Patrulha Vermelha escrita por Artemys Jenkins


Capítulo 3
3. Revolta e seu contexto pseudo-social


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, queria agradecer o André pelo review dele ;^; É, tipo isso.
AH, SIM! Passem o mouse sobre as palavras com asteriscos, tem uma explicação do termo lá! Hehe.



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3.1 A revolta em comer comida sem sal

Dinner aos poucos foi abrindo os olhos, sentindo o corpo todo doer. Sentiu-se perdida, sem saber onde estava ou o que acontecera. Começou a lembrar do passado aos poucos. Estava andando na rua, de mau-humor, até que, de repente, tudo ficou cor-de-rosa de novo (era um tanto normal isso acontecer). As pessoas espancando-na... Os cabelos violeta.

Fora salva por um borrão roxo.

E agora, presumidamente, estava em algum hospital, porque era o único lugar além do cemitério — ou do crematório, ou do outro mundo — onde poderia estar.

A luz invadiu sua retina, e doeu. Doeu muito. Obrigou-se a fechar os olhos, mas mantê-los fechados não fazia mais sentido. Resolveu abri-los devagar, apesar da dor. E encontrou um par de olhos azuis mais ou menos conhecidos a sua frente.

Bulma Briefs.

Mas que diabos aquela mulher fazia ali, no seu leito de quase-vida quase-morte?

— Olá. — disse a mulher. Dinner olhou os seus arredores, percebendo que lá fora o Sol não era mais responsável por manter as ruas claras. Quanto tempo passara dormindo. — Por mera coincidência meu filho te salvou de um ataque. Quer conversar sobre o assunto?

Dinner suspirou, percerbendo que respirar doía. Queria conversar. Queria começar mandando aquela velha escrota ir se foder e cuidar da própria vida, mas não estava com ânimos para isso.

— Atchim!

Ou talvez estivesse...

Ainda fungando um pouco, começou seu pequeno discurso.

— Quero, quero conversar, sim. Quero começar mandando você ir cuidar da sua vida e dos seus gatos.

Oi? Mas ela só tinha um gato. E ele não precisava de cuidados, afinal de contas, o bicho era imortal.

— E queria que você largasse do meu pé e deixasse eu fazer a porra do meu trabalho em... Atchim!

Odiava a primavera e todo seu pólen.

— Olha, eu realmente preciso descobrir o que essa empresa tanto esconde. Não faz sentido eles terem simplesmente sido apagados da História...

Bulma via muito sentido em apagá-los da História. Ainda mais quando junto disso vinha apagar seu nome e de Son Goku.

— Falo para abandonar a pesquisa pensando em seu bem-estar. Esses homens que te bateram na rua não eram apenas delinquentes; eles sabiam o que queriam, você. E conhecendo a Patrulha Vermelha como conheço isso é apenas o início de muito sofrimento na sua vida...

Dinner sorriu amargamente. Como se nunca tivesse sofrido na vida.

— É meu dever como pesquisadora. Função social da pesquisa e tudo o mais.

Bulma sorriu, acariciando levemente a mão que não tinha soro injetado. Parecia que o código de honra era genético. Dinner corou.

— Ah, a obstinação da juventude! Gostei de você. Sabe onde me encontrar, caso ache que precisa da minha ajuda. Antes que pergunte, sim, eu menti. É uma coisa que as pessoas...

"Velhas", pensou Dinner.

— Experientes costumam fazer. Ainda assim, fica o conselho.

Bulma virou as costas e fez menção de sair, mas lembrou-se de algo e voltou seu rosto a Dinner:

— Todas as as suas despesas estão pagas. Não se preocupe, você não me deve nada.

Virou-se e saiu. Dinner suspirou. Pessoas ricas eram estranhas.

*~*~*~*


3.2 A revolta em ter um emprego que odeia

Colocou suas coisas em uma cápsula e se dirigiu à porta da Corporação Cápsula. Seu rosto ardia um pouco, apesar do protetor solar. Errara no fator, de novo. Não entendia COMO ainda conseguia errar algo tão bobo, mas também não podia, de fato, reclamar — pegara o protetor solar emprestado de alguma amiga. Suspirou e tocou a campainha, sendo saudada por homem cerca de cinco centímetros mais baixos, cabelos negros e mau-humor sempre presente.

— Preciso falar com Bra. — sabia que com esta pessoa deveria ir direto ao ponto. Seu anfitrião (se é que ele pode ser chamado disso...) grunhiu.

— Não está. Bulma e Trunks também não. Passar bem.

E viu a porta ser fechada na sua frente. Suspirou de novo, sentindo o rosto arder.

