Mein Teil escrita por Vlk Moura


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Terá um pouco de Velvet Revolver e Rammstein, o que eu coloquei pouco, por mais que a história tenha o nome de uma de suas músicas... Espero que gostem.



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   Eu estava bem melhor no dia seguinte, o corpo estava um pouco dolorido, mas nada que eu não superasse. 

   Estavam todos sentados comendo e fazendo uma enorme bagunça, quando apareci na cozinha e escorei no batente e comecei a olhá-los, como eu pude ficar longe daquilo? Era o que eu me questionava. 

Shut your eyes and think of somewhere

Somewhere cold and caked in snow

By the fire we break the quiet

Learn to wear each other well

  - Parece bem - Sheol falou me servindo um pedaço do bolo depois que me sentei ao seu lado. - e parece com fome.

  - Obrigada... - eu ainda usava o vestido da festa da noite anterior, olhei para o relógio da parede batia o maio-dia, nunca havia acontecido de eu acordar tão tarde.

   Comentavam sobre como tinha sido os últimos anos, eu não queria comentar como tinha sido o meu e como ele voltaria a ser, eu não ficaria muito tempo com eles e já sabiam, eu não poderia simplesmente sumir do mapa dos Sthifens, eu teria que dar um jeito de me afastar, mas não fazia ideia de como, eu estava fitando um ponto na mesa enquanto estava mergulhada em pensamentos, não percebi que falavam comigo, alguém me cutucou, olhei par ao lado Ralf havia feito. 

   - Oi? - eu o olhei, eu tinha assustado. - Desculpa... - balancei a cabeça. - Não estava prestando atenção.

   - Isso eu pude perceber. - ele riu. - Algo te incomoda? - ele parecia atencioso.

   - Não é nada. - eu sorri para ele e terminei meu bolo.

And when the worrying starts to hurt

and the world feels like graves of dirt

Just close your eyes until

you can imagine this place, you're our secret space at will

   Raine me emprestou um par de roupas, era um shorts e uma regata, eu não me sentia bem com tanta parte descoberta, mas não poderia passar o dia com o vestido. Meus companheiros dos últimos dois anos ainda dormiam, eles deviam ter sofrido mais do que eu. 

   Sentei de fora da oficina, o vento soprava tão pouco que parecia inexistente, meu corpo sentia alguns grãos da areia, meus machucados sentiam como haviam sido criados, apoiei o queixo em meus joelhos. Olhei par ao horizonte, não havia mudado nada nos últimos anos, mas tanta coisa havia acontecido, tantas emoções haviam sido jorradas sobre todos ali que nem parecia fazer pouco tempo que eu corria e vencia os homens muitas vezes com o dobro da minha idade.

   - Posso saber no que a mocinha está pensando? - Bruehl sentou ao meu lado, eu estiquei as pernas, ele me imitou e sorriu infantilmente. - Algo sério?

   - Não. - balancei a cabeça. - Apenas lembrando de quando eu corria por aqui, tudo o que aconteceu faz parecer que há muito tempo, mas não foi...

   - Para você estar tão alta, foi há muito tempo. - ele bateu no alto da minha cabeça, eu sorri sem graça. - No café você estava meio avoada, ali sim você pensava em algo sério o que era?

   - Acho que todos já imaginam que terei de voltar para a outra família - ele confirmou. - mas, agora, parece tão errado eu ter de voltar para eles, eu finalmente pude me juntar a vocês e já tenho que partir novamente, por que não posso simplesmente ficar com a minha família? - ele riu da minha forma desesperada de jogar as palavras e empurrou a minha cabeça me fazendo reclamar.

   - Não se preocupe, logo poderá se juntar a todos nós e formaremos, mais uma vez, uma família. - ele sorriu e me abraçou. - Agora, tente não pensar nisso, ok? - eu confirmei e apoiei minha cabeça em seu ombro.

   - Você está muito forte, sinto falta do Bruehl magrelo de antes... - pude vê-lo corar. - Estou brincando... - ele riu e levou a mão até o meu cabelo.

   - Você também mudou bastante fisicamente. - ele falou e virou o rosto, afastei minha cabeça, mas ele a forçou em seu ombro, pude ver que estava vermelho.

   - Pervertido. - falei rindo enquanto dava um soquinho em seu peito para que eu pudesse me afastar.

