O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 39
Mau comportamento




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O que mudou?

Essa pergunta me consumiu pelo fim de semana inteiro. Eu passava todo tempo trancada em meu quarto apenas tentando entender a confusão que era a minha mente. Devia ter arrumado as malas para voltar para escola, mas não o fiz. Eu não tinha vontade nenhuma de sair da cama.

Domingo à noite, eu estava mais uma vez deitada em minha cama olhando para o teto quando alguém bateu à porta.

-Entre. – disse. Mamãe entrou e sentou-se ao meu lado.

-Tem certeza que quer voltar para a escola?

-Claro que tenho. – respondi levantando-me. – Por que pergunta?

Ela olhou à volta.

-Você ainda não arrumou nada.

Deu um meio sorriso.

-Hmm, eu estava pensando em fazer isso agora mesmo. Pode deixar mãe, amanhã estará tudo pronto. – fiz cara de boazinha. Acho que ela caiu.

-Tudo bem, se você tem certeza... Boa noite filha. – ela beijou o topo da minha cabeça.

-Boa noite, Mãe. – e ela saiu do quarto me deixando novamente sozinha com meus pensamentos.

Suspirei indo até o armário. Se eu tivesse que fazer isso seria melhor fazer o mais cedo possível. Depois de uma hora e meia, já havia arrumado tudo o que levaria.

Decidi ir dormir já que amanhã acordaria cedo.

***

De manhã bem cedinho, mamãe me levou para a escola. Era um pouco longe da minha casa, de modo que quase dormi no caminho. Encontramos Ane no saguão. Ela sorriu e me abraçou com força. Depois de mil e uma recomendações para que eu me cuidasse, mamãe foi embora.

Eu não lembrava muito desses corredores, mas Ane me ajudou a achar meu quarto. Apesar de lembrar vagamente das minhas colegas de quarto – assim como um punhado de colegas meus. – eu estava nervosa em encontrar essas pessoas.

-Então, aqui é o seu quarto. – disse Ane apontando para o quarto número 23.

-Acho que elas são legais, não? – perguntei fazendo uma careta.

-É. Elas são. Tenho matemática com elas. – ela sorriu me encorajando. – Acho melhor você entrar, o sinal já vai tocar.

-Tudo bem, eu te vejo mais tarde. – falei olhando fixamente para a porta.

-E Agatha, não se preocupe vai dar tudo certo. Logo, logo sua vida irá voltar ao normal.

-Obrigada Ane. – sorri apesar de achar difícil um dia minha vida voltar a ser normal. Ela saiu em direção a sua sala e eu adentrei o quarto.

De cara encontrei com duas garotas; uma ruiva e outra morena. A ruiva se adiantou.

-Oi você voltou! – ela me abraçou e eu retribuí meio sem jeito.

-Thallita, ela nem deve se lembrar da gente. – disse a outra que deveria ser Carolina.

-Ah, é mesmo. Ane nos contou. – ela sorriu e deu um tapinha na testa. – Você está bem?

-Estou sim, obrigada. E vocês?

-Estamos bem sim. – disse Carolina.

Larguei minha mala em cima da única cama vazia que deveria ser minha.

-Ah que ótimo, eu tenho história agora. – reclamou Thallita. – O que você tem Agatha?

Peguei o meu horário no bolso do jeans.

-Hã... Eu tenho Biologia. – respondi ao mesmo tempo em que o sinal anunciava o começo da aula.

As meninas me disseram onde era a minha sala e corri até lá. Por sorte o professor não havia chegado ainda ou eu teria problemas logo no primeiro dia. Bom, meu primeiro dia. Sentei-me num lugar bem à frente para acompanhar a aula. Algumas pessoas me olhavam de esguelha, mas nunca falavam comigo. O professor chegou e começou sua aula. Tentei ao máximo prestar atenção e desviar meus pensamentos dos comentários nada discretos de algumas pessoas da sala.

Ao intervalo, estava a caminho do refeitório quando três garotas passaram por mim falando aos cochichos. Por um momento achei que estivessem falando de mim, mas depois conclui que estava sendo paranóica. Avistei Ane e Kevin e fui até eles sentando-me na mesa.

-Oi gente. – cumprimentei-os.

