Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 7
#Bônus Natalino


Notas iniciais do capítulo

Hey, Apple Pies! Como está o feriado de vocês? O meu está um tédio... Báh! Já ganhei meus presentes adiantados, até.
Mas então... Aqui está o bônus. Vou postá-lo agora porque, provavelmente, quando for meia-noite não terei acesso ao meu lindo e delicioso note. Aí já viu, né?
Eu desejo um Feliz Natal a todos vocês... Que tudo o que vocês pediram se realizem. Não digo apenas dos presentes, mas também dos seus sonhos. Natal é tempo de sonhar, de viver... De dar uma chance ao impossível. Agarrem a esperança e nunca desistam.
Enfim... uma boa leitura.



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#Bônus Natalino.

Um sorriso se abriu em meu rosto assim que a vi entrar na pequena padaria onde eu estava. Seus olhos castanhos eram risonhos como sempre, e demonstravam acreditar no mundo. Seus lábios ficavam divinos enquanto ela dizia “obrigada” ao padeiro e saía logo depois de pagar, enfrentando o calor lá fora.

Comecei a segui-la, mantendo certa distância. Ela não podia sequer adivinhar que eu quisesse passar algum tempo com ela. Afinal, Kate nunca deu bola para mim. Tudo era Rafael, sempre Rafael. Sentia certo ciúme e o jeito de aproximar-me dela era me aproximando dele, então o fiz.

Kate deixou o pão em casa e logo saiu novamente, correndo livremente pela calçada, indo ao parque que ficava próximo de nossas casas. Também comecei a correr, querendo continuar seguindo aquela alegria que Katherine deixava transparecer e que parecia tomar a todos.

Não foi surpresa encontrar Rafael no parque, sentado embaixo de uma árvore. Como eu era amigo dele, me aproximei também. Meu estômago vibrando em expectativa.

— Oi, Ale! – ele sorriu e abraçou Kate, que também sorria, embora um pouco corada. Pude ver a janelinha que a falta de seu dente deixara. Era a menina mais encantadora que eu já vi em minha vida.

E tão despreocupada!

— Oi, Rafa... Oi, Katie. – também sorri e me sentei de frente para os dois.

— O que andou fazendo, Rafa? – perguntou a menina dos meus mais doces sonhos. Rafa, Rafa... Por que sempre ele?

— Só esperando por você. Como vai o Natal de vocês? – perguntou, mas também estava me incluindo na conversa.

— Ótimo! – ela riu. O som fez meu coração bater mais forte. Como ela podia me tocar daquela forma? Todas tentavam, mas nenhuma jamais conseguiu. Talvez fosse o jeito mais menina dela, o jeito de quem quer continuar para sempre com seis anos de idade. As outras apenas tentavam crescer mais rápido e se enfeitavam demais. Kate era apenas ela mesma e eu amava isso.

Amar... Amar... Sim, eu a amava! Dei um amplo sorriso, mas nenhum dos dois viu.

— Mamãe, Tiago e eu montamos uma árvore enooooooooooooorme e muito linda! Vocês tinham de ver todas aquelas luzinhas! Tiago me deixou colocar a estrelinha. Pena que papai está viajando, mas ele disse que vai trazer um montão de presentes pra mim e pro meu irmão.

Minha mãe havia dito que os pais de Kate estavam se separando. Quando perguntei a ela o que isso significava, ela me respondeu que eles não mais viveriam na mesma casa. Acho que Katie não sabia disso.

Eu não iria contar a Katie. Ela ia ficar chateada e eu não queria que ela ficasse triste.

Rafael sorriu e a apertou ainda mais em seus braços. Minha testa se enrugou. Por que ele fazia isso? Abraçá-la desta forma? E por que ela parecia gostar? Eu não gostava nadinha daquilo. Não mesmo.

— E o seu, Ale? – Kate perguntou. Animei-me e sorri para ela.

— Também tá ótimo, Katie. – falei e ela bateu palminhas. – Minha mãe tá fazendo biscoitos agora mesmo... Com canela. São gostosos. Ela disse que crianças do mundo inteiro comem esses biscoitos com leite.

— Mamãe faz pudim de leite. – ela sorriu. – E pavê. Também é gostoooooooso!

Eu ri de seu tom de voz. Era fofo e completamente feliz. Katherine sorriu para mim e pegou minha mão, fazendo com que eu me aproximasse. Vi que Rafael não gostou nada e estava de cara feia. Aquilo só fez aumentar meu riso.

— E você, Rafa? – perguntei.

— Daqui a pouco vamos viajar. Minha mãe não gosta de fazer nada no Natal, então a gente sempre acaba comendo em um restaurante, sempre por aí.

Fiz uma careta. Isso não era legal. Mas eu conhecia a mãe de Rafael e ela era legal. Por que não cozinhava apenas durante um dia?

