Diarios De Um Coração Insano. escrita por Cassie


Capítulo 16
E a vida segue...


Notas iniciais do capítulo

está giganteeee.. sory



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O bilhete antes guardado ali havia sumido. Mas como, ou por quê? Senti uma dor perfurando meu peito enquanto meu coração se descompassava arduamente. A agonia logo me invadiu pois o medo de estar realmente fantasiando coisas, de estar vivendo um trauma e criando fatos em minha mente como dizia minha mãe, me perturbava silenciosamente. Eu o vi. Essa era a única certeza que eu tinha. A nove anos atrás ele salvou meu irmão e isso eu jamais esqueceria, depois disso ele aparecia pra mim todas as noites antes de eu dormir e cantava lindas canções de ninar enquanto acariciava meus cabelos. Me chamava de “minha pequena estrela” e as vezes de “minha doce princesa” nunca entendi o porque, mas seus carinhos era fraternais. E reais. Eu tenho certeza. Comecei a comentar com meus pais, que ficaram assustados com o relato de um homem entrar em meu quarto todas as noites enquanto eles dormiam. Sempre que tentavam nunca o viam. Colocaram uma câmera no quarto e ainda assim ele não aparecia nas gravações. Nem mesmo quando estava lá sentado, com minha cabeça em seu colo. Só o que aparecia eram travesseiros. Minha mãe me levou ao psicólogo, e quando eu disse que ele era um vampiro e que tinha sido ele quem salvara Josh e eu do acidente eles surtaram dizendo que eu não podia crescer com esse trauma. Nos mudamos e desde então nunca mais o vi. Ate voltar pra Amour Sucré, a antiga Chantilly. Ate a noite de domingo, e a de segunda-feira. Eu sei que não foi um sonho. Não pode ter sido apenas isso. Eu senti sua presença durante aquelas duas noites. Será mesmo que estou me enganado?




— O jantar será servido em cinco minutos senhorita Yukimura. — era a voz de Harryson que me chamava para o jantar. Ele era educado e de alguma forma me passava uma segurança que eu não sentia desde que Josh resolveu fazer intercambio.



— Já estou indo. — disse fechando a gaveta e me levantando.



— Esta tudo bem? — perguntou o mordomo percebendo meu nervosismo.



— Esta sim. Me acompanha? — respondi desviando sua atenção ao convite que lhe pareceu inesperado. Ele assentiu estendendo me o braço. O segurei e fomos ate a sala de jantar. Ele puxou uma cadeira ao canto da mesa e me sentei. Logo se dirigiu a cozinha.



— Temos companhia essa noite Hinna. — disse tia Alex sentando-se acompanhada de Mag e Rick. Ele me lançou um sorriso impetuoso e eu abaixei a cabeça em resposta. Sua atitude hoje no colégio me deixou em pânico. Um medo facilmente visível que provocou duvidas em Mag, e logo em Harry que entrou com uma bandeja encarando Rick friamente. Tia Alex parecia empolgada. Harryson serviu nossos pratos e logo se serviu sentando-se ao lado da irmã.



— Hinna o aniversário da cidade esta chegando. Faremos uma grande festa e espero que me ajude em... — disse tia Alex dando uma garfada em seu macarrão a bolonhesa. Mag sorriu. Parecia animada com a ideia.



— Você vai amar. Toda a escola participa. — Mag sorriu pra mim como se tentasse me animar também. — Mas é exagero dizer que já esta chegando. — ela disse a tia Alex que deu de ombros. Eu apenas observava enquanto minha boca estava cheia demais pra proferir qualquer palavra. — Faltam quase quatro meses, geralmente acontece depois das provas semestrais. — concluiu Mag. Assenti enquanto mastigava minha refeição. Esse definitivamente não era o melhor momento pra conversar. Todos naquela mesa tinham assuntos a serem discutidos desde projetos de escola aos filmes que estavam em cartaz nos cinemas. Assuntos aos quais eu não prestara atenção, pois estava muito concentrada com a comida. Era assim que eu costumava fugir de muitas coisas. Comendo. Alguns minutos depois e todos já haviam terminado. Eu estava dentro da geladeira procurando mais coisas pra comer. Em geral doces. Corri para o quarto e comecei a devorar doces enquanto via algumas fotos e clipes da one direction. Logo enviei uma mensagem a Demi pedindo que ela entrasse no Skype. Sem demora ela veio me socorrer.