-Oi Agatha, como está? – perguntou Kevin.

-Estou bem, obrigada.

-Como foram as aulas, está acompanhando? – continuou Ane.

-Sim – sorri. –, graças a você estou conseguindo entender tudo. Obrigada Ane.

Fui até a cantina pegar algo para comer quando esbarrei em alguém.

-Ai desculpa. – disse sem ver quem era.

-Ah, só podia ser. – disse uma voz desagradável. Deparei-me com Giovanna. É claro que eu lembrava dela. A garota que eu brigara nos primeiros dias de aula. Era incrível como aquela lembrança em particular era tão nítida. Revirei os olhos e ia seguir na mesma direção que ia antes quando ela segurou meu braço.

Alguns alunos pararam de comer para nos olhar.

-Fiquei sabendo que você bateu a cabeça e perdeu a memória. – ela disse ironicamente. – Você está bem? Quer dizer, seria terrível se você ficasse com mais danos cerebrais do que já tem...

Sorri maliciosamente puxando meu braço de volta.

-Bem, pelo menos eu tenho um cérebro para danificar.

Seu rosto ficou vermelho e ela chegou bem perto de mim.

-Você se acha muito espertinha, não é?

-Não, é sarcasmo mesmo. Procure no dicionário. – ri e fui acompanhada por alguns garotos que estavam perto. Ela perdeu a cabeça quando os viu rindo dela e veio para cima de mim com uma mão levantada. Recuei, não por medo e sim por que uma voz adulta ecoou no refeitório.

-Posso saber o que está acontecendo aqui?

Uma mulher com roupa de ginástica – devia ser professora de Educação Física – nos olhava com indignação. Todos que estavam observando minha discussão com Giovana se afastaram lentamente. Covardes.

-E então? – a professora arqueou as sobrancelhas esperando por uma resposta. Foi Giovana quem a deu.

-Não é nada, só estávamos conversando. – fitei-a incredulamente. Onde estava toda a sua pose de confiança agora?

-Ah, é claro que estavam. Acompanhem-me até a diretoria. O resto de vocês pode voltar para suas mesas.

Todos obedeceram, olhei para Giovana querendo matá-la. Eu não acreditava que estava sendo chamada na diretoria no meu primeiro dia e era tudo por culpa dessa patricinha!

Seguimos a professora até a diretoria. Ela bateu na porta e a diretora de quem eu não lembrava o nome chamou-nos para entrar.

-O que aconteceu? – ela perguntou. Eu realmente não me lembrava dela, apesar de sua aparência ser bastante chamativa. Ela não parecia uma diretora e sim uma ex modelo em ótima forma.

-Peguei essas duas brigando.

-Isso não é tecnicamente verdade. – soltei sem pensar.

-Ah, é mesmo? – perguntou a diretora.

-Sim, apenas estávamos tendo uma divergência. – ri. Giovana me olhou como se me achasse louca. Não me importei, talvez eu fosse mesmo.

-Aqui não é o lugar para gracinhas dona...

-Agatha.

-E também não é o lugar para brigas e nem divergências. – ela se dirigiu a Giovana. – E qual é o seu nome?

-Giovana. – ela respondeu baixo. Ela tinha mesmo medo de se encrencar ou apenas estava se fazendo de boazinha?

-Já que foi a professora Carla que as achou, vou deixá-la cuidar do castigo de vocês. Uma semana de exercícios extras na quadra depois da aula.

-O que? Não pode estar falando sério não é? – exclamei enquanto Giovana expressava sua revolta completamente muda.

-Você está me questionando? – ela perguntou com autoridade.

-Ah, desculpa. Esqueci que aqui é proibido divergências. – o que estava acontecendo comigo? A diretora apenas me olhou de cima a baixo e disse:

-Duas semanas.

Já fora da sala, Giovana esperou a professora sair de perto para dizer:

-Você é mesmo demente! Por que ficou falando aquelas coisas? Agora teremos que ficar mais uma semana de castigo!

Eu quis responder, mas nem eu mesma sabia por que fora tão grossa com a diretora. Quer dizer, eu estava errada!

Giovana saiu a passadas fortes, e eu a segui sem saber exatamente aonde ir.


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