8 meses depois...

Olhei para a garota no espelho, ainda não podendo acreditar em como sua pele pálida conseguia parecer saudável, em como seus cabelos vermelhos tinham um brilho que eu nunca tinha visto antes, em como aquele maldito sorriso não conseguia sair de seu rosto, e principalmente em como ela estava surpreendentemente linda vestida de branco.

- Ok, está na hora! – informou Jude ao arrumar o véu branco no meu cabelo.

Virei para poder olhar para minha avó, ela era uma mulher pequena, seus cabelos brancos eram tão curtos que mal chegavam ao queixo, ela era linda, seus olhos eram tão azuis como o céu e ela sempre tinha um sorriso no rosto para mim, mesmo que suas duas filhas tenham morrido por minha culpa.

- Eu estou nervosa! – admiti em voz baixa, como se fosse um segredo.

Vovó Jude apenas riu, uma bela gargalhada que fez meu coração se aquecer.

- Querida, não precisa ficar nervosa, esse é seu dia, tem que está feliz e aproveitar! – falou com confiança me dando um beijo em cada bochecha.

Primeiramente eu achei desconfortável toda a demonstração de afeto que ela demonstrava, mesmo na primeira que nos vimos, naquele dia em que ela abriu a porta antes que Ethan pudesse tocar na campainha e sem esperar por qualquer palavra me recebeu de braços abertos, assim como seu marido, Ian era um homem amável, apesar da aparência dura, ele usava uma barba e as rugas em seu rosto davam um impressão que foi um homem bonito em seus tempos.

- Vamos, Evie! – disse Lily entrando no quarto, ela estava vestindo um vestido igual ao da minha avó, seria minha dama de honra. – Acho que se você demorar mais um pouco Ethan vai vim buscar você.

Senti meu corpo estremecer só de pensar nisso. Hoje era o dia do meu casamento, apesar de eu e Ethan estarmos oficialmente casados, sua mãe, Katy, não desistiu até que concordamos em uma festa de casamento com a presença de um padre, então nos estávamos fazendo isso.

O casamento estava sendo realizado em nossa casa, a casa que eu escolhi para morarmos, obviamente que com a ajuda da mãe de Ethan e da minha avó, eu nunca tinha comprado uma casa na minha vida, então não poderia fazer isso sozinha, mas apesar disso, assim que vi essa casa simplesmente me apaixonei, ela era perfeita, era a casa em que eu sonhava morar um dia, a casa em que eu sonhava que poderia ser um lar para mim, e agora é.

- Uh oh, é melhor ir... – murmurou Ellen, irmã do Ethan, de onde estava sentada no sofá de couro do outro lado da sala, dessa vez seus cabelos era verde e por incrível que pareça parecia ficar perfeito com seu vestido de dama de honra.

Olhei-me uma ultima vez no espelho antes de acenar e tomar toda coragem que eu tinha.

- Ok, estou pronta.

POV/ ETHAN

- Onde ela está? – perguntei para Loke,eu estava começando a ficar impaciente, se Evie não chegasse aqui nesse exato momento eu mesmo iria busca-la.

- Calma cara! – disse Loke ao meu lado – Não é como se a Evie fosse fugir ou coisa assim...

Fiz uma careta para ele.

- Não está ajudando idiota! – murmurei.

Suspirei olhando para os convidados, que graças a Deus não foram muitos, em sua maioria apenas parentes próximos, colegas de trabalho e amigos, foi difícil convencer minha mãe de que cem convidados era mais do que o suficiente.

O casamento estava sendo realizado em nosso quintal, era um lugar grande o suficiente e bonito também. Eu não pude deixar de me orgulhar da escolha de Evie, nossa casa era perfeita, uma mansão localizada em Old Westbury a apenas 40 minutos de Manhattan.

- Wow ...

O suspiro de Loke me vez voltar a atenção para frente e foi quando eu a vi e não pude impedir de suspirar também. Evie estava linda em seu vestido branco, o véu branco entrava em contraste com o cabelo vermelho e com o rosto corado, ela tinha um sorriso de felicidade no rosto enquanto que Ian, seu avó a trazia até mim. Eu estava mais que feliz em poder dizer que ela estava a quase todo momento sorrindo.

