Continuando.....

– Kemilly minha filha você está viva!!!

– Paiii!!! O que você tá fazendo aqui? Como me achou? Como tem coragem de olhar na minha cara?

– Calma minha filha você não pode se irritar. Eu vou explicar como eu cheguei até aqui, eu só te peço um tempo pra você me ouvir.- ele falava eufórico e visivelmente surpreso, pela minha reação.

– NÃO ME CHAME DE FILHA! NÃO PERCA SEU TEMPO TENTANDO-ME CONVECER... NÃO QUERO OUVIR SUAS EXPLICAÇOES!- O Derick me olhava assustado, e com olhar de reprovação ao meu comportamento.

– Kemilly! relaxa um pouco, tente ser mais maleável. Ele ainda é seu pai e você tem que o respeitar. – Derick falava tentando me acalmar um pouco. Até que cedi na discussão e deixei meu pai falar.

– Eu te procurei por toda Miami. Pus fotos suas em todos os lugares, acionei a polícia, e não recebi nenhuma resposta. Havia posto fotos suas em todos os meios de comunicações e redes sócias, e depois de vários dias sem notícias, uma enfermeira desse hospital me ligou dizendo que havia uma garota parecida com você aqui nesse hospital. Eu imediatamente vim conferir.

– Veio tirar um pouco do seu remoço, ou peso da consciência pela minha morte.- falei ríspida.

– Não minha filha, eu sei que você tem todos os motivos pra me odiar, mas eu aguentaria se você estivesse morta. Não sabe como estava sendo doloroso pra mim ficar sem notícias suas. E agora que eu te encontrei, meu coração se encheu de felicidade. Eu quero começar do zero com você, quero que me perdoe. - Era difícil pra mim admitir, mas a imagem do meu pai, culpado e chorando a minha frente, tinha me abalado.

– Sinto muito,mais há uma enorme barreira formada entre dois. E no momento não há nada que você possa fazer pra eu te perdoar.

– Me dê ao menos uma chance de te provar que agora as coisas serão diferentes...

– Quero que saia por essa porta, e me chame a Nancy. Pois no momento eu só preciso de pessoas que realmente se impostam comigo, do meu lado. – as palavras saiam da minha boca e eu sentia, que eram como facas o cortando por dentro. Mesmo com meus olhos marejando em lágrimas, e meu coração ferido, eu fui vencida pelo meu orgulho ao mandar meu pai embora.

Ele se foi cabisbaixo e aparentemente desolado com toda nossa conversa. Eu queria ter forças o suficiente para perdoa-lo depois de tudo que ele me fez, mas eu simplesmente não consegui. Eu estava com minha mente cheia de recordações ruins, as dores do passado começavam a me tomar por dentro. Eu fui orgulhosa demais, e a minha consciência não ira me deixar em paz, eu precisava desabafar meu sofrimento interno. Eu fiquei sozinha no quarto com o Derick, naquele momento ele, não me questionou apenas me envolveu em seus braços, em um abraço firme e aconchegante. Em meio aos meus soluços, ele acariciava meus cabelos, me dizendo que tudo iria ficar bem.

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Na manhã seguinte, eu estava tomando meu café da manhã no hospital. A comida de hospital é sempre uma bosta, mas como eu estava ali pela boa vontade do Drº Harmon, junto com o Derick, eu não estava em condições de reclamar de nada. Pela tarde eu faria alguns exames avaliativos, para receber minha alta em breve. Terminei meu café e a enfermeira veio buscar minha bandeja, e me trouxe mais uma novidade. Disse que lá fora tinha uma pessoa que veio me visitar, meu coração se acelerou achando que poderia ser o Derick, afinal receber a visita dele todos os dias, tinha virado rotina. Mais uma vez eu fui surpreendida, porém dessa vez um raio de felicidade se encheu dentro de mim. Era minha querida Nancy.

– Minha menina! – a Nancy entrou em meu quarto, já jorrando lágrimas de seus olhos, não contive minha emoção. E nos abraçamos carinhosamente, era um misto de alegria, com saudade, que nos envolvia no momento.

– Eu tive tanto medo de não te rever novamente Kemilly. – Ela falou olhando nos meus olhos, sua face continha seu choro emocionado.

– Eu também tive medo de não voltar. Mas graças a Deus fui salva por um anjo da guarda em minha vida.

– Quero que me conte tudo que aconteceu com você desde o dia em que você saiu de casa, sem dar notícias até os dias que você tem passado aqui. – Nancy falava, segurando minhas mãos, e se sentando ao meu lado na cama.

Comecei lhe contando todo ocorrido, que se passou em minha vida durante esse período complicado. A cada acontecimento que eu contava pra Nancy, ela se surpreendia com as histórias. Ficou muito feliz, ao saber que fui salva pelo Derick, e como contei o jeito que ele estava me tratando de lá pra cá. Sua felicidade estava estampada em seu rosto. Senti tanta falta do jeito carinhoso da Nancy, de seu olhar terno. Eu não tinha palavras para descrever as sensações que estavam flutuando dentro de mim. A Nancy me falou que todos os meus amigos e conhecidos, estavam mobilizados a minha procura. No meu colégio várias orações estavam sendo feitas por mim. Falou que a Sarah, estava bastante abalada com meu sumiço e que todos os dias ia em minha casa atrás de novidades sobre mim. O Ben também estava muito triste, e deprimido dias após meu desaparecimento, ele tinha parado de ir ao colégio, e ficava nas redes sociais em mobilização pra tentar me encontrar. Mas que ontem mesmo meu pai mandou um comunicado oficial as TVs de Miami, contando que eu havia sido encontrada, e que estava bem. O Ben e a Sarah queriam vir me ver, mas a Nancy achou melhor deixar para quando eu estivesse em casa segura, os tranquilizou falando que levaria notícias minha para eles.

Meu pai tinha falado para a Nancy, sobre a briga que nós dois havíamos tido no hospital. Ela contou que ele tinha chegado em casa, muito tristonho e com ar de decepção em seu rosto. Dizendo que eu estava com muita raiva dele, e que tinha o tratado de forma fria e indiferente. Mas que iria esperar o tempo que fosse preciso, pra me reconquistar e unir nossa família novamente. Eu gelei ao ouvir da boca da Nancy o que se passava com meu pai, por um momento fitei a parede tentando não demonstrar minha culpa. E em seguida contei minha versão do ocorrido para a ela. Eu não tinha como menti, estava carregando um peso dentro de mim. E eu sabia que a Nancy não iria me julgar. Foi justamente o que ela fez, me ouviu sem interferências, me dando mais um abraço, e dizendo que com o tempo as coisas iriam se ajeitar.

Já tinha passado um tempo que a Nancy estava conversando e matando a saudade comigo, quando de repente o Derick entrou no quarto, ambos com olhares surpresos, me apresei em apresentar ele para a Nancy. Pude perceber o olhar de admiração que ela lançou para ele, seguido por uma piscada travessa para mim. Percebi que ele ficou um pouco tímido, com os elogios e agradecimentos que recebia da Nancy, e vi se formar em seus lábios uma risada discreta, que deixava seu rosto ainda mais perfeito. Corei quando nossos olhares se encontraram, eu ficava nervosa e sem graça cada vez que via seus olhos azuis cor de oceano, repousaram em mim. Pra completar ouvi a Nancy sussurar em meus ouvidos, o quanto ele era lindo e faria um belo par romântico comigo. Me desfiz dos meus pensamentos, para continuar conversando normalmente com o Derick e a Nancy. Quando fui interrompida pela enfermeira, me chamando a sala do Drº Harmon, para fazer meus exames.