Ele pelo menos poderia ter dito onde estavam...

Virou-se para procurar algum hostel* para passar a noite quando deu de cara com Bulma, Trunks e Bra. Trunks sorriu. Sentira falta da amiga, e mais ainda de vê-la irritada. Para começar a diversão, resolveu comentar:

— Já sentindo minha falta? Sei que sou irresistível, mas não sabia que era tanto!

— Onde ceis tavam, mano? E se tu responder algo além disso, juro que quebro tua cara.

Ela sabia que nunca conseguiria quebrar de verdade a cara de um saiyajin, mas a ameaça quase sempre funcionava.

— Estávamos num hospital, acabei de salvar uma menina que tava apanhando na rua. Mas não fique com ciúmes, ok? Eu não a conheço e...

— Vai te foder, Trunks.

Bra, ignorando a discussão entre os garotos mais velhos, resolvera cumprimentar a loura a seu modo. A garota correu para encontrar a amiga, e pulou a abraçá-la fortemente.

— Marron! — e a abraçou.

— Não aperta aí, não; tá ardendo.

Bra olhou para a amiga, vermelha feito pimentão. Ela parecia ter errado o fator de proteção solar, de novo.

— Hey, o que você está fazendo aqui? Passeando? — disse Bra, sorrindo.

— É... Meio que estou em um Congresso de Direito. Mas não tô. Sá’ cumé, né?

Bra dirigiu um olhar sério a amiga.

— O que você aprontou dessa vez? Essa sua cara vermelho-pimentão não me parece ter vindo da luz de uma palestra.

Marron suspirou, acompanhando Trunks e Bulma, que entravam no prédio. Bra a acompanhou, enquanto assistia sua mãe e seu irmão comentarem coisas sobre a garota que Trunks salvara mais cedo naquele dia, e o que fazer com relação a ela.

— Vou precisar do seu abrigo na próxima semana... Olha, depois eu explico melhor; preciso contar para o Trunks, o Goten e a Pan também e acho que é melhor contar pra todo mundo junto...

Bra arregalou os olhos, já pensando em alguma suposta gravidez.

— HEY! Eu sei o que tá pensando. Não é nada disso. É só que... É melhor meu pai não ficar sabendo...

Aí vem bomba”, pensou Bra, enquanto observava os trejeitos aflitos da amiga de longa data...

*~*~*~*


3.3 A revolta em nada fazer sentido


Uma semana havia se passado desde o indicente com Dinner, e ela já havia recebido alta, e continuado em suas pesquisas de maneira ininterrupta, o que ajudara — e muito — a conseguir novos dados para analisar em sua pesquisa. E a cada nova coisa que ela descobria...

Menos as coisas faziam sentido.

Visitara o Arquivo Geral (como não pensara nisso antes! era óbvio que seu orientador não sugeriria que o visitasse, afinal de contas, talvez nem soubesse que existia...) e conseguira muitos documentos interessantes, de produtos proibidos, acontecimentos inesperados...

A Patrulha Vermelha tinha um enorme exército, temido em todo o mundo, e que desapareceu com a força de um menino. Não acreditava nisso antes, mas agora, com a visita ao Arquivo, aquilo se confirmara. O nome da criança — de treze anos, na época — era Son Goku, que estranhamente havia sido morto no Torneio de Cell há todos aqueles anos.

Son Goku é o nome do pai de seu professor de cálculo. Confirmara no registro civil várias vezes, e no obituário também

Deixa esposa, Son Chichi; e filho, Son Gohan [...]”

Começara a ficar curiosa. Será que Cell tinha alguma relação com a Patrulha Vermelha? Por que então, se essa hipótese se confirmasse, o Mister Satan nunca fora mencionado em nenhum documento relacionado à empresa?

E seu professor de cálculo... E Bulma Briefs.

De repente esses nomes lhe deixaram de ser estranhos.

Estava lidando justamente com as pessoas às quais sua mãe disse para manter a maior distância possível.

*~*~*~*

3.4 A revolta em não se fazer o que gosta

— VESTIBULAR? — disseram os quatro, em uníssono.

— Mas você não precisa disso! — disse Pan, que no auge dos seus quinze anos não conseguia entender por que raios uma pessoa faria duas faculdades. — Você já tem um emprego! E todo mundo diz que você é boa nele e...

— Pan... — disse Marron, brincando com o tecido da saia que usava. O Caladryl* fizera efeito e ela se sentia muito melhor para se mover. Seu tom era grave, choroso, abafado. Parecia estar sofrendo. Parecia estar tirando um grande peso das costas. — Eu odeio meu emprego. Só fiz aquela faculdade para fazer meu pai feliz, mas sabe? Não dá mais. Não aguento mais... Por isso preciso de abrigo aqui. Minha prova é esse fim de semana... Depois disso, vou embora e me acerto com minha família, mas por enquanto vocês têm de me ajudar.