~Le Skype on...



Demi: Hinna aconteceu alguma coisa? — perguntou-me com olhos espantados.



Hinna: Nada grave. Só preciso conversar com minha melhor amiga.



Demi: Estou ouvindo.



Hinna: Lembra do Dimitry?



Demi: Quem? — respondeu confusa. Lembrei-me de que ela não sabia o nome dele, assim como eu á dias atrás.



Hinna: Ham... sabe o homem que eu te falei que vi salvando meu irmão do acidente? —



comecei devagar.



Demi: O vampiro?



Hinna: Sim. Eu o vi novamente. — informei ainda lerda.



Demi: Serio? Mas, depois de tanto tempo? E ai?



Hinna: Ai que tivemos um papo estranho no primeiro dia que o viu. Ele me deu um tipo de aviso e fez o mesmo quando apareceu pela segunda vez.



Demi: Que tipo de aviso?



Hinna: Algo do tipo “ não confie em ninguém” e “cuidado com o que pode acontecer”.



Demi: Sinistro. E você sabe o que ele quis dizer?



Hinna: Esse é o problema Demi, eu não tenho ideia. Além do mais ele não veio de novo e pior, da ultima vez que o vi ele me deixou um bilhete dizendo que ele era real e que nos veríamos novamente.



Demi: Ah, mas isso é bom né.



Hinna: Não sei. Seria se eu conseguisse encontrar o tal bilhete. Guardei em minha gaveta e quando fui procura-lo não estava lá. É como se alguém tivesse tirado ele dali ou se nunca tivesse existido.



Demi: Nossa! Mas você tem certeza que procurou direito. Talvez tenha guardado em outra gaveta sei lá.



Hinna: Olhei em todas as minhas gavetas. Simplesmente evaporou.



Demi: Olha, eu nunca duvidei de você em relação a isso, mas tem certeza de que não foi um sonho? Vai ver você pensou ter sido real afinal ele é uma figura importante em sua vida desde a infância.



Hinna: Não acredito que estou ouvindo isso de você. Eu nunca inventaria uma coisa dessas. Se estou te falando isso é por que confio em você, é a única que me leva a serio poxa.



Demi: Ok. Desculpa, mas é realmente estranho.



Hinna: Eu sei. Por isso não comentei nada com ninguém.



Demi: Nem com sua tia?



Hinna: Com ela é que não comento mesmo.



Demi: E por que não? Você disse que ela te pediu pra não esconder nada dela.



Hinna: Ela é paranoica. Se brincar iria querer invadir meu quarto pra dar sangue ao príncipe alado. — ironizei e Demi riu.



Demi: Melhor que sua mãe que quis te trancar numa clinica psiquiátrica. — a garota levou a mão aos lábios escondendo uma risada sutil. — é serio devia falar com ela. Sei lá sua tia tem a mente aberta, me pareceu ser muito legal.



Hinna: Esse é o problema. A mente dela não é aberta é arreganhada. — Demi soltou gargalhadas.



Demi: Ela continua sendo legal pra mim.



Hinna: A senhorita “legal” me forçou a tomar remédios pra não engravidar hoje.



Demi: Fala sério... Deve ter sido muito engraçado.



Hinna: Engraçado? Foi constrangedor isso sim. — a moça ainda ria.



Demi: Me conta.. Como foi lá com o garoto?



Hinna: Ele tentou me beijar.



Demi: Tentou? Ta dizendo que você evitou ele?



Hinna: Eu nem conheço ele Demi.



Demi: Um beijinho não mata ninguém.



Hinna: Sabe o que é pior? Eu queria beija-lo. — confessei mais pra mim mesma do que pra ela.



Demi: Kaaaawwwaaaiiii! — ela gritou fazendo com que minha cabeça latejasse em dor.



Hinna: O que? Ah não, nem vem Demi-Chan..



Demi: Você esta apaixonada.



