All For The Sake Of Breaking The Curse escrita por Witch


Capítulo 3
Sweet home and horses


Notas iniciais do capítulo

Hello *-*/
Enjoy!



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Emma resmungou com o barulho irritante vindo de algum lugar do quarto. Regina abriu os olhos alguns segundos depois e olhou para os lados meio atordoada. O barulho continuava.

A morena fechou os olhos com força e os abriu novamente. Era madrugada ainda pelo estado do céu escuro. Emma ainda dormia, resmungando, com os braços ao redor de Regina, seu corpo nu escondido pelo edredom branco.

O barulho continuava. Regina se desvencilhou dos braços de Emma, que acordou imediatamente, e saiu da cama. O vento frio se chocou contra seu corpo nu e Regina tremeu. A origem do som vinha do chão, provavelmente na montanha de roupas da noite anterior.

- O que houve?- indagou Emma ainda olhando para os lados. – Quem ligaria a essa hora?

Regina também não sabia e quando finalmente pegou o aparelho, os toques pararam, mas pelo número na tela, Regina soube quem era.

- Volta para cama. –pediu a loira ainda deitada. Bateu levemente no lugar onde Regina estava. - Por favor?

A morena riu.

- Eu acho melhor voltar para o meu quarto.

- Ahh, de novo? – indagou Emma. – Passamos a noite inteira aqui. Por que não mais algumas horas?

Regina sabia que não devia ir. Ela deveria voltar para o seu próprio quarto gelado e solitário, deitar ( por que ela sabia que não conseguiria voltar a dormir) e esperar o horário certo para levantar.

- Eu não devia. – disse, mas Emma sorriu. Aquele sorriso brincalhão, feliz e de certa forma aliviado. Aquele sorriso tonto que Regina demorara muitos meses para ver pela primeira vez. Aquele sorriso reservado para ela apenas.

Antes que pudesse pensar, já estava de volta a cama.

- Emma. – sussurrou roucamente antes de clamar os lábios de Emma para si.

A loira sorriu no beijo. O dia não tinha começado de uma forma ruim, não mesmo. Acordaria com Regina em seus braços, depois desceriam para um ótimo café da manhã em família. Storybrooke parecia nem ser um problema tão grande assim, não quando beijava a mulher que amava e mapeava novamente todo aquele corpo que já tivera muitas vezes, mas que nunca parecia se cansar de ter.

O celular voltou a tocar. As duas se separaram e suspiraram.

- Você tem que atender? – sussurrou.

Regina assentiu.

- É importante. – respondeu e pegou o celular esquecido na mesinha ao lado da cama.

- Espero que seja algo urgente. – disse para a pessoa do outro lado da linha. Emma sorriu.

- Não houve mudanças ainda. Ela fez 28 anos ontem certo? E ainda está tudo parado.

- Mas é claro que não. – olhou para Emma. – Não se pode apressar o destino, meu caro, ela ainda tem um ano para quebrar a maldição.

Emma revirou os olhos. Optou por usar de tempo de forma mais interessante e começou a beijar o máximo que pudesse da outra mulher. Começou pelos ombros. Regina sorriu e Emma viu isso como um incentivo para continuar.

- Estou nervoso.

- Vai dar certo. Eu estou confiante.

- É tudo culpa sua. – Veio a acusação. Não era inesperada, realmente.

- Devo te lembrar da sua parcela de culpa? – disse. Emma parou com o que estava fazendo e olhou a expressão de Regina, perdida no passado. – Devo te lembrar que se não fosse por sua traição, as coisas estariam melhores? E nada disso teria acontecido? Você é tão culpado quanto eu.

- Quando você fala assim... Eu me arrependo também sabe?

- Assim como eu, mas é tarde demais para isso. Assim que chegarmos, nós iremos conversar e aliás, durma, vai te fazer bem. – e antes de esperar uma resposta, desligou.

- Não era tão urgente assim, era? – indagou Emma roubando mais um beijo.

- Eu achei que... – sussurrou e parou de falar. Ela tinha pensado nas piores coisas que poderiam ter acontecido, afinal tinha ido pouquíssimas vezes a Storybrooke nos últimos anos.

