Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 20
A Cobra Dentro de Nós


Notas iniciais do capítulo

Oi galera!
Seguinte, eu sei, demorei muito pra postar.

Q: Por quê?
A: Porque os reviews diminuíram, e eu esperei ansiosamente mais alguns gatos pingados por aí. Funcionou. Atingi os 30 reviews no último capítulo, é terça feira, estou postando :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/294242/chapter/20

CAPÍTULO 20

THE SNAKE INSIDE US

“Acorde Revan!” berrou Arthur, abrindo as cortinas e o chacoalhando. “Já são nove da manhã. Se levante, arrume suas coisas, nós estamos atrasados!”

Nove da manhã? Revan se jogou da cama e tirou vestes cinzas do malão. Assim que Arthur Weasley virou as costas, ele começou a se vestir. Nove horas... Ele já deveria estar no trem, escrevendo seu plano de metas e lendo sobre os rituais mais assustadores do mundo bruxo. Ao invés disso ele estava preso em uma casa cheia de traidores de sangue que, ele logo descobriu, deixavam para aprontar as coisas em cima da hora.

Em um minuto, ele estava devorando o café da manhã da matriarca Weasley sem perder a educação. Ron foi o contrário dele, enfiando tudo na boca para ter tempo de pegar mais comida e guardar todos os livros. Hermione dava uma lição de moral nele, Ginny parecia prestes a desmaiar do lado de Nicholas, os gêmeos penduraram o rato de estimação pelo rabo na lâmpada trouxa, Percy treinava seu discurso de prefeito e Nicholas estava sendo arrogante como sempre.

“Podemos ir?” perguntou, abrindo a porta da frente. Os outros o encararam incrédulos e voltaram a comer. Ginny começou a chorar. Percy se irritou com isso. Os gêmeos defendendo a pequena Ginny fizeram com que as calças de Percy ficassem invisíveis. Arthur repreendeu os gêmeos.  Molly tirou uma leva de panquecas do forno. Ron as engoliu. Hermione começou a ler um livro novo, Nicholas cruzou os braços porque a atenção não estava voltada para ele.

“Vamos!” repetiu cerrando os dentes. “Vamos perder o trem.”

Molly começou a preparar o lanche das crianças, Arthur levou um choque com a lâmpada, os gêmeos explodiram alguma coisa, Ginny começou a conversar com Hermione, Nicholas ficou impaciente, Ron continuou a comer, Percy levitou seu malão surrado para a porta. Hermione tentou ignorar Ginny prestando atenção em Revan. Revan apenas os fulminou com o olhar.

Finalmente, quando os ponteiros já beiravam as nove e meia, um por um eles se espremeram dentro do carro do patriarca Weasley. Fords Anglias, decidiu Revan,  não deveriam estar disponíveis para bruxos. Ele começou a se preocupar quando o patriarca Weasley mordeu a guia pela segunda vez. Depois de derrubar um cone e quase atropelar uma velhinha, porém, ele já estava se segurando no puta que pariu que tinha que compartilhar com Percy. Arthur também provou que não sabia o que eram lombadas ou buracos na pista, pelo modo que passou por eles em grande velocidade fazendo com que a cabeça de Percy se chocasse contra o teto do carro.

A varinha do ruivo mais velho girava freneticamente, apontando o caminho. Todos estavam com os olhos arregalados. Eles não queriam ver como seria quando chegassem em Londres, com todo o congestionamento e pessoas atravessando a rua sem parar. Graças a Merlin, logo eles estavam fora da parte movimentada de Devon.

“Invisível e… voando!” anunciou Arthur, acelerando na direção de um precipício. Hermione deixou um grito de terror escapar e fechou os olhos.  O carro caiu na direção do chão duro, se aproximando cada vez mais, quando ele levantou voo. Arthur deu um urro de alegria e fez loops no ar até que todos no carro ficassem verdes. Eles foram na direção de Londres, mais confortáveis e prontos para embarcar.

