–Parabéns moçinha. – o Roberto falou pegando no meu ombro.– Chegou adiantada! Ponto positivo para você.

–estou lisonjeada, caro Roberto. -eu disse ao me virar e vê-lo.

–como sabe o meu nome? Está em vantagem e isso não é legal. – ele falou e depois caiu na gargalhada.

–desculpa, mas não resisti e olhei seu caderno.

–ai caramba, que vergonha.

–pois é. Confesso: eu vi a musica... Sinto muito!

–Fudeu. – ele deu uma ajeitada no cabelo que me seduziu e olhou para o mar.

–bem, esta aqui. Foi um prazer! Tchau.

–e esse cd aqui?

–ouça, espero que goste. – eu ri e sai e fui andando ate a Mel.

Ela quase me bateu porque disse que eu não joguei charme pra cima do coitado do Roberto, mas não consigo fazer isso. Decidimos andar um pouco pra ver se nos encontrávamos com a Duda ou com a minha prima, Fernanda.

Paramos na barraca do algodão doce e a Mel não resistiu e comprou um. Ficamos andando pela areia, olhando tudo e todos e sempre fofocando, pois o povo dessa cidade é muito sem noção.

Vimos alguns casais conhecidos, alguns novos com uma pessoa que conhecemos, outros totalmente desconhecidos e não conseguíamos parar de rir, pois o povo só vai para esse festival com essa finalidade, enquanto vamos para comer e rir deles.

Decidi comer um cachorro quente e tomar guaraná, e ficamos sentadas na areia para isso.

–é daqui a pouco vai tocar uma bandinha da hora, se pá. – eu falei.

–é uma banda desconhecida, mas fiquei sabendo que os caras cantam bem.

–tomara, viu... Porque vem cada voz de gralha cantar aqui, que eu desisto.-calma que daqui a pouco descobriremos.

A Mel recebeu a ligação da Duda pedindo para encontrá-la e então deixou-me La sozinha, impondo a ordem de não sair de lá por nada.

Fiquei apreciando o finalzinho do meu guaraná até que alguém chega por trás e pega no meu ombro... Adivinha quem é?!

–Ah, oi Roberto. – eu disse e dei um gole no meu refri.

–oi anônima. – ele riu e se sentou ao meu lado.

–Meu nome é Laura. – eu ri.

–ah, sim. Estuda no Ádalio Pontes?

–infelizmente. – fiz uma careta.

–meu irmão estuda lá. O Renato... Conhece?

–ah, ele é um ano mais novo que eu, se é quem eu estou pensando.-ele está no segundo ano do ensino médio.

–ele mesmo! – fiz um jóia e ele começou a dar risada.-Bem, eu vim, na verdade, pra perguntar o que tem no cd. Estou muito curioso, mas não posso ir em casa para ouvir.

–seria mais legal se fosse segredo, mas vou lhe falar: eu gravei a sua musica.

–Mentira? – ele ficou assustado. – eu a escrevi mas nunca achei algum ritmo legal para.-pois é eu fiquei a noite toda...

–Ei Betão. – algum menino gritou, me interrompendo.

– ta na hora.-preciso ir, Laura. Podemos nos falar depois?

–claro... Você tem meu telefone. – eu ri.-ate mais, então! – ele me deu um beijo no rosto e foi-se ao encontro do outro menino que começou a azará-lo por causa de mim, claramente.
–Ah, que maravilha! Você não correu atrás dele, mas ele veio atrás de você! – a Melissa disse e me deixou irritada.

–me da um tempo, Mel. Ele só veio perguntar sobre o cd.

–percebi isso. Ele estava muito empolgado pra saber só isso. –a Duda disse e sentou ao meu lado.

Preferi não falar nada e então elas começaram a conversar, mas eu nem liguei. Ah, e elas estavam falando do Roberto. Mas logo uma voz, de locutor, veio da direção do palco dizendo que começaria a apresentação do grupo, mas não prestei atenção no grupo pois avistei que o Roberto faz parte desse.

–Olá galera, vamos cantar uma musica pra vocês, e essa se chama Use somebody, do Kings of Leons.

A galera que estava aglomerada na frente do palco delirou e as meninas começaram a gritar quando viram que era o próprio Roberto, o pior é que elas começaram a me chacoalhar e gritar no meu ouvido de tanta empolgação.

–vamos para frente do palco, Laura, vamos! – a Mel me puxou e não teve como não ir.

Elas fizeram o favor de ficar na frente do palco, pulando e me fazendo pular também, porque senão eu seria pisoteada. Depois de umas 5 musicas sem pausa o Roberto parou e começou a dizer:

–Bom, essa eu quero dedicar a uma pessoa que esta aqui na praia e ela saberá que é pra ela. – o Roberto falou.

Fiquei olhando pra trás, pra ver se eu via alguém, mas então vi que essa pessoa que ele disse era provavelmente eu mesma. Ele começou a cantar a musica que eu tinha gravado no cd, do jeito que eu tinha cantado.

–Não, espera. Não dá, não dá. – ele disse fazendo a banda parar. – Laura, você pode cantar comigo?

–Laura, amiga. É você?- a Duda perguntou.

–Laura! – ele disse e me achou. – sobe aqui! Sem você a musica não é a mesma.

Todos começaram a gritar o meu nome e então não teve jeito. Eu subi e ele sorriu pra mim, um sorriso lindo, encantador, perfeito... Agora eu estou sem saída e eu to babando por ele. Mas tive que acordar muito, mas muito rápido mesmo do meu devaneio e cantar com ele a musica. Ele não parava de sorrir e isso me deixou muito nervosa, com a voz tremula. Mas o bom é que todos começaram a gritar, adorando o meu show e, suponho que achando que essa era a nossa musica como casal (ai que sonho).