P.V.O Abby Jazz

 E era aquilo. Abby precisava sair dali, o ar do carro estava à sufocando. Então, quanto antes se movesse, melhor seria. Com essa intenção, ela virou a chave para que algo começasse a fazer sentido. Mas não fez, o motor não ligou. Ela girou mais uma vez, mais outra e outra. Nada. Legal, a bateria de seu carro havia morrido justo naquele momento. ‘’Realmente, sou alguém de muita sorte!’’ Pensou ela ironicamente antes de abrir a posta do carro e se por para fora.
 Tudo poderia estar dando errado, mas definitivamente a última coisa que ela faria naquele momento era entrar no local de onde saia o som alto que escutava. Sabia que se entrasse lá tudo poderia pior consideravelmente. Então, mesmo estando longe de casa e sem ter como voltar, não seria para a festa que ela correria.
‘’Taxi, esta é a minha solução. ’’ Pensou, se dirigindo para longe do apartamento barulhento. Teria que fazer a volta na quadra para achar um ponto, lembrou-se de ter visto uma placa que falava isso na vinda.

 Do outro lado da quadra, já não tendo mais certeza se realmente havia visto algo, Abby estava perdida. Não achou o maldito ponto e seu celular estava sem a porra de um sinal. Já não se responsabiliza por certos atos, está meio desesperada. Tudo na rua onde se encontra é escuro e esquisito, não há uma alma que esteja por perto. Ah como neste momento ela deseja voltar no tempo e negar a Travis a sua presença a festa. Aquilo definitivamente seria melhor. Ela simplesmente não deveria estar ali. Mas estava...
 Só lhe resta a última saída, entrar na maldita festa e pedir ajuda. Não precisa ficar lá dentro por muito tempo, apenas o suficiente para convencer alguém que não esteja plenamente bêbado a lhe ajudar.

Abby se vira para voltar. Mas é então que escuta um zum zum zum, provavelmente de alguma conversa ali perto. A meu Deus, será alguém para lhe ajudar? Será que sua sorte finalmente virou de lado? Se for, ela passará de a pessoa mais infeliz desse mundo para a mais feliz em segundos. Para conferir vira o rosto em direção as vozes que escuta, precisa ver as pessoas antes de implorar algo.
 Pela pouca luz que tem no bairro Abby não enxerga os rostos das pessoas que se estão atrás de um apartamento. Aquilo é algo realmente estranho. Será que estão se escondem se alguém? Ou será que fazem algo que tem de ser feito escondido? Talvez Abby deva sair dali, talvez todo aquele instinto de proteção que vinha tendo mais cedo fosse diretamente direcionado para aquele momento e não para a festa, afinal. Ela não tem certeza, mas prefere não se mexer. Vai que são apenas adolescentes como ela, vai que eles podem a ajudar. Abby sabe que isso não vai ser certo, mas sem pensar muito a respeito desse fato ela se aproxima das duas pessoas que falam baixinho. Quer saber o que há.

 Mas como pode descobrir algo se nem ao menos reconhece a quem as palavras pertencem? A falta de luminosidade não lhe da opção. Terá que escutar sem saber quem fala.

‘’ – E Você acha o que? Que eu não estou sofrendo? Que não é humilhante pra mim? Tudo que você fez e continua fazendo, acha que não machuca? Talvez você não sinta, acontece que eu ainda sinto. Sei que você esta acabando com a minha vontade de sentir algo, pois ultimamente só quero fugir dessa corrente de sentimentos horríveis que venho tendo, mas ainda não sou fria a ponto de conseguir evitar isso. Acontece que pra seguir em frente, pra eu poder escapar de boa parte do que você me causa preciso realmente saber o que você é, afinal. Tudo que eu conheci tudo que eu vivi com você não teve merda de valor nenhum? Foi isso? Se sim, só por favor, deixa isso mais claro pra mim. – Uma voz chorosa falou.

- Tudo que havia para ser dito, eu já disse na sua festa. Agora te peço, por favor para de vir atrás de mim. – Alguém respondeu.

- NOAHL, NOAHL, PARA TA? EU NÃO AGUENTO MAIS! VOCÊ NÃO SABE A MERDA QUE VENHO PASSANDO COM TUDO ISSO! E AGORA, QUE EU TE LIGO, AGORA QUE EU VENHO ATÉ AQUI PARA ESCLARECER TUDO, MESMO TENDO DE PISAR NA PORRA DO MEU ORGULHO, VOCÊ FAZ ISSO COMIGO? TEM NOÇÃO DE COMO EU ME SINTO? NÃO VOCÊ NÃO TEM! – Gritou... Uma voz que Abby conhece. Pera... Essa voz disse Noahl? OH MEU DEUS... Então só pode ser... Kelly? Aí, Abby queria que um buraco se abrisse em baixo de seu pés por estar escutando a conversa deles. Logo estas pessoas? É realmente, sua sorte não havia mudado, muito pelo contrário, continua péssima. Mas já agora...

- Kelly, para de gritar ok? Sabe muito bem que não posso ser visto com você... – Ele parou no meio da frase.

- O que? Não pode ser visto comigo? Como assim não pode ser visto comigo? Agora eu tenho uma doença contagiosa que você não quer mais nem chegar perto de mim? Ou eu sou mulher demais e vou estragar a sua reputação de GAY perfeitinho? – Oh m.e.u D.e.u.s! N.o.a.h.l GAY? Abby não consegue processar aquilo tudo. Noahl GAY. NOAHL GAY. O.k, nada mais faz sentido.

- Cala a porra da boca Kelly que você não sabe nem um isso da maldita história, Ok? É a verdade que você quer? Então eu vou te dar a verdade. – Ele para, poe as mãos no quadril da menina à sua frente, puxa-a e sela seus lábios.

  Abby fica parada visualizando a cena já neste momento com mais nitidez. Noahl e Kelly. Sim, aquilo sempre esteve bem claro para ela. Mas que porra de história era aquela de gay? Se Noahl era gay, por que neste exato momento esta praticamente sufocando Kelly com a língua? Tudo não faz a bosta de sentido nenhum. Mas de tudo aquilo o que menos faz sentido no momento para Abby é o que ela começou a perceber assim que viu o menino grudando os lábios nos de Kelly. Sabe que não devia estar pensando naquilo, deveria ignorar. Mas não. Só conseguia perceber que queria aquele beijo, queria o beijo que Noahl estava dando em Kelly. ‘’O meu Deus! Eu estou pensando isso? ‘’ Atordoada com essa conclusão, Abby vira para trás.

 Precisa sair dali antes que eles a vejam. Assim que da um passo a frente ainda meio abalada Abby tropeça em algo que esta no chão. Oh não... Faz um estrondo. Instantaneamente Kelly e Noahl param o beijo e viram o rosto em direção à ela.

‘’Maldita má sorte...’’ Conclui Abby.