Já estavam quase chegando quando Nicholas cutucou o herdeiro Black. “Você me mandou mesmo outras cartas?” sussurrou.

Revan assentiu. Ele tinha de fato mandado duas cartas querendo saber do paradeiro do ruivo. “Você não respondeu nenhuma delas” ele respondeu, tentando soar ofendido.

Nicholas deu um sorriso brilhante para ele como um pedido de desculpas e relatou para Revan seu verão, o treinamento com Dumbledore, Sirius e James, os quilos que havia perdido com os exercícios para se recuperar de Nemesis, aulas de Oclumêcia e até mesmo como resistir a uma maldição Imperius.

“Eu posso te ensinar algumas coisas” ia dizendo Nicholas quando eles aterrissaram de uma maneira um tanto brusca no asfalto. A conversa se perdeu, pois estavam todos desesperados demais observando Arthur desviando de carros e postes. Com uma freada repentina que ocupou três vagas para carros, um por um eles desceram no carro que voltou a ter a comum cor marrom.

“Ah” suspirou Arthur, ajeitando as vestes. “Que bela corrida.”

Os outros ocupantes do carro apenas o encararam e entraram na Plataforma King’s Cross. O relógio marcava dez para as onze. Melhor se precaver, decidiu Revan, pegando seu malão (Eyphah já estava a caminho de Hogwarts) e correndo contra a barreira. Ele não pode deixar de se sentir um ano mais novo, embarcando no Expresso Hogwarts pela primeira vez. Agora Regulus não estava mais com ele, Voldemort parecia ter cortado os poucos laços que havia entre eles e Revan teria que aguentar todos os ruivos juntos por horas sem fim.

Ginny apareceu depois dele, seguida de Percy e os gêmeos. Molly e Arthur foram os últimos a passar, encarando a parede de tijolos a espera de Ron, Nicholas e Hermione. Os ponteiros se moveram lentamente e o grupo não apareceu. O patriarca Weasley tirou um adaptador de tomada do bolso e começou a mexer nele, tentando fazer com que um raio saísse das pontas de metal.

“Acho melhor irmos” comentou, embarcando e pegando um dos últimos vagões livres. Ele não foi capaz de ver Nott ou Zabini, nem mesmo outros Slytherins que estudavam com ele. A multidão de alunos atrasados era tão grande que se você conseguisse ver um metro à sua frente, poderia ser considerado sortudo. O trem apitou. Fred e George se sentaram com Revan como não conseguiam achar Lee. Ginny, pelo menos, parecia ter feito de Percy seu novo objeto no qual se colaria pelas próximas horas.

“Roniquinho perdeu o trem” riu George. O ruivo pegou uma embalagem de chiclete do chão e murmurou complexas palavras apontando para ela. A embalagem começou a gritar. “O que acha, Forge?”

“Gostei dessa, Gred. Podemos tentar colocar a voz de mamãe aí” os meninos se inclinaram para trabalhar no recém criado objeto. Revan se inclinou também, tentando ver o que iriam fazer. Ele não tinha nada melhor para preencher seu tempo, e sempre haveria novas peças para pregar em Regulus, o herdeiro Black só precisava descobri-las. Aquela era uma boa fonte.

Ele estendeu a mão para a embalagem e fez um simples movimento de varinha. O grito se afinou até um ponto em que os três ocupantes do vagão precisaram cobrir as orelhas e gritar para serem ouvidos. Fred fez um sinal de positivo para Revan e se sentou em cima do novo criado berrador, tentando abafar o som. Revan soltou uma gargalhada que não podia ser ouvida e baixou a varinha. Imediatamente, o silêncio voltou a reinar no compartimento. Tanto os Weasleys quanto Black suspiraram aliviados.

