Encarei a cadeira a minha frente com frieza enquanto pegava novamente o alicate, percebendo que ainda não o tinha usado, mas isso iria mudar logo. Slayer me olhava com ódio, tentando sem sucesso se soltar da cadeira, mas ele estava muito bem preso, e eu ainda não estava pronta para deixá-lo.

– Juro por tudo, vou acabar com você! – ele grunhiu para mim, saliva espirrando de sua boca enquanto ele rugia seu ódio por mim.

– Não se preocupe, já disse que não vou matar você, terá toda a assistência médica quando eu terminar com você, aparentemente o FBI ainda quer você, mas ainda podemos nós divertir muito! – exclamei com um sorriso perverso no rosto. – Lembre-se que tudo pode terminar mais rápido se me disser o que quero...

Ele cuspiu em mim, melando minha camisa com seu cuspe nojento.

– Vai pagar por isso docinho, e não vai conseguir tirar nada de mim! – ele disse me mostrando os dentes.

Deixei novamente o alicate de lado, fechando minhas mãos em conchas eu bati as duas mãos ao mesmo tempo em seus dois ouvidos. Ele grunhiu alto balançando a cabeça com força e me olhando com ódio. Eu fechei minha mão em punhos e soquei seu rosto duas vezes, sem me importar com o protesto da minha mão e fiquei satisfeita ao vê-lo cuspir sangue, dessa vez consegui desviar antes que seu cuspe me atingisse.

– Onde ele está? – perguntei pegando o alicate e pressionando sua ponta contra a carne viva que antes estava seu mamilo, ele grunhiu alto, se mexendo na cadeira em uma tentativa de fugir do toque do alicate.

– SUA PIRANHA! PORRA. PARE– ele gritou alto, seu peito subia e descia muito rápido enquanto ele tentava estabilizar sua respiração.

– Que tal um joguinho? Você gosta deles, não é? – perguntei pressionando o alicate com força antes de afasta-lo e me sentando na minha cadeira de frente para ele com um sorriso frio no rosto.

– VAI PRO INFERNO! – ele gritou para mim, trincando a mandíbula, seu rosto uma mascara de pura fúria, seu corpo coberto de suor e sangue.

– Apenas depois de você... – falei voltando a me aproximar dele, segurei sua mão, escolhendo qual dedo seria o vencedor, enquanto continuava falando – É o seguinte, cada vez que me chamar de vadia ou piranha vou quebrar um dedo, e como seus pés já estão um pouco estragados vou ter que passar para outra coisa quando terminar com seus dedos da mão... e então? Gostou? – perguntei sorrido friamente.

Ele me olhou com fúria e não respondeu por um momento, ele parecia decidir se eu era ou não capaz de continuar com isso, o brilho em seu olhar me disse que ele não acreditava.

– PIRANHA – ele disse pausadamente com um sorriso estranho no rosto.

Prendi seu dedo no alicate e puxei para cima, quebrando seu dedo e triturando um pouco o osso com o aperto. Ele gritou alto, xingou novamente, ele respirava mais e mais rápido, lagrimas escorriam por seu rosto enquanto ele tremia sobre meu aperto quando repeti o processo em outro dedo e em outro.

– Pare!PARE! – ele gritou quando me aproximei de outro dedo.

– Sim? – perguntei o olhando nos olhos.

– Ele ainda está em Detroit! – disse exasperado – No galpão 78, fica no distrito.

Olhei em seus olhos sem mostrar qualquer expressão em meu rosto. Eu sabia perfeitamente o que ficava no galpão 78 e de jeito nenhum Jerry ficaria ali, era uma das várias localizações que dei para o FBI e eu conhecia o homem bem o suficiente para saber que seria uma grande surpresa se ele sequer ainda estivesse em Detroit.

– Está mentindo – afirmei quebrando mais dois dedos.

Ele voltou a gritar alto, mas dessa não me chamou de piranha ou de vadia, então deixei seus dedos de lado por um momento.

– Você com certeza sabe como entrar em contato com ele, diga-me como – falei com a voz fria, cansado parcialmente do alicate e voltando a deixa-lo solitário no chão.

Peguei a bolsa novamente procurando algo interessante para usar, retirei algumas facas e uma maquina de choque ainda com um sorriso frio no rosto, minha voz era gelo puro quando falei:

– Não faça pedir novamente – falei o olhando nos olhos apenas parar vê-lo prestes a desmaiar, seus olhos revirando e sem pensar duas vezes procurei uma seringa dentro da bolsa, que havia pegado escondida do kit de primeiros socorros que tinha no banheiro antes de aqui.

Segurei seu braço firme, não que ele estivesse se mexendo muito nesse momento, e injetei adrenalina em seu braço, isso me daria mais algum tempo com ele.

– Vou matar você – ele repetiu com a voz grogue, suas pupilas agora dilatadas enquanto ele se remexia novamente contra as amarras.

– Eu não penso assim... – murmurei. – Diga-me quais são seus planos, quero saber o que Jerry vai fazer! – disse friamente.

