Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 19
Doninhas, Tolos e Vítimas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Eu não ia postar hoje (véspera de feriado) mas pensei, quem é que viaja em uma quarta feira? Então postei :D

Obrigada pelos reviews e pela colaboração na escolha da parceira de Revan. Deixarei os comentários rolarem por um tempo antes de escrever o romance, para garantir que estou fazendo a escolha que agrada a maioria.

O que mais? Hmmm... Um leitor comentou que a cena com Lucius foi muito breve. Me desculpe, semana passada foi muito corrida e essa mais ainda. Concordo com você, leitor. Prometo que não vou desapontar na próxima.

Algumas pessoas sugeriram Hermione como namorada de Revan. Não dá. Ela não tem sangue puro e também não tem nada a oferecer para o lado das trevas - inteligência existem em muitos. Eu posso, porém, fazê-la ser do lado dark. Mas isso é para depois.

Esse é um capítulo filling. Explicações mais tarde, aproveitem:



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CAPÍTULO 19

WEASELS, FOOLS AND VICTIMS

Caro Revan,

Faz tempo que não nos falamos, provavelmente por causa do modo que Nicholas lhe tratou no trem. Eu me desculpo em nome dele. Eu queria ter enviado essa carta mais cedo, mas Paris tem tantos lugares bonitos para conhecer em tão pouco tempo! Ah, Revan, você PRECISA visitar a França um dia. Tantos livros diferentes e uma cultura mágica totalmente oposta ao que estamos acostumados!

Isso pode soar rude, mas estou te mandando essa carta por causa de Nicholas. Ele não recebeu o petit gateau mágico que eu o mandei, nem o livro sobre o Ministério francês. Primeiro eu achei que tivesse alguma coisa errada com as corujas francesas, que não fossem tão boas quanto as britânicas, mas Ron recebeu os doces sem açúcar que mandei para ele. Não sei o que está acontecendo. Pensei em mandar uma carta para sr. Potter, mas ele é um homem muito ocupado e Lily Potter aparentemente nunca lê as cartas que recebe.

Qualquer pessoa que possa nos ajudar é importante demais e não quero atrapalhar ninguém. Bom, não é só sobre isso que eu quero falar. Ron nos convidou (bom, convidou me convidou, e eu estou te convidando) para passar o mês de Agosto n’A Toca, que é onde ele mora. Quase todos os irmãos dele vão estar lá, e se conseguirmos contatar Nick, nós vamos ficar com ele também. Ron disse que teremos que dividir alguns quartos, mas eu não me importo. Eu nunca visitei uma casa bruxa antes!

Eu já terminei todo o meu dever de casa e li os livros do segundo ano. Gilderoy Lockhart parece uma pessoa maravilhosa e eu mal posso esperar para conhecê-lo. Além dos livros obrigatórios, eu também comprei sua autobiografia. Você deveria ler, é fascinante! Nick vai gostar dele – Lockhart já fez coisas incríveis.

Espero te ver n’A Toca mês que vem. Estou com saudades.

Beijos,

Hermione.

Revan fez uma careta quando abaixou a carta, mas suspirou e começou a colocar suas coisas, digamos, menos perigosas dentro do malão. No último compartimento ele colocou sua capa de Nemesis, a horcrux e seus livros favoritos que continuariam a instruí-lo durante o ano escolar. Honestamente, ele não queria gastar seu último mês de férias com pessoas que ele detestava. Ron provavelmente iria encher seu saco durante sua estadia, Revan seria vítima das brincadeiras dos gêmeos e Hermione tentaria fazê-lo bater o recorde mundial de mais livros lidos em um mês. Isso sem contar com Nicholas, que também estaria lá contando suas aventuras para todos que quisessem ouvir.

“O verão inteiro?” confirmou Regulus, seus olhos cinzentos ficando mais tristonhos a cada momento que se passava. “E você não volta para o Natal?”

Revan deu de ombros. Aquilo dependia de como a missão fosse. Talvez até lá Hogwarts já tivesse decretado estado de emergência e todos os alunos fossem forçados a voltar para casa. Caso isso não ocorresse, Revan ficaria em Hogwarts para manter sua imagem de menino solitário, sem família e com poucos amigos. “Talvez” sua face se iluminou e ele pegou a horcrux do malão e a entregou para Regulus. “Eu te aviso quando formos ao Beco Diagonal. Vou precisar que você me dê isso.”

