Be Mine escrita por Tuany Nascimento, Aline Bomfim


Capítulo 24
Capítulo XXIII - Bad Blood


Notas iniciais do capítulo

Olá, babies! Que saudade eu estava de postar um capítulo de "Be Mine"!
Eu sei que não atualizo a fanfic tem 04 anos, porém com a faculdade, vida pessoal, fim dos filmes e de toda a euforia com "Robsten", a inspiração para escrever estórias de Crepúsculo chegou ao fim. Li as mensagens e os comentários durante esses anos e me senti péssima por estar deixando não apenas BM de lado, mas os meus queridos leitores que mesmo após tanto tempo, continuaram mantendo contato querendo saber sobre a continuação.
Me desculpem, de coração.
Trago um capítulo longo, como forma de agrado aos que estão magoados, com um pouco de emoção, flashback e aquele final cheio de "oh meu Deus, o que vai acontecer??"
Espero que gostem, assim como eu gostei.
Boa leitura!

Taylor Swift feat. Kendrick Lamar - Bad Blood.



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BE MINE – CAPÍTULO VINTE E TRES

(Bad Blood)

 

So take a look what you’ve done. Cause baby, now we got bad blood.

(Então dê uma olhada no que você fez. Porque, baby, agora nós não nos damos bem.)

 

(EPOV)

Sábado, 09h15min

Eu estava me exercitando na mansão Cullen, utilizando a academia indoor que tínhamos, enquanto eu assistia ao noticiário da CNN. As coisas com Isabella estavam um pouco estranhas, devido ao comportamento obsessivo dela com a empresa. Alguns problemas com a área de Desenvolvimento Interno estavam esgotando-a e para evitarmos conflitos, preferi me ausentar por uns dias. Nosso contato limitava-se a algumas mensagens de texto e pouquíssimas ligações. Ela me parecia estressada e cansada, completamente focada em resolver os problemas que ela se recusava a dividir com outros funcionários, já que Jasper estava tentando controlar problemas na fábrica da família na Filadélfia deixando Bella completamente por ela mesma dentro da SC.

— Sr. Cullen? – ouvi a voz de Tyler e diminui o ritmo da esteira, olhando para ele – Temos novidades em relação a James Hathaway.

— Me espere no escritório, já irei. – pedi – E faça uma ligação para Bella.

Ele acenou e saiu, enquanto eu diminuía ainda mais a aceleração da minha corrida até para-la completamente. Fui ao escritório e encontrei Tyler e Riley em pé perto da mesa, esperando-me em suas poses de ex-militares. Bella estava no alto-falante do telefone e sentei-me a mesa, cumprimentando-a.

— Bom dia, Edward. O que encontraram? – ela estava ansiosa e fria, o que me fez suspirar incomodado.

— Bom dia, Srta. Swan. Nossas pesquisas evidenciaram a compra de uma passagem de avião no nome de James Hathaway com destino ao México. Um programa de reconhecimento facial encontrou evidências de Hathaway no JFK Airport embarcando com algumas poucas malas. – Tyler clicou em seu iPad e me mostrou uma foto de Hathaway usando um moletom escuro com capuz cobrindo sua cabeça e duas malas ao seu lado – Sua conta em Zurique foi fechada, com ele resgatando seu dinheiro e dois títulos de ações com valores que não chegam a um milhão de dólares em somatória. Sua mansão foi tomada há algumas horas pelo banco JP Morgan Chase por atraso no pagamento da hipoteca, assim como dois carros que ainda o restavam.

— Ele está fugindo. – Isabella constatou – Qualquer novidade me mantenha informada.

Ela desligou sem nem ao menos se despedir e eu continuei olhando a imagem congelada da câmera de segurança. Não conseguia me sentir aliviado e sentia como se a ameaça de James pousasse para sempre em nós como uma névoa cinza, que nos sufocaria em algum momento. Tyler e Riley saíram do escritório e subi para meu quarto, onde tomei banho e me troquei. Quando desci as escadas, encontrei minha mãe e ela parecia feliz, com seu sorriso doce.

Eu tinha medo de perder esse sorriso que me transmitia tanto amor para alguém como James.

— Vamos almoçar fora, mãe? – a convidei, recebendo um sorriso ainda mais lindo – Podíamos ir comer um japonês.

— Claro que sim, meu querido. Apenas irei pegar minha bolsa. – ela respondeu subindo as escadas.

16h25min

Após o almoço com Esme, caminhamos pelo Central Park e tomamos um café, conversando sobre as obras de caridade que ela administrava em nome da família. Nós voltamos para a mansão, encontrando Rose e Emm, que tinham grandes novidades para nós. Eles haviam comprado a mansão para onde se mudariam daqui uns meses, antes da chegada do bebê, e Emm pediu ajuda na reforma e Esme colocou a Masen Architecture a disposição. Carlisle chegou um pouco depois, acompanhado de Charlie, já que estavam jogando golfe juntos no Country Club. Todos nós ficamos conversando por um tempinho, até eu decidir ir à cobertura de Isabella para buscar algumas coisas que eu havia deixado no escritório de lá. 

Tyler e Riley me acompanharam, como sempre, alertas a tudo ao nosso redor. Eu sabia que Bella provavelmente não estaria lá, já que havia comentado comigo sobre alguma reunião. Constatei sua ausência assim que parei o carro no estacionamento subterrâneo do prédio e percebi a falta de sua Ferrari na vaga ao lado. O escritório estava perfeitamente arrumado, com a personalidade de Isabella imprimida em cada centímetro do espaçoso cômodo. Lembrava-me seu escritório na sede da Swan Company, com a parede inteiramente de vidro atrás da mesa de mogno ricamente detalhada em ouro e os tons de azul que cobriam as paredes e os detalhes de alguns móveis. Havia alguns quadros pendurados que exibiam a assinatura de minha garota, sendo um deles a pintura de uma clareira que estava em uma tela inacabada da primeira vez que visitei seu estúdio na mansão Swan. Isabella havia colocado a tela para mim, que havia adorado a paisagem de tons roxos e verdes. Era sua maneira de dividir seu espaço de trabalho comigo. 