Fred e George compartilharam um olhar e deram um sorriso do capeta para Revan, que vendo uma oportunidade para estreitar seus laços com os gêmeos, fez com sua mão um formato de concha. Primeiro ele pensou em usar o sangue falso desenvolvido, mas pensou melhor. Eles eram Weasleys, no final das contas, e poderiam dedurá-lo para Dumbledore. A solução de groselha com corante ficaria para depois.

Um sorriso explodiu na face dos dois. “O que mais você pode fazer?”

Muitas coisas, Revan teve vontade de dizer. Muitas coisas mesmo. Como resposta ele pegou um fio de cabelo, o jogou no chão e fez com que a ponta do fio se alargasse e ficasse mais forte, formando uma fina tachinha. Pelo olhar dos gêmeos, Revan sabia que havia comprado a lealdade de mais dois espiões, mesmo que eles não soubessem disso. A semente havia sido plantada. Logo, pensou olhando para a janela e vendo Londres ficar para trás, o broto iria surgir.

__

“Eu já disse que não vamos usar o carro do seu pai!” insistiu Hermione, parando de caminhar, cruzando os braços e batendo o pé. Ela tinha lágrimas nos olhos, pois sabia que iria ganhar faltas e perder pontos de Gryffindor antes mesmo do ano letivo começar. Ela conseguiria uma detenção, suspensão, talvez até mesmo fosse expulsa de Hogwarts! A morena sentiu uma lágrima descer pela sua bochecha e se apressou em escondê-la dos meninos.

“Tem uma sugestão melhor, Hermione?” perguntou Ron bruscamente, abrindo a porta direita do carro e se sentando no banco do motorista. Nicholas o empurrou para o lado e pegou o posto atrás do volante. Não querendo ser deixada para trás, Hermione correu para o banco de trás e colocou o cinto de segurança, notando como suas mãos tremiam. Pontos, detenções, McGonagall, carta para os pais. Ela estava arruinada. Nunca poderia se tornar uma bruxa de sucesso sendo expulsa da melhor escola de magia da Grã Bretanha.

Sua voz mal passava de um sussurro quando ela sugeriu: “Vamos esperar por Sr. Weasley, Ron. Ele pode contatar um professor para nos levar a Hogwarts. Você não sabe dirigir um carro, ninguém aqui sabe.”

Nicholas apontou a varinha para o carro e o motor começou a roncar, fazendo-o pular no lugar. Ele estendeu o pé até o pedal e fez uma tentativa: O carro foi para trás, deixando um amassado em um conversível vermelho. O ruivo deu de ombros e pressionou o outro pedal, e dessa vez como esperado o carro foi para frente. Hermione checou se seu cinto de segurança estava no lugar. Ron apertou botões aleatórios no painel.

“Como faço para ele voar?” perguntou Nicholas.

Ron deu de ombros. “Você acha que eu sei? Procure um precipício e tente. Vamos morrer se não chegarmos em Hogwarts, de qualquer maneira.”

O ruivo ziguezagueou os carros até achar uma área limpa para pegarem impulso. Aquele parque logo a direita serviria perfeitamente. Nicholas pisou no pedal com mais força, e o carro deu um empurrão para frente. O Ford foi em linha reta por um descida que levava, percebeu Hermione com horror, para um lago. Ela estava assustada demais para gritar. Ron tomou comando e foi na direção de uma pedra que criava uma pequena subida.

Deu certo. O carro, ao invés de afundar no lago, permaneceu indo para cima até que os trouxas, incrédulos, começaram a apontar para o que parecia ser um carro voador a muitos metros de altura.

“Vamos em uma nuvem” decidiu Nicholas, mexendo no volante. Quando passaram por uma, as extremidades do vidro do carro começaram a congelar. “Se segurem” avisou, fazendo manobras arriscadas para se exibir. “Vamos chegar em Hogwarts do jeito mais legal possível.”

