Quando eu abri meus olhos, dei de cara com Charlie me olhando de cima. Mas espera aí! Eu estou deitada! E que bip bip chato é esse que eu estou ouvindo? Que lugar claro é esse? Nem com sol meu quarto ou qualquer lugar de Petrorks fica assim. Eu tentei me levantar pra tentar me situar, mas minha cabeça girou e Charlie me empurrou de volta. Eu olhei pro lado e vi a causa do bip bip. Meus batimentos cardíacos estavam sendo monitorados, e eu estava no hospital... Ah! Que ótimo. Eu tentei me levantar de novo, um pouco mais devagar, mas Charlie não deixou de novo.

–Calma, calma, calma! – disse Charlie.

–Pai, como eu vim parar aqui?

–Você trouxe Edward até o hospital, mas parece que você estava estressada com algumas coisas da escola, e acabou tendo uma crise nervosa. Você desmaiou e o Dr. Carlisle te trouxe pro consultório dele. Ele já está vindo aqui para ver você de novo.

–Crise nervosa? Mas eu não estava estressada com nada. Nada diretamente relacionado à escola. Eu estava bem. – E agora eu estou confusa! Argh!

Quando eu ia perguntar a quantas horas estava ali Carlisle entou no quarto.

–Como está, Bella? – perguntou Carlisle atencioso.

–Estressada. – se intrometeu Charlie. E foi nesse momento que eu vi Edward em pé ao lado da porta.

–A culpa foi dele! Esse idiota! Foi ele! Ele que me deixou assim, com um papo de saber o que é melhor pra mim! – eu me estressei e cuspi tudo isso gritando sem pausa.

–Acalme-se, Bella. – pediu Carlisle. Charlie se encostou na parede um pouco assustado com a minha reação. Carlisle colocou algum remédio no soro enquanto eu ainda protestava, mas aos poucos eu fui ficando pesada e apaguei.

–Charlie, Bella está muito nervosa e não consegue pensar suas reações. Dê um tempo a ela. – foi só o que ouvi Carlisle dizer até ficar inconsciente.

Ainda estava escuro quando eu comecei a acordar. Havia alguém ali comigo, e não era Charlie. Ele devia ter ido pra casa. A pessoa que estava comigo se sentou na beira da cama. Eu abri os olhos e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Edward falou:

–Me escute, por favor. Você precisa me ouvir pelo menos dessa vez. – eu apenas assenti e ele continuou. – Eu não fico contente de você estar aqui, e eu sei que a culpa é minha. Me desculpe. Mas Bella, eu sinto que a nossa amizade não pode dar certo. É difícil explicar. – ele parou, fechou os olhos, apertou a têmpora e continuou a falar de olhos ainda fechados – Bella... Eu não sou bom pra você.

–Edward, que nós não nos damos bem, ok. Todo mundo já percebeu, mas não precisa exagerar. Não complica né. Eu acho que, sinceramente, isso é uma questão de maturidade.

–Não. Não é tão simples assim. Tem muito mais do que você pode ver.. Do que você pode imaginar. – ele estava tenso.

–Eu estou começando a achar que é melhor eu me alienar de tudo isso. E álias, eu estou cansada. Física, emocional e psicologicamente cansada, então vou começar a me alienar agora, caso não se importe. E caso se importe, vá se importar longe daqui, por favor. – Fria e calculista. Era assim que eu me sentia agora.

–Bella.. – ele ia insistir.

–Sem mais nem menos. – Eu o cortei. – Vai pra casa. Você vai poder ir pra escola ainda hoje, e precisa dormir. E eu não quero mais me estressar e ter que ficar mais um dia nesse hospital. Tchau, Edward.

Ele pareceu perceber que não ia adiantar tentar argumentar comigo agora e saiu. E eu fiquei surpresa com a frieza com que tratei Edward. Eu dormi de novo. Foi uma noite de sonhos confusos, então acordei um pouco cansada, mas bem.

