Naquela mesma tarde, Mary Jane havia combinado de ir à casa de Harry após a aula. A ruiva foi esperta, e tinha planejado tudo perfeitamente bem.

Primeiramente, a garota havia imposto a Harry uma pequena condição para que voltassem a namorar: Norman não poderia saber. No início, Harry protestou, dizendo que era um absurdo e que mais cedo ou mais tarde seu pai descobriria. Entretanto, após dar a excelente desculpa de que seria melhor, pois não correria o risco de ser maltratada por ele novamente, o garoto acabou concordando sem escolhas. Afinal, Harry era completamente apaixonado por Mary Jane.

Em seus planos, frequentar a casa de Harry logo nesse dia seria a melhor maneira para descobrir se Norman era realmente o terrível Duende Verde, pois o pai de Harry ficaria fora de casa o dia todo. A ruiva só precisava arranjar uma maneira para ‘’despistar’’ seu namorado, para que pudesse investigar a mansão Osborn sem desconfianças.

– Que bom que você veio Mary Jane! – dizia Harry empolgado, enquanto quase sufocava a ruiva de tantos beijos.

– Tenho certeza de que vamos nos divertir muito, lindinho. Mas e agora que tal você pedir a cozinheira para preparar um almoço pra gente? Estou morrendo de fome...

– Não se preocupe! Ela já deixou o almoço pronto.

‘’Que droga’’, pensou Mary Jane. Como iria se livrar de Harry por pelo menos alguns minutos?

– Ah, menos mal então... – ela tentou disfarçar.

– Esqueceu que aqui tudo fica pronto na hora? – Harry deu uma risada um tanto exagerada. – Venha ruivinha, vamos comer.

– Espera aí! – ela disse um tanto desesperada. – Vai indo que eu já vou, preciso ir ao banheiro primeiro...

– Você já não foi na escola? – perguntou Harry desconfiado.

– Fui sim, mas sabe como é quando a mulher passa por aquele período chato todo mês, não sabe? É necessário ir ao banheiro e verificar toda hora, um saco! E, além disso, eu já aproveito para lavar as mãos. – mentiu.

– Oh, entendo. Puxa ser mulher deve ser complicado... Ok, vai lá então, mas vê se não demora. Eu já vou almoçar porque estou morrendo de fome também.

– Tudo bem lindinho, se eu demorar você já sabe o motivo né... Mas fique tranquilo, pode ir comendo, não precisa esperar por mim.

Em seguida, deu um leve beijo nos lábios do garoto e correu em direção ao banheiro, assim que percebeu Harry se afastar e seguir para a cozinha.

* * *

Mary Jane subiu as escadas da enorme mansão apressadamente. Precisava encontrar o quarto de Norman Osborn o mais rápido possível, antes que Harry notasse sua ausência demorada.

Correu em direção a inúmeras portas que encontrou no segundo andar. Provavelmente, todos quartos. Abriu cinco portas, mas não notou nada de diferente nesses quartos. Nenhum deles era de fato o cômodo de Norman.

Restava-lhe pouco tempo para procurar. Começou a ficar nervosa, mas não podia permitir que o nervosismo atrapalhasse sua rápida investigação. Não agora que estava tão perto.

Procurou em mais alguns quartos, até perceber uma porta totalmente diferente bem no final do corredor. Uma porta enorme, feita de material caríssimo, esculpida a imagem de um homem poderoso financeiramente. Não lhe restou dúvida: só podia ser ali.

Abriu a porta com grande esforço, e percebeu que não havia nada de anormal. Porém o quarto de Norman era realmente incrível, com uma enorme cama de casal, móveis luxuosos, ternos finos e caríssimos visíveis pendurados em cabides no enorme guarda-roupa num dos cantos do quarto. Mary Jane observou tudo atentamente, até perceber que algo lhe chamou a atenção.