— Pretende prestar o quê? — perguntou Bra, empolgada. Todo esse assunto estava lhe dando ideias, mas que Trunks sabia que nunca seriam postas em práticas. Bra simplesmente não suportaria deixar de ser o docinho do papai... E, claro, como suas vontades sempre eram feitas, quaisquer decisões que tomasse nunca teriam o ar de rebeldia e liberdade que o vestibular de Marron.

Marron sorriu. Quando pensava em sua nova carreira, ficava feliz. Feliz em pensar que finalmente deixaria tribunais lotados de pessoas prepotentes e partiria para algo mais... livre.

— Oceanografia. — respondeu com um sorriso. Estudaria o mar. De onde viera, onde crescera e o único lugar no qual se sentia segura. Suspirou. Seu lugar era o oceano, e não o escritório, tendo de aguentar pessoas prepotentes e... Oceano. Era lá o seu lugar.

— Legal. — disse Goten, ainda meio chocado. Nuca conseguiria imaginar que uma das melhores advogadas da atualidade odiava seu emprego e queria ficar cuidando de... golfinho?

— O que um oceanografiólogo faz, Marron? — perguntou Pan, sorrindo. Nem imaginava que o termo certo era oceanógrafo, e muito menos o que ele fazia...

— Muitas coisas. — respondeu Marron. — Muitas coisas mesmo... É por isso que preciso ficar aqui mais uns dias. Por favor?... Diz pra sua mãe que estou tendo problemas em casa!

Marron não largava o tecido da saia que usava.

Bra iria dizer que ela poderia ficar o tempo que quisesse, que seu pai não importava, que era fácil comprá-lo com comida e que sua mãe não se importaria quando foi interrompida por sua mãe, que irrompeu no cômodo onde todos estavam — obviamente, a cozinha. Estavam sentados no chão da cozinha enquanto esperavam alguns cookies assar.

— Temos problemas.

Todos olharam para aquela que era considerada o maior gênio de sua época. Sem respirar, Bulma emendou:

— A Patrulha Vermelha voltou ao ramo de tecnologia lançando um smartphone. O nome é Andrew*, parece.

Todos congelaram. Goten sentiu um arrepio subir sua espinha. Se não fosse pela Patrulha Vermelha, provavelmente não existiria, mas se não fosse por ela, sua infância teria sido muito mais fácil.

Preferiria um milhão de vezes ser obrigado a estudar à exaustão do que crescer sem o pai.

— O pronunciamento do diretor da seção de tecnologia está sendo feito agora. Acho que seria interessante assistirmos.

Na televisão, um moço não muito alto, de cabelos pretos, óculos e muito jovem, dava uma entrevista coletiva para os estupefatos jornalistas, que simplesmente não acreditavam no que estavam para ouvir. A extinta, enterrada, e transferida de ramo Patrulha Vermelha voltaria, após quase trinta anos, a competir com a Corporação Cápsula?

No meio da multidão de jornalistas curiosos, uma pessoa se levantou. Cabelos negros, estatura média. O câmera focou em seus olhos azuis.

— Por que depois de tantos anos resolveram voltar ao ramo da tecnologia?

O homem pareceu ponderar um pouco. Todos que assistiam à televisão esperavam a resposta, tensos. Videl perguntara o óbvio, que ninguém mais tivera coragem de perguntar.

— Pergunta pertinente, minha senhora.

Se o homem sentado na mesa tinha a intenção de ofendê-la, enganou-se imensamente.

— Achamos que, com o advento das novas tecnologias, era hora de voltarmos a investir nesse ramo. Já fomos uma das maiores empresas produtoras de gadgets do mundo e sabemos que temos o know-how para voltar a estar no topo. Além disso, gostaríamos de compensar os danos feitos quando declaramos falência, há tantos anos atrás.

Videl mordeu a língua. “Há tantos anos atrás” doera na alma.

Vida de jornalista não era fácil.

Bulma, por sua vez, sentiu outras coisas naquela palavra. Sentiu ódio. Desejo de vingança... E muitos problemas vindo à frente.

— Vamos reunir os guerreiros.

A voz grave não pertencia à Bulma. Não pertencia nem a Trunks, muito menos a Goten. Impossível pertencer a quaisquer outras mulheres na sala. Incrivelmente ou não, a voz viera de Vegeta, que até poucos segundos estava jogado feito geleca no sofá, monopolizando o controle remoto.

