Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 25
Atitudes Impensadas, Consequências Brutais




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/298372/chapter/25

Elena se levanta da cama rapidamente, veste um jeans qualquer, apanha o casaco mais grosso de seu guarda-roupa e coloca por cima do pijama, saindo sorrateiramente de casa, não percebendo que a mãe estava ausente. Ela não podia se conter, desde o momento em que aceitara a ideia de ir até La Push, uma onda avassaladora de ansiedade a inundou, e agora lá estava ela, procurando uma condução pública que a levasse até a reserva.

Depois de horas pedindo informações e de muito dinheiro gasto para chegar até o local, Elena finalmente pisa nas areias de La Push, bastando-lhe apenas alguns minutos de caminhada, para que seus olhos contemplassem a silhueta forte e esbelta do Clearwater.

Harry estava a caminhar na praia aquela manhã, depois da visita inesperada de Lyssa. Ele chutava a areia descontraidamente enquanto andava e, logo atrás, vinham Hana e Paul em seu encalço, o vigiando e conversando sobre coisas triviais.

― Não acredito nisso! – diz Paul, sendo o primeiro a vê-la.

Hana apenas segue o seu olhar, surpreendendo-se imensamente com o que via, afinal, o que Elena estaria fazendo ali? Paul bufa de repente, incomodado com a petulância da humana em aparecer por ali, depois de fazer tanto estrago na vida de seu amigo.

― Harry, é melhor voltarmos! – propõe Hana.

― Por quê? – Olha para trás sem entender.

A cherokee nada responde, quanto Paul observava a humana descaradamente, fazendo com que o mestiço acompanhasse seu olhar e se deliciasse com a imagem de Elena. Por um segundo, ele pensou se tratar apenas de uma miragem, mas quando seu coração bateu forte em seu peito, Harry percebeu que aquilo era bastante real. Suas pernas se movem lentamente em direção a ela, enquanto sua mente se beneficiava com a ideia de que ela havia finalmente voltado para ele.

― Não mova nem um músculo! – rosna Paul, fazendo-o parar. – Você volta comigo para casa, agora mesmo!

Harry sabia que o amigo estava tentando protegê-lo, para assim preveni-lo de uma crise com o seu imprinting, entretanto, cada célula de seu corpo gritava enlouquecidamente por ela, e o mestiço precisou de muita força de vontade para conter os impulsos de seu coração e girar o corpo para ir embora.

― Harry – grita Elena –, espere!

Ele podia sentir seu corpo todo se arrepiar com o som de sua voz e sua fera estremecer dentro de seu peito. Harry tentava não pensar nela, pelo seu próprio bem, mas, quando não conseguia, sempre almejava por aqueles lábios dizendo o seu nome novamente...

Paul agarra o braço do mestiço fortemente, pois sabia que ele estava hesitando e que correria para ela a qualquer momento, se não fosse impedido. Elena o chama outra vez e Harry não resiste ao impulso de olhá-la, mesmo sendo arrastado pelo quileute. Porém, ele se afastava cada vez mais, fazendo o peito de Elena se comprimir e suas pernas correrem em sua direção.

― Fique onde está! – ordena Hana se colocando à frente da humana e fazendo-a parar.

― Eu quero vê-lo, quero falar com ele! – Tenta passar pela cherokee, mas é detida pelo braço. – Quero saber se está bem. Naquele dia, na floresta, ele parecia sofrer – justifica.

― Parecia? – Ri sem humor. – Você realmente não entende, não é?

― Entender o quê?

― Você faz mal a ele! – lança subitamente, como se fosse algo óbvio. – O que veio fazer? Rejeitá-lo e deixá-lo a beira da morte? Fazer com que se lembre de você para que o imprinting o sufoque novamente?

Elena olha-a confusa por alguns instantes. Aquelas eram acusações que não conhecia e Hana logo percebe que a magia causadora daquilo tudo nunca havia sido explicada a ela.

― Harry não lhe contou sobre o imprinting... Não é? – especula.

― O que é isso? – pergunta receosa, fazendo Hana respirar profundamente.

