Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 10
8. Porque temos que saber certas coisas para amar.


Notas iniciais do capítulo

Hey, Apple Pies! Como vocês estão???
Bem, como prometido... Capítulo 8 postado dia 18. Bem no comecinho do dia 18.
Como de praxe, odiei o capítulo. Mas esse eu odiei mesmo. Estava sem criatividade, sem a mínima vontade de fazer qualquer coisa que fosse, e estou chorando há dois dias.
Porém, eu espero que vocês gostem. Boa leitura.
Leiam as notas finais, ok? É importante. Até lá.



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8. Porque temos que saber certas coisas para amar.



Larguei minha mochila e corri para meu quarto. Sabia que os advogados estavam na cozinha, falando sobre o divórcio, que aconteceria hoje, neste exato momento. Não podia estar mais aliviada ou amuada, me perguntando o que seria de nossa família agora.



Claro, nada voltaria a ser como era antes. A intimidade que mamãe, Tiago e eu tínhamos havia se acabado. Mas talvez ainda pudesse ser melhor. Melhor do que estava agora. Não aguentava mais ver minha mãe derramar lágrimas ou meu irmão se drogando. Quem sabe isso não pararia após a assinatura daquele maldito documento?



Exalei um suspiro. Era certo que esse casamento acabasse. Nem um dos dois estava apaixonado. Uma coisa por conveniência nunca daria bons resultados, não é mesmo? Mas seria isso o amor... Algo conveniente?

Abri meu guarda-roupas e arranquei de lá a jaqueta que havia escondido. Não tinha mais o cheiro de Vitor, mas ainda servia para me aquecer e dar o mínimo possível de conforto, embora soubesse que isso acabaria, assim que o visse novamente. Devolveria a roupa. Não queria, mas o iria fazer.

Já estávamos em novembro e eu nunca mais o tinha visto, lembrava-me agora. Felizmente, tinha apenas mais um mês de aulas; depois seria apenas eu e o tédio total. Somos companheiros há muito tempo. Fiéis, embora eu sempre tente o trair.

Fecheis meus olhos e ia colocando meus fones de ouvido quando meu celular tocou. Quis suspirar de novo, mas me contive.

— Oi, Rafa. – falei, ainda de olhos fechados. – Tudo bom?

Era óbvio que estava tudo bem. Tinha o quê? Trinta minutos que não nos víamos? Francamente. Mas, afinal, por que eu estava tão irritada? Eu deveria gostar de atenção. Seria minha TPM atacando? Talvez.

— Sim... Vamos sair hoje? Daqui a pouco começam nossas provas finais e tenho certeza que você vai se matar de estudar...

— Não vou estudar tanto assim. Tenho dificuldade em poucas coisas. Você que é burrinho e vai ter que penar pra passar. – ri.

— Idiota. Pelo menos eu sento perto de você, aí eu posso colar. – brincou. Se é que era uma brincadeira.

— Ata, vai contando com isso. Sabe como as professoras adoram me trocar de lugar em provas, né? Elas desconfiam que eu passo colas. Não sei o motivo. Sou um anjo, não sou?

Ele riu. Sorri e relaxei mais na cama. O riso dele me acalmava desde pequena.

— Desculpa, mas você é mais como um demônio. – fiz um som de ofendida e ele riu ainda mais.

Ficamos em silêncio, então. Nenhum de nós tinha nada para contar ao outro. Era... Entediante. Mais do que minhas férias.

— Hm... E então, você pode sair? – voltou a perguntar. Quase gemi.

— Posso. Aonde vamos? – perguntei, já me levantando. Ah, que inferno. Eu ainda teria que me trocar! Abri o armário e peguei uma calça jeans e regatas. Isso serviria.

— Aonde você quiser. – ah, eu queria mais é ficar em casa. Mordi o beiço.

— Podemos ir um pouco mais longe desta vez? – meu estômago roncou de fome. Se fôssemos aonde eu queria ir... Minha vontade louca por comida seria saciada com louvor.

— Claro que sim... Onde? – sabia que ele sorria.

— Liberdade, talvez? Eu quero comer comida japonesa. Deu vontade. Vamos? – minha voz com certeza o convenceria. Rafael riu novamente.

— Tudo bem... Você ainda não almoçou?

— Não. – meu estômago fez um barulho alto quando eu pensei no tempurá que eu poderia comer. Delicioso.

— Nem eu... Vamos nos encontrar na estação do metrô?

— Sim, sim! – sorri. Arranquei minhas calças azuis do uniforme e meti-me em meus jeans justos. – Até lá!