Regulus parecia incerto ao examinar o objeto empacotado que lhe dava arrepios. “Por que não leva isso com você?”

“Weasley vai estar lá. Weaslette vai mexer nas minhas coisas. Weasley 1 e Weasley 2 definitivamente vão danificar permanentemente minhas coisas. Melhor não arriscar. Não olhe o que tem aqui dentro, não perca isso. Vá com o mesmo feitiço de desilusão que sempre usamos: Cabelos e olhos castanhos, pele pálida. Vou te reconhecer.”

Depois de um abraço, Revan aparatou para Ottery St. Catchpole.

O vilarejo era pequeno e discreto, porém se você prestasse atenção, veria sinais de que bruxos compunham parte da população. Casas com arrumação impecáveis, chuva localizada apenas onde era necessária, vassouras encostadas contra algumas paredes e, principalmente, crianças falando animadamente de Hogwarts e Nicholas Potter, apontando para o Profeta Diário, cujas imagens se moviam, sem dar um segundo olhar para os trouxas que ali passavam.

Os trouxas, por sua vez, encaravam os sinais, piscavam e balançavam a cabeça em negação. Estavam passando muito tempo na frente da TV, com certeza. Aquelas coisas não deveriam existir. Eram apenas uma nova tecnologia inventada por alguma mente brilhante, eles não estavam ficando loucos. Todos paravam para encarar incrédulos uma das casas com formato cirílico cujos visgos cobriam a entrada e o enunciado que poucos se aproximavam o suficiente para olhar.

Uma menininha loira de dez, no máximo onze anos saiu daquela casa com uma revista de ponta cabeça embaixo do braço e correu para uma mata próxima. Curioso, Revan a seguiu. A menina falava consigo mesma, percebeu o herdeiro Black, e o nome Weasley havia sido mencionado uma vez ou outra.

Os dois entraram na mata que se revelou mágica, pois tinha poucos metros de árvores ao contrário das centenas que pareciam haver. Do outro lado, Revan viu um campo de Quadribol improvisado, onde dois ruivos pareciam estar travando um duelo amigável no ar. Mais além, estava o que Revan assumiu ser A Toca, inclinada de um modo que nunca poderia se manter em pé, com sete andares que haviam sido acrescentados conforme o tempo passava. De uma das janelas, Ron deu um grito e desceu as escadas correndo.

“O que está fazendo aqui?” questionou, tirando uma varinha tão velha da manga que Revan duvidava que iria funcionar. “Quem te convidou? Essa é a minha casa!”

Mais alguém apareceu da porta da frente, uma menina com longos cabelos armados. Hermione foi até eles marchando como McGonagall e repreendeu Ron com uma voz tão séria quanto a da velha bruxa: “Ron! Eu o convidei.”

“Não era para ter convidado” retrucou Ron cruzando os braços. Ele ficava mais e mais vermelho conforme se irritava. “Eu não quero ele aqui.”

“Ele é nosso amigo” insistiu Hermione.

“Seu amigo” enfatizou Ron. “Se ele vai ficar aqui, não será no meu quarto. Ele que se vire. Por mim, pode dormir no armário de vassouras.”

Revan o ignorou. Carregando seu malão (leve como uma pena) ele foi até a cozinha, onde encontrou Molly Weasley no fogão. Ela sorriu amavelmente para ele até descobrir que ele era a razão pela qual seu filho andava tão irritado. Sem perder as maneiras, porém, ela subiu as escadas com ele, mostrando os quartos e falando sobre os inúmeros filhos que tinha. Ele ficaria no quarto de Charlie, no quarto andar, sozinho (graças a Merlin). 

Quando a ruiva voltou a cozinhar, Revan se acomodou no quarto. A cama era desconfortável e a janela estava cheia de pó, como se alguém não tivesse usado aquele quarto por muito tempo. Eyphah voava do lado de fora, esperando uma oportunidade para entrar e depositar a carta que carregava. O herdeiro Black abriu a janela com dificuldade e desamarrou a carta, se perguntando por que Regulus estaria mandando uma mensagem para ele momentos depois de terem conversado.

