Uma vez me disseram que quando se ama uma pessoa, você deve deixá-la ir.

Talvez você as esqueça. Ou talvez, elas fiquem pra sempre em sua memória. Mas não importa. O que aconteceu, aconteceu, e nada poderá mudar isso. Apenas a sua perspectiva pode fazer a diferença.

Estávamos jantando na mesa da Grifinória. James enfeitiçou seu pomo de ouro ir atormentar Snape. Lily estava sentada ao lado dele, parecendo lhe dar uma bronca. Sirius se olhava num espelho e me deu uma piscadela nada discreta. Rem segurava seu livro aberto com uma mão enquanto tomava a sopa com a outra. Segurava o riso ouvindo a briga do casal ao lado dele.

Harry estava na frente dos pais, com uma careta de dor. Pensei no quanto fui egoísta, achando que isso estava sendo difícil pra mim. Imagine pra ele.

Lily o olhou, confusa.

–Porque essa cara, Harry? não vamos nos separar nem nada, relaxe. - Ela se virou para James. - Seu amigo pode ser meio idiota às vezes, mas até que é suportável.

James sorriu e passou seu braço pelos ombros da ruiva. Os dois pareciam extremamente felizes, apesar de Snape estar fazendo uma cena fugindo do pomo de ouro, na mesa da sonserina.

–"Harry"... Sabe, esse é um bom nome. - James comentou, pensativo.

–É verdade. Soa bonito. Imagine, se tivermos um filho, vou cogitar esse nome.

–Que homenagem hein, cara? - James ergueu as sobrancelhas para Harry, que deu um sorriso triste.

A essa hora, Snape já se levantara da mesa e saíra correndo pelos corredores.

–James Potter, você pode fazer o favor de parar esse pomo? - Lily soava indignada.

–Certo, certo. - Ele ergueu as mãos, como se dissesse "ok, eu desisto".

Rem sorriu.

–Duvido que ele pare de atazanar Snape até o fim do ano.

–É porque você não conhece a Lílian, caro colega. - Sirius murmurou. - Aposto que essa aí vai domar ele em menos de um mês.

– Não sou "essa aí" Sirius. Pra você é senhorita Evans. - Lily disse, mas via-se que tentava segurar um sorriso.

Sirius lhe mostrou a língua e voltou a se olhar no espelho.

–Cara, meu cabelo tá um lixo.

–Pra mim parece normal. - Falei.

–Normal?! - Ele me olhou horrorizado.

–Ok, Sirius. Você está incrivelmente bonito, e seu cabelo é o mais lindo e sexy que eu já vi na minha vida. - Revirei os olhos.

–Eu sei. - Ele sorriu de lado. - Brincadeira. Se "normal" significa isso, Mione, então você é a pessoa mais "normal" que eu já conheci.

–Somos um casal normal então. - Sorri e encostei a cabeça no sue ombro. Então peguei o espelho de sua mão. - Agora me dê essa coisa, você está lindo.

Ele segurou minha mão por baixo da mesa e moveu levemente o polegar em círculos, fazendo um carinho de leve.

– Sabe, esse é meu último dia aqui, e eu não estou triste. - Confessei.

– Isso não significa que nós não estamos. - Rem murmurou, e Sirius acenou a cabeça, concordando.

–Você tem que ir amanhã? tão cedo?- Sirius me olhou, ressentido.

– Sinto muito. - Falei. - Mas me prometam que vocês não vão me esquecer ok?

–Ok. - Os dois responderam em uníssono. Eu sabia que não era realmente verdade, mas eu precisava ouvir isso deles.

–Ei, porque você não leva uma lembrança? - James sugeriu.

–É verdade. Uma foto, ou algo assim? - Lily deu de ombros.

– Já sei. - Sirius Olhou em volta pela mesa, e então gritou: - Creevey!

Um garoto loiro do primeiro ano veio correndo, entusiasmado.

Céus, aquele era o pai do Colin? Isso era tão estranho..

–Pode tirar uma foto nossa? - Sirius pediu.

–Claro sr. Black. - Creevey ergueu a câmera fotográfica entusiasmado. Talvez o filho tivesse herdado aquele "puxa-saquismo" do pai. - Sorriam!

Dei o melhor sorriso que pude, afinal aquela foto era a única lembrança que eu iria ter.

–Valeu, cara. - Sirius pegou a foto, que saiu impressa instantaneamente da câmera. Creevey saiu saltitando, feliz da vida por ter interagido com os Marotos.

– Aqui está. - Ele estava prestes a me entregar a foto, quando se interrompeu. - Espere. Quero escrever alguma coisa atrás. Aluado, me dê uma caneta.

–Porque você tem tanta certeza que eu tenho uma caneta?

– Porque você sempre tem uma caneta, oras. - Sirius revirou os olhos. Rem bufou e lhe entregou a maldita caneta.

Ele começou a escrever.

–Vou escrever uma coisa pra vocês também. - Sirius acenou a cabeça para Harry e Gina. - Só me prometam que não vão ver até irem embora.

Ele terminou de escrever e passou a foto para Rem, que escreveu algo também. Então passou para James, e depois Lily, voltando a Sirius.

–Tome. Mas lembre-se, não leia até ir. - Ele me entregou a foto.

–Ok, ok. Que exagero. - Resmunguei.

Sirius em encarou por um segundo, sorrindo.

–Sabia que você fica uma graça quando resmunga? Parece uma coelhinha brava. -Todos começaram a rir com a comparação, inclusive eu, corada. - O que? Parece não parece?

–Sirius, você é bem mais bonito quando fica de boca fechada. - Falei brincando. Ele riu e me deu um beijo na ponta do nariz.

E tudo estava bem.

* * *

O tapete da sala comunal até que era confortável.

Sirius e eu não queríamos disperdiçar nosso tempo escasso, e como não podíamos ir no dormitório um do outro, passamos a noite na sala comunal. No tapete. No chão. Confortável não ?

Sim, muito confortável. Sinceramente. Ele estava abraçado comigo enquanto dormia, e o calor da lareira esquentava meu rosto de uma forma gostosa.

No bolso do meu casaco, tirei a foto, tentando não me mexer muito para não acordá-lo.

Pretendia ler escondido as declarações que ele fizera. Era errado, eu sei, mas eu não podia conter minha própria curiosidade.

Segurei a foto em meus dedos e a olhei de perto. Levei um susto tão grande que podia até tê-lo acordado, se eu não tivesse me controlado.

Na foto, a minha imagem, junto com a de Gina e de Harry, começava a desaparecer.

Junto com o pequeno detalhe pouco escondido embaixo da mesa.

Sirius carinhosamente segurando minha mão.