Hinna: Não viaja, ninguém se apaixona em três dias.



Demi: Se apaixonam em bem menos tempo que isso. Nunca ouviu falar em amor a primeira vista?



Hinna: Não acredito nessas bobagens.



Demi: Não acredita ou não quer acreditar?



Hinna: Pra mim já deu... Vou tomar um banho e dormir um pouco. Amanhã agente se fala ok.



Demi: ihh... desliga o chuveiro pra vê se esfria a cabeça. — brincou a moça. Meus olhos giraram involuntariamente e ela sorriu. — Boa noite miga, vê se põem a mente no lugar ok.



Hinna: Vou fazer um esforço. Boa noite flor. Amo você!



Demi: Também te amo pequena. — ela disse melancólica.



~Le Skype off...



Desliguei o Skype e fui ao banho. Passei horas naquela banheira pensando em tudo que Demi disse. Será mesmo que eu falo com minha tia? Não sei se ela entenderia, e seria ruim se ela comentasse com meus pais. É melhor ficar quieta pelo menos por enquanto. Sai do banho e vesti um roupão vinho que descia ate meus pés. Deitei em minha cama e bati palminhas para que as luzes se apagassem. Logo todo o quarto estava escuro. Meu corpo insistia em revirar-se naquela cama e as horas se passavam sem o sono vir me abater. Acendi o pequeno abajur que estava ao lado em cima do criado mudo peguei um livro para ler. Três paginas haviam sido lidas e ouvi um barulho vir de fora. “Dimitry”. Sussurrei levantando ligeiramente da cama. Abri a janela e a decepção invadiu-me por completo, pois o barulho foi causado pelas galhas dos ipês lilás e amarelos que rodeavam parte da casa. Voltei a ler e novamente ouvi ruídos, mas estes vinham da sala. Corri para a porta e voltei a sussurrar o nome de Dimitry. Nada ouço do outro lado. “ Você esta obcecada por ele Hinnary” alertei-me mentalmente. Estava voltando para a cama quando ouvi novamente um barulho vir da sala. Dessa vez estava mais próximo de meu quarto. Uma esperança de vê-lo tocou-me outra vez. Abri vagarosamente a porta com um súbito sorriso nos lábios. A claridade que vinha de meu quarto me possibilitou ver parte do corredor que dava acesso a sala.



— Tão curiosa como uma gatinha mansa. — uma voz debochada tomou conta do ambiente.



— R-Rick? O que faz aqui? — perguntei incrédula e assustada.



— Oras, eu vim ver você. Achou mesmo que só pra ajudar o Harry? Aquele idiota pouco me importa.



—Então perdeu seu tempo. Você é a ultima pessoa que eu quero ver. — disse contrariada voltando ao meu quarto. Rick puxou meu braço de forma que meu corpo se rodopiou direcionando-se ao seu.



— Você será minha Hinnary. Queira ou não você será minha. — sua voz tinha um desejo assustador e era intensa e raivosa. Seus lábios procuravam os meus e eu desviava o rosto desesperada.



— Me- solta! — ordenei soletrando duramente enquanto me debatia em seu abraço apertado.



— Quem vai me forçar? — ele disse irônico vendo que eu o socava sem efeito algum



— Me solta ou eu vou gritar. — foi o que achei de mais inteligente pra dizer. Ainda que parecesse ridículo, pois ninguém escutaria nem mesmo se uma bomba explodisse ali.



— Hum... Seria uma delicia te ver gritando. Grita vai. Ninguém escutara você. — ele disse pungente e eu tive nojo.



— Me solta Rick. Aii, me larga seu idiota! — eu gritava enquanto ele me empurrava em direção ao meu quarto. Tive medo do que poderia acontecer.



— LARGA ELA RICARDO! — ouvi a voz firme de Harryson surgir atrás de nós.



— Arrgh! Não se mete nisso Harry. — disse Rick jogando-me ao chão e avançando para o meu mordomo. Ele levou a mão em punho para acerta-lo mas Harry o deteve segurando seu punho e o torcendo para trás.



