transformação daquela forma? Ter apresentado os sintomas não queria dizer que queria me transformar e ter aceitado ser um lobo não quer dizer que o tenha perdoado, ainda mais agora, sabendo que eu sou essa coisa! – cospe as últimas palavras com revolta.

Harry estava irritado e, até certo ponto, confuso, pois em apenas dois dias ele descobrira ser um metamorfo e um Filho da Lua. Eram muitas mudanças a serem assimiladas em tão pouco tempo.

Nenhuma outra palavra pudera ser dita, pois a lua encontrara outra brecha entre as nuvens e já se mostrava novamente no céu. Ambos se transformam, ao mesmo tempo, e o lobisomem cinzento avança contra a fera negra como na primeira vez. Era muita raiva contida em Harry e sua fera não parecia querer interferências desta vez.

Leah se atira contra o corpo do marido com rapidez, levando em seu lugar o golpe das garras de seu filho, que ferira sua pata traseira e arrancara um ganido de sua boca. Um rosnado furioso escapa dos lábios do lupino negro, ao constatar que sua parceira fora ferida, e, para protegê-la, ele avança contra o que, até alguns minutos atrás, era o seu próprio filho.

Os lobisomens se engalfinham numa luta feroz pela floresta, deixando a loba em desespero, visto que sua família estava se destruindo, a família que tanto lutou para ter. Leah se aproxima o mais rápido que conseguia, devido ao ferimento na perna, convencida de que, mesmo que tivesse de entrar naquela briga, ela iria detê-los.

A loba uiva para o céu pedindo por ajuda e se lança contra Lucian, que era o mais forte dentre os dois e já arranhara o peito de seu oponente. O final não poderia ser outro: em meio ao confronto, Leah fora fortemente atingida pelo seu amado cherokee e cai ao chão, agonizando, com a marca de suas garras na lateral de seu corpo.

A batalha fora paralisada instantaneamente, pois ambos os lobisomens observavam seu estado, sendo a fera negra a mais ressentida, por carregar em suas garras o sangue de sua companheira.


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Notas finais do capítulo

Quem não esperava por essa levanta uma mão lo_
Quem quer me matar por eu ter machucado a Leah levanta a outra mão lo/
Quem quer o próximo capitulo logo prende a respiração até terminar de escrever um recadinho pra miiiim x3
.
[kkkk] To meio surtada hoje...
Na verdade estou feliz pra caramba, com tão poucos capítulos a fanfic esta repercutindo muito rápido, estou recebendo recadinhos MARAVILHOSOS e agradeço a todos que os escreveram ♥ Leah 2 também já ganhou suas primeiras indicações... Obrigada Tia Evi, por proporcionar a segunda temporada sua primeira recomendação. E obrigada Safira por proporcionar a segunda ♥
.
Este capitulo também foi difícil de escrever, espero que tenha ficado bom!
Próximo capítulo: A Família Desunida