(No capítulo anterior)

E finalmente chegou a tão esperada meia noite. Vincent ficou assistindo os fogos com sua filha pela janela do quarto. Os empregados admiravam os fogos do lado de fora. E Sebastian observava pai e filha enquanto sussurrava bem baixinho para si mesmo pensando que talvez o coração de sua pequena milady ouvisse...

– Quem eu amo... é você... milady...

...

A pequena Lady acabou levantando antes que seu mordomo fosse acorda-la. Sem vontade de voltar para a cama, ela abriu as cortinas, e como sentiu, não era uma manhã tão agradável. Estava nublado, e uma sensação desconfortável invadia seu corpo.

– Mas... que mau pressentimento é esse? Me dá até calafrios - sussurrava a pequena. Logo, Sebastian entrou no quarto trazendo o chá.

– Vejo que acordou mais cedo, Milady - disse Sebastian indo até ela e olhando pela janela. - Ah, está tão nublado hoje. Parece que a chuva será bem longa. Irei chamar Meirin para colocar roupas mais quentes em você, Milady.

– Hum... certo... - disse ela sentando-se na cama e tomando seu chá. A pequena olhou para a xícara - Assam?

– Sim. Senti que a Milady estava tensa e preocupada com algo, então coloquei bastante leite para que se acalme um pouco. Deixarei que tome com calma - disse Sebastian sorrindo. Logo, se retirou.

– Obrigada... - disse a pequena sorrindo enquanto voltava a observar o chá. - (E como sempre, ele nem menciona o que aconteceu. Como se ele nem se lembrasse daquele beijo) - Meirin logo entrou no quarto.

– Bom dia, Milady - disse Meirin, gaguejando como sempre.

– Bom dia... - Meirin se dirigia até o guarda roupas quando a pequena a interrompeu - Meirin... - dizia ela de cabeça baixa olhando para o chá - Por que o Sebastian sempre age como se nada tivesse acontecido?

– Milady... - disse Meirin um pouco surpresa. a pequena acordou de seus pensamentos e se levantou.

– Esqueça o que eu disse, Meirin... preciso me arrumar - disse ela sorrindo.

– Sim. Tem um vestido quentinho para você hoje, Milady.

Após se arrumar, a lady descia com Meirin encontrando Sebastian no fim das escadas. Ela estava usando um vestido simples azul escuro com mangas compridas e estava de cabelo solto.

– E o papai? - perguntou ela.

– O conde recebeu uma carta da rainha com um trabalho urgente. Ele pediu que eu transferisse para a Milady seu pedido de desculpas. - respondeu Sebastian.

– Entendo... mais algo?

– Sim, acabou de chegar uma carta da mansão Trancy. A Lady Alisa Trancy retornou de sua viagem para ver o irmão e convidou a Milady para um lanche à tarde.

– Alisa? (a quantos anos não vejo ela. A irmã do louco do Alois. Se bem que ela sabia ser doida de vez em quando) Bom, o que custa aceitar? Avise que estarei lá às duas.

– Sim, milady.

(Narração: Lady Phantomhive)

Às duas da tarde, lá estávamos eu e Sebastian diante da mansão Trancy. Alisa e eu somos velhas amigas. Após a morte da mamãe, Alisa foi levada pela mãe dela para estudos no exterior enquanto o conde Trancy ficou procurando pelo filho desaparecido Alois. Anos depois a criança retornou com um mordomo ao seu lado. O conde ficou muito feliz de ver seu filho, mas meses depois acabou falecendo. Alisa retornou para ver seu irmão. Mas eu ainda acho que há algo de estranho nele e em seu mordomo. Por falar nele, rapidamente veio nos atender. Claude Faustus, mordomo da família Trancy, bom, isso desde que Alois chegou. Esse cara me da arrepios na espinha, mas me sinto um pouco melhor com o Sebastian por perto... pera... o que estou dizendo? Ah! Estou pensando demais naquela noite de véspera de ano novo... aquele beijo... Ah droga. Estou corando, e acho que ele percebeu.

– Milady, está tudo bem? Anda pensativa demais ultimamente. - perguntou Sebastian - Ora... está corada?

– N..não é nada - Me virei para o outro lado para tentar disfarçar.

– A Milady está aguardando-a na estufa - dizia Claude. Ah que arrepio... o olhar dele é medonho.

Claude nos levou até a estufa onde estava minha velha amiga, cercada daquelas flores... bluebells. Aqueles cabelos longos e loiros que quase tocavam o chão. Aqueles olhos azuis ainda mais claros que os meus. Aquele simples vestido roxo combinava com ela.

– A quanto tempo, Lady Phantomhive - disse Alisa me abraçando. - Ah temos tanto o que conversar. Venha, o lanche que Claude preparou já está pronto.

Conversamos muito e o lanche estava maravilhoso. Aquele mordomo é realmente talentoso, mas pelo visto, ele e Sebastian não se dão muito bem. Dava pra ver as faíscas de raiva saindo de seus olhos. A conversa estava boa até que..