A mesa continha uma série de gavetas nas laterais, sendo que uma delas, a mais inferior do lado esquerdo estava totalmente aberta. Abaixei-me para fechá-la, porém tive um vislumbre do nome da pasta preta que estava no topo de várias outras. James Hathaway. A pasta era diferente da que Isabella havia me entregado após o atentado contra meus irmãos e eu. Minha mão a alcançou antes mesmo que eu raciocinasse meu ato e me vi folheando as várias páginas soltas, que consistiam em notas fiscais, transações internacionais, títulos de ações do Bank of America e contratos diversos. Meu estômago foi embrulhando conforme meus olhos passavam pelas linhas e o quebra-cabeça era formado em minha mente. 

Levantei-me em um rompante, quase derrubando a cadeira e saí a passos largos até a sala de estar, me servindo de uma dose dupla de whisky, que sorvi em um gole sôfrego. Carreguei a garrafa, meu copo e a pasta até o sofá, onde me sentei e continuei minha leitura, bebendo pequenos goles do líquido ardente. Assim que terminei de absorver as informações, arrumei as folhas em uma pequena pilha a minha frente. Bebi mais algumas grandes doses e já me sentia parcialmente inebriado.  

Quando ouvi a chave girando na maçaneta, não soube dizer quanto tempo eu havia ficado parado na mesma posição, mas a escuridão que tomava o céu me dizia que horas tinham passado sem eu perceber. 

— Oi, sweetie. – Isabella saudou-me, jogando suas chaves e bolsa no aparador, antes de tirar seu casaco – Não sabia que estava aqui. Que tal pedirmos algo para comer? Estou morrendo de fome. 

Hathaway Corporation avaliada em US$4 bilhões. Dívida acumulada? US$2,9 bilhões para o Goldman Sachs mais alguns milhões para credores autônomos e fornecedores. Com a falta de pagamento, houve um leilão por parte do banco. O lance que arrematou as ações e controle da empresa? US$3 bilhões, enquanto o resto foi leiloado por algumas outras centenas de milhões. - a cada frase dita, eu jogava em seus pés um dos papéis da pilha, enquanto ela me olhava com indiferença – A empresa que arrematou a corporação? Ela mal tem um nome. Mas, você sabe que empresa é essa? Ninguém sabe. Ela não tem expressão alguma em nosso meio e trabalha como subordinada de outra empresa, que por sua vez é subordinada a outra e assim vai até que cinco empresas depois se chega a uma: Swan Company

Eu me levantei e joguei todos os papéis que ainda faltavam quase em seu rosto e percebi que ela mudou seu peso de um pé para outro, como se estivesse entediada demais enquanto me ouvia. 

— Você comprou a empresa de James. – constatei – Você desmantelou cada setor da corporação e vendeu cada parte para investidores estrangeiros. As ações restantes você distribuiu como bônus para os compradores. China, Japão, Canadá e Índia. Você vendeu a empresa dele para quatro países diferentes. – eu respirei fundo, ainda contemplando tudo o que eu havia dito – Isabella... Você destruiu o Hathaway de todas as formas possíveis, tornando impossível que um dia ele pudesse reaver a empresa que está na família dele há décadas. A destruição da dignidade dele foi culpa sua! – eu exultei, encarando-a firmemente. 

Isabella remangou calmamente sua camisa de seda branca, como se aquela fosse uma tarefa muito importante a ser executada, mantendo-se calma e tranquila. 

— Minha pequena vingança à mediocridade dele. Perfeito, não é? Para chegar ao nome da Swan Company tem que passar por tantas empresas e transações que chega a ser impossível atrelar-me à compra no leilão. – ela suspirou, passando a mão na saia, como se tentasse desamassar um vinco inexistente – James, infelizmente, conseguiu descobrir isso de uma maneira tão esdrúxula quanto ele, o que me custou alguns funcionários em meu quadro de contratados. 

Ela ajeitou os cabelos cor de mogno e cruzou os braços depois, tamborilando as unhas pintadas de negro em sua pele alva. Sua expressão continuava impassiva, como se ela estivesse me contando um conto de fadas antes de me colocar para dormir. 

— Isabella... Ele está planejando o seu assassinato pela ruína e humilhação que você causou a ele. Essa loucura toda que vivemos foi causada pela sua infantilidade! 

— Infantilidade? Poupe-me Cullen! – ela respondeu raivosa, demonstrando finalmente possuir algum sentimento – Ele me subestimou. Ninguém me subestima, Edward. Ninguém. – ela disse fria, aproximando-se como uma leoa – E nada irá acontecer comigo. Sabe por quê? Eu sou uma Swan e ele é um qualquer como tantos outros que eu destruí por duvidarem de mim. Ninguém está acima de mim. 

— Ele tentou matar a mim e a meus irmãos. – eu falei chocado com sua frieza e calculismo. 

— Isso foi um dano colateral. – ela deu de ombros – Eu resolvi tudo, não resolvi? Vocês estão a salvo. 

— Charlie sabe disso? – questionei, sentindo meus ombros doerem com o peso que estava em cima deles – Rosalie, Jasper... Algum deles sabe? 