— Acha mesmo necessário? — perguntara Trunks. Não via a gravidade da situação, talvez porque quando começou a se entender por gente, a Patrulha Vermelha já era situação resolvida.

Vegeta limitou-se a encarar o filho, que entendera imediatamente que a palavra de seu pai não era contestada, não naquele contexto. Bulma apenas assentiu, começando os telefonemas. Olhando para Goten e Marron, disse-lhes:

— Acho melhor avisarem seus pais. Daqui uma semana, na Montanha Paozu.

Goten arregalou os olhos. Explicar aquilo para sua mãe seria um problema...

*~*~*~*


3.5 A revolta pela incompetência

Kitsch von Käse* era um homem prático. Gostava das coisas como deveriam ser feitas, detalhadas e precisas. Por isso, estava enfrentando problemas com seus “colaboradores”. Aqueles que um dia regeram a Patrulha Vermelha, ainda conhecida como um temido exército hi-tech não passavam de idiotas. Grunhiu. Como conseguiria atingir seus objetivos com capangas tão... Estúpidos?

Amassou uma folha de papel que nunca conheceremos sua importância. Pelo menos o primeiro passo estava dado. Agora, era apenas recuperar as patentes que a empresa perdera na sua concordata e iniciar seu plano de verdade.

Sorriu. O mundo era maravilhoso, mas podia ficar ainda melhor caso se livrasse dos seres humanos...

*~*~*~*


3.6 A revolta em ter de mentir

Estava atrasada. Era problema inerente às garotas da capital? Toda vez que marcava encontro com alguma moça vinda do Centro, ela se atrasava. Claro que sempre valia a pena a espera, ainda que a maior parte dos encontros não valesse realmente a pena. Suspirou. Talvez devesse sossegar o facho e parar de sair com tantas mulheres...

E ainda havia o tapa que Bra havia lhe dado outro dia desses quando a avisou que não poderia ilustrar seu trabalho — mesmo tendo sido comprado com todo um fardo de caixas de Pocky* de morango —, porque teria um encontro.

Estranho. A menina parecia sentir ciúmes dele.

Deixou de pensar nisso quando avistou a moça chegar. Estava bonita. Seus longos cabelos encaracolados caiam sobre os ombros, no arco-íris que o caracterizava. Os olhos azuis brilhavam, felizes. Parou, em um pequeno salto, e sorriu, cumprimentando-o. Para onde iriam?

— Vamos ao cinema! — disse, puxando a mão do mestiço — Está passando aquele filme, acho que 50 tons de rosa-choque e...

Goten expressou seu terror com um grito afogado. Dinner riu.

Ah, sim, a garota do encontro era Dinner. Mas isso era fácil de perceber pelo cabelo colorido, não?

— Estou brincando. Vamos ver Centenários. É melhor. Porradaria e tal.

Dinner sentia-se mal por sair com Goten. Estava ficando com ele apenas para conseguir conhecer sua família e compreender o que eles tinham a ver com a Patrulha Vermelha; entender como uma criança de doze para treze anos conseguira destruir exércitos inteiros... Sozinha. E a melhor maneira de se conseguir isso, era entrando na casa dele.

Enquanto via o filme, cheio de explosões e atores sessentões, suspirou. Goten era um moço muito bom para continuar enganando-o. Resolvera contar pelo menos parte da verdade ao término da sessão, que aconteceu cerca de vinte minutos depois.

— Goten... Eu tenho que te dizer uma coisa.

Nem deixara o garoto respirar para continuar falando.

— Eu... estou te usando. Na verdade, estou nesse encontro com você porque... Tenho uma proposta e gostaria que me ajudasse. Aliás, nem sei se gosto do seu tipo...

— Garotos do interior? Moços de cabelos pretos? Pessoas ingênuas e simpáticas? — interrompeu Goten, desesperado, olhando para os lados enquanto ambos se dirigiam a uma praça próxima, a fim de sentarem perto da fonte.

— Homens.

Os olhos de Goten abriram-se feito pratos. Mesmo estando em um lugar onde já recebera cantadas e atenção em demasia de quase todos os seus colegas, não esperava que ela dissesse algo desse tipo de modo tão... direto.

— Acontece que, como eu disse, gostaria de te fazer uma proposta.

Goten fitou-a. Sentia cheiro de problemas, e sabia que esse seria dos grandes...

*~*~*~*



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Notas finais do capítulo

Fui pro Rio nesse feriado. Fui pra praia sem protetor. Voltei feito um camarão, e agora estou sofrendo crise de cobrinha e trocando de pele. SOCORRO!



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