― Imprinting é uma magia de lobo – explica calmamente, soltando braço de Elena. – Essa magia faz com que cada lobisomem ou metamorfo encontre seu par ideal, capaz de o fazer feliz e de dar-lhe filhos fortes e saudáveis. É como um amor a primeira vista, onde ninguém mais pode ocupar o lugar da pessoa escolhida. – Pausa, analisando o rosto da garota. – Você é o imprinting de Harry, sua parceira ideal.

― Fo-foi... – gagueja. – Foi isso que ele tentou me explicar aquele dia? – questiona, lembrando-se da discussão que tiveram no estacionamento da escola.

― O imprinting é a coisa mais bonita que pode acontecer a um lobisomem, mas, para Harry, tem sido uma perdição. Você o rejeitou e agora a magia está tentando matá-lo, porque não consegue ficar sem você.

Elena sentia uma mistura de alegria e ressentimento em seu coração, algo dentro dela se agitava em saber que era a única capaz de fazê-lo feliz, mas também a culpava. Num estalar de dedos, tudo passou a fazer sentido em sua mente: no estacionamento da escola e naquela tarde, na floresta, foi ela a culpada de todo o sofrimento subjugado a ele.

Suas pernas cedem diante de tal constatação, fazendo-a se ajoelhar sobre as areias de La Push, sentindo-se a pior das criaturas e desejando poder voltar no tempo, para desfazer todo aquele mal. As lágrimas descem torrencialmente de seus olhos, impedindo-a de continuar aquela conversa:

― Harry é um lobisomem especial e seu imprinting é tão poderoso, que acertou até mesmo você.

― O que... – Soluça. – Quer dizer com isso?

― Você sabe o que quero dizer! – Estreita os olhos, analisando suas emoções. – Você pode sentir a ligação entre vocês, já percebeu a influência que ele tem sobre você...

Elena enxuga as lágrimas ao ouvir aquelas palavras. Tudo aquilo era verdade, já havia reparado, mas, em sua cabeça inocente, achou que tudo poderia ser esquecido e nunca desconfiou trata-se de uma "magia".

― Confesse – insisti Hana –, você o quer, mas seus preceitos estúpidos a impedem, não é?

― Sim – confessa em meio ao choro. – Não consigo comer, nem dormir. Parte de mim quer correr enlouquecidamente de volta para ele, mas não posso fazer isso, ele é um lobisomem! – Chora.

― Mas ele também não é homem? – pergunta Hana carinhosamente, ajoelhando-se a frente de Elena, tentando esclarecer sua mente. – Aposto que ele não forçou você a gostar dele...

― Não – confirma num sussurro. – E eu nunca quis matá-lo de verdade, meus pais me deram essa missão. Confesso que sempre quis me tornar uma caçadora e matar meu primeiro lobisomem, mas nunca desejei a morte de Harry... Quando lancei a primeira flecha contra ele, meu corpo inteiro gritou em protesto, sinto meu peito doer todas as vezes que acordo de um sonho, não aguento mais isso. Eu o amo!

― Se o ama, por que insisti em acreditar na filosofia de sua família? Harry nunca lhe fez mal, acha mesmo que ele é um monstro?

Elena fecha os olhos e aperta as têmporas com as palmas das mãos. Sua família sempre lhe ensinou sobre as bestas assassinas, frias e que não perdoavam ninguém... Mas Harry não se encaixava naquelas descrições, nem tampouco Lucian, que a recebera tão bem em sua casa e ainda queria se sacrificar no lugar do filho.

― Hana, eu... – recomeça, erguendo o olhar, mas não encontrando mais a cherokee.

Hana fez o que pôde para que ela reavaliasse suas próprias convicções, partindo enquanto ela refletia, para que ela pudesse tomar suas decisões sozinhas dali em diante. Elena se levanta, sacudindo a areia das roupas e partindo, viajando quase todo o caminho para casa num ônibus e o restante do trajeto a pé, devido a falta de dinheiro.

― Onde esteve? – questiona Carlos, esperando-a na porta da casa.

― Só dando uma volta – menti.

― Que coincidência! – rebate com ironia. – Sua mãe também havia saído para "dar uma volta".

― Isso é realmente uma coincidência – responde somente, tentando passar pela porta, mas sendo bloqueada pelo pai.

― Hoje é noite de lua cheia, vamos à caça!