— Meu pai me passou a presidência da Swan Company há anos, Rosalie apenas cuida da HS Industry e Jasper não tem poder suficiente para saber de certos assuntos da presidência. Não seja tolo, Edward. – ela pronunciou-se ríspida, me tratando como uma criança. 

— Você não merece estar nessa presidência, Isabella. Você não merece a empresa da família Swan. 

— Não fale o que não sabe, Cullen. – sua raiva estava expressa em cada sílaba pronunciada – Você acha que meu pai fez algo diferente do que eu fiz? Ou até mesmo Carlisle? Para nos mantermos no topo, devemos tomar medidas por vezes inconvenientes. Talvez, você não esteja sendo merecedor da empresa da sua família. 

Suas palavras me atingiram como uma tapa no rosto e dei um passo para trás, querendo me distanciar da mulher que possuía meu coração, mas que eu desconhecia completamente. 

— Eu sinto muito por você pensar assim, Isabella. – eu falei pesaroso – Sinto mesmo. Bebi um último gole de whisky e andei até o aparador, pegando minha carteira e minhas chaves. 

— Onde você vai, Cullen? – ela perguntou, dando dois passos em minha direção, mas parando quando eu a olhei – Eu... 

Seus olhos suavizaram um pouco, talvez com medo do que eu fosse fazer. Parecia que ela ia começar a entrar em pânico, mas estava se segurando em sua máscara. 

— Vou para a casa de meus pais. Conversamos mais tarde. 

Fechei a porta do apartamento sem nem ao menos olhar para ela uma última vez. Tyler foi dirigindo o Volvo e eu me encolhi contra a janela do passageiro, observando as luzes de NYC passando por nós como pequenos vagalumes cheios de uma vida que eu não tinha mais em mim, no momento. Os letreiros repletos de convites brilhavam em tons de vermelho, amarelo, branco e azul enchendo meus olhos, mas não conseguindo esvaziar minha mente. Cerrei os olhos com força, me sentindo enjoado ainda e rezando para que o conteúdo em meu estômago continuasse nele. O caminho para a mansão Cullen parecia mais longo do que o usual e minha cabeça começou a martelar. Quando finalmente passamos a guarita da propriedade de meus pais, eu pude respirar mais aliviado, percebendo o quanto eu estava me sufocando no fôlego que eu tentava segurar. 

Apesar da escuridão que havia tomado conta do dia, eu podia ouvir as risadas de Emmett assim que meu pé tocou o hall de entrada. Um nó se formou em minha garganta quando me lembrei da voz tediosa de Isabella falando que o atentado a vida de meu irmão era um dano colateral. Eu quis atravessar a sala correndo e abraçar a montanha de músculos e o sorriso de covinhas que eu mais amava no mundo. Deus, eu soava tão patético, mas era a mais pura verdade. Meus punhos se fecharam pela raiva que atravessava o meu corpo e segui a passos decididos pela escada. Pude ouvir Carlisle me chamando, mas eu não ia conseguir olhar para ele sem sentir vergonha. Corri até chegar ao meu quarto, onde bati a porta com força e desabei no chão, deixando que uns pares de lágrimas descessem pelas minhas bochechas sem o mínimo de pudor. 

Eu não estava machucado por Isabella ter comprado a empresa de James ou por tê-la despedaçado, isso qualquer um teria feito. O que doía era saber que ela não havia me contado a verdade, nem mesmo após ele ter chegado tão perto de matar a mim e meus irmãos. Ela não conseguia se abrir comigo, o namorado ela, a pessoa que mais a amava no mundo após seus pais. Isabella não me permitia entrar em sua vida, deixá-la segura e confortável... A pequena Swan não se importava com ninguém além dela mesmo. A percepção clara era que ela não era minha, não da forma como eu era dela. 

— Edward? – ouvi a voz doce e preocupada de Esme atrás da porta – Meu filho, está tudo bem? 

Eu passei as mãos furiosamente por meu rosto e engasguei antes de conseguir pronunciar-me. 

— Tá tudo bem, mãe. – minha voz saiu falsa até para mim mesmo e eu me chutei mentalmente por isso. 

— Abra a porta, querido. – ela pediu calmamente – Bella ligou, disse que seu celular está desligado. Aconteceu algo? 

Ouvir o nome dela trouxe a tona toda a minha confusão me fazendo querer abrir a porta pedindo o colo da minha mãe. 

— Não aconteceu nada, eu só to cansado. Boa noite, mãe.

Eu ainda pude ver a sombra de Esme atrás da porta por alguns segundos a mais do que necessário, antes de ela desistir e ir em direção às escadas. Levantei-me do chão e tranquei a porta, buscando assim me distanciar de minha família. Peguei meu iPhone e o liguei, notando três chamadas não atendidas de Isabella. Desliguei novamente meu celular e deitei-me na minha cama, revirando-me nos lençóis sem encontrar tranquilidade. 

Eu só pensava em olhos de um gélido chocolate.  

 

Domingo, 08h15min 

Eu estava acordado há pelo menos uma hora, olhando para o teto branco e relembrando minha conversa com Isabella. Meus olhos ardiam pelas lágrimas que eu verti antes de dormir. Eu pensei em tudo o que vivemos até aquele momento e percebia o quanto eu desconhecia a mulher com quem eu conversei ontem. Tudo me fazia lembrar Tanya, o quanto a minha falta de confiança nela havia me fechado para o mundo e para minha família. Eu não queria passar por tudo de novo, eu não podia. Eu tomei banho e me arrumei, descendo as escadas enquanto ligava meu celular. Havia mais duas ligações de Isabella e eu imaginava a frustração dela com meu silêncio. 