__

O trem deu uma leve guinada e parou no lugar. Revan, já com seus robes, colocou um feitiço de proteção extra no malão e seguiu os prefeitos até carruagens puxadas por estranhos seres que lembravam Revan cavalos mortos de fome, apenas pele e ossos. Os outros estudantes passavam por eles sem os notar, comentando sobre como as carruagens seriam puxadas por magia. Curioso, ele estendeu a mão e tocou a pele do animal. Parecia algo... frio e sem vida. O herdeiro Black sentiu melancolia crescer dentro dele ao encarar o que ele pensava ser as criaturas mais tristes que já havia visto.

“Se chamam trestálios” disse uma voz atrás dele. Luna Lovegood apareceu atrás dele, parecendo quase normal com o uniforme feminino de Hogwarts. Ela carregava uma mini gaiola vazia e usava um colar de rolhas de cerveja amanteigada, notou depois. “Eu os acho lindos.” Ela acariciou um deles.

“Por que os outros não podem vê-los?” questionou Revan curioso. Luna deu de ombros, e se juntou aos primeiranistas que já subiam nos barcos centenas de metros longe dela. Com um suspiro, o herdeiro Black se acomodou na carruagem e acenou para Nott, que vinha caminhando com todo o seu orgulho e vestes de seda quase se arrastando no chão. 

Ele só abriu um sorriso quando sua face estava escondida pela parte de trás da carruagem. “Obrigado pelo livro, Revan” falou. “Meu pai gostou, disse que era da coleção Black. Não sei como conseguiu tirá-lo de Sirius Black, mas valeu a pena, mesmo que papai tenha me forçado a lê-lo em um dia só. Grindelwald é uma leitura fascinante.”

“O Ministério ocultou muito a respeito dele” concordou Revan inclinando a cabeça e examinando os cavalos aberrações. Trestálios, Luna havia dito... Ele precisaria pesquisá-los na biblioteca. “Como sempre oculta quando se trata de um bruxo das trevas. Eles não parecem saber que conhecimento é poder.”

“Eles sabem, e é isso que importa, não é?” Nott fez uma careta e encarou os animais que puxavam a carruagem. “Você os vê?”

Revan fez que sim na hora. O outro menino parecia aliviado por não ser o único a ver as criaturas. Quando havia questionado Blaise ao chegaram em Hogsmeade, Zabini tinha apenas o encarado, pedido para que parasse se inventar brincadeiras e saído de perto dele sem uma despedida adequada. Até agora, Nott estava realmente começando a pensar que ele estava mesmo louco.

“Devemos ser especiais, não?” comentou Revan, seus pensamentos se voltando para quando ele ainda carregava o nome de Harry Potter e se mantinha vivo apenas por saber que ele era diferente dos demais. De acordo com Riddle, diferente era bom, e Harry Potter, assim como Revan Black, confiariam na palavra de Riddle com sua vida. “Somos os únicos que podemos vê-los.” Ele convenientemente deixou de fora a garota Lovegood. Ela não era importante naquele momento.

Nott pareceu interessado na ideia, mas olhou a paisagem para que seus pensamentos não ficassem animados demais. Ele deveria controlar suas emoções, sempre dizia seu pai, um bom bruxo não fica animado ou triste ou zangado. “Tanto faz.”

O herdeiro Black foi o primeiro a descer da carruagem e esperar junto à porta, que logo foi aberta por Dumbledore, revelando o salão que ele se lembrava tão bem do último ano escolar. Se possível, ele parecia ainda mais bonito, brilhante e e convidativo. Os pratos dourados nas mesas logo estariam cheios de comida, pensou Revan ao sentir seu estômago roncar.

Ele entrou com a multidão, se sentando o mais longe dos professores possível, de onde pudesse observar todos os alunos a serem selecionados e não atrair atenção para si mesmo. Nott se juntou a ele. Zabini, os meninos perceberam, se sentou longe deles, mais perto dos professores. Os sussurros começaram a subir no ar como fogo com vento, se alastrando e atingindo os ouvidos de todos da casa. Nicholas Potter não estava lá, nem seus amiguinhos.