— Você não aprende nunca não é mesmo? Esse não é o melhor jeito de conquista-la. — disse Harry a Rick que me olhou com ódio nos globos oculares. Harry o soltou e ele saiu indo em direção ao quarto que hospedara a ele e a Mag. Tentei imaginar o que ele poderia fazer a ela. Ele estava descontrolado.



— Você está bem? — Harryson correu ate mim que ainda estava inerte no cão.



— E-Estou sim. — respondi acenando positivamente. Ele me ajudou a levantar e entrou comigo ao quarto. Sentei na cama abraçando os joelhos em frente ao meu corpo e ele sentou-se ao meu lado. Pesou as mãos sobre as próprias pernas e respirou fundo.



— Me desculpe por isso. — ele disse brando.



— Não é culpa sua. — respondi-lhe ainda mais branda.



— Ele é meu primo. Sinto-me responsável pelos seus atos que geralmente são estúpidos. — ele tentava se explicar.



— Esquece isso tá. Não foi nada.



— Mas poderia ter sido pior. Não consegui dormir pensando no que ele queria aqui. Mag sempre vem me ajudar, mas ele... É de se estranhar. Quando ouvi vozes logo imaginei o que estava acontecendo. — confessou-me com a voz pesarosa.



— Mas... Como sabia? — perguntei desconfiada.



— Não sabia Senhorita Yukimura. Apenas imaginei. Rick não costuma ouvir não de garotas. Na verdade você foi a primeira a fazer isso.



— Hum... Obrigada. Se você não tivesse chegado... — comecei e ele me interrompeu.



— Shhh. — gesticulou levando o dedo aos lábios me pedindo silencio. — Esquece isso. Enquanto eu estiver aqui você estará segura. Não deixarei ele ou qualquer outra pessoa te machucar. — Ele disse segurando minha mão. — Durma bem. — Sussurrou e seus lábios tocaram as costas de minha mão. Eu apenas sorri em resposta perdida em seus encantos. Ele se levantou e saiu. Antes que a porta se fechasse o ouvi dizer pra tranca-la. “só pra garantir.” Ele conclui fechando-a por completo.



*******



Bipibipi bipibipi (2X) <--- ~Le despertador failed



A zoada do despertador penetrou minha mente como uma agulha a um tecido, o que a fez latejar. As informações do dia anterior chegaram a mim tão rapidamente que fez com que minha cabeça doesse ainda mais. Fui ao banho e me arrumei para o colégio. Seria difícil encarar Rick depois de ontem e talvez eu ate mudasse meus horários pra não ter que encontra-lo. Se bem que fazendo isso também não verei Castiel, nem Rosa ou Lysandre. Sai do banho e escovei os dentes, depois escovei os cabelos. Delineei os olhos e passei uma fina camada de gloss nos lábios. Sem muita demora vesti um top branco com estampa de florzinha rosa e um macacão jeans na cor rosa açucarado. Nos pés tinham um all-star preto com detalhes em branco. Corri para a cozinha e enchi minha mochila de doces e uma latinha de Coca-Cola. Tomei um cappuccino e em seguida uma aspirina pra cessar a dor de cabeça. Sai em direção ao ponto de ônibus pra esperar o escolar e quando estava chegando tropecei em algo. Corrigindo em alguém. Era uma garota tão magra quanto eu. Ou quase. Ela tinha cabelos longos e negros, sua pele era tão clara quanto o possível. Ela levantou a cabeça olhando em minha direção com olhos extremamente azuis que estavam arregaladíssimos.



— M-me desculpe. — gaguejei temendo sua reação que a julgar pelo estilo de suas vestes seria semelhante à de Castiel quando o atropelei nessa mesma calçada no começo da semana.



— Sem problemas! — ela disse num sorriso cativante. Ela olhou para minha mochila e depois observou o que eu vestia. — Deixa eu adivinhar: Sweet Amoris? — perguntou-me se referindo ao colégio.



— Sim.— respondi acenando a cabeça em concordância. Estava surpresa por ela não ter me xingado. Surpresa e contente também.



— Eu também.— ela disse num pulinho eufórico. Começamos a caminhar juntas em direção aos outros alunos que ali esperavam. — Me chamo Isabella, mas pode me chamar de Bella.— disse esbanjando muita simpatia. — E você?