- Achou?

- Nada. – suspirou. – Acho que eu já vou descer. Fazer um café e já preparar tudo para sairmos.

- Mas já? – indagou Emma com os arregalados. – Ainda temos algumas horas.

Regina sorriu verdadeiramente. Tocou o rosto de Emma com as duas mãos. Era um hábito.

- Quanto mais rápido formos a Storybrooke, mais rápido você quebra a maldição e tudo volta ao normal. – se aproximou. – Mas, eu vou sentir falta disso.

- Você não precisa.

- Preciso.

O beijo foi intenso. Seria o último. O gosto amargo da despedida, da última vez, da guerra perdida, fez o coração de Emma apertar. Seria o último, Deuses, seria o último, mas não podia ser, não precisava ser. Seria o destino tão cruel assim?

Regina tentou se afastar, prosseguir com o dia, mas a loira não deixou. Se fosse o último, Emma queria tudo, queria gravar cada segundo daquele beijo em sua memória.  Ela não deixaria aquele ser o último, mas se fosse, seria o melhor deles, o mais demorado e o mais intenso.

A morena sabia que deveria ter lutado mais. Sabia que não devia ter deixando Emma deitá-la, sabia que não devia ter deixado outros beijos acontecerem, sabia que não deveria ter deixado as mãos, lábios e língua a dominarem e também sabia que não deveria ter se deixado retribuir.

==

- Bom dia! – disse Henry assim que Regina apareceu na cozinha.

Ela sorriu e lhe deu um beijo na testa.

- Bom dia, querido. Vejo que já se serviu.

O rapaz tinha uma grande tigela lotada de cereal. Ele sorriu.

- Hoje é cereal, né?

Ela assentiu e suspirou.

- Todos os utensílios de cozinha já estão embalados, então cereal.

Henry continuou mastigando felizmente. Regina estava atrasada. Deus, muito atrasada.

- Suas malas estão na sala, Henry?

O rapaz assentiu. A boca cheia de cereal.

- Ótimo. Emma está descendo com as dela. Eu já deixei a maioria das minhas malas em Storybrooke semana passada e foi a coisa mais inteligente que já fiz. – comentou já ligando a máquina de café. Passou as mãos pelo vestido justo e negro que vestia.

- Eu não acho. – comentou Henry. Regina o olhou – Acho que vir atrás da gente foi a melhor coisa que você já fez. – disse e abriu um imenso sorriso.

Ela sorriu e o abraçou.

- Eu concordo, Henry. Foi a melhor coisa. – e lhe deu um beijo na testa.

- Opa, o que ele fez? Eu também quero um beijo.

- Emma! – exclamou Regina e apontou para Henry, que só riu.

- O que? – indagou se sentando ao lado do filho. – Eu vou querer cereal também! – exclamou.

- Levante-se e sirva, Swan. – respondeu voltando para perto da máquina de café.

Emma revirou os olhos, sorriu para o filho e se levantou. Com tudo já empacotado, Regina só deixara de fora a máquina de café, uma xícara, duas vasilhas e duas colheres e o cereal. Assim, que o café da manhã finalizasse, ela só precisava guardá-las na última caixa semi-aberta e voilá, tudo pronto para a mudança.

- Vocês vão gostar de Storybrooke. Com certeza.

Henry de um meio sorriso e Emma nem se incomodou em tentar.

--

A ida para a pequena cidade foi silenciosa. Muito silenciosa, pensava Henry. Ele e Emma fizeram algumas brincadeiras e conversaram, mas Regina ficara em silêncio, só respondendo com poucas palavras quando alguém a perguntava diretamente algo.

- Podemos parar para comer algo? Já tem algumas horas de viagem. – perguntou Emma. Henry concordou, talvez se parassem e descansassem um pouco, a viagem ficaria mais parecida com as que eles fizeram no passado, divertida e amorosa.

