25 – Dia-a-dia

 POV de Bella

 

Eu caminhava por um gramado verde, eu estava descalça. A grama roçava macia sob a sola dos meus pés, o aroma das flores invadia minhas narinas e me fazia suspirar. Andei mais um pouco, até que o vi.

 

- Edward. – Murmurei e corri em sua direção.

 

Quanto mais eu corria, mais longe ele ficava, foi quando eu percebi, não estava saindo do lugar. Eu estava em uma bolha, todos estavam lá, mas eles não me viam, não me ouviam chama-los. Comecei a me desesperar, Edward foi surpreendido por alguém, alguém que procurava por mim incansavelmente.

 

Laurent lutava com Edward, rosnados e grunhidos altos invadiam todo o ambiente, minha bolha tremia com as ondas sonoras. E então, tudo cessou. Laurent saiu da frente e mostrou Edward, de olhos fechados, camisa rasgada. Eu suspirei de alívio.

 

E então um barulho. A lamina prateada de uma espada longa estava atravessando o peito nu de Edward no momento que eu me virei para olha-lo. Era como se eu estivesse lá e se a mesma lamina estivesse me cortando, a dor era terrível, então eu gritei.

 

- NÃO!!! – Levantei subitamente da cama. Era um...pesadelo.

 

POV de Edward

 

Eu estava subindo o primeiro lance de escadas novamente quando ouvi o grito de Bella. Eu voei para meu quarto, ela estava embolada, arfando e suando entre as cobertas.

 

- Bella... – Sussurrei. – Acalme-se...

- Era você lá... Ele... A espada... Você... Lamina... Você... – Ela gaguejava e arfava.

- Bella, estou aqui... O que quer que tenha acontecido, foi um pesadelo. – Tentei acalma-la. – Está tudo bem.

 

Ela me abraçou, eu podia sentir que havia forças em seus braços. Eu a fastei um pouco, segurei seu rosto com as minhas mãos frias e a beijei. Bella estava relutante, eu sempre fui relutante com ela. Nosso beijo se tornou urgente, foi como se eu estivesse me tornando humano enquanto a beijava, porque eu podia sentir um calor subindo pelo meu corpo. Bella estava fazendo aquilo.

 

Eu a segurei pela cintura, puxando-a para mais perto. Eu a empurrei delicadamente para a cama, fazendo com que se deitasse novamente, ela não questionou. Apenas aninhou-se em meus braços e voltou a dormir.

 

- O que houve? – Alice e Jasper apareceram na porta do quarto.

- Não sei, ela teve um pesadelo... eu acho. – Sussurrei.

- Ela vai dormir bem. – Jasper falou, enquanto eu sentia suas ondas calmas emanarem pelo quarto, fazendo Bella relaxar.

 

Cada hora da madrugada que se passava, eu contava. Para um vampiro, não existem mais minutos ou horas, apenas os séculos e a eternidade. As noites que eu passava vendo Bella dormir, eram minhas melhores noites em noventa anos, eu não precisava mais ficar contando as horas, eu apenas vivia aquelas noites.

 

Depois de algumas horas – creio eu -, eu comecei a sentir uma sensação diferente, estranha. Imagens começaram a passar pela minha mente. Era como se eu estivesse sonhando.

 

Eu estava em um gramado, com pequenas flores roxas formando moitas pelo chão. Eu estava encostado em uma árvore, e no sol estava Bella, parada, apenas admirando a beleza do lugar. Então eu vi Willow, ela usava um vestido longo e branco, seus cabelos loiros estavam soltos e ela conversava com Bella.

 

- Estou sonhando? – Bella perguntava.

- Sim, e eu posso estar aqui, assim como você pode faze-lo estar aqui. – Wiilow apontou para mim, então eu estava ao lado delas.

- Eu não... – murmurei quando percebi que eu estava na luz do sol e não brilhava, apenas sentia o calor dos raios solares em minha pele.

- Isso é um sonho Edward. – Willow sibilou. – Você é humano aqui.

- Você sempre quis que eu fosse humano, não é? – Olhei para Bella, que não era ela, exatamente.

- Ela é uma vampira aqui. – Willow sibilou novamente. – Incrível não, é? Irônico.

- Eu não sonho com você humano, sonhos apenas com você. – Bella murmurou.

- Ora, vejam... está anoitecendo. – Willow disse olhando para o céu. – Que tal vocês acordarem?

 

Depois tudo ficou perdido e eu sai desse estado de inércia. Eu tinha sonhado, pensei comigo mesmo. Bella me fez sonhar, era como se eu pudesse dormir. Não sei descrever o que eu sinto agora, quanto mais tempo eu passava com Bella, novas emoções – sensações – despertavam em mim.

 

- Edward... – Bella sussurrou.

- Estou aqui. – Beijei sua testa.

- Eu sonhei com você. – ela falou. – Você era humano, eu era a vampira e Willow falava que estávamos sonhando...

- Eu também sonhei com você... – Falei. – Acho que porque estávamos abraçados, então o que você sonhava, começava a passar em minha mente, então eu sentia que eu participava daquilo.