Apenas para ter certeza que está tudo bem. Ele diz para você aproveitar a oportunidade.

Oportunidade... Bufando, Revan se sentou na cama e, com uma pena na mão, começou a escrever:

Oi Nick!

Como estão indo suas férias? Espero que esteja tudo bem. Te mandei uma carta mês passado mas eu não acho que você a tenha recebido. Feliz aniversário!

Estamos todos n’A Toca te esperando. Espero te ver mais tarde.

Revan.

__

Nicholas deixou cair o suco de abóbora e correu para abrir a carta imediatamente depois de descobrir como fazer o corvo ficar parado por tempo suficiente. Ele não havia recebido nem mesmo uma única carta durante todo o verão. Os fãs pareciam ter esquecido dele. O Profeta Diário só havia invadido a Mansão uma vez em dois meses; nenhum dos seus amigos deu a mínima para seu aniversário.

O chão do quarto estava cheio de presentes dos seus pais. Eles haviam decidido que, desde que Nicholas não havia recebido presentes de mais ninguém, eles dariam a ele presentes suficiente para ser feliz. O ruivo se desviou da goles, livro de feitiços, roupas e coldres para varinha de modo que chegasse do outro lado do quarto. Ele colocou seus óculos e leu a carta, franzindo a testa. Ele não havia recebido NENHUMA carta! De ninguém! Revan pensava que poderia enganá-lo?

Ele desceu as escadas até a sala, onde sua mãe estava aninhada com James olhando fotos de Nicholas antigas. Algumas estavam cortadas na metade, ou rabiscadas. Nicholas assumiu que era do seu irmão demoníaco. Eles tinham razão para ignorar a existência dele. O moleque havia tentado matar Nicholas com cinco anos de idade! Nenhum dos Potter queria imaginar as coisas horríveis que Harry estaria fazendo agora. Todos esperavam que ele tivesse ido para uma casa autoritária onde ele ficaria sob controle dos pais.

“Vocês andam escondendo cartas de mim?” questionou com raiva. Lily olhou para ele surpresa e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela deu um sorriso inocente que fazia com que ela parecesse uma boneca com sua pele de porcelana, cabelos ruivos e olhos verdes brilhantes.

“Por que esconderíamos? Victor Krum entrou no time da Bulgária. As pessoas podem ter mudado o foco da atenção delas, bebê.”

Nicholas foi até perto deles. James ficou rígido no lugar. Ele não iria tolerar mais um surto de raiva da parte de Nicholas. O moleque havia sido treinado para controlar suas emoções. “Você está mentindo” acusou. “Onde estão minhas cartas de fãs e jornalistas e amigos?”

James respondeu cuidadosamente: “Devem estar chegando. Se quiser, podemos tentar sair de casa. Você deve ser capaz de ignorar a dor. Quem sabe, talvez o Profeta Diário possa lançar uma edição tardia do dia 31 de Julho.”

Aquilo agradou Nicholas. Com um aceno brusco, ele pegou uma capa fina vermelha e esperou impacientemente na lareira. Pegando uma porção generosa do pó de Flu, ele desapareceu nas chamas verdes.

Do outro lado, alguém gritou: “Olhe lá. É NICHOLAS POTTER!”

(N/A: Yeahhhhh!... You are Nick Freakin’ Potter)

Os flashes o cegaram por um momento e Nicholas sorriu, se erguendo orgulhosamente de onde havia caído no chão. Ele deu seu melhor sorriso e se aproximou da revista feminina Morgana’s Spell para deixar um autógrafo e tirar duas ou três fotos. Em seguida, se dirigiu para Quadribol Nas Nuvens, onde em uma rápida entrevista confirmou que ele usaria a Nimbus 2001 em Hogwarts e que aprovava o design da vassoura, apesar de nunca tê-la visto. Ele deixou o número de sua coruja comercial para discutirem fotos com a nova vassoura.

“Aqui Potter! Um sorriso! Agora uma foto de lado! Com a varinha!”