Carlisle entrou no quarto com o rosto sereno e foi a primeira vez que eu reparei em suas feições. Ele era lindo, tinha a pela a clara como os filhos e as olheiras. Observar isso me fez ter de novo a sensação de que algo estava errado.

–Bom dia, Bella. Como se sente?

–Bom dia.. Estou bem.. Pronta pra outra.. – eu ri um pouco – Só que não.

Carlisle riu, e até sua risada era perfeita.

–Você parece mesmo estar bem, seus batimentos ficaram tranquilos durante a noite. Acho que posso liberar você assim que Charlie chegar. Mas aconselho que não vá na aula hoje. Fique em casa, procure relaxar. Deixe a rotina pra amanhã.

–Tudo bem, mas você pode me dar um atestado pra garantir, caso tenha alguma prova hoje?

–Claro! Vou entregar pro Charlie quando ele chegar. – Carlisle se virou pra uma bolsa no canto, apontou pra ela e disse – Ali tem algumas coisas que você pode precisar agora.

–Ah. – eu suspirei. – Obrigada.

Quando Carlisle saiu, eu me levantei e me espreguicei demoradamente. Depois fui até a bolsa, onde encontrei roupas limpas, escovas de dente e cabelo. Fui ao banheiro do quarto, lavei meu rosto, penteei meu cabelo, escovei meus dentes e fui pegar minha roupa.

Minha calça Jeans azul.. Ótimo! Pensei feliz. Quando tirei a calça e olhei a blusa, eu caí na gargalhada e me sentei no chão. Charlie entrou no quarto nessa mesmo hora:

–O que aconteceu, Bells? – ele perguntou assustado. Ele teve que esperar a minha crise de risos passar.

–Você... HAHAHAH trouxe a camisa AHAHAHHAHA do BOB ESPONJA! – eu estourei de rir de novo quando terminei de falar. Charlie ainda não tinha entendido minha reação.

–E onde está a graça?

–Pai, eu sou mesmo o tipo de pessoa que sai do hospital usando uma camisa dessas! – eu estava séria agora..

–E qual o problema?

–Pai! Você sabe que eu sou discreta!- disse entrando no banheiro de novo pra me trocar. Quando terminei de me arrumar, guardei minhas roupas usadas, e Charlie pegou a bolsa pra mim.

–Carlisle te entregou o atestado? – perguntei.

–Entregou.

–Ok.

Quando saímos do hospital, eu vi Jacob encostado na viatura de Charlie.

–Bob Esponja! – Jake gritou, e eu fechei a cara – Digo.. Bella!

–Vai a merda, Jacob. – eu disse friamente e depois mostrei a língua pra ele.

Jacob não se abateu, e me deu um abraço de urso.

–Jacob... Eu preciso respirar... Se não se importa. – eu disse sem fôlego. Ele me soltou e riu. – Já disse pra parar de tomar bomba... – o sorriso dele logo saiu de seu rosto.

–Bella, eu já disse que você tá chata com isso? – ele perguntou um pouco chateado.

–Não lembro não.. – eu disse indiferente. Meu pai se manifestou ao nosso lado:

–Jake, você vai acompanhar Bob... ér.. Bella? – eu lancei um olhar irritado pra Charlie enquanto Jacob respondia.

–Sim... Você precisa trabalhar e eu não vou deixar a Bells sozinha.

–Não precisa, Jacob. Você precisa estudar.. E eu não preciso de babá. - eu estava um pouco mal-humorada..

–Bella, eu não vou deixar você sozinha. – disse Charlie. – Mas o pessoal da delegacia precisa de mim hoje. Você não tem escolha...

– E eu não ligo de matar aula. Se você pode eu posso também. – disse Jacob.

–Ah, ótimo. Então vamos logo? – Eu queria sair dali e trocar de blusa.

–Vamos.. – disseram Charlie e Jacob ao mesmo tempo.

Entramos no carro, e seguimos para casa, onde Charlie nos deixou e foi trabalhar..