O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 68
2x21 - Culpa


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pelo tempo fora, amores! Quase não consegui escrever, não tive tempo... Mas agora estou aqui e já vou postar os últimos dois capítulos do livro dois :)



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Eu já havia experimentado remédios para dor antes, então agora reconhecia o efeito paralisante que causava; você quer acordar e abrir os olhos, mas a droga não deixa seu corpo seguir os comandos de sua mente. Então você respira fundo e espera algum tempo, até que finalmente consiga despertar inteiramente.

Ainda que pudesse abrir os olhos, eu não quis. Primeiro tentei adivinhar que fatos poderiam ter ocorrido para que eu acabasse medicada e no hospital – e eu sabia que estava em um hospital, por que podia ouvir o bipe constante que devia estar monitorando o meu corpo. Não consegui lembrar o que acontecera. Talvez alguém pudesse esclarecer a confusão em minha cabeça se eu acordasse.

E foi isso que fiz.

A claridade me cegou por um momento, e eu não consegui distinguir mais do que sombras difusas. Alguém se curvava sobre mim. Eu não sabia quem era, mas então ele falou e eu reconheci a voz imediatamente.

Jacob.

–Shh, calma. Pode voltar a dormir.

–Não... – disse com a voz engrolada. – O que aconteceu?

Mal enxerguei quando ele colocou seu rosto bem à frente do meu.

–Você já acordou e voltou a dormir umas dez vezes hoje. A gente conversa quando você estiver completamente bem.

Então imagens perturbadoras atravessaram minha mente. Era muito confuso. As lembranças eram apenas flashes borrados, mas todas elas me causavam medo e angustia. Então a última delas se grudou em meus olhos. Era de Leah.

Leah caindo de um abismo para me salvar de uma sádica.

–Jacob, o que houve? Ela caiu... Leah caiu. – minha respiração começou a falhar devido ao choro que subia por minha garganta. Eu ainda não conseguia ver direito então não pude identificar a expressão no rosto de Jacob.

–Enfermeira! – ele chamou. Ele deveria estar com medo que eu estivesse tendo um ataque. E talvez eu estivesse mesmo, senão por que o bipe ao meu lado estaria apitando em frenesi?

Ouvi a porta abrindo-se e em seguida a voz da enfermeira tentou me tranquilizar:

–Está tudo bem, você está em um hospital. Precisa se acalmar.

–Não! – disse mais alto. Jacob não estava à minha vista. Agora a enfermeira bloqueava a minha visão, que já estava ruim. – Jacob, o que aconteceu com a Leah? Ela está bem?

Jacob não respondeu e eu temi que ele tivesse ido embora. Meu coração batia aceleradamente assim como o bipe, que tocava além do limite agora. Então senti as mãos geladas da enfermeira tocando meu braço, e em seguida a agulha empurrou mais uma dose de sedativo em minhas veias.

Acordei novamente, ofegante e assustada. Sabia que já havia acordado anteriormente, mas só agora os acontecimentos da batalha me atingiam completamente. Não fazia ideia de onde estava. Havia uma única fonte de iluminação, vinda de um abajur ao lado da cama, e com a ajuda dela pude ver que estava em um pequeno quarto. Parecia de um hotel, pela decoração impessoal.

Girei minhas pernas para fora da cama e senti imediatamente a dor na perna direita, que estava enfaixada. É claro que todo o resto do meu corpo também doía, mas decidi ver os estragos depois. Agora precisava saber se todos estavam bem.

Experimentei colocar o peso do corpo na outra perna e tentei caminhar, apoiando o braço na borda da cama.

–Você não deveria estar fora da cama.

Levantei o rosto e encontrei Alice, parada à porta. Ela veio energicamente até mim e tentou me empurrar de volta à cama.

–Não, Alice. – afastei suas mãos. – Jacob está bem? Onde ele está? E os outros?

–Você faz muitas perguntas para alguém que acabou de acordar. – ela desistiu de me colocar na cama e suavizou a voz. – Jacob está cuidando de algumas coisas. Vai estar aqui em alguns minutos.