— Hinnary. Ou Hinna se preferir. — sorri retribuindo-lhe a gentileza.



—Você é nova né? Quero dizer, nunca te vi no colégio.



— Pois é. Cheguei essa semana. Ainda estou me acostumando. Como soube que eu não era outra escola? — perguntei avaliando-a.



— A Sweet é a única escola que não obriga os alunos a usar uniformes.



— Ham.. — sorri. Fazia sentido já que nos destacávamos entre outros jovens que usavam diferentes uniformes ali.



— Vou deixa-la agora. Preciso falar com uma pessoa. — ela disse e eu assenti. — Ate mais.



— Até. — respondi acenando com a mão em despedida.



Os escolares chegaram e os alunos entraram em rumo as suas respectivas escolas. Sentei-me na primeira cadeira perto da janela. Vi todos entrarem e me atentei a Castiel que entrava conversando animadamente com Iris. Logo minha atenção se dispersou a Ricardo e Magnólia que também conversavam sobre uma atividade de historia a qual Mag devia concluir. Rick não tinha nas costas nenhuma mochila, não parecia que iria a uma escola e sim a uma balada pois seu traje lembrava o que os rapazes costumavam usar em festas. Tentei não prestar atenção neles. Logo a frente o ônibus parou recrutando mais alunos. Entre eles estavam Rosalya e Lysandre que me pareciam mais íntimos do que nos dias anteriores. Talvez por não tê-los observado tanto. Atrás deles subiu o representante de turma que me recebeu no primeiro dia e em sua companhia tinha uma garota de cabelos castanhos. Ela usava uma blusa azul clara bem apertada, que realçavam seus seios fartos. As pernas estavam cobertas ate o meio da coxa com uma saia branca que tinha uma pequena fenda na lateral. Ken entrou e sentou-se ao meu lado. Outros aluno foram entrando mas não os reparei pois o magrelo ao meu lado estava animado e cheio de perguntas a fazer.



— Ficou bem depois que sai? — perguntou todo cheio de gracinhas. Meu estomago embrulhou.



— Claro, não poderia acontecer nada de anormal não é mesmo... — respondi nervosa. Ele me olhou duvidoso.



— O que aconteceu Hinna?



— Não aconteceu nada não ouviu?



— Sei. — ele disse ainda desconfiado.



O ônibus parou e descemos. Fui ate minha sala na companhia de Ken que era atencioso demais. Ou desconfiado demais. Ou talvez as duas coisas.



— Te vejo na aula de musica né?— disse Ken tocando meu ombro.



— Aula de musica?— indaguei.



— É, do clube de musica... Não se inscreveu?— perguntou surpreso.



— Ainda não. Só escolhi um clube ate agora. Mas eu estarei lá. — sorri a ele que assentiu e sumiu no corredor. O sinal tocou e entrei na sala. era aula de historia e depois seria mitologia, em uma sala no segundo andar.



*****



As aulas se passaram rápida e tranquilamente. Corri ate a diretoria e pedi a diretora para me inscrever no clube de musica. Ela me fez assinar uns papeis e me mandou voltar a aula, pois o sinal que encerra o almoço já seria tocado. Fui direto para a quadra, minha próxima aula seria educação física agora, e depois todos estariam participando de atividades em seus respectivos clubes, que eram dois por dia. Ao chegar a quadra vi que o professor estava sozinho com algumas anotação. Virei-me para sair dali e esperar pelos outros alunos, mas creio que fiz isso tarde demais, pois ouvi meu professor se atrapalhar com alguns papeis e levantar-se da arquibancada.



— Senhorita Yukimura? — ele disse e eu me virei.



— Sim?



— Posso ajudar em algo?



— Minha próxima aula é aqui. Disse lhe estendendo o pequeno cartão que tinha meu horário escolar anotado. Ele sorriu.



— Fique a vontade então. Se achar necessário usar o uniforme esportivo o vestiário esta vazio. — alertou-me enquanto voltava para a arquibancada. Logo começou a escrever no que parecia ser seu diário de classe.