 

Bella sorriu e se levantou. Nós nos arrumamos e fomos para a faculdade. Alice perguntava o tempo todo como era se sentir humana novamente, depois que eu contei sobre minha noite após o pesadelo. Rosalie disse que queria experimentar e então virou festa, Emmett fazia brincadeirinhas e Jasper apenas concordava. Chegamos a faculdade e eu tive que me separar para ir a minhas aulas.

 

As aulas corriam tranqüilas, eu e Jasper tínhamos música clássica, história da música e outras do gênero. E côo toda boa faculdade de música, os alunos tinham que apresentar um projeto – composição – musical no festival de inverno que iria ocorrer em dois meses. Meu irmão não tinha idéia do que fazer, então resolveu simplesmente não fazer nada, eu – pelo contrário – tinha tudo em mente. O que seria melhor do que minha mais recente e mais tocada composição? A canção de ninar que fiz para Bella, segundo Jasper, iria deixar a todos facinados.

 

Rosalie e Sookie iriam participar do festival também, mas o que me impressionava não era Rosalie E Sookie participarem e sim, a Rosalie participar. Ela estava tão a costumada a espantar as pessoas e simplesmente ficar longe delas, que eu não entendia o motivo de querer participar de tal acontecimento. Elas iriam estar na peça Romeu e Julieta, um clássico Shakespeareano. Segundo Sookie, o principal objetivo de Rose era conseguir o papel de Julieta, o contrário de Sookie, que queria apenas participar.

 

Alice, Bella e Willow deveriam criar uma coleção e apresentar para a sala, assim como todos os alunos deveriam fazer. Depois, a coleção escolhida iria entrar para desfile no festival. Não preciso dizer que Alice iria fazer de tudo para que sua coleção fosse escolhida, não é?

 

Nós saímos da faculdade e eu insisti em levar Bella para almoçar fora, Sookie e Willow também resolveram ir. Nós fomos em um restaurante italiano, não estava cheio e devia ser bom. A garçonete baixinha veio anotar nossos pedidos, eu e meus irmãos pedimos apenas refrigerante, a parte humana da turma pediu lasanha.

 

- Está no ar, mais um programa, para mim, para vocÊ e sua família! – Emmett fez uma vozinha fina imitando uma paresentadora.

- Em, amor, menos ta?! – Rose pediu.

- No programa de hoje: Como um vampiro se sente humano! – Ele falou.

- Emmett, você é mais forte que eu e eu mais rápido que você, a luta vai ficar empatada caso eu resolva te matar... – Ameacei.

- Ok, ok... não posso nem brincar... – Ele resmungou.

- Todos não gostamos muito do que somos e você... – Jasper falou.

- Eu simplesmente curto! – Emmett deu uma gargalhada. – Cara, eu sou o irmão mais velho, não torra! – Ele riu novamente.

- Tecnicamente sim, teoricamente... – Falei... – Eu sou o mais velho! – Dei uma risada abafada.

- Ah, brow, não enche! – Ele pegou o copo de coca da mão de Bella e bebeu.

- EI! – Bella resmungou. – Desde quando vampiros tomam coca-cola?

- Pode me explicar EXATAMENTE o que aconteceu com o Edward esta noite? – Rosalie perguntou num tom menos casual.

- Há... eu...não... sei. – Bella gaguejou.

- Similar ao que ela faz quando Edward consegue ler a mente dela... – Willow engoliu o que mastigava e voltou a falar. – Basta que ela fique um certo tempo em contato com a pessoa, assim as lembranças e sensações que percorreriam o corpo dela, terão um lugar a mais para... passar. Ah, falando em você Bella... treino depois e amanhã.

 

Quando voltamos para casa, Esme e Carlisle ainda não tinham chegado de seu dia de caça. Willow arrastou Bella e Emmett para os fundo de casa. Eu fiquei preocupado, não porque Bella iria aprender coisas novas, mas sim porque Emmett iria estar junto, então, como de costume, fiquei sentado em frente ao gramado vendo-as.

 

Willow dizia a Bella que ela teria que aprender a se defender de ataques, consequentemente, ela teria que ter um raciocínio rápido. Ela pediu a Em que arremessasse uma bola de beisebol na direção de Bella. Bells se concentrou, esticou as mãos e a bola parou a um metro de distancia, no ar. E assim foi o resto do treino, elas iriam praticar mais sobre isso amanhã, incluindo ataques com fogo, água e objetos maiores. É nessa parte que eu tenho medo.

 

POV de Bella.

 

- Willow, se você voltar a minha mente eu posso falar com você naturalmente, certo? – Perguntei.

- Sim, porque? – Ela respondeu.

- Quero saber uma coisa, mas não quero que eles saibam.

- Ok. – Willow disse alguma coisa e era como se uma porta aparecesse – do nada – esperando que ela entrasse.

 

“Ok, o que quer saber?” Eu me sentei no sofá da sala e fechei meus olhos. Willow estava em um balanço, numa campina. A mesma dos meus sonhos.

