Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 21
Muito Mais que Rejeição




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Charlie estaciona o carro em frente a casa e Leah logo corre em direção ao policial, com medo do que poderia ter acontecido já que não via o filho desde que voltaram para casa, ao raiar do dia. O velho Swan tenta acalmá-la e pede para entrar, pois uma longa conversa os aguardava e ele sentia que precisava estar ao lado de Harry.

O garoto é o primeiro a entrar na residência, encontrando o pai na sala, arrumando-se para sair.

― Aonde vai?

― Tenho que ir ao píer, meu período de afastamento está acabando e preciso resolver alguns papéis. – Passeia pela mente do filho, percebendo que havia algo errado. – O que aconteceu com você? Por que esteve no hospital?

― Se me der um minuto, Sr Clearwater, gostaria de conversar com toda a família... Sem exceções! – diz o policial, sendo o último a entrar na casa.

Lucian estreita os olhos preocupado, o que um policial de Forks tinha de tão importante para falar? O cherokee senta-se no sofá, ao lado de Leah, preferindo ouvir de sua própria boca em vez de roubar-lhe os pensamentos. Harry se lança no móvel vazio, mas o oficial de polícia fica em pé, para que pudesse olhar para todos com perfeição.

― Não sei se o senhor sabe...

― Lucian, pode me chamar somente de Lucian.

― Muito bem, Lucian, não sei se ficou sabendo, mas eu conheço o segredinho de vocês. Sobre serem lobos ou algo assim. – Enfia as mãos nos bolsos, esperando algum tipo de reação.

― Eu sabia, Leah me contou algo a respeito há muito tempo.

― Recentemente, fiquei sabendo sobre a tal magia, que faz com que cada um de vocês encontre sua companheira ideal. – Leah segura as mãos do marido fortemente. – Hoje encontrei Harry passando muito mal no estacionamento da escola, se não tivesse agido a tempo, ele poderia estar morto!

Leah sente um calafrio subir-lhe a espinha e arregala os olhos, exigindo mais explicações. Harry, porém, apenas ouvia, pois sua mente retornara para aquele momento de angústia.

― Ele não respirava, nem mesmo os médicos encontraram uma explicação aceitável para o acontecido. – Pausa. – Harry me contou que teve esta magia com uma menina.

― Sim, Elena! – confirma Lucian, mal percebendo que a mente do filho voltava a se lembrar dela somente por ouvir o seu nome.

― Ele foi rejeitado – diz Charlie, fazendo o casal se levantar no mesmo instante. – Elena o rejeitou ainda esta manhã, Harry me contou sobre a dor que sentem quando são rejeitados... Acredito que tenha sido isso a atacá-lo.

Lucian e Leah estavam em choque, olhando para Charlie como se ele fosse algum tipo de animal exótico, sem saber o que dizer. Um grito agoniado corta o silêncio repentinamente, atraindo a atenção de todos para o garoto que se contorcia no sofá.

Harry agarra fortemente sua camisa na região de seu coração, sentindo as cordas de seu imprinting apertá-lo fortemente por dentro. Outro grito agoniado salta de sua boca, mas quando tenta puxar ar novamente, sente as mesmas cordas travarem seu pescoço, o sufocando...

― Harry!!! – grita Lucian, correndo para o lado do filho.

― Está começando de novo! – grita Charlie. – Não está respirando, faça uma massagem cardíaca e obrigue seus pulmões a receberem ar!

Lucian obedece prontamente, iniciando o processo citado pelo policial. Harry se debatia, segurando seu pescoço e tentando arrancar inutilmente aquilo que o estava sufocando. Leah chama o nome de seu filho desesperadamente, querendo ajudar, mas não sabendo como, obrigando Charlie a segurá-la para que Lucian pudesse continuar com o procedimento, tamanha era a sua aflição.

― Harry!!! – grita ela já em prantos.

― Vamos, Harry – chama Lucian. – Mantenha o foco, filhote. Vamos, respire! – Sopra ar em seus pulmões. – Vamos, Harry!!! – Chora, ao ver que a situação não melhorava. – Olhe pra mim, fique olhando pra mim!!!

― Harry, por favor!!! – grita Leah, antes de esconder o rosto nos ombros de Charlie e chorar descontroladamente.

Ambos estavam desesperados, Harry era o único filho do casal, o fruto de seu amor e o símbolo de que tudo o que passaram no passado realmente havia valido a pena, e, agora, ele estava ali, debaixo das mãos fortes de seu pai, sem conseguir respirar, correndo o risco de dormir para sempre...