As portas do salão se abriram novamente e os primeiranistas entraram, tremendo e tentando se esconder dentro das vestes. Haviam mais deles, notou Revan, mas poucos que ele reconhecia. Um a um, eles foram chamados para o Chapéu Seletor, que cantou uma música de abertura muito menor do que a que havia sido cantada na cerimônia de abertura do ano anterior, cujos dizeres eram simplesmente uma descrição rápida de todas as casas e a seguinte mensagem:

Mais um ano começa hoje,

E darei aprendizes a Ravenclaw,

Os belos e apaixonados pelo saber,

Que tiram dos livros, todo o seu poder.

Hufflepuff terá aprendizes também,

Aqueles com coração leal e sentimentos puros,

Que não julgam os outros, e unidos ficarão,

Até o fim do mundo.

Gryffindor não deixará de receber,

Os estudantes mais adequados a ela.

Aqueles com bravura no peito

E gritos de honra em suas goelas.

Ainda temos Slytherin,

Não fiquem deprimidos,

Que ficará não com o resto,

Mas com aqueles que veem o mundo com olhos cerrados,

Boca fechada e sentimentos reprimidos.

Não há nada que o Chapéu Seletor não possa ver,

Que os quatro fundadores de Hogwarts não iriam querer:

Mudanças vêm rapidamente, é hora de decidirmos,

Onde jaz sua lealdade.

Para isso decidirei sua casa,

Com um breve olhar em sua cabecinha,

Antes que seja tarde demais,

E tudo o que reste de você seja as vestes, fotos e varinha.  (N/A: Isso foi o melhor que pude fazer, sweeties)

O salão bateu palmas incialmente lentas, já que todos tentavam entender o significado por trás das palavras do Chapéu Seletor, porém conforme foram percebendo que não conseguiriam descobrir tão cedo, a velocidade aumentou até que o único som a ser ouvido no Salão era o de palmas sendo batidas para o Chapéu Seletor, que curvou sua ponta como agradecimento. Dumbledore levantou as mãos para pedir silêncio, não conseguindo impedir os gêmeos Weasley, que continuaram a aplaudir por mais pelo menos cinco minutos.

A seleção começou. Revan tirou a miniatura de um livro do bolso, fez com que voltasse para o tamanho normal e escreveu na capa com a ponta do dedo: Trestálios. Nada apareceu, significando que não havia aquela palavra no livro. Conformado, ele leu sobre runas enquanto os alunos eram sorteados.

Colin Creevey quase voou para a mesa de Gryffindor, assim como Kieran Harper, que foi para a mesa agindo de um modo tão arrogante que por um momento Revan o confundiu com o irmão. Luna Lovegood foi sorteada para Revanclaw e não recebeu nem mesmo um aplauso dos outros estudantes. Os professores, ao notarem isso, aplaudiram educadamente, mas até mesmo eles estavam chocados com a menina. Finalizando a seleção, Ginny Weasley correu para a mesa de Gryffindor assim que o G foi pronunciado.

Todos já comiam quando as portas do Salão se abriram mais uma vez e três estudantes entraram, cheios de terra e arranhões pelo corpo. Um dos estudantes, aquele com cabelo armado, soluçava e tentava esconder a face do professor. Ela caminhou relutantemente até Dumbledore, sendo acompanhada por Snape, que com a outra mão mantinha Ronald Weasley andando, e com a outra puxava a orelha de Nicholas Potter.

Ninguém deu um pio.

“Severus!” sorriu Dumbledore amavelmente. “Posso te perguntar por que não está comendo e celebrando esse belo ano escolar que começa hoje? Vamos, sente-se. Deixe os alunos irem comer, eles devem estar famintos.”

Hermione continuou a soluçar. Ron estava com as orelhas vermelhas de vergonha e Nicholas encarava o chão, se recusando a admitir que havia feito algo errado. Ele era o maldito Menino que Sobreviveu e deveria ter benefícios! De todas as leis que havia estudado durante a infância, não havia uma que dizia especificamente que não era permitido chegar a Hogwarts por um carro voador.

