12 – Humana demais

POV de Bella

Desde o dia em que Jacob me seqüestrou, Edward tem tomado um cuidado constante comigo, para evitar que algo assim aconteça de novo. Me sinto péssima, não péssima fisicamente, falo no sentido emocional e – um pouco – físico também. Tudo bem que tem a Sookie que também é humana, menos desastrada que eu, mas ainda sim, o azar parece gostar mais de mim.

 Ou eu me corto, caio, sou seqüestrada por um lobisomem ou ás vezes um vampiro sádico vem atrás de mim por causa do meu cheiro. As vezes eu queria ser menos... quebrável. Se eu fosse igual ao Edward... imortal... quem sabe as coisas não iam melhorar?

-    Bella? – Meu pai me tirou do transe repentino. – Você está bem?

-    Ah... sim, estou. – Eu disse enquanto levava os copos e as vasilhas de pipoca para a cozinha.

-    Eu sei que é meio estranho, mas pode falar comigo se quiser. – Charlie virou em direção à cozinha, ainda sentado no sofá.

-    Bom, é... que... sabe pai, as coisas, quer dizer, o azar me escolheu como pessoa. Digo, eu sempre dou um jeito, por mais absurdo que seja, de cair e me machucar, ou um vampiro sádico me persegue por causa do meu cheiro ou, para ajudar mais, um lobisomem – que era meu amigo – me seqüestra porque diz que se ele não vai me ter, então ninguém vai. – As palavras saíram rápidas e fáceis pela minha boca. Um nó começava a se formar na minha garganta.

-    Ah, eu... realmente não sei o que dizer Bells. – Ele falou quando sentei ao seu lado.

-    Sabe... eu quero ser alguém normal, mas, não quero ser tão normal, me entende? Digo, eu amo muito o Edward, não quer ter que me separar dele para poder ser alguém normal. Eu só queria ser menos quebrável... – e eu queria mesmo. Humana e fisicamente falando, eu gostaria de estar mais com o Edward, quer dizer, estou noiva, ele não é muito afim de ter uma lua de mel comigo, simplesmente porque eu sou quebrável.

-    Você é como todas as garotas humanas, Bells. Tem sorte e azar. Mas mesmo que você pense que não tem tanta sorte assim, você devia rever seus conceitos. – Charlie disse. Eu o abracei, ia começar a chorar de novo. Droga Bella, você só chora! – Você tem um namorado que te ama, a família dele, eu, seus amigos, tem seu professor e a namorada dele, também amam você.

-    Eu sei... vou dormir ta? Amanhã tenho aula, boa noite pai. – Eu dei um beijo na testa dele e subi as escadas.

-    Boa noite, garota! – Ele acenou para mim.

 Quando entrei no quarto, me dei conta de que ainda eram nove e meia, falta uma hora para Edward chegar, então resolvi escrever no diário. Abri o encadernado numa folha em branco e comecei:

“Humana demais.

Se eu me tornasse uma imortal, os problemas seriam resolvidos? Se eu fosse igual a ele... não haveria mais com o que me preocupar. Eu seria uma vampira imortal e não quebrável.

Humana demais.

Não posso prolongar um beijo, porque ele acha que vai acabar me matando, me quebrando ao meio. Os cuidados são sempre redobrados, se a Bella está por perto, cuidado! Se contenham com a força, senão vão quebra-la ao meio.

Se eu me machuco, ele sofre com a sede queimando em sua garganta. Se fico muito perto dele, sei que isso também acontece, é inevitável.

É inevitável, afinal, sou humana demais, não é?

Fico pensando – ainda não tive coragem – de perguntar a Charlie o que ele diria se soubesse que quero me tornar uma deles. Eu não durar para sempre, pai. Quero estar ao lado dele, não quero envelhecer. Era isso que eu diria, mas e ele?”

-    Boa noite. – Edward apareceu sentado na janela enquanto eu fechava meu diário.

-    Como foi o dia de caça? – Perguntei tentando disfarçar o desanimo.

-    Alguns cervos, um leão... – Ele respondeu. – E você? Como foi seu dia?

-    O mesmo de sempre. Aula, casa, limpeza...dormir... – Desisto, pensei comigo mesma.

-    Bella, você não está bem. O que foi? – Ele perguntou-me.

-    Bom, precisamos contar ao Charlie que eu estou noiva e, também, precisamos contar a ele sobre a votação e minha transformação. – Eu disse subitamente.

-    É isso com que vocÊ se preocupa?

-    Na verdade, mais com o fato de eu ser sempre a mais quebrável, a humana frágil... me preocupo com o que Charlie iria dizer sobre a transformação. – Falei enquanto deitava na cama.

-    Não se preocupe, embora eu seja contra transformar você, vamos falar ao Charlie, ele vai aceitar. – Ele tentou me tranqüilizar.