Bella quer, Bella tem. Era a premissa básica da vida dela.  

Porém, tinha apenas uma mensagem dela: 

 

Estou indo para Filadélfia, houve um problema com a fábrica.

Voltarei pela noite.

Sinto sua falta.

Isabella Swan 

 

— Edward? É você? – ouvi meu pai me chamando e mesmo relutante, eu fui até ele, que estava sentado em uma poltrona da sala de estar com um jornal em suas mãos – Bom dia, filho. 

— Bom dia, pai. – respondi, sentando-me à sua frente – E a mamãe? 

— Está no jardim, cuidando de algumas flores. – ele me encarou com seus sábios olhos azuis – O que houve entre você e a pequena Swan? 

— Nada. – eu resmunguei, mas o azul tornou-se pesado demais em minha direção – Nós discutimos ontem e eu... Eu estou confuso, pai. 

— Ela ligou ontem, perguntando se você estava aqui e Esme respondeu que você havia acabado de chegar, mas não estava disponível no momento. Uns quinze minutos depois, Emmett recebeu uma ligação de Rose, que estava preocupada com a irmã. Parece que ela teve um pequeno ataque e quebrou boa parte da sala da cobertura. Margareth não sabia o que fazer e ligou para os Swan. Reneé não soube explicar à sua mãe o que havia acontecido. Você pode, pelo visto. 

— Eu gostaria, papai. – meus olhos se perderam em uma pequena escultura em madrepérola que adornava uma mesa de canto – Eu realmente gostaria de poder contar o que aconteceu, porém, é tão inacreditável para mim. Fico pensando e não consigo chegar à outra conclusão além de que eu não conheço Isabella. – minhas costas começaram a doer como se eu sustentasse o peso de dois mundos – Os atos dela me fazem pensar no que é certo ou errado... Porém, eu vejo que só há o errado para ela. Sem consequências, apenas “danos colaterais”. 

Carlisle me olhou por longos segundos e não pude encarar seus orbes tão conhecedores da vida. Ele provavelmente estava criando teorias em sua cabeça e se perguntando o que de tão inacreditável havia acontecido entre a Swan e eu. 

— Podemos conversar com privacidade? – eu praticamente implorei, com medo de alguém nos ouvir – Eu preciso tirar isso de mim e acho que você poderá me ajudar. 

Calado, ele se levantou e eu o segui até o escritório que era tão usado por ele em seus tempos de presidência. Assim que a grande porta de mogno se fechou, eu sabia que estava protegido e poderia confiar no homem que havia me criado para ser tudo o que ele havia sido, porém, melhor. As palavras saíram de minha boca automaticamente, relembrando cada obscuridade que eu havia lido nos documentos de Isabella. Carlisle não esboçou reação e eu não sabia se isso me preocupava mais ou não.

 “Talvez, você não esteja sendo merecedor da empresa da sua família.” 

As palavras de Isabella martelaram em meus ouvidos, me deixando surdo por alguns longos segundos. Percebi, então, que minhas mãos suadas e minha respiração descompassada indicavam que sim, a não reação dele me preocupava até demais. Quando terminei de falar, contando a minha saída da cobertura, recostei-me na cadeira de couro e pude sentir o tecido frio contra minha pele. Eu pude finalmente olhar para meu pai e não consegui decifrar o brilho nos olhos dele. 

— Você acha que ela está certa? – tive coragem de perguntar – Que a vingança pela imbecilidade dele valeu a pena? 

— Isabella nunca foi uma garota fácil, meu filho – ele se pronunciou, passando a mão pela barba por fazer – Charlie sempre me disse que ela possui um limite emocional, que não consegue ser empática o suficiente, por isso, inventou uma competição para ver quem conseguiria a presidência da Swan Company. Ele ficou obviamente feliz pela perspicácia dela, mas completamente aterrorizado quando percebeu que aquilo era tudo para ela. Ele contou-me que ela não brincava quando criança, não se interessava por coisas simples como uma boneca Barbie. Ela se desafiava mentalmente a cada minuto e ele não conseguia acompanhá-la. Nem mesmo quando ela começou a namorar um rapaz chamado Jacob, ela conseguiu se livrar de seus demônios.  

“Porém, meu filho, lembre-se que Isabella é muito nova, apesar de já ser CEO de uma grande corporação multinacional. Para sua mente, não há restrições para suas ações desde que chegue em um resultado satisfatório para ela. Ela é imatura, por mais que tenho um Q.I. alto e possua uma mente realmente brilhante. Lembre-se que ela só tem 23 anos de idade e que é completamente normal ela ter seus desvios de caráter, assim como você já teve, lembra-se?” 

Meus olhos se arregalaram quando a lembrança surgiu como um soco no estômago. O dia em que meus pais me confrotaram sobre Tanya e eu tive o pior comportamento que um filho poderia ter com pais tão maravilhosos como eles. 

A leve cortina de organza não impedia os raios solares de entrarem pela janela do quarto, batendo em meus olhos e aquecendo levemente meu rosto. O frio da Inglaterra parecia não existir dentro do quarto com o aquecedor ligado em temperatura ambiente. A bela loura que eu amava e idolatrava não estava mais ao meu lado, tendo ido para sua aula da manhã, Direito Empresarial, matéria que ela mais amava. O cheiro de seu perfurme forte de mulher decidida impregnava o linho que abraçava o fofo travesseiro de penas. Lambi os lábios lembrando-me de como o perfume dela me excitava sempre que ela deitava na cama, usando apenas ele e uma lingerie La Perla. 