- Não podemos, Emma. – disse Regina. Olhos fixos na estrada. – Temos que chegar em Storybrooke o mais rápido possível. O seu bug já está na cidade, aliás, você precisa  mandar aquela coisa para o conserto.

- Eu sei, você me disse isso várias vezes, na verdade. – respondeu Emma quase que automaticamente.  Suspirou.

- Só mais umas duas horas. – disse a morena. – Tem biscoitos nessa sacola do seu lado, Henry. E nós temos cada uma garrafa d’água. Acho que sobrevivemos mais um pouco.

Emma suspirou de novo e olhou para Henry do retrovisor central. O rapaz só balançou a cabeça negativamente.

- Se você estiver cansada, eu posso dirigir. – ofereceu a loira.

- Não, por que no momento em que eu me distrair, eu tenho certeza de que voltaremos a Boston. – olhou rapidamente para Emma depois voltou o olhar para frente.

- Como quiser, vossa majestade.

O tom chateado e até irritado não passou despercebido por Regina, mas a morena ficou em silêncio. Ela tinha muitas coisas em que pensar no momento.

- É o melhor. – repetiu Regina.

Emma não respondeu e Henry suspirou.

Eles já tinham viajado juntos no passado. Henry podia se lembrar claramente. Emma ligava o som e os três iam cantando durante o percurso. Era divertido e ele sentia uma  imensa paz durante aqueles velhos e esquecidos dias. Agora, em Storybrooke, as coisas nunca mais seriam as mesmas, não haveria o apartamento em Boston nem as viagens, Emma quebraria a maldição e todos voltariam para a Floresta Encantada.

Era o certo, né? Mas olhando para Emma e depois para Regina, Henry se questionava se era realmente o certo. Valeria a pena perder sua família? Valeria?

 - Eu vou sentir falta dos meus amigos. – comentou Henry abaixando os olhos.

Emma olhou para Regina, que permaneceu em silêncio.

- Eu sei. – comentou Emma se virando para o filho. - Me desculpe, filho.

Regina decidiu interromper. Se alguém tinha alguma culpa naquilo, era ela.

- Você será um príncipe, Henry. – interrompeu Regina com um sorriso sincero no rosto. – Assim que chegarmos em Storybrooke, vamos comprar um cavalo para você.

Os olhos do rapaz brilharam.

- Sério?! – olhou para Emma que esboçou um sorriso e depois para Regina, que o olhava pelo retrovisor.

- Mas é claro! – respondeu a morena. – Você tem que praticar!

- Como é o meu cavalo? Você vai me ensinar a montar?! E a minha mãe?!

- Eu quero distância de cavalos. – disse Emma voltando a olhar para frente.

Regina começou a rir, mas Henry pareceu não entender e perguntou o que tinha acontecido.

- Você era muito pequeno para lembrar. – disse Regina com um grande sorriso no rosto. - Mas nós três fomos para uma pequena fazenda por algumas semanas e lá tinha muitos cavalos.

Emma olhou pela janela e surpresa, percebeu que já estavam muito longe de Boston, muito longe da praia, da pequena fazendo com cavalos assassinos, da felicidade e da paz. Sentiu um aperto grande no peito e uma vontade assustadora de sair correndo.

- Você estava muito animado! E falava sem parar “cavalos! Cavalos!”.

Henry soltou uma risada.

- Eu não me lembro disso! O que mais aconteceu?

- A culpa foi sua e da Regina! – exclamou Emm já se preparando para se defender. Olhou para os dois culpados. – Você ficava gritando “cavalos!” e a Regina decidiu te levar para cavalgar com ela. Só que você, pestinha como sempre, exigiu que eu também fosse! Eu não queria!

Regina ria e Henry a acompanhava. Ele tinha sentido falta nisso nas últimas semanas. A paz, a felicidade, a risada e principalmente, o brilhos nos olhares.

- Chegamos no estábulo. – continuou a morena. – Eu escolhi um lindo garanhão marrom e Emma...  – olhou rapidamente para a Emma, depois voltou a olhar para frente. – escolheu uma égua marrom também, certo?

A loira resmungou e assentiu. Henry olhava para as duas com muita curiosidade.