“Existe algo que possa transforma-los em humanos por algumas horas?!” Agora eu caminhava em minha própria campina. Do lado de fora eu podia ouvir a voz de Alice e Edward se perguntando sobre o que eu fazia.

“Você quer transforma-los em humanos para que?”

“Bom, isso sempre foi um desejo deles... É uma forma de compensa-los...” Falei.

“Mas nessa ocasião é meio arriscado não acha?”

“Eles poderiam ir a festa como humanos e mesmo que acontecesse algo, eu e você estaríamos lá. Além do mais, Victoria quer continuar o que James começou, ela iria fazer o mesmo que ele...” Expliquei. Ao lado de fora da minha cabeça – meio engraçado isso, eu sei – Sookie tinha se juntado a eles na sala e perguntou se eu estava dormindo.

“Ou seja...” Ela insinuou para que eu continuasse.

“Ela vai querer fazer exatamente o que ele fez. Ela vai terminar isso em Phoenix, tenho certeza.” Por mais astuta que Victoria fosse, eu tinha absoluta certeza de que ela apelaria para o teatro, me levando até o salão de Balé.

“Ok, existe um tipo de poção.” Willow pulou de seu balanço imaginário e andou até mim. “Ela dura cerca de 12 horas.”

“É fácil fazer?”

“Sim e não, exige concentração. Na verdade a poção é puramente mágica.” Ela explicou.

“Como assim?!”

“Você vai, nada mais nada menos que encantar uma bebida ou comida, para que eles possam beber e o encanto fazer efeito.” Ela falou.

“Pode ser qualquer coisa?” Perguntei.

“Sim, pode.”

“A que horas eu teria que começar a prepara-la?” Perguntei novamente.

“Hum...” Ela pensou. “Para que eles possam ficar na festa toda sendo humanos... depois do almoço amanhã.”

“Ótimo!” Concordei.

“Mas preste atenção. Será um bom exercício mental, Bella. Você terá que se concentrar muito, teremos que estar preparadas, caso algo aconteça.” Willow me alertou. “E, prepare também comida, muita comida, porque eles irão estar com fome depois que tomarem a poção.”

“Argh..espera aqui, não saia.” Abri os olhos e vi todos – até Carlisle e Esme – a minha volta.

 

- Por favor... por favor... – Pedi, verdade implorei. - `Para vampiros, até que vocês estão falando alto. Eu NÃO ESTOU DORMINDO. – Dei ênfase. – Estou apenas... batendo um papinho com Willow.

- Você poderia repassar a informação?! – Alice pediu;

- Curiosa. – Eu ri. – Vou pensar. Agora, se me dão licença...

 

Eu fechei os olhos novamente e voltei a ficar relaxada, até que senti a grama fofa sob meus pés. “Eles são curiosos.”

“Você quem escolheu morar com vampiros...” Willow riu. “O que fará para que eles tomem?”

“Hum...são vampiros então...” Comecei a falar, mas fui interrompida.

“Não!!” Willow resmungou.

“Não você, sua boba. Sangue animal.” Falei.

“Ah, isso sim.” Willow sorriu. “Então amanhã façamos assim, logo depois do almoço, em torno das duas horas, você começa a preparar. Não levará mais que meia hora...”

“Certo, aí teremos tempo para tudo...” Falei.

“Agora... você vai contar a eles?” Ela perguntou.

“Não, só vou pedir algumas coisas.” Eu ri e voltei a abrir meus olhos. Como era de se esperar, Alice estava impaciente ao meu lado, alias, todos estavam.

 

- Como faz isso?! – Carlisle perguntou, quando Willow voltou a aparecer ao meu lado. Eu bati meus dedos em minhas temporas.

- Alias, Carlisle e Esme, eu gostaria que vocês também fossem na festa amanhã. – Pedi.

- Ah, querida, não tem necessidade. – Esme falou.

- Tem sim. E outra coisa. – Continuei. – Carlisle, eu gostaria que você arranjasse umas...oito bolsas de sangue...

- COMO É QUE É? – Edward e Alice disseram juntos.

- ANIMAL. – Falei devagar. – Não é para mim, mas sim para vocês.

- O que pretende? – Alice perguntou.

- Nada que vocês devam saber... por enquanto. – Falei depois percebi que Edward tentava ler algumas mentes. – Edward, não vai conseguir ler Willow, muito menos eu.

- Mas... – Alice fechou os olhos.

- Você também não vai ver nada, porque eu não decidi se vou realmente usar as bolsas para o que eu quero... – Gargalhei.

- E, porque mesmo que você decida, “isso” não iria funcionar. – Willow e eu rimos.

- Ok, mocinha... – Carlisle sorriu. – Seja lá o que estiver planejando... vou providenciar as bolsas e nós iremos a festa.

- Ah, mas não vi o que vou usar. – Esme reclamou.

- Não se preocupe, nós já vimos algo, espero que goste. – Eu sorri. Dessa vez eu estava bancando a Alice.