Snape não se deixou influenciar pelo diretor. “Esses Gryffindors vieram para Hogwarts em um carro voador ilegal, foram vistos por dezenas de trouxas, pousaram no salgueiro lutador e deixaram que o carro fosse descontrolado para a Floresta Proibida. A única coisa que te preocupa é que eles possam estar famintos? Por Merlin! Trezentos pontos de...”

“Severus, Severus...” interrompeu Dumbledore. “O ano letivo ainda não começou, desse modo você não pode tirar pontos de estudantes. Sente-se, eu lidarei com Sr. Potter, Sr. Weasley e Srta. Granger.”

Hermione pareceu sussurrar algo para Dumbledore, que sussurrou algo de volta em sua voz mais calma. Os soluços se espaçaram depois de aquilo. Provavelmente, assumiram os Slytherins, a dentuça havia descoberto que não seria expulsa de Hogwarts por causa do status do amigo.

“Para resumirmos nossas atividades, eu concedo a eles cem pontos pelo domínio de um carro voador, e outros cem por lutarem com um Salgueiro e saírem vivos para contar a história.” Os rubis se elevaram ao equivalente a duzentos pontos.

Caos começou. Os estudantes de Slytherin se levantaram juntos, gritando xingamentos para Dumbledore, dizendo que era injusto e que aquilo não iria ficar assim. A indignação se espalhou; logo Ravenclaw também estava de pé, discutindo muito mais educadamente sobre regras: Nenhum estudante poderia ganhar ou perder pontos antes do primeiro dia de aula. Até mesmo Hufflepuff, sempre pacíficos e de bem com o mundo, apoiaram Ravenclaw com fortes gritos de “INJUSTIÇA!”. Eles estavam certos: Gryffindor não poderia começar com duzentos pontos na liderança, quando deveriam ter perdido essa quantia de pontos.

Dumbledore também gritou, mas gritou: “SILÊNCIO!” em uma voz tão forte que mostrava toda a magia que tinha dentro de si. Os alunos se calaram instantaneamente, apesar de ainda mandarem olhares mortais para os recém chegados e Dumbledore.

Com o drama acabado, todos voltaram a comer suas refeições, resmungando entre si e já sussurrando azarações uns para os outros. Nott se inclinou para ele e disse com a voz baixa: “Você não vai voltar a ser amigo de Potter, vai? Olhe o que ele fez!”

“Nunca fui amigo dele” corrigiu Revan. “E se havia alguma coisa entre nós, se foi agora. Não vou ficar com nenhum menininho de ouro que ganha pontos por fazer coisas erradas, não sou burro. Nesses tempos difíceis...” o herdeiro Black usou um tom exagerado para que Nott soubesse que ele não falava sério “Slytherins devem permanecer mais unidos do que nunca.”

Nott franziu a testa e deixou um suspiro sentimental também exagerado escapar. “Então, seremos os capangas de Malfoy esse ano.”

“Cale a boca, Theo” pulou Revan, com um pequeno sorriso na cara. “Eu disse unidos, não amigos. Isso nunca!” Eles compartilharam uma gargalhada que atraiu a atenção de todos da mesa. Black era conhecido por seu silêncio, não por risadas divertidas com outro estudante também silencioso. A atenção não durou muito, porque o ressentimento no coração de todos ainda doía. Azarações voltaram a correr entre as pessoas de cada casa ao ponto em que o herdeiro Black não se surpreenderia se criassem turnos para tornar a vida dos três Gryffindors um inferno.

Revan, porém, estava ocupado com outra coisa: Na extremidade da mesa de Hufflepuff, Sally-Anne Perks se sentava sozinha, como se quisesse enfiar a cabeça no chão. Volta e meia, ela usava uma pena para anotar algo em um caderno... Ou aquilo era um diário?