Rita Skeeter se aproximou dele e puxou o braço de Nicholas para atrair sua atenção. A pena rosa que combinava com sua blusa estava pronta para escrever o que quer que fosse dito: “Potter, pode nos dizer aonde esteve durante o verão? Há algum motivo para o seu desaparecimento?”

Nicholas estranhou. Aquilo era algum tipo de brincadeira? “Desaparecimento? Vocês desapareceram, não eu!”

Um outro jornalista, mais bondoso do que Skeeter, lhe explicou que vários jornais e revistas haviam mandado convites para entrevistas e fotos, porém não haviam recebido resposta. Alguns dos presentes enviados para ele voltaram para quem os enviou, e o flu não funcionava quando alguém importante tentava falar com os Potters.

Aquilo enfureceu Nicholas. Ele andou com passos largos pelas pessoas que se amontoavam para vê-lo, escrevendo e sorrindo, tentando ser o mais simpático possível mesmo quando suas costas doíam como o inferno assim como a sua cabeça, desejando sair de lá o mais rápido possível. Seus pais estavam assistindo, porém, assim como dezenas de fãs, e ele não sairia de lá tão cedo. Suas bochechas doíam de tanto sorrir quando ele confirmou para o jornal “Hoggy Warty” que esperava ansioso para Hogwarts.

Bastou falar de Hogwarts para ele sentir as bandagens das costas ficando pesadas, como se algo as estivesse molhando. Ele parou no lugar. Na multidão, alguém gritou e apontou para as costas dele, onde as vestes vermelhas pareciam ficar mais escuras em determinados lugares. Lily correu até ele, seguida de James. Nicholas mordeu os lábios; era como se sua pele estivesse sendo dividida.

“Vamos” disse Lily, segurando a mão dele e aparatando para o St. Mungus, onde imediatamente ele foi levado para uma Ala Especial onde teria sua própria medibruxa e distância dos outros doentes. Ele se acomodou na cama e tomou o remédio indicado. Suas pálpebras foram ficando pesadas e ele se acomodou melhor. Uma soneca não faria mal.

Quando ele acordou, havia alguém, não, não alguém, algo olhando para ele. Nicholas ajeitou seus óculos e o borrão se tornou um elfo doméstico vestido em farrapos.

“Quem é você?” perguntou, querendo se mover. “Quem te deixou entrar aqui?”

“Dobby é mau” foi a resposta. “Dobby machucou Nicholas Potter. Dobby é mau, mau, mau!” ele bateu a cabeça repetidamente contra o chão.

Nicholas ficou sem palavras para aquilo. Um elfo doméstico havia abrido suas bandagens e feito com que ele parecesse um enfermo na frente de toda aquela gente? “Por quê?”

“Nicholas Potter não deve voltar para Hogwarts. Dobby precisava impedir.”

“Mas por que agora?” ele cruzou os braços.

Dobby foi até a cama e se sentou na escrivaninha que ficava ao lado dela. “Dobby não conseguiu entrar na casa. Magia muito forte. Dobby precisava que você saísse para falar com você. Coisas horríveis vão acontecer.”

“Então eu precisarei estar lá para impedir. Se você acha que um corte vai me impedir de voltar para a escola, está muito enganado. As pessoas precisam de mim. Saia daqui ou vou gritar. Estou falando sério.”

Com um pop, Dobby desapareceu, sem ter tempo de informar a visita de Nemesis ao seu mestre Lucius, deixando assim o menino tão despreparado quanto estava antes da visita.

__

Nicholas acabou não ficando na casa dos Weasley por muito tempo. Ele comparecia pela manhã e ficava até o jantar, quando voltava para casa e tinha suas bandagens trocadas. Graças a Merlin, depois de duas semanas o machucado não era mais do que uma cicatriz, porém a mãe, como todas as mães nesse mundo, queria ter certeza de que tudo estava bem.

“Aproveitem o Beco Diagonal” insistiu ele, tentando parecer conformado com o fato de não ver de perto a nova Nimbus 2001. “Comprem coisas legais e voltem logo. Vou estar esperando.”

Todas as crianças assentiram. Revan foi na frente, querendo um tempo extra para encontrar Regulus (ele havia mandado uma mensagem por Eyphah meia hora atrás) e pegar a horcrux para se desfazer dela para alguém que precisasse. Ele desapareceu nas chamas verdes e caminhou até o ponto de encontro dos Blacks, duas lojas à direita da Borgin & Burkes. Regulus estava lá, com cabelos e olhos castanhos conforme o combinado.