POV de Edward

Bella estava inquieta esta noite, ela falava constantemente o nome de Charlie – preocupação – e falava uma palavra que ainda me era incompreensível. Embora eu fosse a ovelha negra da minha família, eu iria transforma-la – isso a faria feliz. A única coisa que faz sentido, pensou Carlisle, uma certa vez.

A noite passou rápida e silenciosa, exceto pelos murmúrios de Bella, a manhã estava nublada – novidade – e chuvosa – outra novidade -, Bella levantou de bom humor, parece-me que as preocupações tinham sumido junto com a noite.

-    Você parece melhor hoje... – Acrescentei.

-    Sim... Decidi que... Não importa. Vou simplesmente deixar acontecer. – Bella saiu do quarto com sua nécessaire e foi ao banheiro. Minutos depois, ela voltou e continuou dizendo. – Aliás, hoje você deve aparecer aqui a noite, antes, sabe... Falar com meu pai sobre o noivado.

-    Eu não em esqueci. E parece que você está aceitando melhor isso, não? – Perguntei.

-    “Yep”. – Bella citou Emmett. – É o começo do meu para sempre, não é? – Ela sorriu.

-    “Yep”. – Citei novamente. – Do NOSSO para sempre. – Corrigi.

Voltei em casa, tomei um banho, troquei de roupa e peguei meu volvo, enquanto Bella tomava seu café da manhã. No geral, as aulas passaram rápido. Jéssica se recusava a falar com Bella, justamente porque ela estava mais próxima a todos nós – culpa minha isso – e depois da minha volta repentina. Ângela esta normal, Alice a adorava, assim como Bella. Elas resolveram sair para fazer algumas compras em Seatle, junto com Sookie e – isso é um milagre – Rosalie.

Eu e meus irmãos resolvemos ir caçar. Chamamos Bill para ir junto, já que ele era um “amigo” novo da família.

POV da Alice

Compras, compras, compras!!! Dirigimos até Seatle para fazer algo de interessante e, desta vez, sem interrupções de um certo saco de pulgas. Ok, não vou falar nisso.

O legal, era que estávamos todas animadas – isso inclui Rosie – e o clima estava bom. Quando eu digo bom, falo em nuvens e zero sol. Lógico que não ia sair com sol e, pior ainda, aquela garoazinha. O motivo não era eu – era pior -, era Rosalie. Ela detestava ter que sair quando estava chovendo, estraga o cabelo, ela sempre diz. Só que eu não sei qual cabelo estraga, porque ela meio que é uma morta viva sabe, bom, deixa quieto.

Chegamos em Seatle e Bella, Sookie e Angie resolveram primeiro almoçar, depois ir ás compras. Para desprazer meu e de Rose. Ta, parei. Elas são humanas, tem que comer.

-                Quero um raviolli de cogumelos. E uma coca. – Bella pediu.

-                Certo, eu também quero. – Angie falou.

-                O mesmo para mim. – Pediu Sookie.

-                E as senhoritas? – A garçonete perguntou a mim e Rosalie.

-                Nada, obrigada. Estamos sem fome. – Não era mentira.

Enquanto elas almoçavam, eu discutia com minha irmã, as novas peças que ela iria comprar para o novo guarda-roupa que eu estava ajudando montar. Eu sempre dou uma de personal stylish. Bella, Angie e Sookie, discutiam a comida – eca -, os temperos e tudo mais.

-                Ei, o que vocês vão querer fazer de faculdade? – Perguntou Sookie.

-                Humm... Eu quero jornalismo. Ou fotografia. – Angie disse. – Não espera. Fico com fotografia.

-                Eu estou em dúvida, mas acho que fico com modas ou gastronomia. – Bella disse.

-                Alice? Rosalie? – Sookie se dirigiu a nós duas.

-                Eu quero Modas! – Exclamei.

-                Vou ficar com modas também. – Rose disse.

-                E você Sookie? – Perguntei. – Modas também? Sabe, podíamos todas fazer modas... ia ser tão legal. Fabuloso!

-                É uma idéia boa. Gostei! – Sookie tomava outro gole de coca.

-                Isso, sério. Eu desisto de fotografia. Modas vai ser muito bom! – Angie exclamou.

POV de Bella

Depois que decidimos que todas iríamos fazer a mesma faculdade, nós pagamos e saímos do restaurante. Rosalie estava impaciente para as compras. Era incrível, mas acho que ela estava começando a ser um pouco mais sociável, com relação a humanos.

Nós passamos um resto de tarde em Seatle, tomando sorvete, até que resolvemos voltar para Forks. Chegamos lá – essa vez chegamos, porque na última... – estava escurecendo. Eu disse a Charlie que Edward viria esta noite para conversar com ele sobre um determinado assunto.

“Toc, toc, toc.” Devia ser Edward.

-                Oi. – Eu disse abobalhada com o sorriso torto e encantador dele.

