Jake P.O.V

Eu estava na arquibancada encarando o campo quando ouvi passos próximos a mim. Virei-me e dei com Marley se aproximando timidamente, o rosto ainda aparentando ter chorado.

— Eu ouvi sobre o que aconteceu. – comentou ela em voz baixa, sentando ao meu lado – Quer conversar sobre isso?

— Foi a última música que ele cantou antes de... Antes de ir embora. – eu confessei em voz baixa – Beth passou semanas dormindo abraçada com o violão, enquanto eu ficava sentado à porta, esperando que ele voltasse.

— Então por que a cantou? – perguntou ela num sussurro e eu dei de ombros.

— É como se cada centímetro dessa escola tivesse a presença dele, Marley. – expliquei sentindo os olhos ardendo – Hoje o tio Sam me disse que eu parecia com ele, com a jaqueta e o violão. Eu não quero ser como ele.

— E você não é. – retrucou ela, segurando meu rosto de frente com o próprio – Você é você Jake. Nem seu pai, nem tia Quinn.

— E você, por que chorava? – perguntei tentando mudar o foco da conversa e ela pareceu murchar.

— O mesmo que você... – confessou ela – É como se tudo nessa escola tivesse ela. Na lista de aprovados do coral, o Sr. Schue colocou uma estrelinha dourada, que nem a que ela usava.

— E você cantou Wicked... – comentei e ela concordou – Eu me lembro da sua mãe cantando aquela música.

— Naquele dia ela estava cantando-a... – ela disse com o olhar perdido – Quando eu e papai chegamos ela estava no palco cantando e aquele tal Brody estava no palco com um menininho no colo. Eu me lembro dele dizendo “A mamãe não canta muito bem Ryder?”. Papai sequer chamou por ela, apenas me pegou no colo e saiu de lá. Depois disso, eu nunca mais a vi.

— São dois desgraçados, meu pai e sua mãe. – rosnei – Dois grandes desgraçados que só pensam neles mesmos.

— E quem pagou por isso fomos nós, papai e tia Quinn. – completou ela com um suspiro – E Beth, é claro.

— Beth está feliz em Miami com Steven. – disse com certo ciúme na voz e minha prima revirou os olhos – Qual é, ela é minha irmã mais velha.

— Então vocês são mesmo quem eu pensei que eram. – ouvimos uma voz perto de nós e viramos, dando de cara com tio Sam.

Marley P.O.V

— Q-q-quem nós somos? – perguntei após alguns momentos e ele riu, erguendo as mãos.

— Se acalmem, eu sou da paz. – garantiu ele, sentando no mesmo banco que nós – Num primeiro momento eu pensei que você era o irmão bastardo do Puck, mas depois, prestando bem atenção, algo em você lembra a sua mãe. Eu sei disso porque já namorei com ela, então a conheço bem. – disse ele olhando para Jake, que se descontrolou.

— Ora seu... Dobre a língua para falar da minha mãe. – rosnou meu primo e tio Sam riu.

— Relaxa menino, meu coração é de outra. – garantiu o loiro dando de ombros – E você... Só uma pessoa conseguiria cantar aquela música melhor do que Rachel Berry: uma filha dela com alguém tão talentoso quanto. Você é filha dela com o Finn não?

— Não me lembrava de você ser tão esperto. – murmurou Jake.

— Eu vejo muitos filmes de ficção científica. – confessou Sam dando de ombros (melhor parar de chamá-lo de tio) – Mas se vai se passar por irmão do Puck, não faça como fez comigo de ficar rodeando. As pessoas vão desconfiar, porque francamente, você é a cara do seu pai, mas como eu disse, quem conhece a sua mãe vai perceber.

— Você não vai nos entregar? – perguntei e ele negou prontamente.

— Mas eu exijo saber o que está acontecendo. – mandou ele e eu fiz sinal para que Jake começasse.

Sam P.O.V

— Então vocês vieram acidentalmente do futuro, onde por acaso Quinn e Finn, sua mãe e seu pai respectivamente, - disse apontando Jake e depois Marley – Vão se casar e Rachel e Puck... Filhos da puta.

— Tio Sam, olha a boca. – ralhou a menina e eu me surpreendi – Desculpa, aqui devemos te chamar só de Sam.

— Acho que seria melhor. – concordei lentamente – E vocês estão aqui no McKinley para...

— Tem coisas que queremos entender, descobrir. E que lugar melhor do que o ponto de partida de tudo isso? – perguntou Jake e eu concordei.

— Vocês vão ter um longo caminho pela frente. – garanti e eles concordaram.

— Mas nós precisamos. – afirmou Marley se levantando – Agora precisamos dar um jeito de Jake entrar no coral.

— Eu cuido disso. – respondi me levantando também – E vocês dois, longe de problemas, entendido?

Eles concordaram e eu desci as arquibancadas, voltando para dentro do colégio. O Sr. Schue não tinha aula naquele período, então devia estar em sua sala. Quando cheguei a porta, ele revisava um arquivo.

— Jake é irmão do Puck. – disse ele balançando uma folha e eu assenti – Você sabia?

— Desconfiava, são parecidos demais. – menti e o professor concordou – Sr. Schue, Jake precisa de ajuda.

— Mas quem pode ajudar? – perguntou o homem a minha frente, parecendo derrotado.

— Noah Puckerman.