Bem a sua frente podia notar sua imagem refletida em um espelho enorme e redondo, com um sistema de botões e senha ao lado. Automaticamente a ruiva apertou um dos botões, sem medo do que estava por vir. Por sorte, não precisava de senha, pois Norman instalou um novo sistema há poucos dias, que permitia a entrada em seu local secreto sem precisar de senha temporariamente. Apenas por poucos dias, para que pudesse dar continuidade a seus planos. No entanto, ele nem imaginava que a garota ruiva, que tanto odiava, entraria em seu quarto e descobriria seu precioso segredo.

Ao pressionar o botão, Mary Jane percebeu que o espelho se afastou para o lado esquerdo, liberando a entrada para uma sala misteriosa, repleta de antídotos e equipamentos estranhos e familiares.

* * *

Gwen descia as escadas do enorme edifício da Oscorp pouco antes de cumprir seu horário de trabalho. Ela recebeu uma estranha tarefa para ir ao estacionamento dar um importante recado a um dos seguranças. Só não conseguia entender porque essa tarefa foi imposta logo a ela, que não tinha absolutamente nada a ver com o setor da segurança, e poucas vezes frequentou o estacionamento. No entanto, com cautela, pegou o elevador e foi ao local sem imaginar que aquilo era uma armadilha.

Assim que as portas do elevador se abriram, a garota correu em direção ao estacionamento, percorrendo um longo trajeto até a cabine de segurança. Respirou fundo e deu leves batidas na porta da cabine. Quando ouviu uma voz grave e masculina gritar ‘’entre’’, a loira abriu a porta e tomou um grande susto.

– Surpresa! – sorriu a criatura sentada na cadeira de um dos seguranças, que estava morto ao seu lado.

Gwen gritou e tentou correr para se salvar, mas imediatamente foi capturada. Ele estava determinado a não ter piedade, e agarrou a loira com força pelos braços, deixando-a ainda mais apavorada. Deixou o estacionamento, voando em direção aos prédios de Nova York em seu planador, levando Gwen consigo.

A garota havia caído nas garras do terrível vilão Duende Verde, e agora estava correndo grave perigo.

* * *

Peter estava em seu quarto, aguardando o momento certo para buscar Gwen na Oscorp. Olhou em seu relógio e percebeu que faltavam poucos minutos para ela terminar seu horário de estágio. Entretanto, seu sensor aracnídeo disparou automaticamente e Peter sentiu um imenso aperto em seu peito. Uma sensação muito ruim de que a garota que tanto amava estava correndo perigo. O medo, junto com a parcela de culpa por envolver tanto a garota em sua vida, faziam com que seu coração se retorcesse.

Imediatamente começou a vestir-se como Homem-Aranha para seguir em busca do maldito Duende que provavelmente poderia estar fazendo coisas ruins a Gwen. Entretanto, apesar do medo e da necessidade de protegê-la, Peter sabia que ele não a mataria, pelo menos enquanto não ficasse frente a frente com o Homem-Aranha.

Estava pronto para entrar em ação, mas ouviu batidas impacientes na porta de seu quarto, que o fizeram parar. ‘’Droga, agora não’’, pensou consigo.

– Peter, por favor, abre! É a Mary Jane. – A ruiva conseguiu se afastar da mansão o mais rápido possível, dando a Harry a desculpa de que sua mãe estava no hospital e ela precisava vê-la.

Então ele correu e abriu a porta.

– Mary Jane, seja o que for que você tem pra me dizer diga logo. Gwen está correndo perigo!

– Sério? Como assim? Mas esse desgraçado decidiu agir tão cedo?

Na mesma hora, ambos foram interrompidos pelos estrondos que estavam acontecendo na cidade. O Duende entrara em ação, Gwen provavelmente estava correndo enorme perigo nas alturas, e viaturas de polícia tentavam inutilmente capturar o terrível vilão que aterrorizava a cidade, esperando pelo Homem-Aranha, fazendo a garota mais preciosa do coração do herói como refém.

– Eu tenho que ir Mary Jane. Diga logo!

– Não há mais dúvidas: Norman Osborn é o Duende Verde.