Desliguei e acabei de me vestir. Minha perspectiva de sair mudara. Quando estava deixando meu quarto, encontrei meu irmão no corredor. Sorri para ele e me encaminhei para a escada.

— Vai sair? – revirei meus olhos.

— Sim, Tiago. Tente sair também, mas não com aqueles drogados, por favor. – virei-me para ele.

— Com quem?

— Meu namorado. – quis gritar, mas meu estômago fez isso por mim.

— Alessandro? – ergueu suas sobrancelhas. Também ergui as minhas e arregalei meus olhos. O quê?!

— Ahn... Não. Rafael. – murmurei, confusa. De onde ele tirara o Ale?

— Qual é... Aquele seu melhor amigo de infância? Pensei que você fosse caída pelo idiota do Alessandro, e agora namora o sem graça do Rafael? – bufou.

— “Qual é” pergunto eu! O que isso tem a ver com você, seu desgraçado? Alessandro é mesmo um idiota e percebi isso. Agora eu tô com o Rafa. Que é bem melhor do que ele. – fiquei vermelha de vergonha.

— Qualquer um é melhor do que o Ale. Mas tenho que falar que ele é mais legal que o Rafael. Pensei que quando você crescesse, iria ficar com ele.

— Com quem? – pisquei. Meu irmão estava apenas me confundindo cada vez mais.

— Com o Alessandro. Ele gostava de você quando era pequeno. – Tiago riu. Maldito.

— COMO? – gritei.

— Katherine, Tiago... O que foi? – perguntou mamãe, lá de baixo.

— Nada, mãe. – Meu irmão e eu gritamos de volta.

— Agora se explique, Tiago! – mantive minha voz em um tom normal, mas estava irritada.

— O Ale até veio me pedir algumas dicas de como se aproximar de você quando tinha uns... Sei lá... Seis, talvez sete anos. – riu mais uma vez. – Eu disse para ele que a fizesse rir. Você era uma risonha naquele tempo, mas vivia grudada com o Rafael.

— Eu gostava do Rafael quando era pequena... – até que meus olhos se voltaram para Alessandro. Gemi. Mas que droga!

— E gosta agora, né? Bom, de qualquer jeito... Se ele causar problemas a você, me chama que eu vou lá e dou uns bons chutes na bunda dele. – Tiago sorriu, satisfeito. Rolei meus olhos para ele. Irmão tolo.

— Idiota. – suspirei. – Estou indo... Mas por falar nisso... Onde está a Carol? Ela era um doce de garota. Tudo bem que você não a merecia, mas...

— Exatamente. Eu não a merecia. Terminamos. – sei que ele tentou não deixar nada transparecer. Merda. Ele realmente gostava dela.

— Por que você não começa fazendo por merecê-la? Ela também gostava muito de você. Não desista tão fácil.

— Vamos ver. – murmurou e se virou para entrar em seu quarto.

— Ti? – chamei. Ele apenas virou seu rosto para mim. Sorri. – Obrigada por cuidar de mim, mas está na hora de você fazer isso consigo mesmo.

Desci as escadas, apressada. Rafael já deveria estar no caminho ou até já ter chegado, e eu estava com muita fome.

E com muita coisa na cabeça. Como assim Alessandro já gostou de mim? Eu sempre pensara que ele me desprezava, que não era o suficiente para ele. Mas... Ale já foi apaixonado por mim. Porém, a questão que importava não era essa e sim se eu ainda era por ele. Era?

***

Corri para a entrada da estação e segurei no braço de Rafael, arfando. Meu namorado sorriu e me apanhou pela cintura, beijando-me. Não fechei meus olhos e quase não consegui corresponder ao beijo.

— Vamos? Estou com tanta fome! – dei uma desculpa e o puxei pelo braço. A verdade era que eu não parava de pensar no que Tiago me dissera há pouco. Alessandro... Alessandro... Oh, porra!

— Vamos, gordinha. – dei um tapa em seu braço, fingindo estar ofendida. – Ei, tudo bem... Tem mais coisas para apertar.

— Rafa! – gritei, corando. Várias pessoas nos olhavam, algumas sorriam. Ele piscou para mim. – Anda logo, imbecil.

Passamos pela catraca e entramos no metrô, sentido Jabaquara. Para descermos na Liberdade demoraria um pouco ainda, então peguei um fone e dei o outro a ele, para escutarmos músicas.

