Meu Último Adeus escrita por Gabs Black


Capítulo 1
Meu Último Adeus.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Fiz essa one para o concurso de Ones http://concursosdefanfics.blogspot.com.br/ *-*
Espero que gostem ^^
Boa Leitura!



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23 de outubro de 1981 - Sirius Black.

─ Ei cara, vamos lá pra dentro. ─ chamou-me James, oculto pela capa.

─ Me deixa sozinho Pontas, por favor. ─ pedi.

─ Tudo bem... ─ falou ele, se levantando, então se virou e completou, como um sussurro. ─ Eu... Sinto muito.

Eu estava sentado na grama da pracinha em Godrics Hollow, o sol já ia nascendo ─eu não pregara os olhos a noite toda─, deixando o céu com rajadas alaranjadas e amarelas, com um fundo avermelhado. Seria lindo se o contexto desta vista não fosse tão trágico.

Me levantei e fui andando a passos lentos para minha casa do vilarejo, James queria que eu fosse para a casa dele, fazer companhia a Lily e ao pequeno Harry, mas eu não estava em condições, eu precisava ficar sozinho, e sei que eles entenderiam.

Nossa vida gira em torno do risco, do perigo. Eu sabia que isso poderia acontecer mais cedo ou mais tarde, mas não podia bloquear a dor que sentia com esse pensamento.

Por que diabos ela? Por que justo ela?

─ EU ESTOU AQUI! VENHAM ME PEGAR TAMBÉM, SEUS MISERAVEIS. ─ gritei. ─ VENHAM ME PEGAR! TORTUREM A MIM, MATEM A MIM.

Essa era a minha vontade, que eles me pegassem, que me matassem se quisessem, por que acho que não sou capaz de viver com tanta dor.

Dor.

Não sei se essa é a palavra certa.

Assim que cheguei em casa fui para o banheiro, liguei o chuveiro e entrei embaixo do mesmo de roupa e tudo. Eu precisava lavar isso de mim, tirar essa tristeza. Eu precisava ser forte agora, meus melhores amigos estavam sendo caçados por Lord Voldemort e precisavam de mim mais do que nunca.

Eu tinha que ser o homem frio e sem sentimentos. Eu precisava ocultar tudo isso que eu estava sentindo. Eu precisava de força.

Sai do banheiro e troquei minhas roupas, me joguei no sofá e fiquei ali, fitando a lareira. Ficar sozinho só fez com que as lembranças da noite passada inundassem meus pensamentos.

Flashback I.

─ Sirius... Eles... Eles pegaram os McKinnon. ─ a voz de Lily era tremula.

─ Onde está Lene? ─ pedi, mesmo sabendo que já não poderia mais encontra-la.

─ Eu.. Eu sinto muito Sirius. ─ ela disse, com a voz embargada.

─ Onde está Lene? ─ pedi novamente, sentindo a garganta dar um nó.

─ Sirius, por favor. ─ ela disse, com os olhos já banhados em lagrimas.

─ Não pode ser.. ─ sussurrei. ─ Eu vi ela hoje de manhã, eu falei com ela, ela disse que voltaria. ─ eu ainda não podia acreditar.

─ Nós sabiamos que estavam caçando-a Sirius. ─ Interfiriu Alice Longbottom.

─ ELA ME DISSE QUE VOLTARIA. ─ gritei, com as lagrimas rolando. ─ Ela.. não pode... não pode... ─ eu não ousei falar, por que falar, tornaria o fato real, mais real do que já era. ─ ELA ESTÁ EM ALGUM LUGAR, EU SEI QUE ESTÁ. ─ gritei novamente, andando pela sede da ordem, a procura dos cabelos negros, do cheiro citrico, dos olhos amendoados.

─ Ela não esta aqui Sirius, tambem está sendo dificil para nós. ─ falou Dorcas, enterrando o rosto nas mãos.

Eu a ignorei.

─ LENE, LENE! ─ eu gritava. ─ Volte... Por favor, meu amor, volte. ─ pedi como um sussurro.

James me pegou pelos braços, quando viu que eu perderia o controle.

─ Vem cara, vamos lá pra cima. ─ disse ele, me puxando.

Sem forças para resistir, me deixei levar.

Fim do Flashback I.

─ Almofadinhas, abra. ─ A voz de James ecoou do lado de fora, tirando-me de meus devaneios.

Abri a porta e nada vi, mas isso já era mais do que natural para mim, depois de alguns momentos a fechei e vi James se materializar.

─ Precisamos ir. ─ diz ele.

─ Eu não vou. ─ respondi.

─ Sirius, ela gostaria que você fosse. ─ ele fala.

Senti meus olhos arderem e decidi mudar de assunto.

─ Onde estão Lily e Harry? É perigoso que você fique andando por ai. ─ pergunto, sem fita-lo.

─ Eles já estão lá, o próprio Dumbledore veio busca-los. ─ ele responde. ─ Mas eu não iria sem você. ─ então apertou meu ombro amigavelmente.