A campainha soou ao longe e resmunguei, coçando os olhos ainda cheios de preguiça. O barulho se fez presente de novo e amaldiçoei quem quer que estivesse atrás da porta de mogno da entrada do meu apartamento. Entrei no banheiro para fazer minha higiene pessoal, sabendo que Erin – minha empregada – atenderia quem pertubava por esse horário. Quando os jatos de água quente bateram em meus ombros, pude ouvir uma batida delicada na porta do banheiro. 

— O que foi, Erin? – gritei, levemente irritado e sem me preocupar em ser cordial. 

— Edward, sou eu. – pude ouvir a voz suave de Esme abafada pelo som da água – Seu pai e eu estaremos te esperando na sala, podemos tomar café da manhã juntos, o que acha? Pedirei para Erin preparar a mesa. 

Xinguei baixinho, odiando a presença dos meus pais. Eu sabia que eles não eram fãs de Tanya e eu já previa minha namorada tristonha pela frieza cordial de dona Esme. Eu teria que levá-la para um belo dia de compras em alguma loja cara para tirar o sorriso triste de seu rosto. Sequei meus cabelos sem me importar com a bagunça deles, colocando a primeira roupa que vi em meu closet. 

— Bom dia, meu filho. – a sorridente Esme me cumprimentou assim que surgi na sala – É tão bom te ver depois de tantos meses. 

Abracei minha mãe e apertei a mão de meu pai, que parecia sério demais para alguém que aparentava ser tão jovem. 

— Por que não me avisaram que estavam vindo para Oxford? Eu poderia ter ido lhes buscar no aeroporto juntamente com Tanya. 

O sorriso de Esme desmorou levemente, porém, ela disfarçou belamente me guiando para a mesa de jantar já posta para um farto café da manhã. Carlisle estava emburrado, nem ao menos fingindo um sorriso. Sentamo-nos e minha mãe serviu-me como a uma criança, me fazendo sentir um pequeno calor no coração ao me lembrar de minhas manhãs na mansão Cullen de Nova Iorque, ao redor da mesa com minha família e as deliciosas panquecas de chocolate que só dona Esme sabia fazer. 

— Esme, por favor, sente-se. – Carlisle pediu, depois de bebericar uma xícara de café. – Nós viemos conversar com você, Edward. Larguei meus talheres e encarei meu pai, já sentindo que meu dia seria uma merda. 

— O que aconteceu? Meus irmãos estão bem? 

— Não finja interesse por eles, Edward. Você não liga para eles tem mais de quatro meses. – ele respondeu friamente, enquanto cortava um pedaço de bolo – Você sabe o valor da fatura do seu cartão de crédito desse mês? 

— De qual deles? – perguntei com desdém – Pelo que eu saiba, eles não possuem limites. 

— De todos, Edward! – ele se exaltou, largando a faca em um baque estridente de metal contra porcelana – Recebi uma ligação do banco falando que você andou gastando muito mais do que o comum. Em um dia você fez duas compras de £400.000 cada. O que é isso? Quase um milhão de libras esterlinas em um dia! 

— O que foi, papai? Pelo que eu sei, você nunca ligou para os meus gastos e que nosso patrimônio continua crescendo cada dia mais. O que são algumas libras esterlinas perto do que temos? 

— Não seja arrogante, Edward. – Esme me repreendeu, olhando duramente para mim, como se eu tivesse 10 anos. 

— Ele é arrogante, Esme! Esse é o problema. – Carlisle comentou, fechando as mãos em punhos – Você nunca precisou batalhar para ter seu dinheiro, Edward. Eu nunca permiti que faltasse algo para você ou para seus irmãos. Sempre priorizei seus estudos e ralei muito para vocês terem tudo do bom e do melhor. 

— Ralou muito? – eu repeti, gargalhando – Minta para jornalistas, mas não para mim. Vovô Edward lhe deixou uma fortuna que manteria gerações dos Cullen. Você apenas foi um pouco esperto, papai, expandindo os negócios. 

— Edward! – Esme gritou meu nome, completamente chocada. 

— Você é um moleque ainda, Edward! Não sabe nada da vida! – meu pai exclamou, batendo os punhos na mesa de madeira e levantando-se – Você está gastando seu dinheiro em roupas, bolsas, sapatos e jóias para Tanya! Um colar de diamantes e safiras sul-africanas pela linda bagatela de £400.000. Ah, não podemos nos esquecer dos brincos combinando e também, da pulseira e do anel! Que tipo de pessoa é essa que lhe pede para comprar um conjunto de jóias desse porte? Uma aproveitadora só pode! 

— Não fale assim de Tanya, papai! Ela é a mulher que eu amo e ela merece cada presente que eu lhe dê! Vocês não podem julgar alguém que nem ao menos fazem questão de conhecer. – esbravejei, me levantando também. 

— Eu não preciso conhecê-la para ver que ela está se aproveitando de você, filho. – mamãe falou um pouco abalada pela discussão – Nós vimos o extrato da sua conta, todos os dias e semanas é uma compra em uma loja de luxo. Somos abastados e isso não é segredo, mas tudo tem que ter controle. Seu pai não me enche de jóias uma vez por semana, por exemplo. 

— Eu não tenho culpa se ele não te ama o suficiente, então. Minhas palavras pareceram ser um tapa na cara de Esme, que começou a ficar com os olhos marejados. 

— Edward Anthony Masen Cullen! O que é isso? – Carlisle se aproximou de mim, me apontando o dedo em riste – Que tipo de comentário é esse? Eu amo sua mãe mais do que tudo no mundo, você e seus irmãos são a prova desse nosso amor! 

— Existem várias outras formas de se demonstrar amor, Edward. – Esme disse com a voz embargada, quebrada – E seu pai me demonstra todos os dias e eu o sinto todos os dias quando olho para você, para Emmett e para Alice. 