Mas as letras não se grudavam em minha mente. Tampouco a melodia. Tudo no que eu pensava era no passado. E isso não fazia bem algum. Ele não voltaria, e Alessandro não gostava mais de mim. Do que adiantava eu ficar fantasiando? Meu namorado estava do lado, mas que merda.

Mesmo assim, eu não parava de voltar no tempo, buscando sinais nunca percebidos antes. Talvez algum olhar, algum sorriso... Porém, para mim, nunca houve nada.

Onde estava o meu tudo? Sempre é essa mesma questão a qual recorro, sem nunca uma resposta concreta.

Quem sabe ao seu lado?, meu subconsciente atacou. Ignorei-me e fechei os olhos, mais incerta do que nunca.

Lixo.

***

— Hm... Delicioso! – falei, enquanto limpava a boca.

— Não sabia que você gostava tanto assim de comida japonesa. – Rafael comentou. Olhei-o por cima do guardanapo.

— Eu amo! – ri. – Desde pequena. Minha mãe sempre comprava ou fazia, e eu sempre vinha aqui com minhas camisetas de animes dos quais até hoje eu não sei os nomes.

Fiz uma pausa, recordando-me. Tempos felizes.

— Você vinha com a gente de vez em quando, não é? – lembrei. – Você e...

— Alessandro. – completou, sorrindo. – Sim, você insistia para que eu viesse, e geralmente ele estava comigo.

Engoli em seco, mas me forcei a sorrir.

— Verdade. Vamos? – levantei-me. – Eu queria andar por aí... Adoro este lugar.

— Tá bom, mas antes... – e puxou-me novamente. Seus lábios se encostaram aos meus e sua língua pediu permissão. Com um suspiro, dei passagem e ela se enroscou com a minha, em um beijo profundo. Dessa vez, me deixei levar e esquecer-me de tudo ao meu redor.

Só nos soltamos quando ficamos sem fôlegos.

— Katie... – Rafael suspirou. – Eu...

E naquele instante a magia se acabou. Afastei-me completamente, com medo. Acho que sabia quais seriam suas palavras seguintes e não gostaria nada delas. Não mesmo.

— Cale a boca e ande mais depressa, Rafa! – meu riso demonstrou meu nervosismo. – Não acho que você se lembra, mas... Eu gosto de andar por todo o bairro. E hoje é sexta-feira, tem umas barraquinhas legais. Vai, anda!

Fingi não ver quando ele estendeu sua mão para mim. Eu quebraria ao menor toque. Comecei a caminhar na frente, costurando em meio aos japoneses e outros passantes, ficando com água na boca novamente cada vez que passávamos perto de algum lugar com comida.

— Não estou falando que você vai ficar gorda? – Rafael brincou, finalmente conseguindo enlaçar seus dedos aos meus. – Ei, não precisa fugir.

— Hein? Fugir do quê? – fiz-me de desentendida, vendo algumas coisas nas barraquinhas.

— De mim, Katie. Eu não ia... Você sabe, eu não ia dizer nada demais. Você que é psicótica com isso.

— Não ia? – perguntei, aliviada. Ele não iria! Sim, eu era mesmo uma fodida psicótica. Nem adiantava mais me perguntar qual era o problema que eu possuía.

— Não. – Rafael deu de ombros. – Você já sabe muito bem o que eu sinto. Eu te amo, e você também me ama. E eu tô dizendo como seu melhor amigo, não namorado. Relaxa, bebê.

Congelei, mas depois sorri. Acho que nenhum de nós estava pronto para nos amar como namorados.

— Eu também te amo, mas você já sabe disso. – mordi meu lábio e completei. – Mas nenhum de nós quer se aprofundar em outro tipo de amor agora, certo?

— Completamente certa. – Rafael me abraçou. Fiquei feliz e me recostei nele, agradecendo pelo calor e familiaridade. – Mas um dia, eu estarei.

Fiz uma careta contra a minha vontade.

— Tudo bem, eu acho... Um dia. – não era exatamente uma promessa, mas eu me lembraria.

Não lembraria?

O que tinha de verdadeiramente lembrar era que eu teria um futuro, que não podia ficar presa ao passado. Ou isso estragaria tudo de uma vez por todas. E se estragasse... Bem, eu prefiro nem completar meu pensamento.

***

Cheguei em casa pouco depois das oito da noite. Acabamos jantando lá na Liberdade também e eu estava saciada. A comida e as compras que fizera me animaram um pouco.

— Mãe? – chamei, largando minhas sacolas com os mangás e camisetas. – Cheguei... Desculpa o atraso!