–Leah está bem? – a ansiedade transparecendo em minha voz.

Ela desviou os olhos de maneira vaga e hesitante.

–É melhor você voltar a deitar.

O sangue em minhas veias pareceu congelar à medida que o medo apoderava-se de mim.

–Alice, onde está Leah?

Ela não me respondeu, e eu fui lentamente entendendo o que aquilo significava. A última coisa que eu vira fora Leah caindo da montanha. Era muito alto... Ela não poderia se curar...

O choro escapou de minha garganta e eu caí sentada na cama.

Não podia ser... Ela não poderia ter morrido...

–Agatha, eu sinto muito. – disse Alice colocando as mãos em meus ombros. Tentei ver seu rosto, mas as lágrimas em meus olhos me impediram.

Eu me sentia vazia e sem respostas para o que estava acontecendo. Era difícil de acreditar, como se tudo isso fosse um pesadelo. Por que os pesadelos sempre parecem piores quando estamos prestes a acordar.

–Meu Deus... – disse com a voz embargada. – E o Seth? Ele deve estar arrasado... E a Sue! Eles já perderam o Harry e agora...

O choro ficou mais agudo e logo eu estava ficando sem ar.

–Shh. Acalme-se. – Eu não sabia dizer se Alice estava mais pesarosa ou preocupada com o meu estado. – Você não pode se agitar muito.

Tentei conter os soluços, mas o ar continuava a entrar apenas superficialmente. Havia algo a mais tentando sair de dentro de mim, porém me contive. Por que eu tinha a sensação de que se falasse, tornaria tudo pior.

Era culpa.

Por que Leah caíra tentando me salvar. E para começo de conversa eu nem deveria estar no meio da luta. A culpa era minha...

A percepção desse fato apenas provocou uma nova crise de choro. Alice continuou tentando me acalmar, e depois de algum tempo eu finalmente consegui me fazer calar.

Minha cabeça parecia pesada, e eu me sentia fria demais mesmo depois de Alice ter colocado uma manta sobre meus ombros. Meus olhos ardiam devido às lágrimas que secaram coladas ali.

–O que aconteceu depois que eu apaguei? – perguntei depois de algum tempo. Ela respirou fundo; como se estivesse tentando se decidir se era seguro ou não me contar. Por fim, ela de ter decidido que eu estava controlada o suficiente para aguentar.

–Todos ficaram meio sem reação quando ela... caiu. Seth correu montanha a baixo, e nesse meio tempo Emily fugiu por que, obviamente, nada aconteceu a ela. É claro que ninguém se preocupou em persegui-la na hora. Edward ligou para Carlisle e ele veio imediatamente, mas... Já era tarde demais.

–Os ferimentos foram muito graves? – perguntei com a voz cortando.

Ela concordou com a cabeça, de repente emocionada também.

O fogo ardeu dentro de mim quando visualizei Emily fugindo. Ela não iria parar nunca...

–E Joham? Ele fugiu?

Agora os olhos dela queimaram.

–Aquela menina facilitou a fuga para ele. Quando vocês chegarem lá, ele já estava a quilômetros de distância.

–Edward disse que ela tinha dons muito perigosos, e quando eu cheguei lá Jacob estava desmaiado... O que ela fez?

–Aparentemente ela tem o poder de tirar as forças vitais de uma pessoa. É como se ela fosse sugando cada gota da energia de alguém até finalmente matar.

–O quê? – engasguei-me. – Mas o Jacob...

–Calma. – ela me interrompeu. – Eu já disse que ele está bem. Bella chegou bem a tempo. Não que o escudo dela fosse adiantar de alguma coisa, já que ele só pode proteger dos dons que afetam a mente, mas mesmo assim a menina ficou apavorada quando a viu.

–Ela parecia muito assustada mesmo. – comentei com a voz morta, lembrando da menina franzina. Ela não se parecia com as irmãs, a não ser pelo cabelo loiro como o de Emily, mas algo em sua expressão a diferenciava das outras. – O que aconteceu com ela?