— Se você quer acreditar nisso. – dei de ombros, mordendo uma maçã – Tanya merece tudo do bom e do melhor, ela é a mulher que eu escolhi para a minha vida e assim que eu me formar a pedirei em casamento. 

— Edward, pense direito. Você foi criado para ser meu sucessor na Cullen Enterprise. Você precisa de uma mulher à sua altura, que cresça com você. Tanya é inteligente e isso é inegável, mas sua índole não parece ser boa o suficiente. 

— Cala a boca, Carlisle! – me exaltei ainda mais – Você não pode falar assim de Tanya! 

— Me respeite, moleque! Eu sou seu pai! 

— Dê-se o respeito! 

— Edward, olha como você está mudado! – Esme falou chorosa – Você nunca levantou a voz para nenhum de nós. Olha como essa mulher está mudando você para uma pessoa que não reconhecemos! Eu não reconheço meu próprio filho! 

— Chega disso, dona Esme! Pare de chorar como uma mulher ridícula e patética! 

— Edward! 

Carlisle gritou meu nome, voando em minha direção, porém o empurrei antes que sua mão aberta chegasse em meu rosto, fazendo com que ele caísse no chão. Esme me olhou espantada, colocando as mãos na boca, antes de cair sobre seus joelhos ao lado de meu pai. Eu continuei olhando para os dois, sem saber como reagir. Eu havia empurrado meu próprio pai. 

— Vamos embora, Esme. – ele pediu, com os olhos fitando o chão, a voz débil – Não temos mais o que fazer aqui. 

Minha mãe resignou-se com um balançar de cabeça e o ajudou a se levantar. Eu não consegui olhar para eles saindo de meu apartamento, ainda estaticamente observando o lugar onde meu pai havia caído. Eu quase conseguia ver a forma de seu corpo no tapete persa que cobria o chão amadeirado, como um desenho feito por um policial em uma cena de crime, usando apenas um pedaço de giz branco. Alguns longos minutos se passaram e eu finalmente saí de meu estado letárgico, percebendo que há muito eles haviam partido. 

Peguei minhas chaves e saí de minha casa, sentindo meus pulmões ardendo por falta de ar, já que ali ele parecia mais pesado e sufocante. Andei pelas frias ruas de Oxford sentindo minhas bochechas congelando. Andei em círculos, talvez com a esperança de avistá-los em algum local próximo. Depois de algumas horas, minhas pernas doíam e eu entrei no primeiro bar que avistei, pedindo uma dose de whiskey. Não fui para minha aula na faculdade e continuei no bar, bebericando algumas doses e sentindo a letargia do álcool em cada célula de meu corpo, como se me ajudasse a esquecer o que eu havia feito. 

Voltei para casa no ínicio da noite, muito mais cedo do que eu chegava quando ia para as aulas. Abri a porta pesada e observei duas taças com um resto de vinho tinto na mesinha de centro da sala, mas eu não me lembrava de meus pais terem bebido, ainda mais tão cedo pela manhã.  

No corredor, havia uma camisa branca masculina jogada no chão e um salto preto que Tanya havia pedido para mim há duas semanas. Caminhei meio apático pelo corredor e pude ouvir a leve risada sensual dela. 

— Jay! – ela soltou um gritinho excitado – Oh! Assim! 

Meu coração parou por um segundo ao ouvir o nome de meu amigo de faculdade. Aproximei-me de meu quarto, que tinha a porta encostada e ouvi gemidos que embrulharam meu estômago. Eu podia sentir o gosto de vômito em minha boca. 

— Porra, Tanya! – Jay gritou – Isso! Rebola! 

— Oh Jay! 

A porta parecia quente sob minha mão, conforme eu a empurrava. Tanya estava em cima de Jay, em nossa cama king-size, rebolando e cavalgando em meu amigo como uma puta de esquina. 

— Eu sou melhor que ele? Fala que eu sou melhor que ele. Quem te come melhor? Quem? 

— Você, Jay! – ela gemeu – Oh meu Deus, você é melhor que o Cullen maldito. 

Foi incontrolável. Minhas mãos começaram a bater palmas sem que eu percebesse, para o grande teatro grotesco que eu assistia. 

— Edward! – Tanya gritou, se enrolando em um lençol – Edward, meu amor, eu posso explicar. 

A voz assustada dela me fez sentir ainda mais ânsia e eu respirei fundo tentando não vomitar. 

— Cara, nós podemos explicar. 

Eu não me aguentei ao ver Jay em pé, com seu membro ereto e sua cara de pau. Ele era meu parceiro, meu amigo e até mesmo confidente em algumas vezes. Voei para cima dele e o primeiro soco o derrubou ao lado da cama, o prensando entre ela e a parede. Os seguintes socos foram dados sem nem ao mesmo sentir que minha mão quem os desferia. Tanya gritava igual a biscate desequilibrada que era, o que chamou a atenção dos seguranças que ficavam comigo conforme Esme havia mandado quando me mudei para Inglaterra. Um deles me tirou de cima de Jay, que já estava desacordado, enquanto outro tentava o levantar. 

— Você quase o matou, Edward! Você está louco? – Tanya exclamou, tentando se esconder sob o lençol e indo em direção ao desacordado – Você perdeu a cabeça? O que isso teria nos custado? 

— Nos custado? Vá à merda, Tanya! – me soltei de meu segurança, que me encarava um pouco assustado – Você e eu não somos mais um nós! Sai, sai da minha vida, sua infeliz miserável. 

