O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 18
Tarde na garagem


Notas iniciais do capítulo

Geeeeente eu fiz uma pequena confusão aqui :S
Esqueci de postar este capítulo aqui, na verdade ele vem antes de "Reunião" sorry!



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A gargalhada de Seth me fez pular de susto no sofá. A noite insone estava me custando caro e eu mal prestava atenção à comédia que passava na TV.

Eu estava cansada, mas não era nada comparado ao cansaço mental que me apoderava. Eu estaria preparada para ouvir o que quer que o conselho tivesse a dizer? Eu não sabia a resposta.

Acabei adormecendo no sofá e acordei com o barulho da forte chuva que caía. Estava escuro, acendi o abajur na mesa ao lado do sofá onde havia um bilhete: “Saí para a patrulha, vejo você mais tarde na reunião dorminhoca, Seth”.

Fui ao banheiro, lavei o rosto e fui comer alguma coisa. Eu me sentia melhor agora que havia dormido um pouco, estava mais desperta.

Preparei um macarrão instantâneo e fui comer em frente a TV. Troquei de canais até achar um romance promissor. Quando terminei de comer, ouvi uma batida na porta e fui atender.

–Oi Jacob. – cumprimentei-o surpresa.

–Oi. – ele sorriu. Jacob estava um pouco molhado pela chuva

–Entre.

Fomos até a sala.

–Não estou incomodando, não é? – ele perguntou.

–Não, claro que não.

Sentamos no sofá. Jacob olhou para a TV com um misto de sarcasmo e curiosidade.

–O que você está vendo?

–Hum, é um romance... Eu não sei o nome.

Ele continuou olhando o filme e rindo, não era um riso natural, era amargurado. Aí eu entendi: O enredo do filme era o de uma garota que amava dois homens ao mesmo tempo. Mudei de assunto rapidamente.

–Então, hã, como é essa tal reunião?

–Ah, não é nada demais. – ele prestava atenção em mim agora e não ao filme. – Nós nos reunimos e os lideres do conselho contam lendas do passado.

–Huum, e você têm alguma ideia do que eles vão falar?

A expressão no rosto de Jacob fora a mesma de ontem antes de eu cair.

–Não, eu não sei.

–Sabe sim. – acusei.

–Por que você acha isso?

–Por que Billy sabe e ele provavelmente lhe contou. – cerrei os olhos.

Ele suspirou desistindo.

–Tudo bem, eu sei. Mas não posso contar nada.

–Por quê? – minha voz ficou aguda.

–Por que eles precisam contar pessoalmente. E eu não entendi direito também.

Fiz um beiço.

–Por favor, Jacob me conte. Sue me falou ontem à noite que eu precisava me preparar para o que eles teriam a dizer e eu estou morrendo de curiosidade.

–Não, nem pensar.

–Argh! – cruzei os braços, brava.

–Ah não fique brava, vai. – pediu Jacob.

Não respondi e Jacob chegou mais perto.

–Não vai falar comigo?

–Hum-hum.

–Não vai mesmo? – ele aproximou seu rosto do meu, seu hálito quente soprou em meu rosto.

–Não. – murmurei enquanto me afastava para a ponta do sofá. Eu não podia cometer deslizes.

–Tá legal, você quem sabe. – ele riu.

Eu duvidava muito que conseguisse ficar sem falar com ele, mas era muito injusto que houvesse um segredo e eu fosse a última a saber!

–Tudo bem Jacob, você venceu. Eu não vou ficar brava. – desisti.

–Eu sabia.

–Seu pretensioso! – disse em falsa indignação.

–Não, sério. Eu não posso contar. – seu rosto já não era brincalhão.

–Eu sei. – suspirei. – É que eu estou tão nervosa, eu nem consegui dormir à noite.

–Ah não se preocupe com isso, daqui a pouco chega à hora da reunião e tudo vai acabar.

Sorri. Jacob sabia como acalmar alguém.

–Tudo bem. Você está certo, eu vou relaxar.

–Que bom. – ele se levantou. – Porque eu vou te levar lá para casa.

–O quê?

–Bom, eu não vou ficar aqui vendo romances. – ele virou os olhos. – Então vou te mostrar algo que valha a pena ver.

–E o que tem em mente? – perguntei levantando-me também.

–Bem, ontem você me disse que gostava de carros.

–Sim? – encorajei-o.

–Então eu achei que seria legal se a gente fosse para a minha garagem. Se você quiser, é claro. – ele conclui meio inseguro. Perguntei-me o porquê disso.

–Claro que eu quero!

–Que bom, então vamos?

–Vamos.

Ainda chovia lá fora, me molhei um pouco no trajeto até o Rabbit de Jacob. Lembrei-me que devia ter pegado um casaco... Mas espere um pouco. Eu não sentia frio apesar de estar apenas com uma blusa fina...

–Jacob?

–Hã?

–Por que eu não estou com frio? – minha voz estava fina.

–Oh... – ele olhou para minha blusa fina e... Transparente.

Cruzei os braços, de repente muito corada.

–Pois é, você deve ter percebido. Nós não sentimos frio.

–Mas eu gosto de sentir frio. – reclamei.