Alice deu um meio sorriso contrariado.

–O que está acontecendo com ela. Ela disse que não queria lutar ao lado de Joham, e agora pediu nossa ajuda. Carlisle está decidindo se vai deixá-la ficar conosco ou não.

–O quê? – não me importava se ela declarasse inocência, não depois de ter visto Jacob largado no chão e totalmente indefeso. – Não, não podem fazer isso! E se ela aprontar alguma?

–Ela explicou tudo e Edward confirmou que ela não está mentindo. Aquilo que Nahuel falou sobre ela ter fugido é verdade. Assim que os Volturi puseram os pés no esconderijo de Joham, no Brasil, ela fugiu com medo de que eles pudessem querer seus talentos. Mas um dos vampiros de Joham conseguiu localizar ela, e o próprio pai veio a mantendo em cativeiro.

Isso tudo era informação demais. Eu me sentia nauseada e cansada para sequer tentar saber se Ayane era o que estava dizendo ou era apenas mais uma cobra que esperaria quietinha para dar o bote. Eu simplismente não sabia, e talvez não importasse, por que no minuto seguinte a pessoa que eu mais esperava ver desde a noite antes da batalha, chegara à porta do quarto. Mal registrei a saída de Alice. Acho que ela disse algo como: “vou deixá-los a sós”.

Jacob me observou com um misto de alívio e pesar, antes de atravessar o quarto e me levantar da cama para um forte abraço. Meu corpo inteiro se relaxou ao senti-lo perto de mim novamente. Ele afundou o rosto por entre meus cabelos, e eu o apertei o máximo que pude, para sentir que ele nunca mais escaparia de mim. Por que eu não poderia correr o risco de perdê-lo novamente...

–Você está bem? – Jacob perguntou assim que nós separamos. – Eu tive que tirar você do hospital, eles queriam fazer exames em seu sangue... Fiquei preocupado o dia inteiro. Você está bem?

Algo trancou minha garganta e eu não consegui responder. Por que vê-lo preocupado só me fazia lembrar que eu não cumprira minha promessa de ficar de fora. E por causa disso Leah estava...

Novamente a crise de soluços me atingiu, dessa vez mais forte ainda.

–Me desculpe, Jake. – disse sem ar.

–Ei, ei. Calma. – Jacob sentou na cama e me colocou em seu colo. Ele afastou os cabelos em meus olhos e me fitou intensamente. – Por que está se desculpando?

–A culpa foi minha. – consegui dizer. – Se eu não tivesse ido até lá, Leah não teria precisado me salvar.

Ele pareceu não acreditar no que eu havia acabado de dizer.

–O quê? Agatha, como você pode se culpar por uma coisa dessas? – ele beijou meus lábios levemente. – Não diz mais isso, tá bem? O que aconteceu com Leah foi... – ele teve dificuldades para falar, percebi que seus olhos estavam vermelhos e inchados.

–Eu sei. – sussurrei afagando seu rosto. – Eu só queria que as coisas pudessem ter sido diferentes...

–Eu também. Mas eu estou feliz que você está aqui. Não poderia aguentar se não estivesse.

–Então você não está bravo comigo? – perguntei baixinho. – Por eu ter convencido Seth a me levar até lá?

–Claro que não. – ele respondeu imediatamente. – Eu só queria que você ficasse segura – sua voz ficou dura de repente. –, mas aparentemente me enganei ao deixar você naquele casebre.

Seus olhos recaíram em minha perna enfaixada e depois nos vários cortes em minhas mãos.

Enterrei meu rosto em seu peito e ele encostou sua bochecha em minha testa. Ficamos quietos assim por um bom tempo. Aproveitando um ao outro. Eu sentindo o seu calor que irradiava por todos os cantos nesse pequeno quarto. Jacob conseguira me acalmar de uma maneira que ninguém poderia. Por que só ele tinha esse efeito sobre mim.


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