Sentei-me numa outra lateral da arquibancada e comecei a fuçar minha mochila. Logo encontrei o que queria: jujubas. Enquanto devorava aquelas gominhas coloridas e açucaradas acompanhei os alunos entrarem euforicamente na quadra. Euforia aceita, pois alem de ser o ultimo horário é o mais divertido, e claro é dia de sexta-feira. Alguns rapazes entraram tirando a camisa e se dirigindo ao vestiário, outros entraram jogando mochilas aonde encontrassem espaço e as meninas entravam sorrindo e piscando para o professor que sorria de volta e desviava o olhar parecendo constrangido. Ou culpado. Rosa e Mag vieram em minha direção.



— Não vai se trocar? — perguntou Rosa enquanto Mag me encarava com olhos curiosos.



— Não acho necessário. Alem do mais, o professor não se opôs ao que estou vestindo.— respondi animadamente enquanto jogava mais jujubas na boca. — Aceitam? — perguntei estirando o saquinho de doces para as meninas.



— Não, obrigada. — respondeu Rosa e Mag tinha uma expressão de ateísmo.



— Como você consegue manter esse corpo comendo como uma onça que saiu de uma quarentena em jejum? — perguntou Mag encarando o saquinho de balas e desviando os olhos pro meu corpo magrelo.



— Mag, onças não fazem jejum e nem sabem o que é quarentena. — disse Rosa sentando-se ao meu lado enquanto girava os olhos.



— Se soubessem comeriam igual a Hinna. — disse Mag.



— Ah!Eu nem como tanto assim. — dei de ombros. Mag arregalou os olhos.



— Ta brincando? Eu só vejo você mastigando algo. Se eu comer assim viro uma orça fora d’água — disse a moça que sentou-se cruzando os braços. Rosa riu, e logo a acompanhei. Os rapazes saíram do vestiário com camisas cavadas e shorts de malha. Começaram um aquecimento e o professor foi ate o centro da quadra.



— Hoje teremos uma aula diferente. — disse chamando a atenção de todos para si. — Vamos jogar vôlei e o jogo será misto. — completou. O ginásio antes silencioso fora tomado por murmúrios que vinham de todo lado. — meninas desse lado, e vocês pulam pra lá. — disse gesticulando para tomarmos nossos lugares.



Ao som do apito o jogo começou e logo estávamos com vantagem sobre os rapazes, pois já havíamos ganhado o primeiro sete. Sem muita demora estávamos empatados. Eu observava Castiel. O modo como suas vestes se moviam em seu corpo a cada passe que ele dava. A forma como seus músculos se dobravam quando ele se movia. Ele deu um passo para trás, abaixando o corpo ao dobrar os joelhos e fechar os punhos unindo um ao outro. Sua mão tocou a bola que ia em sua direção lançando-a para o outro lado. Senti uma forte dor em minha cabeça, meu corpo estava no chão e passos se aproximavam de mim. Meu professor se abaixou ao meu lado e tudo escureceu.



*****



Acordei numa sala branca com uma garota sentada ao meu lado. Seus cabelos eram longos e pretos azulados seus olhos também eram escuros. Um tom próximo ao preto mais e um brilho extraordinário. Seu corpo tinha curvas delicadas que ela parecia tentar esconder com roupas nada justas. Suas pernas estavam cobertas por uma bermuda jeans, um pouco folgada, com correntes nos bolsos e um cinto largo na cintura. Sua blusa era folgada nos ombros e descia uniformemente solta pela sua cintura, a cor rosa realçava seu tom e pele e a estampa foral a tornava mais feminina. No pescoço ela tinha um escapulário que chegava até entre seu busto.



— Esta melhor? — perguntou-me com um sorriso meigo nos lábios.



— Acho que sim. — respondi levando a mão ate minha cabeça que doía e me sentando no que parecia ser uma maca. Eu estava na enfermaria.



— O professor Deam te trouxe. Parece que você se machucou na aula dele. — ela me explicou percebendo a confusão estampada em meu rosto.



— Hum. Essa sou eu... — eu disse sorrindo. — Você trabalha aqui? — perguntei a ela que sorriu.