Nunca vou poder pagar o suficiente para Jude e Ian por terem aceitado tão bem a Evie, em nenhum momento eles tinham a culpado pela morte de Jocelyn e eu era mais que grato por isso. Eles eram perfeitos.

- Tome conta dela! – murmurou Ian me dando uma piscadela antes de me entregar minha mulher.

- Pode deixar, senhor! – afirmei pegando Evie pelo braço.

Ela sorriu para mim e sem se importar com todas as pessoas olhando ou o padre na nossa frente ela simplesmente passou os braços em volta do meu pescoço e me beijou, retribui o beijo com tanto ardor quando era possível e apenas a tossida do padre fez com que eu me afastasse dela.

- Você está linda, querida – murmurei em seu ouvido e me afastei para ver seu rosto ficar ainda mais corado.

- Você também! – ela murmurou de volta.

Contive o desejo de beija-la novamente e me concentrei no que o padre estava falando.

Segurei firme Evie a meu lado e eu não pensei que poderia ser mais que feliz do que agora até o momento em que ela disse “aceito” e meu coração apenas queria sair pela minha boca de tanta alegria.

[...]

POV/ EVIE

Respirei fundo finalmente caindo na cama, ainda em meu vestido de noiva. Eu estava mais que cansada, o dia foi mais agitado do que eu poderia imaginar, e nossa lua de mel seria daqui a duas semanas, já que eu ainda estava tendo aulas na universidade e Ethan estava trabalhando, mas eu não via nenhum problema nisso, eu estava mais que feliz.

- Evie – chamou Ethan colocando a cabeça para fora do banheiro – Eu esqueci meu barbeador no outro quarto, você pode pegar para mim?

Apesar de faltar ainda duas semanas para nossa lua de mel Ethan estava colocando as ultimas coisas nas nossas malas, e era ele quem estava fazendo nossas malas por que não quis me revelar onde iríamos passar nossa lua de mel, e apesar das varias tentativas que fiz de saber que tipo de roupa tinha na mala, se eram para frio ou calor, não tive êxito, eu até mesmo verifiquei minhas várias roupas no closet para ver o que estava faltando, mas nada estava faltando, o cretino foi esperto o suficiente para comprar roupas novas para mim.

- Claro! – concordei apenas retirando meus saltos altos, algo que eu nunca iria me acostumar ou realmente gostar, antes de sair do quarto.

Fui até o quarto de hospedes no andar de baixo onde Ethan ficou antes do casamento e abri a porta, ainda tinha algumas coisas espalhadas pelo quarto, mas eu sabia que amanhã o serviço de limpeza iria deixar tudo um brinco. Fui andando em direção ao banheiro quando um barulho chamou minha atenção. Parei de andar e olhei ao redor até localizar uma caixa grande e vermelha no chão, andei até caixa com a curiosidade batendo em mim e peguei o cartão que tinha em cima.

Por um momento pensei que algum dos padrinhos poderia ter esquecido aqui, mas essa duvida evaporou quando li o cartão.

Para você com carinho...

Seu marido.

Olhei novamente o cartão e então ouvi o barulho novamente, e sem pensar duas vezes abri a baixa e praticamente gritei de susto quando algo simplesmente pulou em cima de mim, segurei a coisa por impulso e finalmente vi o que era.

... Um cachorro...

Olhei para o cachorrinho boquiaberta, ele era tão pequenino que não sabia como conseguiu pular para fora da caixa, a maior parte de seu corpinho era branca tirando o topo de sua cabeça e a parte as costas que eram tão negros quanto o céu em uma noite sem lua, e ele era tão peludo. Era igualzinho ao cachorro eu tinha mostrado ao Ethan em uma revista algumas semanas atrás, um lindo filhote de Husky siberiano.

O cachorrinho latiu mais alto dessa vez, com sua língua para fora enquanto se mexia em meus braços, sua patinhas balançando e arranhando meu vestido. Era a coisa mais fofa do mundo, abracei o cachorrinho com força sem me importar com o vestido. Em toda minha vida sempre quis ter um cachorro.