O homem deu um abraço no aprendiz, tendo ficado sem vê-lo por duas semanas, e colocou a horcrux cuidadosamente no bolso dele, assim como uma capa verde escura que Revan escondeu no bolso com a ajuda de um feitiço.

“Um dia você vai me explicar a razão de todo esse mistério” avisou, apertando o aprendiz mais fortemente. “Sei que é algo importante, mas eu quero saber. Me mande mensagens esse ano, eu quero saber tudo que acontece em Hogwarts.”

Revan assentiu. “Eu vou, pai. Deixe as janelas abertas e tente conseguir exemplares do Profeta Diário. Se tudo ocorrer conforme o planejado, teremos várias manchetes interessantes esse ano.”

Regulus mordeu o lábio, se certificou que ninguém estava olhando e envolveu o garoto em um abraço. “Tome cuidado. Você em primeiro lugar, ok? Me prometa.”

Silêncio. O Lorde das Trevas em primeiro lugar, o herdeiro Black queria dizer, mas sabia melhor. Ele não queria magoar o mentor. “Vou tentar.” 

Antes que começassem a procurar por ele, ele já esperava na frente do banco Gringottes, onde encontrou Percy, Fred, George, Ron e Ginny, que estaria indo comprar suas coisas com Luna Lovegood, a garota estranha  que havia indicado, não intencionalmente, a Revan onde ficava A Toca. Os duendes os ignoraram por um bom tempo, sabendo que aquela família não tinha nada em seus cofres. Os Weasley, pensavam os duendes, apenas ocupavam espaço.

Honeybuck deu um sorriso de dentes afiados para Revan, claramente vendo como ele era realmente. Ele indicou para todos um carrinho minúsculo onde toda a família se espremeu para caber; o herdeiro Black quase caía para fora quando eles estavam em movimento e tinham curvas bruscas, fazendo impossível para qualquer um memorizar de onde tinham vindo ou para onde iam. A corrida não durou muito por causa da pouca importância dos Weasley. Dessa vez, ninguém chegou a ver um dragão.

Molly pegou o único galeão que tinham no cofre e o guardou no bolso. Arthur precisava de um aumento, eles mal conseguiam sustentar as crianças. Se não fosse pela ajuda de Dumbledore, que pagava mensalmente Ron para se manter amigo de Nicholas, eles nem teriam A Toca, tamanha eram suas dívidas. Ela esperava que recebesse galeões extras agora que Ron tomava conta não apenas de Nicholas, mas do Slytherin também. Apenas Merlin saberia o que um garoto tão educado quando Nicholas estava fazendo perto de alguém como Black.

“Você não vai pegar nada, Revan querido?” perguntou com uma tentativa de um sorriso amável. Na verdade ela queria ver a fortuna que o garoto parecia ter. Sirius havia lhe garantido em uma das visitas da Ordem que o cofre dos Black permanecia intocável, porém a área reservada para Regulus estava inacessível para ele. O mistério ao redor de Revan Black parecia se expandir conforme eles aprendiam mais a respeito do garoto.

O herdeiro Black retribuiu o sorriso igualmente forçado e balançou a cabeça, afirmando que tinha tudo que precisava. Molly suspirou; pelo menos ela tinha tentado.

Uma corrida maluca depois, os ruivos, Hermione e Revan foram até a loja Floreios e Borrões, onde encontraram outra surpresa. Dentro da loja, haviam tantos flashes que o menino não conseguiu ver quem era a celebridade. Os livros ao redor dele deram a resposta: Gilderoy Lockhart, com suas vestes chiques e sorriso brilhante.

Ao ver a multidão de cabelos vermelhos, ele se aproximou e deu autógrafos para todos que carregavam seus livros. Ginny deixou escapar um gritinho animado e abraçou as pernas do bruxo. Hermione começou a disparar perguntas para ele. Lockhart reconheceu Ron, que sempre saía junto com o Menino que Sobreviveu nas fotos, e deu para toda a família exemplares grátis de todos os livros, o que trouxe lágrimas aos olhos de Molly. Aquilo ajudaria tanto seus filhos! Desse jeito, ela ainda teria aquele mísero galeão para gastar com comida para as crianças.

