O ruído das gotículas gélidas da chuva que batiam na janela em conjunto com o ruído eletrônico do despertador ecoava pelo quarto. A garota esbravejou contra o travesseiro, para que o som que ela emitia não se tornasse alto. Lenta e calmamente ela se virou na cama em direção à janela, para ver como o tempo estava naquela manhã.

– Hunf, justo hoje tinha que chover?

Logo depois ela se virou em direção ao despertador que apitava sem parar, aquilo a estava encomodando um pouco.

– Ainda são 6h? Tsc, vou dormir mais.

Ela se revirou na cama, e puxou o cobertor ainda mais próximo de si, para que aquele momento se tornasse mais aconchegante. Com o som agradável da chuva, ela fechou os olhos e logo novamente caiu na inconsiência.

***

A garota abria lentamente os olhos, enquanto ia esboçando um sorriso. Se alguém entrasse em seu quarto naquele momento, diria que ela havia acordado dos melhores sonhos. Como por impulso ela se virou em direção ao despertador, que dessa vez não apitava, porém indicava as horas.

– OQUE? 8h30? Agora já está na segunda aula.. Não acredito que perdi a hora no primeiro dia de aula!

Bruscamente ela retirou o cobertor de cima de si, e se levantou da cama dizendo baixinho resmungos nada elegantes. Agora ela caminhava a passos lentos porém pesados, devido a raiva e a decepção consigo mesma pelo ato que acabara de cometer. Ela caminhava em direção ao banheiro, pois havia perdido o sono.

Quando chegou ao local desejado, ela apoiou suas mãos na pia fria e se olhou no espelho. Decepcionada com o que via, ela jogou um bocado de água gelada na face, facendo os pêlos do seu braço se eriçarem. Logo após escovou os dentes, o barulho da água batendo contra a pia era o único som que se ouvia naquela casa silenciosa, pois ela morava sozinha. Ela sentiu uma pontada no estômago, estava com fome.

– Não acredito que vou ter que sair agora pra comprar algo pra comer, tsc.

Voltou ao quarto, sem ânimo algum pelo que teria que fazer a seguir. Se dirigiu ao guarda-roupa, pegou uma roupa simples, adequada à aquela manhã fria e chuvosa. Quando terminou de se vestir, pegou um pouco de dinheiro e as chaves de casa. Agora ela se dirigia á porta de saída, ainda desanimada. Havia um mercadinho bem próximo á sua casa, não teria que andar muito.
Ela caminhava sem pressa, sentindo aquelas gotas gélidas de chuva molharem suavemente seu cabelo e sua pele. Ela se arrepiou por completo quando uma rajada de vento frio passou sobre seu corpo. Em poucos minutos havia chegado ao local desejado.

– Ah! Um lugar quente e aconchegante! - Ela sussurou baixinho esboçando um sorriso tímido.

Ela caminhava dentro daquele pequeno estabelecimento, tão familiar à ela, já que ia até lá quase todos os dias. Mesmo com a frequência que ela ia até lá, não sabia nem mesmo o nome da moça que ficava no balcão, afinal ela não era uma garota muito sociável. Escolheu seu lanche, que comeria como café da manhã. Foi até o balcão do caixa e apoiou sua compra, logo após jogou algumas moedas prateadas que seriam suficiente para pagar o escolhido sem dizer ao menos uma palavra. A moça de aparência amigável recolheu todos os itens, deu um sorriso alegre e disse:

– Bom dia! - Disse sorrindo.
– Bom dia! - A garota respondeu de forma alegre, com um sorriso simpático no rosto.

Logo a moça entregou-a uma sacolinha, com os itens que ela havia comprado. A garota seguiu em frente rumo à sua casa. A chuva não havia parado, porém estava mais fraca. O som da chuva era considerávelmente tranquilizante.

Quando chegou em casa, rodou a chave na porta, abrindo espaço para que ela entrasse. O primeiro cômodo da casa era a cozinha, por isso deixou a sacola em cima da pequena mesa, e se sentou. A casa permanecia silenciosa. A garota soltou um suspiro e pôs-se a comer. Era possível até mesmo ouvir os sons que ela emitia enquanto comia.

Pov's Tsuki Yume ~

Minha casa está realmente muito silenciosa hoje. Nada que seja realmente considerado como algo ruim, afinal esse silêncio está me proporcionando uma certa tranquilidade, além de ser um possível sinal de que não terei mais irritações por hoje, perder o primeiro dia de aula já é o sufuciente por um dia, creio eu. Quando terminei de comer, me levantei da pequena e redonda mesa. O barulho da cadeira sendo arrastada contra o piso era penetrante e um tanto quanto estridente. Agora eu caminhava até meu quarto, para colocar uma roupa um pouco mais confortável do que esta que usei para sair na chuva.
Enquanto me trocava, soltei um espirro, logo após outro, outro. Tossi.

– Oque está acontecendo comigo? Não acredito que além de tudo vou ficar doente! - Dito isso espirrei - Não posso faltar amanhã denovo!

Enquando me trocava, ia soltando espirros e tossidos. Aqueles sons incômodos que não me deixavam tirar da cabeça a ideia de que posso ficar doente, e ter de faltar novamente. Tsc, vou me deitar, talvez com um pouco de descanso melhore ao menos um pouco.

Com essa ideia em mente, me deitei. A minha cama estava aquecida, porém um pouco mais fria do que quando acordei, afinal ela ficou vazia recebendo o vento gelado por um tempo. Um aroma agradável era exalado por ela. Senti meu corpo afundar na maciez do trevesseiro e do colchão, tossi novamente. Eu não tinha nada para fazer. Peguei um livro que estava na cabeceira da minha cama, acho que já o li umas 10 vezes, porém coloquei-me a lê-lo novamente. Eu realmente amava aquele livro!
Enquanto lia, imagens de cenas e diálogos surgiam em minha mente, nada fora do comum para uma amante de livros como eu. Eu sorria feio uma boba, e as vezes tinha que parar apenas para admirar o quanto aquele livro era fascinante. Quando cheguei à metade do livro o fechei, e coloquei-o novamente na cabeceira da cama. A leitura havia me deixado ao menos um pouco contente, havia me alegrado.
Suspirei fundo, e parei por uns minutos para pensar no que havia me deixado doente, pois agora estava com uma sensação desagradável pelo corpo.

– Já sei! - Disse alto para mim mesma com um sorriso no rosto, não de felicidade, e sim pelo fato de ter descoberto o real motivo. - Foi por causa da chuva que tomei hoje cedo! Devia ter tomado mais cuidado, ou ao menos ter pego um guarda-chuva.

      Fechei os olhos de reprovação, e logo após abri-os. Eu não posso adoecer assim, não posso. Amanhã quando acordar tenho que estar melhor.

      Involuntariamente me virei em direção à janela e notei que já havia anoitecido, o dia passou com uma certa rapidez inexplicável. "Acho melhor ir dormir" foi oque pensei, já que não gostaria que o episódio desta manhã se repetisse, e eu tivesse que perder mais um dia de aula.

      Calmamente me acomodei da cama macia, e fechei um olhos em busca de paz. Sem que eu percebesse, fui tomada pela inconsiência.