– Seus planos? – ele grunhiu entre uma tossida e uma risada estranha. – Seu maior plano no momento é matar você, ele está pagando uma porra de dinheiro para qualquer um que conseguir leva-la para ele! – ele disse com uma risadinha – Você está ferradadocinho... – ele riu alto e logo cuspiu sangue no chão.

– Ele não vai me pegar – falei com uma voz firme, mas por dentro eu tinha a sensação de que estava errada, a sensação de que a vida não seria tão boazinha comigo, eu iria encontrar com Jerry, só não sabia em que condições, seria eu amarrada em uma cadeira ou ele?

– Ele vai sim, e vou ter prazer em assistir ele brincando com você, talvez até filme e mande para seu namoradinho... – ele riu para mim.

– Do que está falando? – perguntei pegando uma faca e me aproximando dele, vi seus olhos brilharem e ele trincar os dentes.

– Do que estou falando? – ele grunhiu para mim com nojo - Da porra do federal que você esta fodendo, ele também está na lista coisas a fazer do Jerry - ele disse com um sorriso diabólico no rosto.

Senti meu sangue gelar por um momento, só o pensando de colocar Ethan em perigo me deixa louca, de maneira nenhuma eu deixaria Jerry chegar dele, eu me certificaria de que isso definitivamente nunca iria acontecer.

– Ele vai encontrar você... – cantarolou cuspindo novamente sangue em mim.

– Vai me contar onde ele está? – perguntei girando uma faca entre meus dedos.

– Vai se fuder – ele grunhiu para mim.

Parei de girar a faca sobre meus dedos e sorri friamente para ele antes de abrir vários cortes sobre sua pele suja e suada, ele se remexeu na cadeira apenas fazendo os cortes serem mais profundos, e depois de vários cortes finalmente parei ao ver sangue demais escorrer, eu não podia mata-lo, essa era uma das condições de Carter.

Estava prestes a perguntar novamente quando olhei por cima de seu ombro e senti um arrepio correr meu corpo ao encontrar o olhar rígido de Ethan, ele me encarou com olhos frios por um momento e então desviou o olhar.

Lambi os lábios de repente sentindo a boca seca e voltei meu olhar para Slayer, ele estava sangrando, seu rosto já tinha hematomas roxos por meus socos, seus pés já não eram a mesma coisa, sangue ainda escorria de sua virilha, sua cabeça agora careca ainda fedia a cabelo queimado e estava vermelha, seus olhos estavam grandes enquanto ele me encarava de volta.

– Assim como seu pai... – ele murmurou para mim como se adivinhasse meus pensamentos.

Assim como meu pai...

Larguei a faca no chão ouvindo o barulho agudo quanto atingiu o chão, minha respiração de repente rápida, eu me sinta suja, imunda, eu me sentia um monstro, assim como meu pai.

Que porra de direito eu tinha de fazer isso? De torturar alguém assim como Jerry fazia com pessoas inocentes?

Eu sabia que Slayer não era inocente, ele merecia cada uma das coisas que tinha feito até agora para ele e ainda mais. Afastei minha consciência para longe, lidaria com a culpa mais tarde e então repeti todas as palavras que saiu de sua boca no interrogatório na minha mente e logo senti o ódio e desejo de vingança voltar a mim.

–Yeah, assim como ele... – repeti com uma voz fria afastando a culpa e pegando a máquina de choque.

Ele gritou e babou quando liguei a máquina de choque, aumentando a voltagem em cem por cento, e ouvindo com satisfação como ele xingava a cada vez que podia respirar novamente.

– Eu vou fuder com você, me aguarde, vou fuder assim como fiz com a vadia da doutora, e vou ouvir você gritar assim como ela! – ele riu, seu rosto uma bagunça, seus olhos com um brilho maníaco enquanto ele riu alto como se estivesse relembrando, imaginado como seria fazer novamente.

Eu também imaginei...

A fúria de apossou de mim só com o pensamento dele machucando Jocelyn, minha mente ilustrando tudo, me fazendo ver como foi, me fazendo ouvir os mesmo sons que ouvia quando Jerry estuprava Lara, os mesmo sons de gritos de dor, os mesmos sons que Jocelyn fez antes de morrer

Sem conseguir mais me controlar agarrei o solitário alicate e com um grito soquei seu rosto com ele, apenas com desejo de continuar batendo em sua cara com ele até não sobrar mais nada. Ouvi um estralo e sua cabeça de caiu para lado, respirei fundo olhando para sua figura imóvel, e logo senti meu sangue gelar ao ter a consciência do que fiz e não saber se ele estava morto ou apenas desmaiado.

Senti alguém me segurar pelo braço e fiquei surpresa ao ver Ethan me puxando, Carter falava rapidamente com alguém no telefone enquanto que West recolhia todos os objetos que usei os guardando na bolsa com eficiência.

– Vamos! – grunhiu Ethan quando não me movi.

Olhei uma ultima vez para Slayer antes de deixar Ethan me levar.