─ Eu... Não quero ve-lá. ─ falei, esforçando-me para manter minha voz firme.

─ Uma ultima vez Sirius, você pode se arrepender se não for. ─ ele diz.

Eu sabia disso. Eu sabia que se não fosse lá, iria acabar me arrependendo para o resto da vida.

Olhei para ele e assenti.

─ Dumbledore vem nos buscar. ─ informou.

xx-xx

Eu estava ali, na porta da pequena capela, eu não queria entrar, não queria perpetuar essa visão em minha mente. James me deu um leve empurrão, forçando-me a passar pela soleira da porta.

Enquanto me aproximava, me lembrei de como ela ficava linda irritada, de como quando ela sorria, suas covinhas apareciam e seus olhos quase se fechavam, de como quando ela andava, seus cachos pulavam alegremente nas costas, de como sua gargalhada soava melodiosa para meus ouvidos.

Lembrei-me também de que eu jamais iria ouvi-la novamente, e esse pensamento quase me fez recuar.

Quase.

Olhei para o lado e Lily chorava, Harry estava no colo de Dorcas, que também tinha os olhos inchados.

Quanto mais eu me aproximava, mais a minha garganta fechava, como se de repente eu fosse incapaz de respirar. E eu duvidava muito que fosse apenas uma sensação.

Fechei os olhos e encostei o dedos no mármore frio, me aproximei mais e os abri, a fitando.

Estava linda, como sempre.

O vestido branco caia dos lados, os cabelos negros espalhados pelo acolchoado que a confortava, as mãos unidas, e entre elas uma linda rosa vermelha e sua varinha, apenas isso.

Estiquei um pouco mais a mão e toquei sua pele branca como papel, estava fria, como jamais estivera.

Dessa vez meu abraço não poderia aquece-la, dessa vez minha voz não poderia faze-la abrir os olhos e meu toque não poderia faze-la se arrepiar.

Foi como se um turbilhão de lembranças invadissem com força total a minha mente.

Flashback II.

─ Você disse que sabia onde ficava a sala de poções. ─ ele ralhou, parando no meio do corredor.

─ Tudo bem, eu não sei, mas você ficar parada não vai ajudar em nada. ─ falei puxando-a pelo pulso.

─ Você mentiu. ─ ela diz em tom reprovador.

─ Ei rainha do drama, também é o meu primeiro ano aqui nesse castelo, também tenho o direito de me perder as vezes.

─ Oh não, Pirraça. ─ ela disse, parando de súbito.

Olhei para ela e fitei seus belos olhos. Mesmo criança, ela já me encantava.

─ Você não está com medo, está? ─ perguntei provocando.

─ Pare de dizer bobeiras, eu não tenho medo de nada. ─ ela disse, dobrando o corredor e saindo do caminho do poltergeist.

Fim do flashback II.

Sorri de leve com a lembrança, passando os dedos sobre sua face, desde pequena já era dramática e orgulhosa.

Então me lembrei de um outro dia, uns anos a diante.

Flashback III.

Desci rapidamente as escadas naquela manhã de sexta feira, era minha ultima oportunidade de falar com ela e tentar fazer as pazes, depois disso, nós voltaríamos para a casa e passaríamos um verão inteiro sem se ver.

─ Ei, Lene. ─ chamei.

Ela estava saindo pelo buraco da mulher gorda, e assim que viu que se tratava de mim, continuou seu caminho.

Corri atrás dela, e logo a alcancei.

─ Vai ficar bancando a menina mimada até quando? ─ perguntei arqueando uma sobrancelha.

─ E você vai ficar cuidando da minha vida até quando? ─ ela rebate, me fitando.

─ Lene... Ele não era o cara certo pra você. ─ falo.

─ Nem por isso precisava mandar o garoto para a Ala Hospitalar. ─ ela diz, visivelmente irritada.

─ Ah, ele já está bem, está até treinando quabribol novamente. ─ falei em tom inocente.

─ Você é impossível, Black. ─ rabate, adiantando o passo.

─ Você radicaliza demais as coisas, McKinnon. ─ devolvo no mesmo tom que ela.

─ Então agora eu sou McKinnon? ─ ela pergunta, parando e me fitando.

Sorri internamente, havia conseguido afeta-la.

─ E eu sou Black? ─ rebati em tom provocativo.

─ Idiota. ─ ela diz e volta a andar.

─ Dizem que quando uma pessoa termina uma discussão com um xingamento é porque ela ficou sem resposta. ─ falei, andando mais rápido para acompanha-lá.

─ Otimo. ─ ela diz simplesmente.

─ Então eu ganhei. ─ respondo divertido.

─ Perfeito. ─ ela diz em tom irônico.

─ Então, já que eu ganhei, você tem que fazer as pazes comigo. ─ falo, passando meu braço em seu ombro.

─ Me deixa em paz. ─ diz ela.