— Não, eu estava aqui com um garoto que tem alergia a pólen. Derrubei uma planta nele. Ai o professor chegou e pediu que eu ficasse com você.



— Ahn. Que atencioso. — eu disse e ela concordou balançando a cabeça positivamente.— Sou Hinnary, e você? — perguntei.



—Me chamo Diamantine. — ela disse com um sorriso tímido enquanto enchia um copinho descartável com água.



— É um lindo nome. — comentei vendo ela pegar algo numa caixa branca. Veio em minha direção e me estendeu o copo e um comprimido.



—Obrigada.— agradeceu-me o elogio esperando que eu pegasse o remédio.— A enfermeira pediu pra lhe dar isso quando acordasse. É pra dor de cabeça. Ah! E um garoto veio te procurar aqui.



— Um garoto? Quem? — perguntei.



— Isso! Ken... esse era o nome dele. — ela disse num pulo.— ele disse que vocês tinham combinado algo. Não me lembro muito bem por que ele falava sobre isso e sobre você esta aqui ao mesmo tempo. — ela concluiu.



— Obrigada por me fazer companhia, mas preciso ir agora. Ate mais. — disse correndo porta a fora.



—Ate. — a ouvi dizer confusa.



****



Cheguei na sala de musica atrasada. Todos já estavam lá. Logo um professor que parecia estar vestido de pirata me olhou. Ken sorriu ao me ver, mas nem todos estavam contentes com minha presença ali, como a loira enjoada e o ruivo bipolar.



— Desejas algo? — disse o professor que parecia ter saído de um filme da Disney.



— Com licença. — disse entrando na classe que estava lotada. As cadeiras formavam um circulo expondo o meio da sala que estava vazio. Imagino o porque.



—Eu sou Jack Sparrow seu professor de musica, e para os que estiverem no clube de teatro também estarei lá. Bom, essa é a nossa primeira aula, e como já se conhecem quero que se apresentem de uma forma diferente e criativa ok. Os instrumentos estão no fim da sala. Fiquem a vontade. Vamos começar com você. — disse o professor apresentando-se e logo apontou para uma garota que estava ali. Ela se levantou e foi ao centro da sala.



— Oi. Me chamo Annabelia Parish e gosto de ler e de jogar vídeo game. Adoro musica e o amo mexer na internet e tocar teclado. — ela disse e foi em direção aos instrumentos. Ligou o teclado e tocou uma musica que era belíssima mas que eu não consegui identificar. Ela apontou para um garoto que foi ate o centro da sala e assim como ela se apresentou, ele pegou um io-io do bolso e começou a fazer manobras com ele. Todos aplaudiram enquanto ele se sentava e empurrava outro garoto para o meio da roda. E assim fora um por um ate que chegou em Rosa que ao terminar apontou para mim, a única que restou ali. Fui ao centro da classe e comecei.



—Olá, me chamo Hinnary Yukimura e não tenho rótulos. Apenas gosto de coisas ou pessoas que valem a pena, mas não separo classe ou categorias. Bom, adoro musica e vou mostrar um pouco do que sei pra vocês. — fui em direção aos instrumentos e peguei um violão, passei a alça em meu pescoço e comecei a tocar.



(http://www.youtube.com/watch?v=1DAh7eYoxi0)



— Muito bem Senhorita Yukimura. — disse o professor se adiantando ao centro da classe. — Agora um pouco de diversão. Vocês farão duetos. — ele disse e todos se entreolharam. Ele apontou para Castiel e para Ambre que foram ao centro da sala. Logo começaram a cantar o que ele mandou. Em seguida apontou para Rosa e Mag que foram empolgadas ate o centro. Depois foi a vez de Isabella e Ricardo cantarem. Logo ele apontou para mim e para Ken e nos entregou uma folha. Fomos ao centro da classe e cantamos it girl do Jason Derullo



(http://www.youtube.com/watch?v=V6jyVpTvgvI)



e assim encerraram as aulas. Voltei pra casa acompanhada de Mag, Rosa, Lys, Castiel que foi o caminho todo emburrado e calado, Ken que não parava de falar sobre a aula de musica e Rick que aproveitou a distração de todos para se desculpar pela noite passada.


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