   Ele caiu no chão rindo enquanto eu fazia cócegas nas laterais do seu corpo. Ele parou minhas mãos, eu o olhei assustada pela abordagem, ele abriu meus braços e os jogou fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e caísse deitada sobre seu corpo, ele me abraçou, uma mão passada em meus ombros e a outra apoiada no alto da minha cabeça.

   - Mas ainda é a velha Haru de antes. - eu ouvi seu tórax vibrar conforme pronunciava cada palavra. 

   Fiquei um bom tmepo deitada ali, era como na praia só que agora tinha algo a mais que eu não sei dizer o quê. 

    O almoço estava pronto quando Hoshi e Brilho acordaram, os dois se assustaram com o lugar onde estavam, não se lembravam direito do pós-festa. Cuidei dos seus curativos e comemos, tentavam interagir com os outros, mas principalmente minhas irmãs e Bruehl não aceitavam conversas muito longas, enquanto eu tentava quebrar o gelo gerado por esses cinco.  

   - Mas como você se juntou com ele? - Ralf apontou para o asiático, ainda não tinha decorado o nome.

   - Isso é meio engraçado. - eu ri, Hoshi fez o mesmo. - Ele me dava dicas sobre a Brilho quando estudávamos aqui, porém há dois anos foi contratado pelos Sthifens e ao me ver me recuperando ele ofereceu seus serviços, eu aceitei, precisaria se quisesse continuar viva nesse meio, a Brilho após se recuperar disse que em devia uma e desde então formamos um trio, os Sthifens dizem que somos um dos poucos grupos dentro daquela família em quem podem confiar e não possuem o mesmo sangue. - nós três rimos. - Lógico que é meio irônico, mas é o que dizem... - eu os olhei. - Se eles ficaram sabendo do ataque devem estar procurando por nós, acho bom partirmos amanhã, antes que mais problemas sejam causados a vocês.

   - Por que você diz problemas? - Vince perguntou enquanto esticava os braços para trás quase acertando a parede.

   - Quando um membro da família deles some movem montanhas para buscá-los. Nós, para eles, somos parte da família, dentro de alguns dias no máximo devem estar chegando por aqui para nos buscar e se souberem que vocês... bem, são quem são irão vir atrás sem pensar duas vezes. Não quero perdê-los, não novamente.

   Um silêncio tomou conta. Bruehl me olhava, ele sabia que eu teria de ir, não imaginou que seria tão rápido, e nem eu pensei que seria...

   Acordei antes de todos, Brilho e Hoshi também, não tínhamos o que juntar, bati na porta do quarto aonde Bruehl dormia, eu não sairia sem falar com ele, ninguém abriu, tentei forçar, mas estava trancada. Em silêncio descemos as escadas e saímos da oficina, caminhamos, eu não lembrava que ficava tão distante.

All the years I've tried

With more to go

Will the memories die

I'm waiting

Will I find you

Can I find you

We're falling down

I am falling

   Chegamos na cidade, nossos pés já doíam, muito tempo já havia passado, não viriam atrás de nós, não dessa vez, agora que sabiam que um dia eu voltaria, eu não teria que em preocupar.

   Abri a porta do meu apartamento, assustei com quem vi, lá estava o pai da família, ele me olhou, descruzou as pernas e veio até nós, ficou em pé na minha frente, era mais alto, os cabelos loiros balançavam, um estalo, meu rosto se virou e senti a ardência, estava vermelho, eu tinha certeza de que estava. Eu o olhei.

   - Acha bonito confraternizar com o inimigo? - ele perguntou enquanto eu continuava em silêncio. - Você achou que eu não olharia as filmagens? Que não mandaria ninguém atrás de vocês? - agora ele olhava para os dois atrás de mim que estavam tão assustados quanto eu. Ele ia bater nos dois também, mas eu segurei sua mão.

   - A responsabilidade é minha, não os envolva nisso.

   - Que linda, protege os amiguinhos. - ele apertou minhas bochechas entre o polegar e o indicador e sorriu maldoso. - Devia se preocupar mais com a sua pele do que com as deles. 

   Ele olhou para os dois seguranças que sempre o seguiam, fez um sinal e os dois prenderam Hoshi e Brilho, desceram pelo elevador, o Pai fez questão de que eu acompanhasse até os dois serem jogados no meio da rua com as mãos amarradas, eles olharam para o alto, eu sabia para onde iriam. Eu sabia o que aquele homem queria... Só não sabia por quanto tempo eu resistiria...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

   Eles correram o máximo que puderam até atingirem a saída da cidade, realmente voltariam para a oficina. Seus corpos estavam esgotados, Brilho caiu de joelhos, Hoshi parou e olhou em volta, tentava dar um jeito de soltar as mãos e pedir por socorro. Sentou-se ao lado da mulher que o olhou, tinha o cabelo colorido caído sobre os olhos.

