No dia seguinte, Gina jogou um travesseiro na minha cara.

 -Sabe, esse é um modo nada saudável de me acordar. – Resmunguei enquanto me levantava.

 -Foi mal. – Ela deu de ombros. – Eu queria saber... Você contou?

 -Sim.

 -Não entendi. Por que proporcionar esse sofrimento à ele, se ele vai te esquecer depois?

 -É meio que uma promessa que eu fiz a mim mesma.

 -Oh, entendo. – Ela se sentou na cama. – Bem, o que ele disse?

-Hã, não foi algo muito fácil de aguentar. Ele prometeu que não iria me deixar ir. – Falei, a voz rouca. Gina me olhou com os olhos tristes.

 -Você contou da providência que vai tomar?

 -Eu ia, mas e se ele tentar fazer algo pra me impedir? Tipo, pegar minha varinha ou sei lá?

 Ela me fitou descrente.

 -Sinceramente, você acha que ele é uma criança que não consegue entender? Além do mais, se ele pegasse sua varinha, ou eu ou Harry faríamos o trabalho.

 -Ah, certo. – Respondi desconcertada. Acho que meu raciocínio lógico estava sendo afetado por toda aquela confusão.

 -Muito bem então. Vai aproveitar os últimos dias com ele? – Gina deu um sorrisinho.

-Definitivamente. – Respondi.

 -Então tá, preguiçosa, hora de levantar!

 Me levantei com a rapidez de um zumbi, me vestindo e descendo para o café da manhã, ainda sonolenta. Meus olhos ainda ardiam por eu ter chorado ontem, o que era realmente irritante.

Na sala comunal encontramos os marotos.

-Boooooom dia. – Disse James, animado como sempre.

 -Bom dia. – Respondi, baixinho, minha voz ainda rouca por ter acordado agora.

 Remo tentou me cumprimentar, mas quando viu Sirius se aproximando se distanciou um pouco. Isso me deixou um pouco abalada.

 Ele passou o braço pelos meus ombros e me deu um beijo na testa. James nos encarou.

 -Finalmente as duas crianças parara de brigar? – Falou, sorrindo. Eu retribui o sorriso apenas. Sirius não tinha contado nada, graças a Merlin. – Vamos?

Assim que começamos a sair, mais alunos apareceram, todos com a mesma cara de sono se dirigindo ao café da manhã. Seria até engraçado se os rostos não me fossem assustadoramente familiares.

 -Dormiu bem? – Sirius perguntou, os outros indo mais à frente que nós.

 -Isso é uma pergunta retórica? É claro que não. – Respondi.

 -Ah, quem devia estar assim é eu, eu que vou perder você.

 Eu o fitei.

 -Caso você não tenha percebido, eu vou te perder também. Estou ainda mais arrasada que você.

-Ok, chega dessas coisas deprimentes. Vamos aproveitar enquanto podemos. – Ele respondeu, sorrindo.

 -Vamos. – Dei um beijo em sua bochecha, e então ele parou de andar, esperando que todos à nossa frente estivessem longe o bastante.

 E então me deu um beijo de verdade. Ah, como eu senti falta daquilo.