-                Boa noite. Posso entrar? – Ele perguntou.

-                Claro. – Fiquei na ponta dos pés e dei um selinho em seus lábios frios.

-                Pai!!! – Chamei. – Edward está aqui!

E era o momento. Por baixo de murmúrios, perguntei a Edward se seria necessário falar sobre a minha mortalidade, já que eu não iria viver sem o meu namorado-deus grego-vampiro-estátua de adonis. Edward disse que estaria sondando ele, se fosse necessário, falaríamos, se não, deixaríamos para um outro dia. Prefiro que seja hoje, pensei comigo mesma. Vamos, Bella, vai dar tudo certo.

-                Ei, Edward! – Charlie exclamou.

-                Oi, Charlie, como você está? – Edward perguntou num tom formal demais.

-                Muito bem, o que você queria falar comigo? – Meu pai perguntou.

-                Bom... sabe, vim pedir a mão de sua filha em casamento. Na verdade, vim pedir sua benção, por Bella já aceitou. – Edward exclamou enquanto sentávamos no sofá.

-                Oh, isso é... ótimo!!! Perfeito!!! – Charlie disse. Quase que gritando de alegria. – Bella será muito feliz, vocês tem todas as bênçãos que eu puder dar!

-                Oh, pai, brigada, obrigada mesmo! – Eu levantei e o beijei na testa.

-                Ah, espera. Mas tem um problema...

-                É o que temíamos... – Edward sibilou somente para que eu ouvisse. – E qual é Charlie?

-                Ah, vamos garoto! Você já sabe... – Ele ficou receoso. – Bom, vou falar então. Bem, Bells, você sabe que Edward é imortal. Ele... não morre. E você é humana... mortal... – ultimamente meu pai anta “antenado” nessas coisas de outro mundo. – De qualquer maneira, mesmo que não aconteça nada, você vai... morrer, Bells. – Ele foi hesitante nas ultimas palavras.

-                Ah, é isso. Bom... pai, sabe... não pretendo deixar Edward. Quero ter o meu “e eles viveram felizes para SEMPRE”... – Eu falei.

-                Você... não está sugerindo que... bom... você virar uma deles não é? – Opa. Chegamos ao ponto.

-                Bom, estou pai. – Eu disse.

-                Na verdade, Charlie. Eu também nao concordo com isso, mas todos os outros acham que é melhor. Quer dizer, sabe, mesmo que eu não concorde, eu disse a Bella que a quero feliz, então... – Edward tentou explicar. Não sei se iria ser fácil como ele pensava, quer dizer, Charlie é duro na queda, tem opiniões fortes.

-                Espera! Você quer transformar a MINHA BELLA numa... numa... numa vampira?? – Opa. Charlie passava de branco á roxo.

-                Edward espera! – Me intrometi.

-                Pai. Por favor. Procure entender. – Pedi, quase implorando.

-                Isabella Swan, como você quer que eu entenda? Você vai... morrer! – Ele disse num tom amargo.

-                Pai! Pai! Olha, me desculpe. Mas... pensa bem, eu vou morrer e vou estar viva... eu vou poder ficar ao lado dele para sempre! Pai, a única coisa que eu peço. – Implorei a ele. Lágrimas caíram dos meus olhos, então ele levantou e me abraçou.

-                Seria doentio se eu aceitasse isso? – Charlie disse me abraçando mais forte. – Como vai ser Edward?

-                Depois do casamento. Bella será como nós, “vegetariana”. Levará algum tempo para ela se acostumar e ter um autocontrole, mas dará tudo certo. – Edward explicava.

-                Poderei ver você de novo, Bells? – Meu pai perguntou.

-                Claro, pai. Obrigado por aceitar, isso... me faz feliz, sabia? – Declarei.

-                Bom, se isso a faz feliz... então, seja feliz Bells! – Charlie voltou a me abraçar. – E o casamento? Quem irá organizar?

-                Não se preocupe com isso Charlie, Alice o fará. Ela já sabe o que a Bella vai querer, só falta falarmos com sua mãe Bells. – Edward me lembrou.

-                Omg. Renée.

-                Boa sorte com ela, Bella. Você fala. – Meu pai disse.

-                Bom, podemos ir até Phoenix neste fim de semana falar com ela. Alice tem que ir junto, acho que Esme também. – Eu tentei pensar nas possíveis reações da minha mãe.

-                Ótimo! Vamos falar com Esme e Alice. Mas provavelmente, Carlisle também vai querer ir... e Jasper. Acho que podemos ir, eu, você, Esme, Carlisle, Jasper e Alice. – Edward disse. – Vamos, Bella? Teremos que ir amanhã, aproveitar o tempo que vai estar este fim de semana lá.

- Certo. Pai, depois eu volto. – Levantei e dei-lhe um beijo na bochecha.