“Vocês compram meus livros” pediu Revan para Hermione e os gêmeos. “Eu tenho que comprar... penas. Te vejo daqui a pouco.”

Ele estava fora da loja antes que eles pudesse dar uma resposta.

Revan caminhou pelo Beco Diagonal a procura de uma vítima para carregar a horcrux. Ele não sabia exatamente o que estava procurando, mas esperava que quando a hora chegasse, ele soubesse. Alguém fraco, decidiu, fraco e estúpido o suficiente para não perceber o perigo que corria. O herdeiro Black colocou a capa verde que cobria seu rosto, mas que não o fazia parecer perigoso, apenas tímido.

No Beco Diagonal todos os estudantes de Hogwarts estavam acompanhados de pais, guardiões ou amigos, então ele se dirigiu à Travessa do Tranco. Logo no início, ele localizou sua vítima. Uma criança que não parecia ter mais de onze anos, chorando em um beco. Suas mãozinhas pálidas cobriam sua face, de modo que Revan não a reconheceu. Ele se aproximou dela, preparando sua voz mais gentil e simpática.

“Uma criança como você não deveria estar aqui sozinha” falou, se sentando no chão ao lado dela.

A menina olhou para ele com tímidos olhos azuis e voltou a chorar. “Por que você se importa?” perguntou, esfregando os olhos.

Revan deu de ombros. “Por que não me importaria? Sou Henry. Quem é você?”

“Meu nome é Sally. Sally-Anne Perks. Você não se importa porque ninguém se importa comigo. Já pedi transferência para outra escola, no próximo ano vou estar no Instituto das Bruxas de Salém. Você sabe, Harry, as pessoas dizem que todos os Puffs são amigos e gentis e leais, mas ninguém gosta de mim. Hannah e Megan combinaram de me encontrar aqui, só que elas não vieram. Ninguém nem sabe que eu existo!” os soluços a impediram de continuar a falar.

Sim… Aquela seria uma boa vítima. Revan estendeu o pacote para ela com uma pitada de ressentimento. Muitos anos atrás, ele havia sido como ela. “Agora eu sei que você existe, Sally. Aqui, um presente. Lembre-se que alguém se importa com você sempre que usá-lo. Todos têm alguém especial em seus corações. Talvez essa pessoa esteja mais próxima do que você imagina.”

De repente, a garota o abraçou. Revan ficou rígido: Aquela era uma sangue ruim em contato direto com ele. Cara legal, repetiu para si mesmo, cara legal. Ele retribuiu o abraço com repulsa, tentando tocar apenas nas roupas de Sally. “Obrigada Henry” ela sussurrou, o abraçando mais fortemente. Revan deu tapinhas desajeitados em suas costas. “Eu nunca vou esquecer de você.”

Ele deu uma risada falsa. “Desde que essa lembrança seja boa, cara Sally, eu não me importo. Eu também sempre vou me lembrar de você. Tenho que ir agora, minha família está esperando. Espero te ver logo. Boa sorte com seus estudos, Sally.” Ele voltou para o Beco Diagonal, onde comprou as ditas penas para Hermione e ele, penas com corretor ortográfico e de digitação rápida, e voltou para onde os ruivos estavam finalmente saindo da Floreios e Borrões.

“Revan” sorriu Hermione calorosa. “Você demorou.”

“Me desculpe” falou Revan polidamente. “Mas eu tinha coisas para fazer.”


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Notas finais do capítulo

Para quem está se perguntando quem diabos é Sally-Anne Perks. Abram o livro HP e a Pedra Filosofal, leitores. Quem é sorteado antes de Harry? Perks. Agora abram o quinto livro, e ouçam a lista de chamada de Minerva. Sem Sally-Anne Perks.

Desapareceu. Puff. Quem melhor para abrir a Câmara Secreta?

Reviews me fazem escrever o capítulo 23 (ponto de vista dos Potters o capítulo todo) mais rápido, assim como terminar o terceiro ano até o fim desse mês (e isso eu digo, cabeças vão rolar).

Até semana que vem!