― Lua cheia? Como o tempo passa... – comenta, perdendo-se em pensamento repentinamente. – Já faz um mês que descobri seu segredo, um mês sem sentir seu carinho, seu beijo...

― Está surda? – retruca Carlos, tirando-a de seus devaneios. – Francamente, Elena, se está cansada, vá dormir! Não fique olhando para o nada com cara de retardada.

― Eu não vou caçar!

― O quê? – pergunta incrédulo.

― Eu não vou caçar hoje, não quero mais matar o Harry.

― Que droga está dizendo agora? Ele é o seu inimigo, você tem que matá-lo! – rebate Carlos visivelmente irritado.

― Ele não é meu inimigo, pai. – Tenta explicar. – Harry gosta de mim e eu gosto dele, é uma magia de lobisomem, uma coisa chamada imprin...

Um estalo agudo faz Elena se calar subitamente. Carlos havia lhe acertado o rosto mais uma vez, e usando tanta força, que as lágrimas logo começaram a aparecer. Lembranças daquela primeira surra lhe vieram à mente, fazendo um alarme disparar em sua cabeça. Se ela ficasse naquele estado de novo, quem cuidaria dela?

― Vagabunda! Como pôde se tornar o alvo do imprinting de uma besta? – rosna enojado. – Como ousa dizer que ama aquela coisa?

― Você conhecia a magia? – pergunta Elena com voz chorosa.

― Conhecia sim, mas você nunca foi digna de receber certos conhecimentos!

― Você sabia o tempo todo e nunca me contou? Sabe o quanto eu chorei? Sabe o quanto Harry sofreu por minha causa? Se tivesse me contado eu poderia ter...

― Ficado com ele? – interrompe Carlos, agressivamente. – Que um raio parta-lhe a cabeça antes que isso aconteça. Você com um lobisomem... – Cospe na filha, acertando seu pescoço. – Seria uma desonra para o nome da minha família! Agora entre, pegue seu arco e se prepare para a caçada.

― Não vou caçar! – rebate, com uma pontada de raiva em sua voz.

― Pegue seu arco agora mesmo, Elena – grita.

― Eu não vou caçar!!! – grita em resposta. – Não vou matar o homem que eu amo!

― Desgraçada! Desonra! Vergonha! Vagabunda! Vendeu-se a um lobisomem?

Carlos entra na casa a passos largos, deixando a filha esperando do lado de fora. Elena olha ao redor e vê a mãe no fim da rua, com algumas compras em mãos, porém, quando seus olhos retornam para a frente, sente a ponta da espingarda de seu pai tocar-lhe a testa e o desespero preencher seu rosto, fazendo-a ofegar.

― Elena! – grita Lyssa ao ver aquela cena, largando as compras no chão e correndo em socorro da filha, chamando a atenção de alguns vizinhos.

― Pai, o que está fazendo? Não brinque com isso...

― Calada! A partir de hoje, você é uma indigente. Suma da minha casa, suma da minha família, suma da minha vida... Volte a ser a prostituta daquele lobisomem, para que eu possa caçá-la como a um rato imundo!!! – grita Carlos. – Vamos, corra!!!

Prostituta? Carlos estava mesmo a achar que ela havia se vendido por uma noite de prazer? Sim, ele achava. E não precisou de muito tempo para que Elena sentisse o medo arrepiar sua pele, como se a morte passeasse ao seu redor. Ela vira-se rapidamente para correr e, quando consegue alcançar a rua, Carlos dispara a primeira bala.

Elena cai no asfalto gelado, o projétil havia perfurado a parte de trás de sua coxa, causando-lhe uma dor dilacerante na perna direita. Contudo, ela sabia que não poderia ficar ali, por mais que sua mãe viesse ao seu socorro, pois Carlos não a deixaria viver depois daquela suposta traição!

Foi pensando assim que Elena se colocou de pé num salto e correu o mais rápido que conseguia, para fugir de seu agressor. O homem furioso corre até o meio da rua, de onde dispara mais dois tiros, mas, devido a distância e a sua péssima mira, erra ambas às vezes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥
Levei bastante tempo pra terminar, mas acho que saiu do jeito que eu queria [^^] Elena agora é uma renegada da família Noolan, o que acontecerá agora?