- O que aconteceu então?

Regina soltou outra gargalhada ao se lembrar da ocasião mais uma vez.

- Não foi tão engraçado assim! – exclamou Emma se sentindo embaraçada.

- Gina! Mãe! – exclamou o menino se corroendo de curiosidade.

- O rapaz – começou Regina se acalmando. – perguntou se precisávamos de ajuda para montar. Eu disse que não, mas Emma achou que a habilidade de montar a cavalos é herdade e também recusou a ajuda.

- Ahh, qual é! – exclamou Emma desconfortável no banco. – Eu não sabia que montar num cavalo era tão difícil assim!

Henry riu, já imaginando o que tinha acontecido.

- Eu montei primeiro. – continuou a morena ignorando os resmungos de Emma. – E você foi comigo.

A loira se lembrava e abriu um sorrisinho. Ela se lembrava de como seu coração apertou com uma felicidade tão absoluta que na hora, Emma achou que realmente fosse passar mal. Se ela fechasse os olhos, talvez, ainda poderia ver Regina montada naquele cavalo enorme com um Henry minúsculo, com o rosto vermelho de euforia. O próprio rosto da morena denotava o quão feliz ela estava em novamente cavalgar.

- Nós dois, Henry, começamos a nos afastar um pouco. Eu confesso que estava animada em andar novamente a cavalo e você insistia que devíamos ir mais rápido. – soltou mais risinhos.

Emma estava vermelha.

- Emma conseguiu montar até fácil. Eu virei e vi que ela estava no cavalo, depois você disse para irmos mais rápido. Assim que eu olhei para você, eu ouvi um grito e uma sombra passando pelo nosso cavalo.

Emma encolheu.

- Era a minha mãe?! – exclamou o rapaz com os olhos arregalados.

Regina riu e assentiu.

- Ela estava desesperada se agarrando ao cavalo, que corria sem parar. Eu lembro que você disse algo do tipo: “Viu, a mamãe está indo rápido!”.

- O que houve? Quem parou o cavalo dela?!

Emma usou desse momento para ignorar a vergonha daquela história embaraçosa e olhou para Henry, que estava sentado na beirada do banco traseiro, procurando ficar o mais perto possível para ouvir a história. Seu rosto estava corado demonstrando a euforia que sentia por dentro, enquanto Regina tinha aquele lindo brilho nos olhos e um sorriso imenso enfeitava sua face. Incrivelmente, os dois eram tão parecidos!

- Ninguém. – veio a resposta entremeados a risos. – No desespero, Emma  deve ter feito algum movimento que alertou o cavalo e o obrigou a parar. Só que a sua mãe não estava segurando nela direito. Só te digo uma coisa, Henry: Eu nunca tinha visto alguém voar antes daquele dia.

Emma sorriu quando o rapaz caiu no banco de rir. Ele tentava imaginar a cena: o cavalo correndo, depois a parada brusca e Emma voando.

- Vocês riem, né? Mas eu quebrei o braço naquele dia! – exclamou a loira indignada, mas no fundo, ela não poderia estar mais feliz.

- Você tem sorte de só ter sido o braço. – respondeu a morena. – Durante semanas, eu tive que cuidar de uma criança de 4 anos e uma loira fresca com o braço quebrado.

- EI! – reclamou Emma, mas ela teve certeza de que se lembraria daquelas gargalhadas pelo resto da vida.

--

A pequena cidade de Storybrooke era como Emma imaginou pelas fotos que Regina trouxe certas vezes. Pequena, pacata, pacifica e amaldiçoada. O relógio da cidade, enorme, estava parado e esteve parado por longos 28 anos.

Henry olhava pela janela, curioso, mas não impressionado. Algumas pessoas olhavam curiosas o carro de Regina e cochichavam sobre os recém-chegados. Emma revirou os olhos. Odiava cidades pequenas, odiava cochichos, odiava Storybrooke.

- Ótimo. – disse Regina parando o carro. Virou-se para Henry e Emma. – Lar, doce lar.


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Notas finais do capítulo

É isso ai. Thank you x3