A loira estava mais pálida do que antes e exibia olheiras embaixo dos olhos parcialmente ocultas por maquiagem trouxa. Mesmo assim, ela não parecia tão triste quanto antes. Bom. Pelo menos ela morreria feliz.

__

No silêncio da noite, nada se movia nos corredores. Não havia patrulha antes do ano letivo e todos estavam exaustos depois da grande refeição que tiveram. Uma sombra apareceu e desapareceu em um instante. Para aqueles que a seguissem, veriam que se tratava na verdade de um menino que não podia ter mais de treze anos, vestido em preto. O capuz cobria seu rosto e apenas olhos verdes animalescos brilhavam na escuridão. Tal menino foi para o banheiro feminino e se esgueirou, sem fazer nenhum som, até a pia.

Lá estava, constatou Nemesis com satisfação, lá estava a cobra que marcava a entrada para a Câmera Secreta. “Abra” sibilou Nemesis suavemente, e observou as pias se moverem dando espaço a um buraco. “Escadas” voltou a sibilar. O buraco se deformou de forma que escadas fossem criadas. Prendendo a respiração, Nemesis deu o primeiro passo.

As escadas pareciam descer para sempre, e quando parecia que ele já estava pelo menos cem metros abaixo do banheiro, ele relaxou e acendeu vários pequenos orbes de luz que se espalharam, iluminando o local. As pedras que cercavam Nemesis não pareciam tão assustadoras agora. Levou mais pelo menos vinte minutos para o pequeno comensal chegar ao final das escadas, e quando o fez, engoliu em seco.

Esqueletos de ratos e ratazanas cobriam o chão. Seguindo em frente, ele se deparou com uma câmara longa, com água nas laterais e coberta de serpentes esculpidas na parede. Nemesis tentou absorver tudo em sua mente conforme caminhava pelo corredor, até uma grande estátua da face de Salazar Slytherin.

“Abra” sibilou Nemesis “Para o herdeiro de Salazar Slytherin, o maior dos quatro fundadores de Hogwarts!”

As serpentes que compunham o cabelo de Salazar Slytherin se moveram. Lá dentro, estava algo imenso, algo longo, algo que dormia. Nemesis se aproximou da criatura e a contemplou: O Basilisco, a criatura mais poderosa do mundo, sob seu comando... “Sou o herdeiro, e comando que você acorde.”

Lentamente, o Basilisco se moveu. Nemesis fechou os olhos e esperou sua resposta: “Saudações” sibilou ele, em uma voz anciã. “Como posso te ajudar, oh herdeiro do mestre?”

“Faça o que você foi designado para fazer” comandou Nemesis. “Espere meu comando para usar os canos. Ache aqueles que não carregam sangue nobre e faça com que percebam que o lugar deles não é aqui. Se prepare. Muitas coisas mudaram desde a última vez que você esteve acordado.”

A curiosidade levou a melhor para cima dele. Abrindo um olho, ele examinou o basilisco. E permaneceu vivo.

"Posso controlar minhas pálpebras, herdeiro."

Bom saber. Tão rápido quanto havia entrado na Câmara Secreta, Nemesis saiu de lá, deixando para trás um Basilisco, que, sob seu comando, faria qualquer coisa, inclusive limpar Hogwarts da imundice que compunha parte de sua população estudantil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok... Não me matem por causa da música do Chapéu Seletor, eu realmente fiz o melhor que pude. Até tentei rimar!

Reviews fazem o meu dia, e garantem uma atualização rápida. Se lembram quando eu postava duas vezes por semana? *sorriso inocente* Eu posso fazer isso acontecer novamente.

AVISO IMPORTANTE: Podem soltar a respiração, eu não vou abandonar a história. Seguinte, galera, aqui as coisas começam a mudar do canon. Eu vou, ah, não vou contar para vocês ainda, mas fiquem sabendo que as coisas vão ficar sangrentas em Hogwarts :)