–Como é? – ele perguntou incrédulo.

–Eu gosto. – disse meio na defensiva. – Não tem nada melhor do que inverno, pipoca e filme. Vai dizer que não gosta? – ri.

–Você é meio maluca sabia?

–É, tomei consciência disso há um tempo.

Jacob dirigiu até a casa dele em meio a chuva. Eu não estava gostando muito dessa história de não sentir frio. Talvez ele estivesse certo quanto a eu estar louca.

A casa de Jacob era exatamente como eu imaginei: de madeira, com janelas estreitas e pintada de um vermelho que já estava desbotado.

A garagem era como a descrição do livro também. Era engraçado como eu não parava de me surpreender com todas as coisas que conheci aqui, como elas pareciam ter saltado de meus livros para o mundo real. Parte de mim ainda esperava acordar em casa a qualquer momento.

O pensamento de deixar tudo isso aqui me provocou uma dor aguda. Eu começava a me apegar a essa realidade. O que era perigoso, eu tinha certeza.

–E então, o que vamos fazer exatamente? – perguntei a Jacob quando estávamos em sua garagem.

–Eu arranjei umas peças e estava pensando em consertar um carro velho que eu adquiri. – ele apontou com a cabeça o que parecia ser a carcaça de um carro.

–Hmmm, ou o que era um carro. – comentei. – Isso é um Chevrolet?

–É sim. Um Camaro 69.

Era um carro preto, devia ser bonito quando inteiro.

–E você pode consertá-lo?

–Claro. Eu montei o Rabbit sabia?

–É mesmo? – às vezes eu me sentia mal por saber tudo sobre a vida deles.

–Então, por que você vai consertar esse se já tem um? – estranho... Nunca fora mencionado em Amanhecer que ele construíra outro carro.

–Sei lá. Para passar o tempo, eu acho.

–Você tem algo contra os passatempos normais como palavras – cruzadas?

–É fácil demais, sabe.

–Claro ninguém iria querer nada tão fácil. Então vamos começar?

–Claro, claro. Só preciso pegar umas coisas. – Jacob pegou uma caixa de ferramentas e começou a trabalhar no carro. Eu não entendia nada de termos técnicos, aliás, eu mal sabia dirigir, mas estava me divertindo mesmo assim.

Minhas preocupações logo foram substituídas pelas risadas com Jacob, e ansiedade pela felicidade costumeira que sempre acompanhavam meus encontros com ele.

–Você sabe dirigir? – ele perguntou deitado num skate debaixo do carro enquanto eu estava sentada num banco baixo de madeira.

–Mais ou menos. No meu país só se pode dirigir com 18 anos, então eu não fiz um teste.

–E quantos anos você tem?

–16.

–Nossa. – ele disse depois de uma leve hesitação. – É bom andar com garotas mais novas do que eu para variar.

Bella novamente. Era incrível como ela pairava sobre nossas conversas sem o menor convite.

–Você andava com garotas mais velhas? – perguntei lentamente.

–Não garotas, no plural. Apenas uma.

–Hmmm. – eu não ia falar demais dessa vez.

Ele rolou em seu skate para fora do carro com uma expressão zombeteira.

–Só isso? Sem perguntas? – ele sentou-se em seu skate balançando para frente e para trás.

–Você queria que eu perguntasse alguma coisa? – levantei uma sobrancelha, descrente.

–É que você sempre pergunta. – ele ergueu os ombros.

–Talvez sua vida seja muito interessante. – e eu sabia que era.

–Eu duvido. – ele rolou de volta para baixo do carro. – Mas, me conta mais sobre sua vida. Você quase nunca fala.

–Você não vai querer ouvir. – minha vida era um tédio, eu podia apostar.

–Experimente.

Suspirei.

–Tudo bem. O que quer saber?

–Me fale de sua família. – pediu.

–Hã... Não tem nada demais. Minha mãe se chama Ângela, meu pai é Fábio. Eles são separados... E tem meu irmão mais velho Felipe

–Hmmm, e você mora com sua mãe ou seu pai?

–Com minha mãe. Meu pai trabalha demais, então a gente fica com ele nos fins de semana.

–Você sente falta dele?

–É, às vezes. – eu respondi constrangida com sua pergunta. – Mas, atualmente eu moro na escola sabe.

–Colégio interno?

–É.

–Você não tem muito a ver com colégio interno. – era uma afirmação.

–Por que você acha isso?

Ele saiu debaixo do carro novamente.

–Você tem cara de quem gosta de liberdade. – ele olhou fundo em meus olhos.

Como ele sabia disso? Jacob era mesmo observador. Ele continuou olhando em meus olhos e eu senti a necessidade de desviar.

–Jacob, que horas são?

–Ops, acho que acabamos perdendo a hora. – seus olhos estavam alarmados.

–Perdemos? – levantei-me assustada.

Ele gargalhou.

–Você caiu direitinho. Temos uma hora de sobra até a reunião.

–Haha. Você é tão engraçadinho.

–O pior é que eu sei.


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Notas finais do capítulo

Heeeeey! Esse aqui é bem fofo, não?
Comeeeentem e desculpe de novo por esquecer de postar este



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