–EDWARD! – eu ouvi a súplica em minha mente. Eu sabia que devia obedecer àquela voz. Eu devia reconhecer aquela voz. – Edward, não, meu filho.

Carlisle!

Eu me afastei de Bella no momento em que suas mãos começaram a me procurar. Eu corri dali. Deixando Bella desmaiada no banco do carro. Eu fui pra sala onde Carlisle atendia. Ele estava sozinho lá. Me esperando. Eu parei na porta, sem coragem pra seguir em direção a ele. Eu me sentia um monstro.

–Edward, entre. – Carlisle disse em seu tom paternal.

–Eu não posso. – Eu sussurrei e tinha certeza de que se um humano parasse ao me lado não ouviria.

–Edward, você sabe que eu não te condeno. Venha aqui.

–Eu não posso, Carlisle. Eu sou um monstro. Eu não posso. - Então Carlisle veio em minha direção e me puxou pra dentro da sala. Fechou a porta atrás de mim, e virou meu rosto de modo que eu pudesse olhar pra ele. Ele queria que eu visse nos olhos dele que ele não me condenava, que ele me entendia.

–Não, Carlisle! Você não entende! Você não sabe! Você nunca precisou passar por isso em seus 300 anos! – eu quase rugia de ódio.

–Filho, eu posso ver em seus olhos como é tudo isso. Eu posso ver em cada um de vocês. – me doía mais ainda a compaixão dele. Eu não merecia isso!

–Não pode. Você não sabe a dor que é. – eu cuspi – Carlisle, eu não mereço a sua compaixão. Eu quase matei aquela garota.

–Edward, tem uma coisa que eu preciso te contar. – eu pude ver na mente dele uma história surgindo. Algo que ele sempre manteve escondido dele mesmo. – Em um dia de fraqueza extrema.. Eu estava desesperado, Edward.. Eu encontrei alguém cujo sangue me tomou por completo, e eu sabia que precisa daquela pessoa. Não de mata-la, e ter o sangue dela, mas eu precisava dela. Ela era linda. Mas eu fui fraco, Edward. Eu a matei. Eu não soube me controlar. Foi mais forte que eu. – ele parou de falar. Eu procurei vestígios de que isso fosse só mais uma história pra me confortar, mas não havia nada que o acusasse disso. Carlisle havia mesmo matado a garota. Ela havia matado a garota. O nome dela era Sasha. Eu agora via mais a fundo toda a história na mente de Carlisle. Eu o abracei forte. – Eu conheço a sua dor muito mais a fundo, garoto. Você é mais forte, e muito melhor do que imagina.

– Obrigado, pai. Obrigado por me confiar algo que tanto lhe dói. Obrigado por me ajudar. Obrigado por partilhar isso comigo. Me perdoe por te fazer reviver essa dor.

–Não peça desculpa, meu filho. Esme veio pra curar tudo isso. Só me dói por saber que eu não sou tão correto quanto pareço ser.

–Carlisle, você sim, não deve se julgar culpado pelo seu um erro. Veja tudo o que você construiu.

–Vamos não nos culpar juntos, certo garoto?

–Certo. – eu disse me rendendo.

–Acho que temos que cuidar da garota agora. – Carlisle disse, saindo da sala e me orientando a ficar na sala de espera enquanto ele cuidava de Bella.