   - Como pudemos desistir tão fácil dela? – Brilho perguntou, enquanto o homem olhava para o sol que não brilhava tão intensamente.

   - Não desistimos. – ele falou. – Ela nos deixou sair... – ele sorriu. – Vamos regatá-la, mesmo que isso custe nossas vidas. Agora, venha, vamos continuar o caminho para a oficina, devem nos achar no meio do caminho, mesmo que mortos e então buscarão por ela.

    - Como pode ter tanta certeza?

    - Não sei, apenas sinto. Consegue andar? – ela confirmou.

    Levantaram e voltaram a andar, cambaleavam seu o equilíbrio dos braços, levavam tombos desnecessários, mas que ocorriam devido ao medo, haviam acabado de percorrer aquilo, por que agora ficara tão mais complicado?  

    Jogaram os corpos contra ao portão, várias vezes até seus corpos não aguentarem.

    - Já vai! – foi o grito que Craik deu. – Mas quem vem aqui justo na hora... – ele parou e olhou os dois. – Ajudem aqui! – ele gritou. Os meninos desceram e colocaram os dois para dentro, deram água e desamarraram seus pulsos.

Reise, Reise Seemann Reise

Jeder tut's auf seine Weise

Der eine stößt den Speer zum Mann

Der andere zum Fische dann

(Viagem, Viagem, Marinheiro, Viagem

Cada um faz de seu próprio jeito

Um finca seu arpão no homem

E o outro o faz no peixe)

     Os dos contaram pelo que haviam passado, o grupo os escutou em silêncio até terminarem. Ao fim os dois fugitivos estavam deitados quase dormindo, tinham os corpos suados, mas não se importavam com o grude, queriam que fizessem algo para salvar Jakki, e se morressem não importava, apenas importava a vida da companheira que os libertara do sofrimento. Contaram como normalmente tratavam os traidores naquela família, como judiariam dela até atingir o seu limite e contasse tudo o que sabia sobre todos eles.

    - Haru é cabeça dura... – Gabor falou. – Ela não irá nos dedar.

    - Então ela morrerá... – Brilho falou fechando os olhos e depois virando a cabeça e olhando os irmãos da irmã completou. – Já vi muitas mortes, eles usarão o corpo dela para chantageá-los, espero que estejam prontos psicologicamente para verem o sacrifício da mais nova. Caso contrario todos morrerão... – ela suspirou.

     - Não a matarão logo de cara. – Hoshi encarava o teto. – Ela ainda será muito útil enquanto estiver viva, irão usá-la contra os pais de vocês e só então a matarão, quando alcançarem a riqueza irão parar. São cruéis e não irão se importar se tiverem que derramar um mar de sangue, desde que alcancem seus objetivos... Vocês têm que se cuidar, evitem sair sozinhos par ao bem de todos e de Jakki.

     - Não irei deixá-la nas mãos deles por muito tempo. – Bruehl se levantou. – Irei tirá-la de lá agora... – ele foi puxado por Cally.

     - Não ouviu o que os japas acabaram de dizer? – os dois asiáticos olharam torto para ela. – Se fizer alguma burrice irá custar a vida da minha irmã, a vida da Haru, se for só dessa forma que você entenda. – ela olhou par ao grupo. – Vamos esperar...

     - Esperar o quê? – ele gritou. – Que mandem a cabeça dela pelo correio?

 Wir wollen dass ihr uns vertraut

Wir wollen dass ihr uns alles glaubt

Wir wollen eure Hände sehen

Wir wollen in Beifall untergehen - ja

(Nós queremos que vocês confiem em nós...

Nós queremos que vocês acreditem em tudo que vem de nós...

Nós queremos suas mãos...

Nós queremos nos afogar em aplausos...)

    Param para pensar no que seria possível fazer, ouviam mais alguns relatos dos dois asiáticos até que estes se renderam ao cansaço e dormiram. Seus corpos haviam se esgotado, os machucados voltaram a doer, precisavam de mais alguns dias para melhorarem cem por cento. E os outros precisavam deles melhores o mais rápido possível, cuidariam deles como se fossem tesouros preciosos, o que agora haviam se tornado. Batalhariam por suas melhorias, não importava o que tivessem de fazer.


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Notas finais do capítulo

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