– Já sei. Que tal uma aposta? - disse Alisa olhando para nossos mordomos.

– Você não tem jeito mesmo. O que está aprontando?

– Simples. Se eu vence-la numa partida de xadrez, trocaremos nossos mordomos só por hoje. O que quer caso ganhe?

– Nada. Você fica dívida

– Certo - ela deu um grande sorriso, empolgada com a aposta.

Começamos a partida. Sei que sou boa em xadrez, mas Alisa poderia ter praticado então posso estar em desvantagem. Sentia que ela estava pegando leve comigo. Ela estava levando aquilo só na brincadeira?

Depois de meia hora, o resultado. E por descuidos meus, ela venceu. Droga! Vou ter que aturar esse Claude por um dia. Será que era esse meu mau pressentimento? Aquele cara me da arrepios. Mas se ela tocar no Sebastian eu... AH! O QUE ESTOU DIZENDO??? É só um dia. Amanhã Sebastian retornará e tudo voltará ao normal. Não preciso me preocupar.

– Alisa, nada de gracinhas com meu mordomo - disse me levantando da mesa para me retirar. Mas Alisa se levantou e se aproximou de Sebastian.

– Não garanto nada. Ele até que é bonitinho. - dizia ela com aquele sorrisinho.

– Bom, a tempestade está se aproximando, preciso retornar à mansão. Te vejo amanhã, Sebastian. - disse me retirando com Claude.

– Sim, Milady.

(Narração: ...ai que aguinha boa... pera, sou eu?)

Já em sua mansão, a jovem dama foi recebida pelos seus três servos. Meirin estranhou de cara.

– Bem vinda de volta, Milady... mas... quem é esse? Onde está o senhor Sebastian? - Finny veio correndo.

– Bem vinda, Milady. Uh? Senhor Sebastian, pra que esses óculos e esse penteado estranho? - dizia Finny olhando-o mais de perto.

– Não me compare com aquele mordomo de segunda categoria. - respondeu Claude ajeitando seus óculos.

– NÃO FALE ASSIM DO SENHOR SEBASTIAN - disseram Finny, Bard e Meirin ao mesmo tempo.

– Calma, também não é motivo pra exagero. - disse a pequena - (SEGUNDA CATEGORIA? Vou te mostrar a segunda categoria quando chuta-lo bem onde o sol não bate) - calma pô... *pega moto-serra* segunda categoria já é sacanagem..

– Senhorita, deseja tomar um banho antes de ir dormir? - perguntou Claude.

– Ah, sim. Obrigada. - respondeu ela com uma expressão indiferente e subiu às escadas.

(em algum lugar da mansão Trancy...)

– Por que me trouxe aqui, Alisa-sama? - perguntou Sebastian.

– Que foi? Qual o problema de apresentar minha salinha de torturas? - dizia Alisa se aproximando de uma mesa com alguns instrumentos de tortura. - Na verdade, essa sala é do meu irmão. Sebastian... Claude me disse que você também é um demônio...

– Sim...

– Se tocar naquela garota, farei você ter um encontro com a morte - sussurrava Alisa. - Aquela garota já perdeu coisas demais. Não quero que ela perca sua doce pureza. E vejo que você tem uma forte ligação com ela. Sabe... algum dia ela terá que se casar. O que fará quando isso acontecer?

– Nada. Apenas estarei ao lado dela até o fim, cumprindo com minha promessa.

(mansão Phantomhive. Quarto de Lady Phantomhive)

Claude penteava os cabelos da jovem dama. A pequena ainda expressava uma frieza diante dele. O quarto emanava um silêncio tão profundo entre os dois que a única coisa que se ouvia era a escova passando por aqueles longos cabelos.

– Tão macios - sussurrou Claude.

– O que disse? - perguntou a pequena se virando

– Nada, senhorita. Interessante, mesmo com uma alma doce como essa, você sabe ser fria - Claude a derrubou na cama e a beijou.

– (Mas o que ele...?) - pensava ela surpresa diante de tal ação. (Ah filho da...) Ele se afastou um pouquinho.

– Realmente é uma alma bem deliciosa. Michaelis sabe mesmo escolher almas interessantes. E você não é uma exceção. - sussurrou novamente. Mas a pequena lhe deu um tapa. Ela chorava...

– (Sebastian... por favor...)

(mansão Trancy...)

– Ah. Ela está me chamando - disse Sebastian quase se retirando.

– Ei, espera...

– Meu contrato com a minha Lady é mais importante do que essa aposta boba. E eu prometi pra ela que não a deixaria sozinha. Ainda mais com aquele seu mordomo - dessa vez, Sebastian se retirou rapidamente.

– É, você tem mesmo um mordomo interessante. Continue fazendo com que ela continue sorrindo todos os dias ao seu lado, Sebastian...

...