― Não! – grita Lucian quando o filho fecha os olhos. – Fale comigo, filho, por favor! Não me deixe. – Deita a cabeça no peito de Harry, ouvindo finalmente seus pulmões trabalharem sozinhos e o fazendo respirar.

Harry havia desmaiado novamente devido à falta de oxigenação, e, depois de apagado, o imprinting pareceu deixá-lo em paz. Lucian se debruça sobre o tórax do filho, não conseguindo conter o desespero de quase perder seu único e precioso filhote.

― O que ela fez com o meu filho! – exclama Leah entre suas lágrimas.

Leah podia sentir o mesmo que Lucian, sentindo, por um instante, as forças de seu corpo cessarem. Charlie agacha-se lentamente, depositando Leah no chão e ficando de joelhos ao seu lado, acariciando seus cabelos. O que poderia ele fazer? Um mero humano? Como poderia consolar os pais que quase viram o próprio filho morrer?

Lucian joga o peso de seu corpo para trás, sentando-se, apoiando seus cotovelos nos joelhos e escondendo seu rosto nas mãos. E depois de conseguir controlar os próprios soluços, tenta conversar:

― Harry e eu não somos como Leah, não somos lobos.

― Mas ele havia me dito que era.

― Metade dele é. A outra metade é como eu, um lobisomem... Daqueles que se transformam na lua cheia. – Encara o rosto nada surpreso do policial. – Consegue acreditar nisso?

― Sim, depois do que Jacob me mostrou e de ver minha própria filha mudar tão drasticamente, eu acredito em tudo o que quiser me contar.

― Harry é um mestiço, tudo nele tem acontecido diferente de nós e muitas destas coisas acabaram nos pegando de surpresa. Seu imprinting é diferente do nosso, muito mais forte e, pelo que acabamos de ver, muito mais letal... Não sabemos o que fazer para salvar nosso garoto, Charlie. – Sente algumas lágrimas escorrerem de seus olhos.

― Não sei se faz algum sentido pra vocês, mas evitei falar desta menina e ele se sentiu bem... A citamos em nossa conversa de agora e acho que as lembranças dela fizeram a dor da rejeição voltar.

― Não é a dor da rejeição – diz Hana, adentrando à casa com o rosto banhado em lágrimas.

A cherokee ficara de fazer uma visita a Leah e acabara por ouvir todo o sofrimento do sobrinho, do lado de fora. O casal Clearwater mal havia notado a sua presença, e não era à toa, a situação estava drástica demais para que pudessem se atentar a qualquer outra coisa.

― É muito mais do que dor – diz Hana –, eu disse que seu imprinting era especial. Harry foi rejeitado e a magia que o envolve é tão poderosa que, em vez de fazê-lo sofrer, está o matando... O imprinting está tentando matá-lo por não conseguir viver sem Elena.

Leah olha para o rosto de Lucian com a dor estampada em sua face, fazendo o coração dele se apertar. O que eles haviam feito para merecer aquilo? Ou melhor, o que Harry havia feito para sofrer daquela forma?

O cherokee lê suas indagações mentais e não pôde encontrar a resposta para nenhuma delas. A magia que deveria ser a mais linda num lobisomem, estava se tornando uma maldição em seu filho e ele nada podia fazer. Lucian não estava pronto... Não estava pronto para se despedir, não estava pronto para perder seu garotinho.

― Por que aquela menina fez isso? – indaga ele, escondendo novamente o rosto nas mãos. – Por que ela o rejeitou?

― Eu não estou pronta pra perder nosso menino, Lucian! – sussurra Leah, sentindo as lágrimas molharem seu rosto novamente.

― Nunca ninguém está pronto para dizer adeus, Leah – diz Charlie.

A quileute engatinha em direção ao marido, sentindo aquela aflição corroê-la por dentro. Ela senta-se em seu colo e o abraça forte, deixando que as lágrimas de ambos levassem aquela dor embora.

― Não precisamos dizer adeus – diz Hana com voz chorosa –, podemos trabalhar juntos para que ele não volte a pensar nela.

― E até quando isso poderia durar, Hana? Até quando o bando estaria disposto a vigiá-lo, 24h por dia, para que não se recorde de Elena? – pergunta Lucian.

― Eu posso ajudá-lo. Sei que sou um mero humano, comparado a vocês – diz Charlie, aponta para todos eles –, mas posso tentar... Por favor, me deixem ajudar!