- E então? Pegou meu barbeador? – perguntou Ethan me surpreendendo.

Olhei para ele onde estava encostado na porta, sua gravata estava solta, seus sapatos e smoking estavam longe de ser vistos e ele tinha um sorriso malditamente sexy no rosto enquanto me observava.

- Ele é tão lindo! – falei ficando de pé com o cachorrinho nas mãos – Como ele se chama? É um garoto, não é? – perguntei praticamente correndo até Ethan.

- É um garoto e ele é seu cachorro, você que deve dar o nome – respondeu ainda com aquele sorriso no rosto.

- Sério? Oh, meu! Eu tenho um cachorro! – eu exclamei voltando a olhar para o corpinho em meus braços. – Ele é tão lindo – falei de novo alisando sua cabeça peluda enquanto ele latia novamente, seu latido ainda era meio estranho, mas não deixava de ser lindo – Ele vai se chamar Thor! – decidi e olhei para Ethan – O que acha?

- Eu acho que qualquer nome que você escolher está bom – respondeu pegando o cachorrinho dos meus braços e o colocando no chão. – E sabe o que eu acho também? – perguntou chegando mais perto e passando os braços em volta da minha cintura.

- O que? – perguntei já sentindo meu corpo ficar quente apenas por ter suas mãos em mim.

- Que deve agradecer pelo presente – respondeu pouco antes de pressionar os lábios nos meus e me beijar até que a única coisa que podia pensar era em tirar suas roupas.

- Eu amo você! – falei entre beijos enquanto arrancava sua camisa fora, sem me importar com os botões de soltando da camisa e indo para o chão, onde Thor latia.

- E eu te amo! – ele respondeu trabalhando no zíper do meu vestido.

E antes que eu pudesse pensar estávamos os dois nus, pele contra pele, dando tanto prazer um ao outro quando podíamos, e eu não poderia estar mais feliz do que agora.

~CENA BÔNUS~

Eu estava adorando minhas aulas na faculdade, era tudo tão novo e diferente, meu casamento tinha sido á três meses, e eu não poderia estar mais feliz do que agora. Minha lua mel foi surpreendente, tínhamos passados duas semanas em Paris, logo em Veneza e quando eu pensei que tinha terminado Ethan me levou ao Caribe, e foi tudo tão incrível que eu não podia acreditar que estava realmente acontecendo, mas infelizmente tivemos que voltar para casa, não que fosse ruim, depois de tanto tempo fora eu estava com saudades do meu cachorro, Thor, e também dos meus avós, mas foi maravilhoso ter Ethan só para mim durante esse tempo.

Era incrível como minha vida tinha mudado desde que conheci Ethan Ross, meu marido, eu tinha passado de uma garota triste, fria e louca para uma mulher controlada e verdadeiramente feliz, algo que eu nunca pensei que fosse possível.

Acenei para minha amiga Abby enquanto entrava no meu novo carro no estacionando da universidade, presente de Ethan, um grande Land Rover preto, ele era lindo e eu não pude agradecer o suficiente, apesar de ter vidros a prova de balas, uma exigência de Ethan.

Fazer amigos foi uma das coisas que eu mais gostei nessa minha nova vida, era simplesmente novo poder confiar nas pessoas desse jeito, mas eu estava conseguindo parecer alguém normal, eu realmente tinha amigos, até saia para tomar café ou ir ao boliche, algo que eu ainda não era muito boa, mas Ethan sempre parecia disposto a me “ensinar”, então eu não estava reclamando disso.

Eu ainda não tinha realmente decidido o que queria fazer, estava apenas cursando as aulas obrigatórias até decidir algo e Ethan estava bem com isso, ele disse que estaria me apoiando em qualquer coisa que quisesse fazer, e eu não poderia o amar mais.

Meu telefone tocou alto e eu o peguei, o nome de Ethan brilhando na tela, atendi.

- Oi, querido – respondi enquanto dirigia apenas com uma mão.