Meu relacionamento com minha mãe melhorara consideravelmente após o incidente da barata. Ela chorara no meu ombro a noite inteira, enquanto eu alisava seus cabelos tão parecidos com os meus. Em determinada hora, Tiago se juntou a nós e nos abraçou. Pensei como nada parecia ter mudado, mas aquela ilusão durou pouco tempo. Mais tarde, meu irmão voltou com sua idiotice e se drogou. Minha mãe, por sua vez, voltou com sua indiferença.

— Mãe? – chamei novamente, mas não obtive resposta.

— Ela está lá em cima... Arrumando as coisas de vocês. – meu padrasto respondeu da sala. Jorge estava assistindo à televisão.

— Como assim, arrumando as nossas coisas? – caminhei até ele com passos duros. – Pra onde a gente vai?

— Isso você pergunta para ela. Faz parte do divórcio. Eu fico com a casa. – ele deu de ombros.

Não respondi por mim. Pulei em seu pescoço gordo cheio de papada. Tinha certeza de que meu rosto estava vermelho pimentão com a raiva, e que meus olhos estavam marejados.

— A porra dessa casa é nossa, seu maldito desgraçado! – gritei, aumentando o aperto.

— Sai... De... Cima... De mim! – ele segurou meus braços e tentou afrouxar meus dedos em volta de seu pescoço.

— Seu velho gordo! A casa sempre foi nossa! – continuei, mal ligando para a dor em meus pulsos. – Nossa! O que diabos você pensa que está fazendo?!

— Katherine! – ouvi o grito da minha mãe, mas ignorei-a. Como aquele corno podia fazer isso conosco? Ele que viera morar aqui! – Solte-o!

— Não! – berrei. – Não vou soltar até que ele se mande pra bem longe daqui. Mamãe, a casa é nossa!

— Não, querida... No casamento não solicitamos a separação de bens... E eu passei a casa para o nome dele, porque ele a estava mantendo e, bem, exigiu isso. Um divórcio não estava nos nossos planos. – fez uma pequena pausa. - Agora, solte-o! – minha mãe agarrou minha cintura. Minha vontade era de meter um coice nela.

— O que está acontecendo aqui? – Tiago correu para mim e me puxou, soltando-me de Jorge. – Kate, mas o que você...?

— Ele quer nos roubar, Ti! – chorei em seu ombro. – Nossa casa, assim como já roubou a mamãe! Nossa, Ti!

— Como assim... – ele encarou Paula. – Você passou a casa para o nome dele?!

Pelo canto do olho, a vi assentir. Oh, mas que porra!, eu queria gritar.

— Como pôde ser tão burra, Paula?! – Tiago me soltou. – Como, me diz?! Sinceramente, você merece ir se...

Encolhi-me quando ouvi o tapa. Tiago colocou a mão no rosto, já vermelho.

— Saia. – meu irmão sibilou para Jorge, que ergueu as sobrancelhas. – Não me faça repetir... Saia. Essa casa não é sua! Não importa no nome de quem esteja, você sabe disso! Você pode ser qualquer coisa, mas não é desonesto.

— Por isso mesmo. Durante anos fui eu quem manteve essa casa... Vocês! E você não acha que me deve? – ele rebateu.

— Você quer morrer, Jorge? – Tiago mantinha sua voz calma, mas a ponta de ameaça podia ser discernida. – Porque eu posso te matar! Ou você pensa que eu tenho medo de um porco feito você?

— Por favor, Jorge. – implorei, soluçando. – Por favor...

Desatei a chorar. Era tudo o que me faltava. Perder minha casa. A casa onde eu fora feliz, onde tivera uma boa infância. Onde moraríamos, senão ali? Oh, Deus. Mas que porra toda era aquela?

— Por favor... - pedi uma última vez.

— Se eu te deixar ficar com a casa... Eu quero os carros. Os dois. – falou ele, olhando para minha mãe.

— Tu... Tudo bem. – ela gaguejou. Respirei fundo e enxuguei meu rosto, olhando-os.

Jorge foi para cima e escutamos pequenos baques. Quando retornou, estava com duas malas grandes. Suspirei, um pouco mais aliviada. De onde viera toda aquela confusão, afinal?

— Amanhã eu passo para pegar as outras coisas... Você fica me devendo essa, Paula. Mas por tudo o que passamos, e pelos seus filhos mimadinhos... Mantenha essa casa. – soltou um riso forçado. – Claro, se puder, o que eu duvido muito.