— O quê? Eu te amo, você não tá pensando direito, vamos sentar e conversar, eu farei um chá para nós tormarmos enquanto conversamos sobre isso, querido. Ela falava atropelando as palavras e gesticulando nervosa, lançando olhares para Jay ensanguentado e meus seguranças taciturnos. Antes que ela tentasse algo para me enrolar, eu agarrei seu braço e a arrastei para fora do quarto. 

— Você vai embora agora, Tanya! Chega! – eu gritei a encaminhando para fora do meu apartamento – Anda, vamos! Saia da minha vida! 

— Edward, deixe eu me vestir! 

Eu abri a porta, a empurrando em direção ao elevador. 

— Vá embora como a vadia que você é! Fechei e tranquei minha casa, ignorando as batidas e gritos histéricos dela. Dei ordens para que sumissem com Jay da minha frente e que Erin organizasse as coisas de Tanya para lhe entregar amanhã, encaixotando apenas as coisas que eram dela, sem deixá-la levar uma mísera meia que eu havia comprado. 

Depois do triste episódio com Tanya, tentei ligar para os meus pais, porém não fui atendido. Viajei para Londres, me instalando na mansão Cullen londrina e indo esporadicamente para Oxford, já que eu fazia poucas matérias por estar no último ano. Lilly contou para os meus pais o que havia acontecido, salientando minha depressão e tentando consertar meus erros. Vendi o apartamento de Oxford e algumas das jóias que havia dado a Tanya. As roupas e sapatos, que eu havia comprado para ela, foram doadas para uma instituição de caridade que faria um bazar com as várias peças e usaria o dinheiro da venda para se manterem por alguns bons meses.

 - Edward? Está me ouvindo? 

Balancei a cabeça e me foquei novamente nos olhos azuis de meu pai, que compreendia para onde minhas lembranças havia me levado. 

— Esfrie a cabeça e converse com a menina Swan. Vocês dois são explosivos demais e precisam estar calmos para uma conversa assim. Restaure sua confiança nela, meu filho. Vocês se amam e isso é apenas um mal entendido. 

— Obrigado, pai. 

Carlisle sorriu ternamente, sabendo que eu não o agradecia apenas pelo conselho. Havia tanta bondade nele que eu me perguntava se um dia o daria tanto orgulho quanto eu sinto por ele. Ele se levantou indo em direção à porta e apertando meu ombro no caminho. 

— Todos erram, meu filho. Perdoar é divino. 

Ele fechou a porta atrás de si e me deixou sozinho em seu escritório. Respirei fundo, sentindo seu perfume em cada canto daquele recinto e percebendo o quanto eu me sentia em casa. Peguei meu celular e abri as mensagens, lendo algumas de Bella pedindo para conversar e outras de Rosalia, preocupada com a irmã e comigo. Meus dedos digitaram uma resposta breve e rápida para a loura e outra um pouco maior para a morena. Eu esperaria Isabella voltar de viagem para me acertar com ela. Em poucas horas ela estaria em meus braços, me fazendo perceber que eu tenho outro lar tão importante quanto os dos meus pais. 

 

(POV Narrador) Domingo, rodovia I-95, 23h49min 

O Lexus preto corria suavemente pelo asfalto da rodovia em direção à intensa cidade de Nova Iorque. No banco de trás, a jovem morena digitava em um notebook enquanto escutava uma doce melodia de Brahms. Seu humor havia melhorado consideravelmente, apesar de todos os problemas na fábrica em Filadélfia. O motivo? A mensagem de seu namorado, pedindo para conversar. Ela sabia que tudo ficaria bem apesar de suas atitudes não tão boas. Afinal de contas, o amor curaria as mágoas, não é? Os contos de fadas que leram para ela na infância serviam para essa esperança. 

— Em 40 min chegaremos à cidade, srta. Swan. – o motorista avisou, fazendo crescer a ansiedade no estômago da pequena mulher – Devemos ir para a mansão Swan ou para a cobertura? 

— Para a cobertura, por favor. – ela respondeu nervosamente, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha - Obrigada. 

Com um pequeno aperto de botão, o principal segurança de Isabella, que estava no banco do passageiro, avisou aos outros através de um rádio interno de comunicação. Dois Land Rover faziam a proteção da Swan, um à frente e outro atrás do sedan de luxo, sendo que cada carro tinha um par de seguranças fortemente treinados pessoalmente por Brad Johnson. 

A rodovia tinha pouco movimento e apenas alguns carros passavam por eles. Isabella fechou o notebook e tentou se espreguiçar no espaço entre os bancos, pois suas pernas doíam pelo salto alto que usava e sentia suas costas tensas pelos problemas profissionais e mais ainda pelos pessoais. Sua cabeça continuava girando em torno da discussão do dia anterior com Edward Cullen e suas mãos tremiam ao lembrar-se do olhar frio que as esmeraldas que ele tinha como orbes lhe dirigiram. Ela amava o Cullen com todas as suas forças e sentia-se perdida ao imaginar lhe perder. Talvez ele não soubesse, mas havia modificado a vida da pequena Swan como nunca ela imaginou ser possível. 

Os problemas com a personalidade intransigente de Isabella sempre fez as pessoas se afastarem dela, por medo ou por não saberem lidar. Até mesmo Rosalie se distanciava da irmã quando não conseguia compreender as ações ou pensamentos da jovem. A infância de Isabella havia sido difícil em partes, já que não se interessava pelos mesmos assuntos que os irmãos e não conseguia se focar em pequenas conversas. Os ultrapassou rapidamente na questão acadêmica e viu-se sozinha no mundo ao completar os estudos, contando apenas com o pai que sempre a instigava. Charlie Swan era um homem brilhante e sempre estimulou a filha prodígio, sem tratá-la diferente. Renée, apesar de um mãe amorosa, não conseguia chegar na filha com a mesma facilidade de Charlie, se perdendo muitas vezes na mente avançada da criança. 