Lucian assente com a cabeça, não vendo motivos para recusar tão importante ajuda. Aquela era a única saída, a única forma de impedir que o imprinting o matasse, impedindo-o de se lembrar de Elena, mas até quando conseguiriam isso?

Depois de algum tempo em silêncio, Lucian parti em direção ao seu serviço, disposto a tirar mais alguns meses de afastamento para cuidar de Harry. Hana se apressa para comunicar Sam e o bando quileute, e Charlie permanece na casa dos Clearwater, querendo fazer companhia para Leah e estar ali, quando o garoto despertasse.

― Mãe – chama Harry, finalmente acordando. – O que está acontecendo comigo?

― Fique quietinho, meu amor – diz Leah num sussurro, correndo para o lado do filho. – É uma situação complicada, muito complicada...

― Eu não posso me lembrar dela, pois sinto o peito doer novamente!

― Pense em outra coisa – propõe, tentando mudar de assunto rapidamente. – Pense em Doritos, eu o deixei preso em seu quarto o dia todo para não esgotar minha paciência... Você precisa adestrá-lo, pois ele quase comeu meu sapato.

― Mãe, isso é crueldade contra os animais sabia? – diz com voz ainda arrastada, empurrando o braço para fora do sofá e fazendo o cachorro branco saltitar alegremente em sua direção. – Você é um bom menino, não é? Mas para prevenir... – Pisca, revelando os olhos dourados de sua fera. – Não coma os sapatos da mamãe!

Leah ri, conseguindo relaxar por um momento, ao ver um leve sorriso desenhar-se nos lábios de Harry. Ela se retira para preparar um lanche a todos e deixa o filho na companhia de Charlie.

― Essa coisa em seus olhos – começa o policial, sem jeito, apontando para o próprio olho. – É lente?

― Não. – Ri. – É coisa de lobo...

― Ah! – Faz uma cara engraçada, como se aquela fosse à coisa mais natural do mundo.

― Sabe, Charlie – recomeça Harry depois de um breve silêncio. – Não sei o que está acontecendo comigo e isso me deixa com um pouco de medo...

― Bem, vou lhe contar uma historinha... – Respira fundo, remexendo-se no sofá. – Era uma vez Joãozinho e Mariazinha... – Harry gargalha. – Pare de rir dos meus personagens! – Pigarreia tentando continuar. – Joãozinho era apaixonado por Mariazinha, muito apaixonado... Porém, um dia, Mariazinha se zangou com Joãozinho e partiu, dizendo que não voltaria mais. Mas o que ela não sabia, é que Joãozinho era especial e que sofreria muito com sua partida...

Harry sente seu sorriso murchar, reconhecendo bem a situação descrita naquela história e entendendo perfeitamente em que papel ele se encaixava.

― Joãozinho não podia mais se lembrar dela – continua Charlie. – Ele queria, mas não podia, pois todas as vezes que se lembrava de Mariazinha, o seu lado "especial"... – Faz aspas com os dedos, para enfatizar a palavra. – O sufocava, porque não conseguia ficar longe dela...

― Que triste fim teve o Joãozinho – comenta Harry, engolindo em seco e sentindo seus olhos lacrimejarem. – É nesta situação que me encontro?

― Não fique assim, ok? Eu cuidarei de você, como meu neto. O levarei para pescar, para assistir jogos em minha televisão nova. – Ri, lembrando-se do magnífico aparelho que havia comprado no mês anterior. – Ela é tão grande quanto você em forma de lobo! – Tenta uma piada.

― Sua casa deve ser gigantesca então, porque eu sou um pouco grande – retribui Harry, rindo e enxugando os olhos. – E vai ter lugar para o Doritos? – Houve um latido.

― É. – Pensa. – Talvez tenha lugar para o Doritos!

Leah chama ambos para o lanche. Harry corre na frente, acompanhado de seu cachorro e a quileute aproveita a oportunidade para agradecer, do fundo de seu coração, o que Charlie estava fazendo por ele.

Depois de um tempo, o policial se vai, triste por todo o sofrimento do garoto e feliz por ter um novo amigo, que, a partir daquele dia, consideraria como um neto. Bella um dia tentou poupá-lo da verdade sobre ela, com medo de envolvê-lo, mas agora ele sabia de tudo sobre os quileutes, estava envolvido até o pescoço e ela certamente não iria gostar de saber disso.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! :3
Não tenho muito o que dizer hoje, então, boas festas!! ♥
Nos vemos em 2013, hehe :D