Assim que a porta bateu, corri para os braços do meu irmão. Estava assustada e precisava de carinho. Tiago me recebeu e me apertou. Acho que ele nunca deixaria de ser meu porto seguro, no fim das contas.

— Tiago... Deixe-me ver o seu... – minha ia se aproximando com a mão estendida. Ele recuou.

— Por que negociou a casa?! Por quê?! – Tiago questionou cheio de amargura.

— Porque precisávamos dele, filho. Porque será difícil manter essa casa sozinha, quando nem se tem um trabalho. Não posso mexer nas pensões de vocês, que lá não é muito alta...

— Então arrume a merda de um emprego! Você se acostumou a viver somente como dona de casa, o que é ridículo. Com papai, isso nunca aconteceria.

Meu rosto demonstrava todo o meu choque, eu tinha certeza. Era a primeira vez em anos que Tiago falava em papai. Meu irmão e eu aprendemos a pensar que nunca tivemos um, do jeito que fomos deixados. Quem poderia culpar-nos?

— Ele era muito melhor do que esse cara. Ele nunca quis nos tomar a casa. Nunca! Você é a culpada, Paula. Você que fodeu com tudo nessa família! A única pessoa culpada nisto tudo é você, mamãe.

Ele disse a palavra com desprezo. Recuei, espantada. Meu irmão parecia estar à beira de um ataque. Nenhuma de nós duas dissemos nada. Tiago olhou-nos por um pouco mais de tempo e saiu, bufando.

— Katie... – Paula derramava lágrimas silenciosas.

— Não. – afastei-me mais, indo em direção às escadas. – Só não... Só não me venha com essa merda. Tiago tem razão. Em tudo o que disse hoje. Talvez você não tenha sido a única culpada, mas... É uma das principais. E cada vez mais você piora isso.

Respirei fundo e carreguei minha voz de sarcasmo. Estava pronta para ferir. Para deixá-la magoada do jeito que eu estava.

— Parabéns, mãe. Com quantas outras coisas mais você vai foder?

Corri para meu quarto e tranquei a porta. Lágrimas salgadas voltaram a cair, em um pranto ininterrupto. O que seria de nós agora? O quê?! Solucei e entrei debaixo dos cobertores, achando a jaqueta de Vitor em cima da cama. Vesti-a e fiquei estremecendo a cada novo soluço que reprimia.

Minha mãe nunca deveria ter se casado com Jorge. Não sem amor. Não sem algum sentimento além do interesse. Antes dessa confusão inteira não estávamos assim tão ruins quanto ao dinheiro. Nem quanto à saúde.

Eu sabia que ela amara meu pai. Porém, nem com ele deu certo. Nem com o homem que roubou seu coração. Acho que esses são os mais perigosos, certo? Se eles roubam a coisa mais preciosa que você tem... Você nunca mais será a mesma. Paula não foi. Meu irmão e eu tampouco.

Amar era aquilo? Amar tanto a ponto de doer e fazer nascer um sentimento desconhecido? Não era ódio. Meus pais nunca se odiaram. Talvez fosse cansaço. O amor cansa as pessoas. Será que fora isso?

E será que seria assim quando eu amasse? Porque, se fosse, eu queria esse sentimento longe de mim. O “um dia” do qual falamos Rafael e eu, nunca chegaria.

Porque você, simplesmente, tem que saber algumas coisas para amar. E eu tinha absoluta certeza de que não saberia jamais.



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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam dessa merda? Gostaram? Odiaram? Comentem!
Eu peço imensas desculpas a vocês por ele. Sério... Eu não estou muito bem. Estou com ódio de mim mesma e magoada. Sei que vocês não querem saber disto, mas é uma desculpa para o grande lixo que ficou o capítulo.
Não sei quando posto o próximo. Tudo vai depender de onde eu for estudar... Minha vida está uma zona. Nem matrícula eu fiz ainda. Literalmente, estou ferrada.
Vou tentar escrever ao longo do fim das minhas férias, adiantar capítulos para que não tenha de atrasar tanto. Se eu atrasar muito, foi porque entrei em um colégio puxado, chamado Rumo. Ou então, porque cortei meus pulsos (olha o drama que não é tão drama assim).
Vejo vocês nos reviews, Apple Pies? Por favorzinho? Vale dicas, críticas... Tudo! Mas comentem T-T
E se puderem... Leiam minha one-shot? Pedido às Estrelas? Está bem pequena... Mil palavras, apenas. A postei quando ainda tinha esperanças... Então não achei que ficou tão ruim.
Bom... Beijos de uma escritora sem futuro :*