─ Você só consegue paz ao meu lado, meu bem. ─ falei dando um beijo em sua bochecha.

Ela sorriu. Sirius 1 Marlene 0.

─ Vamos almoçar então, cachorro. ─ ela diz, enquanto caminhávamos para o Salão Principal.

─ Eu acho tão sexy quando você me chama assim. ─ falei, provocando.

─ Cala a boca se não quiser que eu fique mais duas semanas sem falar com você. ─ ela responde em tom repreendedor, mas eu sabia que estava tudo bem.

Fim do Flashback III.

Estávamos no quarto ano, ela era minha melhor amiga, aquela melhor amiga que você sabe que sente alguma coisa a mais, mas não sabe ao certo o que é.

Eu já a amava, eu já a amava muito.

Então, me lembrei de uma outra noite, tão sombria como a de hoje.

Flashback IV.

Eu estava sentado em minha cama, pensando em tudo que acontecera.

Eu havia fugido de casa, meu irmão era um comensal da morte e meu pai estava morto.

Daquela casa, o que eu menos odiava era meu pai, e isso queria dizer alguma coisa.

Minha vida nunca esteve tão confusa, tão bagunçada.

O chamado de Dumbledore para me juntar a Ordem só havia me deixado mais confuso ainda, e eu não sabia o que fazer.

James, Lily, Dorcas e Lene também haviam sido chamados, e isso só aumentava meu medo.

Se juntar a uma seita contra as trevas, é morte eminente, muito poucos sobrevivem uma vez que tem no mínimo trinta comensais para cada um de nós.

Mas quem pode me culpar? Eu tenho dezesseis anos e olha pelo o que já passei, mas ficar confuso é um luxo ao qual eu não posso me dar. Não agora.

O barulho da porta se abrindo tirou-me de meus pensamentos.

─ Sirius... ─ ela sussurrou. ─ Eu sinto muito.

Ela se referia ao meu pai, e eu sabia disso.

─ Está tudo bem. ─ falei fitando-a.

Em seu olhar ela pedia permissão para entrar, e para falar a verdade, essa era a única coisa a qual eu precisava.

─ Fique comigo. ─ sibilei.

Ela entrou devagar, eu estava sentado na beira da cama, ela se aproximou e sentou bem no centro do dossel, abraçando-me de leve pelas costas.

─ Eu estou aqui. ─ ela sussurrou, depositando um beijo em minhas costas e descansando a cabeça ali. ─ Vai ficar tudo bem.

Eu me sentia re-confortado com ela ao meu lado, como se nesse momento, nada mais importasse, nem a morte do meu pai, nem o alistamento de meu irmão, muito menos a guerra que estávamos prestes a travar.

Então eu me dei conta, eu estava perdidamente apaixonado pela minha melhor amiga.

Eu me virei e encarei seus belos olhos avelã na escuridão, apenas um feixe da luz da lua penetrava pela janela, dando a ela um brilho especial.

Toquei seu rosto com a ponta dos dedos, e ela fechou os olhos, apreciando o toque. Uma mecha de cabelos negros caiu em seus rosto, e eu rapidamente coloquei atrás de sua orelha.

Me aproximei lentamente, roçando nossos narizes, até que nossos lábios se tocaram pela primeira vez. Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo, fazendo-me puxa-la pela cintura a aprofundar o beijo. Seus dedos imediatamente se enroscaram em meus cabelos, e me puxaram mais para perto.

─ Eu... Eu, me desculpe. ─ pedi me afastando, quando o ar nos faltou.

─ Shhh! ─ ela pediu, colocando o indicador sobre meus lábios, e puxando-me para deitar ao seu lado.

─ Eu... Eu te amo. ─ sussurrei quando ela se acomodou em meu peito.

─ Eu te amo mais, cachorro. ─ ela disse sorrindo de leve, enquanto eu a abraçava mais forte.

Fim do flashback IV.

Aquela foi a primeira de muitas noites que eu passei ao seu lado, e a cada dia, era como se a sua presença anuviasse tudo que nós estávamos passando no momento.

Ela era meu remédio, minha droga, minha morfina, minha salvação.

Sem ela a dor me tomava por inteiro de maneira avassaladora, mas agora, eu teria que aprender a conviver assim, eu teria que aprender a viver sem ela e a bloquear tudo isso, por que haviam pessoas que ainda precisavam de mim.

Inclinei-me sobre seu corpo inerte e depositei um beijo em sua face, deixando ali, Meu Ultimo Adeus.

─ Eu te amei mais do que poderei amar qualquer outra pessoa, Marlene McKinnon, e mesmo que você esteja longe de mim agora, esse amor nunca irá sair de mim. ─ sussurrei com o rosto ainda muito proximo do dela.

Senti uma corrente de calor me invadir e soube que ela sempre estaria ao meu lado, e mesmo nos momentos mais sombrios, eu aguentaria, por que ela estaria comigo.



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Notas finais do capítulo

E então?
Não hesitem em deixar reviews *-*
Beijos :3