— Ah, que pena, Rafa! – Katie o abraçou, soltando minha mão. Fiz beicinho. – Mas vamos brincar?

— Do quê? – perguntei.

— Sei lá... Eu queria me balançar... Olha como aquelas crianças quase tocam no céu! Eu quero tocar o céu... As nuvens! Será que tem gosto de algodão doce? Devem ser tão macias...

— Desculpe, Kate. Mas eu não posso. – Rafael suspirou, indicando alguém que estava chegando perto de nós. Era a mãe dele.

— Tia Angélica! – falei e ela me cumprimentou com um beijo.

— Vamos, Rafael... Daqui a pouco já vamos sair e você nem tomou seu banho! – choramingou. Rafa suspirou, mas se levantou. Despediu-se de Kate com um beijo na bochecha e de mim com um aceno.

— Tchau, pessoal. A gente se vê depois do Ano Novo... – suspirou novamente e foi com a sua mãe.

— Poxa, que triste. Sabe o que eu acho que devemos fazer algum dia? – perguntou. Balancei a cabeça negativamente. Não, eu não sabia, mas faria tudo o que ela quisesse.

— O quê?

— Devíamos passar o Natal todos juntos... Você, Rafa, Ana e eu! Ia ser legal e o Rafael não teria de ir embora... Todo ano os pais dele vão viajar e nem dá pra gente se ver...

— Sim, ia ser muito legal. – dei um sorriso e recebi outro, com uma janelinha.

— Você ainda quer tocar o céu, Katie? Eu posso te empurrar bem alto... Aí, se você conseguir pegar uma nuvem, você me dá um pedaço?

— Sim! – gritou, entusiasmada. – Dou sim. Pego dois. Um pra mim e um pra você... Você vai mesmo me empurrar, Ale?

— Vou! Mas só se você não gritar feito menininha.

— Mas eu sou uma menina, seu bobo! – riu. – Tá, eu prometo que não vou gritar se você me empurrar lá beeeeeeeeeeeem no alto, ok?

— Bem no alto. – era uma promessa.

Corremos até um balanço livre e ela sentou. Assim que eu percebi que ela estava segurando firme nas correntes, a empurrei forte e o balanço foi para o alto. Não alto o suficiente para que Katherine alcançasse o céu, mas sim para eu ouvir o belo replicar de sinos que era seu riso.

***

Sorri com as minhas lembranças, mas não sei por que elas resolveram retornar para mim logo hoje. Aquela fora a melhor véspera de Natal da minha vida, e não porque ganhei muitos presentes, mas sim porque ouvira o riso de Kate.

Sei que a ignoro totalmente no colégio, tento convencer a mim mesmo de que é melhor assim e de que não devo querer me reaproximar. Éramos crianças pequenas quando fui apaixonado por ela e Katie nem ligava para mim. Tudo era o Rafael e o irmão dela, Tiago.

Foi uma pena ela ter perdido aquela alegria de criança, aquele jeito meiguinho de ser e de amar todos a sua volta. Ela ficara só depois que a mãe voltou a se casar. Seu pai mal a vê e Tiago afundou nas drogas. Logo, passaria a traficar, assim como os outros amigos dele.

E ela gostara de mim. Finalmente o meu sonho tornou realidade. E eu não o agarrei. Não podia fazer isso com ela, pois Katherine merece muito mais, não um galinha idiota feito eu.

Então eu a afastei, mesmo quando deveria ter ficado com ela, dado uma força por sua família estar tão fodida do jeito que estava. Mais um sinal de que eu não a merecia.

A festa fora outro. Estraguei totalmente minhas chances a chamando de “vadia”. Acho que fiquei com ciúmes de vê-la dançando com outro, rindo para outro, corando para outro. Ah, aquele rosa que lhe preenchia as bochechas era tão...

Agora Katie, minha Katie, estava com Rafael. E todos os dias eu podia ver seu sorriso e ouvir seu riso. Era o suficiente. Aos poucos, eu sabia, ela voltava à vida e aquilo não era graças a mim, mas sim graças a ele, Rafa, meu melhor amigo.

Eu estava feliz com isso. Ficava feliz de ver que ela estava feliz. Era reconfortante. A parte que me esmagava, e que talvez me devolvera essa memória antiga, é a que me diz que ela nunca seria assim comigo. Sempre Rafael.

E ela, para sempre meu primeiro e único amor.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu achei leve e divertido... Bem gostosinho de ler. Nada depressivo.
Então, próxima terça-feira é véspera de Ano Novo e tem outro bônus! Já o escrevi e... Hm... Não ficou muito leve. Mas também não tem nada depressivo. Bem, não da Katie.
Agora me despeço, Apple Pies. Não esqueçam de comentar e... Comam pudim, ok? É delicioso. Eu nem sei o que eu vou comer *risos*
Feliz Natal, hoho!