Quando Isabella permitiu a entrada de Edward em sua vida, percebeu que era fácil se comunicar com ele, mesmo ambos sendo geniosos. Cullen era poder em duas pernas e se tornava alguém que conseguia bater de frente com a Swan, sem se deixar intimidar. Ele a respeitava, a admirava e a amava com toda a sinceridade e ela via isso em seus olhares. O verde havia se tornado sua cor preferida justamente por esse motivo. Ela nunca imaginou, porém, que encararia tanta frieza ao olhar para os olhos verdes de Edward. Vergonha, raiva e impotência a atingiram como um soco ao vê-lo dando-lhe as costas e saindo do apartamento que já havia se tornado lar de ambos. Ela nunca se sentiu tão envergonhada por suas atitudes, já que mesmo tendo o discernimento de que elas eram egoístas, Isabella se regojizava por saber que não havia deixado ninguém a humilhar como o Hathaway planejou. Nem mesmo quando as ações de James ameaçaram todos, ela conseguiu sentir-se mal por ter destruído todo o patrimônio da família do herdeiro. Ela sabia que conseguiria proteger todos da loucura dele, mas não se conseguiria fazer o mesmo com o seu relacionamento. 

— Sr. Johnson? Surgiu um carro há uns 10 min atrás do nosso, porém ele não nos ultrapassa. – uma voz grave surgiu pelo auto-falante do carro. 

— Iremos desacelerar e dê sinal para que ocorra a ultrapassagem. – Brad ordenou, passando as ordens para o carro da frente. 

O carro perdeu a velocidade minimamente e Isabella olhou entediada para janela, observando o breu da estrada e a pequena movimentação de ultrapassagem. Porém, a robusta caminhonete emparelhou com o Lexus por breves segundos, fazendo a herdeira perceber que algo não estava certo. 

Ao abrir a boca para falar para seu segurança de confiança tomar cuidado, o carro ao lado atirou em direção ao carro de segurança da frente, acertando alguns tiros na fuzelagem blindada e principalmente no pneu traseiro que furou fazendo com que o carro, que estava distante a alguns metros, perdesse o controle e colidisse bruscamente em uma árvore. 

— Srta. Swan, proteja-se! – Brad bradou, porém Isabella continuou atônita olhando pela janela – Alguém faça alguma coisa com esse sujeito! – ele ralhou pelo canal interno. 

Tiros foram ouvidos, tanto do carro emparelhado quanto do carro de segurança que os seguia. O Lexus acelerou tentando ultrapassar o carro do atirador, mas a caminhonete também, jogando o carro em alta velocidade contra o sedan. Ao tentar desviar, o motorista perdeu o controle e o carro de luxo perdeu sua estabilidade, capotando diversas vezes e só parando em meio às árvores. 

A caminhonete parou fora da estrada e começou a atirar contra o carro capotado, porém os seguranças do Land Rover que sobrara avançaram ferozmente contra ela. A caminhonete foi jogada para longe, com a lateral completamente amassada. Os guarda-costas saíram do carro, um em direção ao atirador e outro em direção ao Lexus. 

Brad se arrastava para fora do sedan, através da janela quebrada, não se importando com o vidro que perfurava sua pele. Sua mão esquerda encontrava-se quebrada, assim como o pulso. Seus ossos pareciam congelados, com dores lascinantes e ele se questionava o quão danificada estava a sua mão. O frio atingiu sua espinha ao observar que não se ouvia som de dentro do carro. O outro segurança o alcançou, deslizando pelo barro que encobria o chão e olhando em choque o estado de seu chefe, que tinha a mão entortada de um jeito não natural, com sangue pingando de seu rosto e braços. 

— Veja a srta. Swan, enquanto eu tento checar o Carl. – Brad pediu aos sussurros, sentindo sua garganta arder e seu corpo protestar pelo esforço. 

Ian se agachou ao lado da janela quebrada de Isabella e a observou caída de forma estranha, segurada pelo cinto. Havia algo perfurando o abdôme da herdeira, assim como vários ferimentos no rosto da bela morena. Sangue escorria pelo supercílio direito dela, assim como pelo nariz e o airbag estava estourado e murcho à frente dela. Ele tentou alcança-la, mas parou, com medo de piorar seus ferimentos. Levantou-se e ouvindo alguns gritos e tiros vindos da beira do asfalto, se jogou no chão enlameado e procurou por vazamentos na lataria do carro com medo de que acontecesse alguma explosão. 

— Oh meu Deus, me perdoe! - a voz esganiçada de Brad foi ouvida e Ian correu até ele – Carl está morto. 

Ian pode ver o motorista com a cabeça torta, olhos abertos e um filete de líquido rubro deslizando pela lateral da boca, enquanto o airbag abraçava parte do rosto dele de forma estranha. Havia um pedaço de ferragem perfurando o lado esquerdo de Carl, bem em direção ao coração. Com as mãos trêmulas, Ian alcançou o celular no bolso interno de seu palitó, discando rapidamente o número de socorro. 

— 911, qual sua emergência? 

Band-aids don't fix bullet holes

(Band-aids não consertam buracos de bala)


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Perdi a mão depois de quatro anos ou posso continuar?

Indiquem a fanfic aos amigos, comentem muito e recomendem também, porque são essas demonstrações que mostram à nós - autores - que estamos fazendo algo certo.

Beijos, beijos.

Próximo capítulo: "The One That Got Away"