Essa era uma das coisas que eu mais gostava sobre essa nova vida, dirigir, ter o controle sobre algo que era bem maior que eu, outra coisa também era o celular, eu passei algumas horas para aprender como funciona, mas teria demorado menos se não fosse Ethan quem estivesse explicando, já que apenas o movimento de seus lábios me distraia de qualquer outra coisa.

- Evie, você tem certeza disso? Não quer que eu vá com você? – perguntou parecendo preocupado e ansioso.

Havia demorado duas semanas e muita força de vontade para convencer Ethan a me deixar fazer isso, duas semanas de brigas e discussões até que ele finalmente cedeu, apesar da tentação de querer fazer isso sem ele saber ser grande eu não fiz, Ethan era importante demais para mim para que eu o perdesse por alguma besteira.

- Eu já estou no meio do caminho, Ethan, não precisa se preocupar, eu vou ficar bem, assim que eu sair eu ligo para você.

- Evie... – resmungou Ethan resignado.

- Ei, vou ter que desligar, eu estou dirigindo – respondi fazendo minha voz soar calma e alegre.

Ethan ficou em silencio por um momento antes de finalmente responder sobre o barulho dos latidos de Thor, meu lindo cachorrinho, que estava realmente grande.

- Tudo bem, eu amo você, e me ligue de volta quando terminar! – disse com uma voz firme.

- Ok, amo você também. – respondi de volta antes de desligar.

Algum tempo depois finalmente cheguei a meu destino, a prisão de segurança máxima onde Jerry estava. Desci do carro e depois de toda a burocracia que era necessária para entrar eu estava finalmente na sala de visitas aguardando ele chegar, o que não demorou muito e logo um guarda o empurrou para cadeira na minha frente.

- Você, que está fazendo aqui? – perguntou com uma cara de desgosto.

- Oi papai – eu falei com um enorme sorriso de escárnio no rosto – Eu vim apenas para ter certeza que você estava tão mal quanto eu queria...

- Sua putinha! – ele tentou avançar para mim, mas suas algemas o impediram e também seria impossível por conta do vidro que nos separava.

- Eu sinceramente acho que é o contrario – falei me aproximando mais dele e falando mais baixinho – Pelo consegui descobrir você é a putinha favorita dos presos daqui, isso é verdade?

Ele grunhiu alto e começou a me xingar, mas eu apenas ri alto, completamente satisfeita com o que estava acontecendo com ele, eu poderia ser uma pessoa melhor do que eu já fui antes, mas tudo o que Jerry me fez passar nunca iria desaparecer, eu sempre todas as lembranças do eu sofri, sempre lembraria tudo nos mínimos detalhes, e sempre teria essa parte em mim, a parte da frieza, algo que eu não precisava usar normalmente nessa minha nova vida, mas que sempre estaria lá para caso de necessidade, como agora.

- Não é tão divertido quando é com você, não é? – falei ainda com um sorriso frio no rosto – Bem, vim aqui apenas para desejar uma boa estadia no inferno e para te falar que como você obviamente deve ter percebido, você não conseguiu acabar comigo, você não conseguiu me quebrar...

E com isso eu fiquei de pé, pronta pra sair até que parei de me virei novamente para ele.

- Adeus, pai.

Pude ouvir seus xingamentos enquanto eu saia da sala, e nenhuma das palavras que saiu de sua boca me atingiu, nenhuma de suas ameaças me fez sentir medo, elas apenas me fizeram sentir mais vitoriosa do que eu já estava, porque isso era tudo o que ele podia fazer, meras ameaças...

Por tudo que era mais improvável, eu o venci, contra todas as probabilidades na minha vida eu consegui ser feliz, consegui finalmente encontrar uma família, consegui um homem que me ama tanto quanto eu o amo, consegui finalmente viver.

Com um sorriso no rosto peguei o celular dentro da bolsa e chamei Ethan, ele respondeu no primeiro toque, o que não era uma surpresa.

- E então? – perguntou.

- Estou indo para casa...

E bem... contra todas as probabilidades eu finalmente tinha um lar.

FIM